We still got a lot to do
James era alguém energético.
Simples assim. Não conseguia ficar parado muito tempo, tinha a mania de batucar tudo que via, por isso andava com as baquetas no bolso mesmo se fosse ao shopping com a namorada, era seu estilo, ele repetia, mas todos sabiam que era sua hiperatividade gritando, e francamente ele não negava, apenas sorria e acenava, como uma miss gostosa, brincava consigo mesmo. Odiava ficar parado, e necessitava se mexer, fazer algo para não surtar, nem que fosse pular no mesmo lugar.
Durante sua vida fez natação, jogou beisebol, participou de maratona, praticou artes marciais, uma lista extensa de atividades para gastar energia, ele realmente não sabia ficar quieto.
Com isso em mente, ficar parado, esperando Sirius e Remus terminarem de organizar as letras para começar a parte boa, que obviamente era tocar, o deixava histérico. Ele havia amado a faixa principal, era diferente de tudo que produziram nos álbuns anteriores e ansiava por tocá-la em sua bateria. Chegava a ser maldade que os dois amigos ficassem horas resolvendo a história e conceito do álbum sem levar em consideração James quase explodindo de energia na mesma sala. Sacrilégio puro.
Potter não era do tipo técnico, muito longe de ser a pessoa que conhece acordes de cor, entende de pontes musicais e harmonias, ele possui ouvido absoluto, o que permite tocar qualquer tocar com facilidade qualquer melodia, mas seu hiperativismo o inibe de focar. Esse fato associado à sua veia de coragem estúpida, como Remus chama, foi o que fez a banda existir e ter sua discografia, ele podia não ser a pessoa que faz, mas ele era quem fazia acontecer.
A banda possui dois álbuns e alguns singles, a primeira música foi gravada precariamente no projeto de estúdio que um amigo incomum deles, já formado da escola deles, havia fundado na garagem da casa, era meloso, romântico, mas aquilo era óbvio, já que fora escrito por James com auxílio de Remus, dois românticos incuráveis, e na época apaixonados.
A música igual tal a banda surgiu com o Potter desesperado para chamar Lily para ir no baile da escola consigo, então eles a gravaram e a apresentaram em meio ao refeitório, Remus até hoje dizia não entender porque a menina havia aceitado, mas deu certo. E colocar ela no Spotify também foi ótimo, deveriam agradecer essa a Peter que começou a surtar quando apareceu cem ouvintes mensais, ou que enviou um áudio gritando no grupo deles ao ver seu twitter com dois mil seguidores. Ele ficou empolgado, e sua alegria era contagiante.
O importante, de toda a humilhação pública de cantar na escola, foi que o vídeo do pedido viralizou no Tik Tok com ponto de vistas e dancinhas usando o refrão, Sirius odiou, ele não suportava a rede social de "criança" e ver sua música fora de contexto com "povs" idiotas, como ele repetiu em meses sem fim, fora ultrajante. Eles usaram o single como música título ao lançarem o primeiro álbum, que fez um sucesso relativamente grande para um grupo de jovens no último ano da escola.
As letras do segundo álbum foram compostas basicamente por Sirius, logo quando ele tinha brigado com Lupin, estava envolvido até a garganta em um relacionamento complicado com Marlene e sem falar com Regulus, seu irmão e o único familiar o qual não havia mandado se fuder ao sair de casa, era fácil de pautar que era um álbum bem mais violento, cheio de críticas ao sistema e seus pais, com algumas letras sobre um amor incompreendido, que claro, a banda inteira sabia ser para Moony, menos o próprio, preso em sua própria dor.
Não foi tão legal naquela época, o desenrolar do projeto, levando em consideração toda intriga e a amargura, mas serviu para a dupla voltar a se falar. Esse álbum não fez o mesmo sucesso, porém não foi flop, principalmente quando uma produtora visual entrou em contato para fazerem um clipe, com o lançamento dele as coisas deram outra alavancada.
Eram caras bonitos cantando e tocando, uma ótima forma diga-se de passagem.
Mesmo feliz por estar seguindo carreira, James ainda ficava muito incomodado com o estado caótico do grupo. Foi difícil ser amigo deles quando eram tão apaixonados e cegos um pelo outro, pior ainda quando Remus sentia raiva, sendo bem sarcástico e amargo, enquanto Sirius ficava choramingando pelos cantos. Mas amizade não é só momento bons, então eles passaram bem por isso, na medida do possível.
Sem uma perspectiva de melhora com relação aos conflitos internos e sobre o que fazer depois de Hogwarts. O segundo álbum não foi o que eles esperavam, James pensou que seria um rombo no mercado musical, fazer muito mais sucesso que o anterior, mas ele só foi relativamente bom em vendas, e seus números melhorando um pouco nas redes sociais, mais no Instagram o perfil que mais utilizavam. O grupo era um poço de desânimo, e todos tinham plena consciência que se não fosse por Lily, amor da vida de Potter e gerente da banda como ele amava repetir e Peter, o maior viciado em internet que todos eles conheciam, os obrigando a fazer um Tik Tok talvez tivesse sido o fim dos The Marauders.
Aí sim as coisas começaram a andar! Eles criaram o perfil, a contragosto do Black que ainda odiava o aplicativo, e foi a melhor decisão de todos os tempos. Seus vídeos começaram a hitar e os álbuns voltaram a vender quando sem querer James criou uma thread ao gravar os amigos, o áudio pegava Peter cantando sem se importar com nada enquanto Sirius se arrastava e choramingava pedindo algo para Remus.
A situação começou a melhorar, mas o Black ainda não tinha onde ficar e como se sustentar, logo a banda fez uma reunião e eles cederam sua parte no lucro para ele, possibilitando se manter por hora, e ele, para não sair "de graça" ou ser "caridade", abriu mão da maioria dos produtos que ganhavam das marcas. Em um ano mais ou menos a banda estabilizou e era conhecida, possuíam shows frequentes, viajavam tocando e não sabiam mais o que era comprar maquiagem, produto de pele e higiene, tendo muitas vezes que dar de tanto que recebiam mimos.
Sendo franco, Potter ponderou, a coisa ficou ótima de verdade quando Sirius parou de "cu doce" e iniciou seus vídeos sem camisa depois de perder uma aposta. Como bom narcisista, ele amou a atenção e biscoito, e agora pelo menos uma vez por semana os fãs recebiam de presente vídeos dele prendendo o cabelo, usando a jaqueta sem blusa, ou só sendo bonito para a câmera.
O Black só precisava aparecer para os números irem lá para cima, e bem, se ele estivesse acompanhado de Remus, era bom se preparar para o novo viral. A primeira vez que eles notaram isso, foi num simples tiktok de dancinha, letra melosa e coreografia fácil que terminava com um abraço, esse era o vídeo entre Sirius e o Lupin, mas teve uma guinada absurda no perfil deles depois dele, do dia para noite o perfil da banda havia batido a meta de um milhão de seguidores, haviam ganhado uns trezentos mil da noite para o dia. Foi insano, e agora fazia parte da agenda deles obrigar os amigos a gravarem juntos.
Quando ele aparecia com Remus, céus, era impossível acessar a conta. O baterista ficou até enciumado pelos fãs que idolatram tanto o "casal não casal", mas foi só postar vídeos dos ensaios e momentos fofos dos dois para o público que seu status de favorito se estabelecer, ele era a fonte dessa enorme fanfic que o público nutria. Peter de fato não se importava com isso, o lance de ser o mais popular, fora que o fandom o achava extremamente fofo e carismático, ele mantinha esse posto sendo o que mais respondia os fãs nas redes sociais, sendo o ratinho da internet que eles amam.
Essas observações sempre vinham em forma de lista, Potter gostava de classificar as coisas em sua mente para se acalmar e se distrair, logo, do nada, surgiam as mais diversas definições sobre as pessoas.
James pautou em sua mente, ele era: O gostoso popular, sendo o humor do grupo e bonito, muito muito bonito, como sempre frisava. Ele possuía uma namorada incrível que todos mediam como meta de relacionamento. Fora o fato de ser a fonte da maioria dos vídeos virais envolvendo a banda, sempre estava gravando, amava fazer vlog.
Sirius era o bad boy sexy, um homem das artes e compositor, alguém que se expressava pelas músicas, com senso crítico e todo esse blá blá blá. O importante, era que Black era o gato do cabelão, fazendo as pessoas ao seu redor se molharem apenas de piscar. Quer dizer, o cara toca baixo, coisa sexy por si só. Sem contar o fato dele ser muito cadelinha de seu colega de banda, sendo gravado diversas vezes o observando e suspirando.
Remus era o cara bonito e inteligente, o homem possuía uma aparência suave quase calma, tipo, ele parecia um riacho sereno no meio da floresta, essa era a melhor definição que James encontrou durante os anos para a beleza delicada do amigo. Lupin era magnífico, as pessoas se apaixonam ao vê-lo tocar guitarra, tanto pelo fator inesperado do instrumento quanto por ser sexy, elas se apaixonam por ele ao vê-lo ler, pois ele concentrando é lindo, se ele respirar alguém está apaixonado por ele em um raio de cem metros. Se ver uma entrevista ele parece culto, ele é, mas ao cantar e tocar vira um completo sonho molhado, suado e sensual. O melhor dos dois mundos como os fãs falam.
Lupin e Black sozinhos já eram o sonho molhado de qualquer pessoa, só de existir, juntos eles eram a perdição de qualquer um, por isso Potter entendia de verdade o que fazia os fãs serem alucinados na ideia deles juntos, quase um: Se nunca os terei eles vão se ter. Um prêmio de consolação. Sabia que ninguém poderia sonhar com a verdade, o mundo não estava pronto para seu fandom surtando por "Siren", e ele mesmo gostava de ainda ser lembrado como integrante, o que ele julgava ser impossível caso virassem um casal oficial. Se aquele caso virasse realidade, seus seguidores ficariam quase insuportáveis, e Potter incluso, ele daria uma festa ao fim da enrolação.
E havia Peter, ele tinha traços dóceis, era simpático e carismático, te arrancava uma risada fácil e possuía dedos rápidos, e não era preciso ser um gênio para entender que aquilo era um fato interessante nas mentes poluídas, que vire e mexe fantasiavam com o integrante mais novo. O menino não se esforçava para ser popular, apenas amava o Twitter e coisas dessa geração estando constantemente antenado em séries, músicas e tudo de cultura pop, os fãs amavam como ele era acessível os respondendo e consumindo o mesmo que eles. Gente como a gente, normalmente eles falavam quando ele surgia surtando por algum anime ou série. Adorável.
E estes eram The Marauders, peculiares e incríveis. O quarteto perfeito.
— Peter. — James sussurrou batendo o pé no tênis do amigo que rodava a timeline, provavelmente no twitter, sem se importar com a vida exterior.
— Hum. — ergueu os olhos dando pouca atenção logo os descendo novamente para o celular. — Se continuar usando a cabeça vai sair fumaça...
— Quanto tempo para Sirius sacar? — Potter perguntou baixinho olhando o amigo reler a letra pela vigésima vez para extrair elementos para a capa do álbum.
— Que o Remus é afim dele? Que o mundo sabe disso? Que a música é uma alfinetada? Que ele nunca esqueceu o Moony? — Peter sorria malicioso finalmente dando total atenção à prosa sussurrada. — Seja mais claro.
— Essas duas primeiras coisas ele só nota se o Remus desenhar. E talvez ainda duvide. — Os amigos riram levando um olhar mortal da dupla que trabalhava, que não se estendeu logo voltando ao que faziam, o mesmo para os fofoqueiros. — Essa música é uma facada. — Riram baixinho dessa vez, tentando não chamar atenção dos dois que discutiam sobre uma ponte na música e a possibilidade de um gancho para a próxima, eles trocavam de pauta a cada segundo tornando impossível de acompanhar, por isso a dupla deixava ambos fazem o grosso de sua forma doida e depois ir revisar e opinar no material.
— Tem razão. — Ele pôs a mão na boca controlando o riso e James tossiu disfarçando a dele. — Mas ele só vai notar quando alguém supor perto dele. E talvez ele só fique em dúvida. Saberemos quando ocorrer, para podermos fugir.
— Será nós? Digo a supor? — James arregalou os olhos com a possibilidade.
O término deles era apenas conhecido, estilo conhecimento público e assunto proibido, ninguém sabia a fundo o que havia acontecido, só que tiveram que lidar com um Remus extremamente bravo, ácido, amargurado e sarcástico ao ponto de dor física ser possível e um Sirius melancólico, cabisbaixo e desanimado, com tendência a detenções a cada aula, foi horrível, ninguém queria mexer nessa ferida mal curada. Isso sem falar da coitada de Marlene, no meio desse pandemônio cheia de paranoias, não, de modo nenhum, James odiaria estar ali novamente. Não precisava ser a ponte entre duas catástrofes de novo, passar bem.
— Eu não faria isso,— Peter sacudiu a cabeça ao negar, com pavor. — Nem fudendo. Sirius surta! Não temos boas experiências com eles surtando quem dirá a experiência de ter eles surtando um com o outro.
— O fandom vai falar, quando declaramos que Remus escreveu as músicas, e escreveu exatamente essa, irão saber. É só ligar nosso segundo álbum e esse, os dois lados da mesma moeda... Inclusive isso daria uma música, nossa somos ótimos de conceito...
— Foco, James! — Peter deu um soquinho na panturrilha dele, visto que estava no chão e o amigo sentado na cadeira próxima de si. — Vamos falar que é dele? — Franziu as sobrancelhas, Lupin não aceitou aquilo, na realidade, Peter sabia que ele só deixou sua letra virar título após jurarem preservarem sua identidade.
— Não tem nem o que dizer, — James deu de ombros. — É isso ou fingir um ghost. Ninguém que acompanha a gente vai dizer que eu ou Sirius escrevemos.
Remus como eu lírico era totalmente diferente das letras de James ou as de Sirius, e talvez o doido do seu melhor amigo estivesse certo, era disso que precisavam. Eles eram famosos por inovarem em cada álbum e conceito, sendo uma caixinha de surpresas, fazia um ano que não haviam lançado um álbum, apenas covers, remakes e singles, precisavam agir de qualquer forma, o que melhor que um lírico distinto e um som indie meio grove nada igual ao que fizeram durante os quase cinco anos de carreira? Nada poderia ser melhor. Odiava concordar com as loucuras do Black, mas era uma ótima sacada daquela vez.
Com certeza, Sirius não esperava aquele soco, pois a letra era uma sátira completa ao relacionamento que seus amigos tiveram, mas Potter tinha a sensação que o Black não havia sacado isso, possuía certeza, na realidade, e francamente, ele era conhecido por ser o lerdo da banda, não faria tamanho favor em avisar e perder seu título.
Era merda tenebrosa se formando? Era. Ele previa que isso poderia ser trágico? Sim. Iria parar? Não.
Simples assim, ele olhou para Peter, não precisou de mais nada, eles tinham selado um acordo, de mãos lavadas, era hora dos amigos lavarem a roupa suja de vez, eles por eles, para o bem ou para o mal.
Notas Finais
Tardou mas veio, NOVO CAPITULO!!
Faltando dois para acabar essa shot, estou gostando de escrever esse plot, os personagens são leve e faceis! Espero que estejam gostando de ler tambem!!!
Beijos da Fada!
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