aicmophobia! 🫨💉



Eu sempre gostei muito de crianças, e julgando pela profissão que você escolheu, imagino que sempre gostou também. Ser um enfermeiro pediátrico e professor do infantil são duas tarefas que se encontram na mesma dificuldade: ter que lidar com crianças.

Os meus dias favoritos desse trabalho eram os dias em eu ia às escolas infantis da região para vacinar as crianças, um ato voluntário para garantir que elas estariam saudáveis já que alguns pais podiam esquecer disso as vezes. Acabava sendo mais comum do que eu gostaria de admitir.

Foi em um desses dias de trabalho voluntário que nós nos conhecemos. Você estava organizando a fila de alunos mais novos a serem vacinados junto com alguns outros professores. Me lembro exatamente de como algumas crianças choravam desesperadamente com medo de agulha. Agora eu consigo visualizar você mais novo ali igual a elas com facilidade.

— Saebi, por favor, não chore. Eu te prometo que não vai doer nada! - me aproximei para ouvir sua conversa com a criança mais medrosa da fila, soluçando aos prantos. — É só uma picadinha! Você já foi picada por uma formiga?

A garota acenou com a cabeça como resposta.

— E doeu?

— Não...

— Então eu duvido que aqui vá doer também.

Ela não aceitou a explicação. Voltou a chorar ainda mais e o desespero cresceu no seu rosto.

Então, a diretora chegou. Três grupos cheios de crianças de quatro anos e quatro professores loucos para manter a ordem.

— Por que não começamos ainda? - ela me questionou discretamente.

— Eles ainda estão tentando acalmar algumas crianças que estão com medo.

A mulher suspirou, claramente cansada daquela situação. Provavelmente não era a primeira vez.

— Você pode dar só uma picadinha da agulha em algum dos professores? Aí as crianças vêem que não dói e ganham mais coragem.

— É uma ótima ideia! Pode funcionar.

— Beomgyu - ela chamou pelo seu nome e você já virou apreensivo pela bronca que achou que levaria.

— Sim?

— O enfermeiro... - ela inclinou o corpo para ler o nome no meu crachá — Taehyun vai pegar uma agulha e picar o seu braço só para mostrar para os alunos que eles não precisam de ter medo.

— Eu tenho a opção de recusar?

— Você acha que tem?

— Não... - você engoliu a seco e se levantou, vindo na minha direção.

Nunca tive muita experiência com adultos na enfermagem, mas eu consegui reconhecer o medo em você tão bem quanto eu conseguia reconhecer nas crianças.

— Ei... - chamei baixinho enquanto limpava seu braço com álcool para aplicar a agulha. — Você tem medo de agulha também?

— Ah, droga. É fácil para você perceber, não é?

— Meio hipócrita da sua parte, não acha?

— Ei, pega leve. Se eu deixar as crianças descobrirem que eu tenho medo, vou perder o emprego por deixar elas mais assustadas ainda. Eu tenho mais medo de ficar desempregado do que de agulha.

— Acho que as suas prioridades estão certas. Mas tem certeza de que quer fazer isso?

Você respirou fundo e repensou por meio segundo, mas realmente não tinha muito como escolher, era a diretora quem mandava ali.

— Não. Mas sou obrigado, então só acaba com isso logo.

— Bem, prometo que não vai doer. Lá vai.

Fui rápido e cuidadoso. Finquei seu braço com a agulha no lugar correto, deixei ela lá por quatro segundos e tirei logo em seguida. As crianças comemoraram e eu percebi você tentando esconder a lágrima que queria escorrer dos seus olhos.

Depois disso, tudo foi mais fácil. Algumas crianças ainda estavam assustadas, mas o processo foi mais rápido e em menos de três horas já tinha vacinado todas elas de acordo com o necessário.

As outras professoras guiaram os alunos de volta para as salas de aula e resolvi aproveitar minha última chance de conversar com você.

— Ei, Beomgyu, certo? - segurei o seu braço para chamar sua atenção e você me olhou com esses olhinhos brilhantes.

— Sim?

— Você foi muito corajoso, parabéns. Merece um certificado de coragem.

— Ah, para com isso... Já é vergonhoso o suficiente ter vinte e seis anos e pavor de agulha.

— Bem, então... Você quer me passar seu número? Podemos nos encontrar depois... Para eu te dar seu certificado de coragem. Posso até te apresentar uma agulha mais grossa, se você quiser.

Foi muito engraçado ver seu rosto mudar de bege para vermelho vibrante nos poucos segundos que você demorou para processar essa frase.

— Eu... Nossa... Quer dizer, claro! Eu... Adoraria - você riu. Que risada maravilhosa.

— Bem, eu vou para mais uma escola agora, mas não devo demorar lá também. Quer me encontrar em algum restaurante depois?

— Quero. Muito.

— Marcado então, te vejo lá, Beomgyu.

— Te vejo lá, Taehyun. Até mais tarde.

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