brilha essa estrela, porr@!
Ao som da buzina, coloquei os documentos e celular no bolso da bermuda e tranquei a casa. Dentro do carro, suspirei pelo frescor do ar-condicionado. Que dia caloroso, nossa senhora!
Após namorar o ventinho frio, virei pro motorista. Jungkook já me encarava com uma sobrancelha levantada. Aquele risquinho na sobrancelha o deixava mais atraente. Ô moleque gostoso!
— Que foi? — perguntei estranhando o silêncio.
— Você não disse que seria discreto?
Acompanhei o olhar dele até a minha camisa vermelha do Lula repleta de adesivos de estrela e com a foto do painho.
— Isso foi antes de você me oferecer carona. Quem tiver problema comigo que resolva contigo.
— Oxe! E eu virei segurança agora?
— Por que acha que namorei contigo?
Jungkook e eu nos conhecemos na universidade, mesmo em cursos muito diferentes. Ele fazia Engenharia Química, eu Jornalismo. Na época, eu aproveitava a solteirice pra passar o rodo, mas depois do nosso primeiro beijo, durante uma calourada, a coisa ficou séria.
Namoramos por um ano entre momentos ótimos e brigas péssimas. Nós discordamos em vários assuntos e tínhamos um gênio difícil. Sim, no plural porque não vou assumir que eu iniciava a maior parte das brigas.
Terminamos numa boa. Sofri, bebi muito, festejei e um tempo depois voltamos a conversar. Então percebemos como éramos importantes um pro outro. A amizade prevaleceu.
Durante os três anos desde o nosso término, tive apenas um namoro sério. Foi um relacionamento que me fez muito feliz, mas terminou de forma agridoce. Sofri por algum tempo e Jungkook tava lá, me apoiando.
Eu disse que discordamos em vários assuntos, né? Se tem um em que sempre estivemos de acordo, trata-se de odiar o presidente atual. Por isso resolvi passar o dia com o Jungkook.
Como votamos no mesmo colégio, irei em seguida ao apartamento dele acompanhar a apuração. Comemorar, né queridos? Não aceito outro fim de noite.
Nesse meu devaneio, Jungkook já percorreu metade do caminho pro colégio. Analisei a vestimenta dele. Uma camisa branca, bem básica, bem pai de família que leva os filhos numa sorveteria dia de domingo. Pelo menos não era camisa de time. A bermuda jeans passava no meu conceito. A chinela, bom... Não dá pra julgar a escolha nesse calor, né?
— Tá me julgando, fio da mãe? — ele tirou o foco da estrada pra me dar atenção. Fiz careta, indicando que ele olhasse pra frente. Um medo? Sofrer acidente e não votar.
— Jamais, querido. Tu comprou bebida suficiente, né? Quero tomar um porre.
— E não trabalha amanhã não, é?
— Capaz da minha patroa não abrir a empresa de tão devastada pelo resultado — ele riu.
— E ela não tentou mudar seu voto?
— Eu que quase mudei o dela. — Empinei o nariz. — Ainda tenho uma pequena esperança dela anular.
— Eita Jimin falador! Não conta uma verdade.
— Fake news é com a turma do outro lado.
Jungkook negou com a cabeça. Mantinha aquele sorriso besta na cara. Ai gente, é super comum achar ex bonito, né? Se ele fosse feio, nem tinha encostado a boca em mim.
Mais um pouco e chegamos ao colégio. Pra minha surpresa, havia pouca movimentação. Mal passava das duas da tarde. No primeiro turno, cheguei depois das doze e peguei uma fila enorme.
— O colégio tá abandonado. — falei quando descemos. — Que é isso? Halloween?
— Hoje é rápido. O povo deve ter vindo mais cedo.
Entramos no colégio e fiquei um pouco decepcionado. Queria rir dos olhares julgadores quando vissem meu visual. Tudo bem, foco na vitória!
Fiz todo o procedimento estufando o peito pro adesivo do Lula ficar na cara dos mesários. Deus me livre de ser confundido com os cavaleiros das trevas! Votei tão rápido que nem tive tempo de me assustar com o rosto do Alckmin.
Voto dado, consciência limpa! Encontrei Jungkook fora da sala e recebi um abraço. Esse moleque sofria com problemas de carência.
— Conseguimos, Ji!
— Tá, tá! — dei uns tapinhas nas costas dele. Falando a real, tava quase abrindo o berreiro. Ainda sentia dores de cabeça de tanto que chorei em 2018. — Bora que a tarde será longa.
E foi. De nada adiantou a série horrível a que assistimos. Entrava no Twitter o tempo todo querendo ver as notícias e minha ansiedade subia mais que a pressão de mamãe quando eu fazia a comida. Precisei silenciar o Choquei.
— Larga esse celular — ele tentou puxar o aparelho da minha mão, mas desviei a tempo. — Você só vai se estressar.
— Não acredito que tô curtindo tanta coisa do Felipe Neto. Que país é esse?
— Assiste a série — apontou pra TV. — Tá maneira!
Bastou olhar pra televisão que os personagens iniciaram o maior amasso. Gente, que delícia! O fogo da abstinência subiu em mim. Fala sério, tinha condições de transar no meio desse caos político? Nem recordo da última vez.
— Muito interessante a história. — comentei.
— Ela não sabe, mas ele é o boy da amiga.
— Cachorro!
Consegui me distrair até a hora da apuração dos votos. Vinte minutos de contagem e eu já tava pedindo o papel no qual escreveria a minha carta de...
Jungkook sentou do meu lado e eu apertei sua mão enquanto controlava a vontade de roer a sobra de unha. Evitei entrar nas redes sociais, afinal não poderia bancar advogado.
Chegou um momento em que a porcentagem do Lula aumentava bem devagar. Ali, lacrimejei e escondi o rosto no peito de Jungkook. Precisava de um consolo, né?
— Calma, Ji! Vai dar bom — Preferi permanecer calado. Quando estou no modo pessimista, sou insuportável.
Então veio a arrancada da vitória. A cada atualização, o Lula chegava perto dos 50%. Já não aguentava ficar sentado. Quase invadi a televisão pra poder enxergar melhor.
Quando finalmente passou, Jungkook me abraçou tão forte que meu corpo estralou. Ele pulava e eu tentava acompanhar o ritmo, mas tava duro. Ao se afastar, ainda bem perto, me olhou de cima. Tremi todinho, nossa senhora!
— Acabou!
— Acabou — repeti.
Se me perguntassem na hora, não faria a mínima ideia do que havia acabado. De tão perto, sentia a respiração dele chicotear meu rosto. Sempre quis usar essa palavra: chicotear.
Jungkook se aproximou. Por que ele se aproximou? Por que fechou os olhos? Por que me beijou?
Eu o beijei de volta. Não de forma inconsciente. Eu enlacei o pescoço dele, abri a boca e dei espaço pras nossas línguas se cruzarem. Ele envolveu minha cintura com um braço e a mão livre acariciou meu pescoço, subindo pra nuca.
Jungkook me guiou pela sala. Eu conhecia o caminho. Ele me levava pro quarto. Ouvi ao longe o apresentador anunciar o aumento da diferença entre os candidatos. Apesar da disputa acirrada, soube naquele instante que venci.
— Você quer? — perguntou ao se afastar.
— Quero — mais gemi do que falei.
Soltei outro gemido quando Jungkook se afastou. Ele revirou a cômoda perto da cama, tirando lubrificante e uma cartela de camisinhas da gaveta. Um questionamento importante surgiu.
— Você tá com alguém?
— Oi? — ele me observou, confuso.
— As camisinhas — apontei pra cartela. — Você tá com algum rolo? Eu não quero atrapalhar.
— Sou prevenido, apenas.
— Então você traz pessoas aqui?
— Não — ele ergueu uma sobrancelha. — E se eu trouxesse, qual seria o problema?
— Nenhum. — Cruzei os braços. — Traga quem quiser! Inclusive, por que não baixa o Grindr? Muitos devem querer comemorar hoje.
Saí do quarto queimando de raiva. Não dele e sim de mim. Onde já se viu fazer uma cena dessas com um ex? Tome vergonha, Park Jimin!
— Ji. — ele me alcançou e segurou meu braço. — O que foi isso?
— Melhor eu ir, Jungkook.
— Então te levo.
— Vou pedir no aplicativo — evitava encará-lo — Não se preocupe!
— Você só sai daqui no meu carro.
Ai gente, meu pau pulsou na hora. Esse jeito "eu tenho o controle" me excitava. Principalmente quando eu virava o jogo e o tinha na palma da mão.
De frente pro Jungkook, peguei a mão esquerda dele – direita não teria vez – e guiei pelo meu corpo. Ele apalpou um mamilo por vez, circulou o umbigo e arranhou a região do abdômen. Ao parar nas costas, ele apertou minha bunda.
Voltamos a nos beijar. As mãos dele causavam arrepios na pele. O calor aumentou e nos livramos de algumas peças de roupa. Engoli em seco ao vê-lo sem camisa. Gostoso, delícia, tesão!
Empurrei Jungkook que caiu sentado no sofá. Ajudei ele a descer a bermuda e tateei o volume na cueca vermelha.
— Essa é a minha bandeira — Esfreguei o rosto no tecido, insano.
Na minha opinião, deveriam criar outro apelido pro idiota lá. Não tem nada de ofensivo em ser chupetinha.
Jungkook concordava, pois retribuiu de bom grado a boa ação. Tava quase lá quando o apresentador declarou: Lula venceu as eleições!
Subi o rosto de Jungkook pra beijá-lo. Ele levantou minha pequena figura e entrelacei as pernas ao seu redor, sendo carregado até o quarto. Na cama, ele molhava o meu pescoço enquanto eu me movimentava num ritmo olímpico. As nádegas mais vermelhas a cada tapa, como um bom petista.
— Tô quase. — murmurei — Me chama de presidente.
— Hum?
— Rápido! Me chama de presidente.
— Presidente Jimin! — Jungkook gemia, cada vez mais ofegante.
Acelerei a velocidade da mão no meu pau até me desfazer nos braços dele. Deitado em seu ombro, percebi o quão suado ficamos.
— Meu vice. — dei-lhe um selinho.
— Sua sentada é de outro mundo, bicho — Jungkook me ajudou a levantar, pois esgotei minhas forças.
Ele gozou apenas no banho quando eu quase engasguei com a água do chuveiro e outras coisas. De volta ao quarto, Jungkook trocou os lençóis e me puxou pra cama, encurralando esse pobre narrador.
— Lula voltou à presidência. — falava bem perto do meu ouvido. — Será que não é um sinal?
— Vou dormir agora. Amanhã conversamos.
Logo adormeci. Aquela noite, não precisei sonhar. A realidade era boa como há muito deixou de ser.
🇧🇷
Olá, amores! Tive essa ideia no calor das emoções pela vitória do Brasil. Sim, ontem foi uma vitória do nosso povo, da nossa democracia. Que bom ter um presidente com o mínimo de empatia, ao qual nos sentimentos livres para discordar sem ter fanáticos cometendo atrocidades na rua.
Ainda estamos longe do Brasil ideal, mas sou aquariano. Uma parte de mim não perde as esperanças de que tudo irá melhorar. E espero que vocês também tenham essas esperanças reavivadas.
Foi uma oneshot curtinha sem planos de continuação. Se você está me conhecendo agora, eu sou Vítor e tenho mais algumas histórias (oneshots e longfics) aqui no perfil. Peço para também me seguir nas redes sociais (Instagram: @autorvitorsemc Twitter: @vminoshi) e assim acompanhar as novidades. No momento estou adaptando minha fic Os Fios Voltam a Crescer para livro original, que terá sua pré-venda em Dezembro pela Editora Ohana.
Obrigado por ter lido. Imagino que vou me divertir muito com os comentários. Que esse final de ano seja incrível. Sintam o meu abraço e beijo 😘❤️
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