03.


Isa's POV

– Sabe, essa noite passada foi muito frustrante! Você me abandonou completamente. Fiquei super carente – reclamei, fazendo um biquinho.

Ele sorriu maliciosamente.

– Desculpa, meu amor. Vem cá para eu corrigir essa carência.

Ian sentou em um banco super afastado, me fazendo sentar ao seu lado. Então começou a sessão 'vou-deixar-a-Isa-louca-mas-não-vou-comer-ela", dando beijos no meu pescoço, pegando meu cabelo etc.

– Ian... Preciso te perguntar uma coisa – falei de repente, deixando o garoto receoso.

– Hmm, pode falar – disse, me encarando com cenho franzido.

– Você já chegou a pensar em... sabe, deixar rolar, aqui em Porto? – perguntei, olhando para ele inocentemente, como se eu não estivesse realmente interessada na resposta.

– Não... Você já?

Segurei o suspiro, mordendo o lábio.

– Não também. Foi uma pergunta à toa.

Depois disso, não conseguimos voltar ao mesmo clima, então fomos andar pela festa.

E, adivinhe só: Encontramos Taylor.

Ele não pareceu surpreso por nos ver lá, então já sabia que ia baixar a casa de Franca inteira no churrasco.

– Olha, apareceram – foi a primeira coisa que ele disse. – Oi.

– É, estávamos tomando café. Oi, Taylor – falei, sorrindo, mas desviando o olhar.

– Me disseram que é você que está organizando tudo aqui, é verdade? – Ian perguntou, super agradável.

– Sim – Taylor respondeu, orgulhoso de si mesmo.

– Que legal! Sabe... – Meu namorado já foi se lançando a uma conversa com ele, parecendo (por incrível que pareça) realmente interessado em interagir com Tay.

Não era realmente fácil ver os dois amores da minha vida interagindo como se eu nem estivesse ali.

– Hmm, vocês dois, eu estou indo ali pegar um hi-fi – avisei, desistindo de tentar ficar sem beber.

Eles nem ao menos me responderam.

Sentida, virei as costas, indo até um carinha trêbado que estava atrás do balcão de bebidas.

– E aí, gata? Vai querer o quê?

O encarei de cima a baixo. Parecia que ele esperava ouvir um: "Na verdade, eu quero você".

– Pouca vodka e o resto de Fanta – respondi, simplesmente.

Observei ao longe os dois garotos, que agora riam e apontavam para Aline, uma garota da minha sala. Ian provavelmente tentava arrumá-la para Taylor, que visivelmente gostava da ideia. Não curti isso. O ciúme ferveu dentro de mim.

– Na verdade, muita vodka e completa com Fanta – corrigi para o carinha.

– Aqui, gata. A gente podia conversar um pouco depois, não acha? – perguntou.

Revirei os olhos, pegando meu copo.

– Eu tenho namorado.

– Ninguém tem namorado em Porto Seguro. Foi a pior desculpa que já ouvi.

– Bem, não acredite se quiser, mas é a pura verdade. – Dei de ombros, voltando para a beira da piscina.

– O que eu perdi? – falei, abraçando Ian. Taylor cerrou o olhar no abraço por um minuto antes de responder.

– Seu namorado está me mostrando as francanas interessantes que restaram...

– Já que você não está mais disponível – Ian completou.

Arregalei os olhos diante dessa provocação, mas os dois só começaram a rir loucamente.

– É, eu realmente perdi alguma coisa na conversa – comentei, experimentando meu hi-fi.

Deu que eu tive que beber mais uns dez daquele durante o dia para aguentar essa pressão. Taylor não só ficou com a Aline como com mais três da minha sala.

Era humilhante ter que me segurar daquele jeito.

– Não está achando ruim eu arranjar nas garotas para Taylor, está? – Ian me perguntou quando estava anoitecendo.

– Por que eu me importaria? – Virei o resto da minha vodka.

Eu realmente queria poder contar como foi o churrasco durante a noite – afinal, disseram que foi a melhor parte –, mas eu não posso. Não me lembro de mais nada que não seja Ian me colocando para dormir, hiper preocupado em eu começar a vomitar (de novo).

Bem feito. Eu havia cuidado dele na primeira noite. Agora é a vez de retribuir.

Na manhã, quando bateram na porta, eu dei um grito.

– Minha cabeça! – reclamei, segurando-a entre as mãos.

– Meu bem? – Ian já se levantou, ficando diante de mim.

– Ai, isso dói – falei, antes de correr até o banheiro e vomitar. Odiava ressacas.

Consegui me recuperar em meia hora (depois de dois banhos – o primeiro, gelado – e uma cartela de Doril).

– Que horas são? – perguntei, colocando óculos de sol ao sair do quarto. Era o único jeito de enfrentar a luminosidade do dia.

– Uma hora da tarde.

– Não é por menos que eu esteja com fome.

Encontramos o pessoal comendo em um barzinho ali perto. Ao invés de pedir comidas típicas, escolhi um JK (meu prato preferido).

– Aquelas, né, que vem para Porto e come JK – Bella me zoou.

Eu a encarei.

– Se eu não estivesse de óculos de sol, você veria que estou lhe fuzilando com meu olhar e com minha cara feia – murmurei.

– Alguém está de mau humor hoje... – provocou.

– Alguém está de ressaca – justifiquei.

No final do almoço, eu era a única que tinha comido bem. As comidas dos outros ficaram muito apimentadas, o que causou rejeição geral.

– Bem, melhor pagar por um JK que eu vá comer do que um acarajé que venha "bem quentinho" – provoquei Bê de volta.

Ela revirou os olhos, indo conversar com um carinha qualquer. Quando a gente voltasse para Franca, ela ia ter muitas histórias para me contar.

– Vamos dormir um pouco antes de sair à noite? – Ian sugeriu, sorrindo de leve.

– Ah... Eu não estava muito a fim de deitar não. Preciso tomar um ar, andar pela praia.

Ele suspirou.

– Tudo bem. Então caminha aí porque eu estou indo para o quarto.

Enruguei o cenho.

– Como assim? Vai me deixar sozinha? – questionei, indignada. Como poderia? Ele era fofo demais para me deixar largada assim.

– Desculpe se não gostou disso, mas eu estou cansado. Fiquei acordado até tarde esperando você dormir, preocupado, porque bebeu que nem louca.

Arfei com sua súbita grosseria.

– Ah, que lindo da sua parte! E por acaso segunda eu não cuidei de você também? Se não tivesse se preocupado tanto em deixar Taylor ocupado para me causar ciuminho, talvez tivesse me dado alguma atenção e eu não teria precisado beber – falei, fazendo cara feia. – Ótimo isso, Ian, vai lá dormir. Eu não quero você comigo agora, também. Prefiro andar sozinha.

Saí de perto dele, começando a seguir em direção à praia. Ian era retardado, porque se eu não o quisesse mais choveriam caras interessantes na minha horta.

Eu andava na beira do mar, segurando minhas sandálias e chutando a água salgada para longe, quando ele me chamou.

Parecia que Taylor sempre sentia quando eu precisava dele. E isso era estranho.

– Isa? Você sem Ian? Ok, né. – Ele riu, correndo para me alcançar.

– Você estava me seguindo? – perguntei, levantando uma sobrancelha.

Taylor soltou aquela risada tão gostosa dele, que me fazia ficar quente e com vontade de rir também.

– Até parece, Isa... Você é hilária.

– Eu sei. – Dei de ombros.

– Hmm, estava caminhando?

– Sim.

– Não quer parar um pouco e se sentar ali na sombra comigo? – convidou. – Está bem mais fresco do que aqui debaixo desse sol.

É, não podia ser assim tão ruim.

– Ok.

Fomos andando em silêncio.

– Queria conversar com você desde ontem, mas não deu – disse.

– Ah, estava ocupado demais ficando com as garotas da minha sala, né? – provoquei, me sentando na areia sob um coqueiro.

– Você ficou com ciúmes de novo?

Eu o encarei como se pudesse dizer: "O que você acha?".

– Acho engraçado isso. Você namora, mas se eu fico com alguma garota você fica brava – reclamou.

– Porra, a culpa não é minha se não consigo esquecer você! – exclamei, deixando-o surpreso.

– Então larga seu namoradinho e fica comigo – sugeriu.

– Aaaah, tá. Para você me abandonar e me deixar destruída de novo? Eu passo.

Eu te abandonei? Não foi bem assim, tá? A gente se afastou simultaneamente. A culpa é de ambos.

– Você me chamou aqui para passar sermão? Porque, se for, estou indo embora. – Comecei a me levantar, mas ele me impediu.

– Não, me desculpe! É só que era uma coisa que tínhamos que falar.

– Eu não quero mais nenhuma discussão por hoje.

– Então é por isso que Ian não está aqui? Vocês discutiram? – perguntou, sem intenção de me chatear.

– É – suspirei. – Acho que ele ficou putinho por ter que cuidar do meu estado bêbado.

– Que idiota. Eu não me importaria em cuidar de você – disse.

– Taylor. – O olhei com censura.

– Parei! – Ele levantou as mãos como se estivesse se rendendo.

Eu ri, tentando não ser muito legal depois de uma cantada dessa.

– Ah, vocês dois conversando e sentados juntos embaixo de um coqueiro, tudo muito romântico! – A voz de Ian surgiu do nada, revelando meu namorado chegando até nós.

– Me poupe, Ian.

– Eu vim me desculpar, Isa! Vi o tanto que fui egoísta, mas aí se passa meia hora e você já está com Taylor.

– E daí? Estamos só conversando. Dá um tempo. Como se eu não tivesse vindo ao lado dele do ônibus a viagem inteira até aqui...

– Devo ir embora? – Tay perguntou.

– Com certeza. Deixe-me com a minha garota. – Ian fez cara feia.

– Ah, certo... Lembre-se de que antes de ser a sua garota, ela era a minha.

Certamente, Ian não era uma pessoa violenta. Ele era tão de boa na dele que chegava a ser um lerdinho. Por isso estranhei quando o presenciei agarrando o colarinho da blusa de Taylor.

– Ian! Solte-o! – murmurei, me controlando para não gritar.

Ele respirou fundo, se afastando de T.

– Desculpe, Taylor... Ian, se desculpe com ele.

– Não fiz nada que ele não merecesse – meu namorado disse, visivelmente bravo.

– Não vou conversar com você enquanto não pedir desculpas – respondi.

– Foi m... – começou a falar, mas foi interrompido pela voz do outro.

– Ela continua sendo a minha garota, você sabe, né?

Ian se controlou para não sair do lugar, mas fechou as mãos em punho.

– Puta que pariu, Taylor! Também não provoca – me irritei.

– Desculpa – ele pediu, parecendo constrangido por eu brigar com ele.

– Tudo bem. Ian, sua vez.

– Foi mal, de verdade – se desculpou. – Só precisamos conversar sozinhos.

– Entendi o recado. Estou saindo.

Taylor saiu andando em direção à casa de Ribeirão, olhando para o nada.

– Percebi o quanto fui injusto com você, meu amor. Segunda, fiquei completamente sob seus cuidados e ao ter que cuidar de você reclamei! Minha namorada também teve que me fazer tomar banho, me fazer trocar de roupa, me fazer dormir... – Ele me abraçou, com feições totalmente agradáveis.

Eu sorri.

– A diferença é que eu mesma troquei você ao invés de lhe convencer a se trocar. – Fiz cara de inocente.

– Como assim? – exclamou, os olhos arregalados.

– Ah, a gente namora há dois anos. Não tem problema me ver pelada – justifiquei.

Ele riu, vermelho de vergonha. Parecia estar se perguntando desde quando fiquei tão abusada assim.

– Estou desculpado?

– Com certeza – respondi.

– Podemos tentar dormir agora? – perguntou, começando a seguir o caminho da casa.

– Sim. Também me deu sono agora.

Eram umas quatro horas quando fomos dormir, de modo que ao dar o horário para começarmos a nos arrumar para sair eu estava até sonhando ainda.

– Vamos, amor. Acorda. Já tomei banho e só falta você. – Ian tentou me acordar me balançando de leve, o que não adiantou nada. – É sério, Isa... Vão nos deixar para trás.

Suspirei.

– Promete que vamos voltar mais cedo hoje? – perguntei, me revirando na cama para encará-lo.

– Prometo. Antes da meia noite – respondeu, sorrindo e me levantando.

– E sem bebida. Nós dois.

– Concordo. Agora entra aí nesse chuveiro senão vamos nos atrasar.

– Quanto tempo tenho?

– Meia hora – avisou.

– Droga – resmunguei, começando a me despertar de qualquer vestígio de sono que restasse.

Como o esperado, a noite não foi uma das mais top. Eu já estava realmente cansada de ficar saindo para o mesmo tipo de lugar, vendo o mesmo tipo de pessoa, curtindo sempre com meu namorado... Talvez vir namorando para Porto Seguro realmente não desse sorte. Eu não estaria enjoada de sair se estivesse variando de meninos.

Voltamos para o quarto para volta das onze e meia. O plano era colocar um pijama, escovar os dentes e cair no sono, mas tudo mudou quando ao nos deitar Ian começou a beijar meu pescoço daquele jeito.

– Ian, você sabe que não consigo me controlar quando você faz isso – avisei, arrepiada.

– Não estou pedindo que se controle.

Depois disso, o clima ficou mais quente. E quando já estávamos tirando a roupa ele parou.

– Ah, melhor deixar para outro dia... Estamos tão cansados. Não vão faltar oportunidades – disse, sorrindo e me dando um selinho. – Boa noite!

Nem respondi, só presenciando Ian se virando de costas e dormindo em três minutos.

Que ótimo! Quando resolve fazer aquilo, ele para por estar cansado, me deixando totalmente na mão. Eu também estava acabada, mas aquela situação era humilhante demais!

Totalmente puta, me levantei, coloquei um vestido e saí dali, em direção a qualquer lugar.

Espontaneamente, percebi que estava indo para o quarto da Bella. Afinal, eu precisava desabafar com alguém.

Infelizmente, a porta estava trancada. Ou seja, Bê estava ocupada com algum garoto.

– Meu cu, viu? – reclamei, saindo para a praia. Ia andar descalça na areia, molhar os pés e pensar.

Não acredito que Ian fez isso comigo. Nossa, eu estava tão chateada que dava dó.

Ouvi alguém gritando meu nome de longe. Não olhei para conferir quem era e nem ia olhar. Eu não me importava; só queria um tempo para mim mesma.

– Isa! – Escutei com mais clareza dessa vez, de modo que pude reconhecer a voz.

Não. Podia ser qualquer um, ele, não.

– Me deixa, Taylor – pedi, olhando para o mar.

– O que aconteceu? – perguntou, me surpreendendo com um abraço.

Meio que engasgada com um choro que eu nunca deixaria cair, contei a ele o que Ian havia feito e o quanto me senti humilhada.

– Ele não te merece, Isa – falou, segurando minhas mãos. – Ele não te entende, não sabe o que você quer.

Abaixei a cabeça, concordando.

– Vem, você está pingando de sono. – Taylor me puxou para a casa de Ribeirão, onde entrei sem ser notada.

Pode-se dizer que era uma casa bem parecida com a de Franca, só a decoração que era bem praiana ao invés de rústica.

– Gostei mais daqui do que do meu quarto – comentei, me sentando na cama de Taylor. Eu estava me controlando para não desmaiar ali naquela hora de sono.

– Aqui é gostosinho. – Ele deu de ombros. – Se importa de se deitar ao meu lado?

Olhei para a cama de casal. Ia ser estranho, mas eu preferia isso a voltar para deitar com Ian. Além do mais, me deitar ao lado de Taylor era algo natural, que eu já havia feito tantas vezes, que me deixava confortável.

– Tudo bem. Hmm, o que estava fazendo lá fora?

– Ah, estava voltando da boate e te vi, aí comecei a te seguir... – respondeu, sorrindo acanhadamente.

Fiquei quieta, porque era muito fofo da parte dele.

Taylor se ausentou para colocar o pijama e escovar os dentes, voltando em cinco minutos.

– É o mesmo pijama da época em que namorávamos! – exclamei, rindo de nostalgia quando ele se deitou ao meu lado. (Sim, eu já estava folgadamente espichada na cama.)

– É. – Ele riu também, ficando corado de novo.

Quando nossos rostos ficaram próximos, não nos seguramos e nossos lábios se tocaram.

Antes que pudéssemos aprofundar o beijo, que não havia passado de um selinho, eu me levantei em um pulo; meu corpo inteiro quente, latejando por Taylor.

– Não! Eu namoro – falei, tampando minha boca com a mão. Não acredito que depois de dois anos eu havia beijado outro garoto que não fosse Ian.

– Desculpe, Isa... De verdade. Não foi a intenção. – Taylor levantou as mãos, se rendendo. – Eu não faço mais.

Olhei desconfiada para ele, pensando sobre isso. Mas eu estava com sono demais, então não demorei a concordar.

Foi a primeira noite de sono tranquilo que tive depois de muito tempo.

Acordei super bem, me sentindo descansada. Eu tinha vaga noção de que havia despertado muito cedo, mas meu corpo estava incrivelmente relaxado.

Foi quando o ouvi suspirar e me situei no quarto.

Abri os olhos, vendo que com certeza não estava na casa de Franca. Senti os braços de Taylor me abraçando junto a seu corpo e senti sua respiração no meu pescoço. Me lembrei do que havia acontecido, o que me fez arregalar os olhos.

Eu não havia dado para Taylor.

Mas cheguei mega perto.

A noite passada me veio à cabeça, imagens rápidas e atordoantes.

Eu me deitei ao seu lado para dormir, mas não se passou muito tempo até nos beijarmos de novo (e para valer, dessa vez). Não me importei; estava com sono demais para isso. Então T. e eu nos beijamos de novo e de novo até tirarmos a roupa.

Eu já estava somente de lingerie quando ele me segurou.

– Isa, eu tenho certeza que amanhã você vai se arrepender se eu te deixar continuar – disse, ofegante. Ele queria tanto quanto eu, mas estava consciente da situação. – Você ainda está namorando.

Eu, meio adormecida, apenas concordei, caindo em um sono profundo logo logo.

Certo, isso conta com certeza como traição.

Pulei da cama, buscando minhas roupas pelo quarto. Taylor se esticou na cama, dormindo lindamente.

O relógio de cabeceira indicava 10h. Eu precisava correr, senão todos de Franca (Ian) acordariam e eu ainda estava ali na casa de Ribeirão.

Saí de fininho, deixando o garoto lá.

Ainda bem, ninguém estava realmente acordado, de modo que minha volta para a casa não foi notada.

Subi para o quarto da Bella, que não estava trancado, entrando e pulando na cama dela.

– Ai, porra. É cedo – reclamou, remexendo-se na cama.

– Bê, é sério – choraminguei.

O sensor de melhor amiga apitou. Ela abriu os olhos, me encarando.

– O que aconteceu?

Segurando o choro, contei-lhe tudo, todos os detalhes.

– Fodeu, pretinha – disse, mordendo o lábio de nervoso. – Fodeu demais. Você não aguentou não trair Ian.

– Me sinto péssima.

– Eu estaria péssima no seu lugar, mas agora é bola para frente... Você tem que se decidir. Taylor ou Ian?

Franzi o cenho.

– É injusto escolher – falei.

– Nada a ver. Melhor escolher do que ficar variando entre os dois. – Bella revirou os olhos.

– Não quero deixar Ian... Ele gosta mesmo de mim... e eu gosto de estar com ele.

– Então ótimo. Fique com ele. O esquema agora é evitar Taylor ao máximo, ok, garota? – Ela me abraçou. – Logo estaremos em Franca e tudo vai voltar ao normal.

– Tá bom, você está certa. Obrigada, Bê.

– De nada.

– Hmm, mais uma coisa... Você poderia servir de álibi? Tipo, eu posso fingir que passei a noite aqui? – pedi, fazendo um beicinho.

– Lógico. Eu não vou deixar você se ferrar.

Dei um beijo na bochecha dela.

– Eu te amo, cow.

– Eu sei, pretinha. – Ela riu, voltando a dormir quando saí do quarto.

Ian já estava acordado quando abri a porta. Ele parecia normal.

– Onde você estava? – perguntou, sorrindo. Ele estava trocado, de banho tomado. – Não senti você ao meu lado essa noite.

– Pois é, fui dormir com a Bella. Ela precisava me contar umas coisas. – Me recusei a olhar para seus olhos diretamente, aproveitando para separar a roupa que eu ia colocar (e fingindo que estava super ocupada com isso).

– Nada que eu tenha que me preocupar? – brincou, me deixando sem palavras.

– Hmm, é a Bê – respondi, uns cinco segundos depois. – Ela é minha melhor, você sabe disso.

– Eu sei, amor.

Antes que ele pudesse vir me dar um beijo, me tranquei no banheiro para tomar banho. E não saí de lá por uma hora, até me sentir pronta para fingir que não tinha feito nada de errado.

A festa na espuma foi realmente divertida, do jeito perfeito para me ajudar a esquecer a noite passada. Bê foi comigo e com Ian e, como sempre, nos vestíamos quase iguais: short jeans e parte de cima do biquíni. Meu namorado não queria ir sem camisa de jeito nenhum, mas eu o convenci, afinal, ele tinha um corpo lindo demais para ficar com vergonha de mostrá-lo.

Quando a espuma foi lançada em nós todos, a farra começou.

Primeiro (ou seja, antes de encontrar algum gato), Bella quis provocar Ian ao se esfregar de um jeito tenso em mim. Ele só riu ao invés de querer se juntar à brincadeira, o que deixou minha melhor amiga puta. Ela me jogou para cima dele antes de sair para caçar.

– Nossa, Ian, PQP! Você não tem libido por nada! Vê se consegue excitar seu namorado, Isa! – Depois disso, Bê saiu.

Ian me segurou para que eu não escorregasse e caísse, o que nos deixou realmente grudados.

– Ela é engraçada demais. – Ele riu e me abraçou, mas foi só isso.

À noite, tinha balada de novo e eu quase estava inventando uma desculpa para ficar no quarto. Eu não estava mais aguentando sair para noitadas.

Mas meu namorado me levou, logicamente, e eu tive que fingir que estava de boa.

Pelo menos, ele me liberou tomar uma dose de Amarula.

E foi bem no balcão de bebidas que encontrei Taylor.

Eu nem havia visto, mas ele fez questão de me chamar, claro.

– Ei, Isa! – A vos dele saiu animada e chateada ao mesmo tempo. – Por que não esperou eu acordar hoje?

– Shhh! – pedi, olhando em volta. – Você doido? Quer que Ian ouça?

Ele franziu o cenho,

– Pensei que ia terminar com ele depois de ontem – murmurou, agora sem demonstrando sua chateação.

– Não tenho motivos para terminar com ele – falei.

– Tem sim.

– Na visão dele, não.

T. ficou em silêncio por uns sete segundos.

– Hmm, então você só está esperando ele te dar um motivo válido? – perguntou.

Suspirei, concordando com a cabeça.

Eu havia pensado nisso durando o banho, nessa manhã. O namoro não estava mais superando minhas expectativas e eu sabia que não ia melhorar, afinal, Taylor estava de volta à minha vida. E ele era um motivo forte demais para querer jogar os meus dois anos com Ian fora. Então eu iria esperar alguma briga e terminar meu relacionamento. Só assim estaria livre para pensar no que diabos eu ia aprontar na minha vida.

Voltei para Ian assim que terminei a conversa com Taylor, algo que não agradou ambos. Taylor queria que eu desse uma fugidinha com ele (algo que recusei) e meu namorado ficou desconfiado da demora.

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