REALEZA
Esse é o penúltimo capítulo. Comentem bastante.
Capítulo 14 – Realeza
Jimin estava com as pernas encolhidas no pequeno sofá que tinha no quarto do hospital enquanto encarava a máquina de batimentos com tanta atenção como se em um piscar de olhos tudo pudesse mudar.
Jungkook havia passado por uma cirurgia e a bala já havia sido removida em segurança, haviam feito uma transfusão de sangue e agora ele estava em segurança de acordo com os médicos, mas ainda não havia acordado e Jimin estava nervoso com a demora.
Sua avó havia ficado consigo durante as primeiras horas de cirurgia, mas assim que o russo foi trazido para o quarto em segurança, ela pediu para se retirar, disse que tinha assuntos urgentes para resolver e que voltaria logo, mas que por hora Jimin poderia ficar ali com o agente.
Na placa de registro do hospital dizia Jeon Jungkook e o nome soava bonito e melodioso de acordo com o Inglês, que achava combinar com o homem deitado na cama.
Liz ainda não havia dado sinal de vida, mas Jimin sabia que ela estava bem e segura. Nas redes sociais só se falava sobre o casamento cancelado e o atentado, mas pelo menos agora sabiam que era apenas um extremista qualquer e sem real força.
O homem estava preso e seria interrogado pela KGB sobre como havia se infiltrado no casamento. Jimin sabia que ele iria preferir a própria morte, mas no momento não conseguia sentir qualquer pena ou compaixão pelo homem.
Respirou fundo, se encolhendo no cobertor grosso do hospital e continuava monitorando os batimentos do russo, com calma, enxugando vez ou outra uma lágrima que escorria.
Seus sentimentos estavam na beirada, era como estar transbordando, só queria ter um segundo de paz, mas parecia não ser merecedor disso. Nunca se perdoaria se Jungkook morresse tentando o salvar. Nunca teria um segundo de paz se o russo desse a vida dele pela sua. Passaria o resto da vida se amaldiçoando por ser quem é, seria um peso ainda maior.
Havia pedido tantas vezes para ele ir embora, para voltar para a Rússia, para seguir sua vida, mas Jungkook era tão cabeça dura. Jimin entendia que era difícil, inferno, também era pra ele, também não queria dizer adeus ou se afastar, mas Jungkook não percebia que nada de bom sairia daquilo?
Ele ficaria para sempre condenado a vê-lo com outra pessoa ou arriscando sua vida por alguém que...
– O que tá acontecendo? – Questionou se levantando ao ver uma alteração na máquina. Estava prestes a pedir por ajuda, já sentindo suas mãos tremendo, quando viu os olhos do agente se abrindo. – Deus...
– Ji...
– Não fala. Você tá fraco. Não fala nada, meu amor. Eu vou chamar um médico. – Disse rápido enquanto se aproximava para segurar a mão do agente.
– Você tá bem?
– Eu estou bem e você também vai ficar. – Afirmou, sentindo os olhos ardendo. Ele estava bem, acordado e falando. Estava realmente bem. O alívio era tão grande. Havia passado tanto tempo agoniado pensando o pior, tentando ter esperanças, mas com medo de que algo pudesse acontecer, que aquilo era como finalmente respirar ar puro. – Você tá bem. Você me salvou.
– Tudo bem. – O Russo disse relaxando. – Então tudo bem. – A voz era rouca e fraca, mas parecia tranquila. Jungkook analisou os fios na sua veia e os cabos que o conectava na máquina. – É muito grave?
– Os médicos falaram que a cirurgia foi um sucesso, você está se recuperando bem, vai ter alta logo se continuar assim.
– Tô aqui a muito tempo?
– O casamento foi ontem de manhã.
– Você não está casado, está? – A pergunta saiu confusa, como se o russo não se lembrasse de tudo o que havia acontecido no dia anterior e Jimin confirmou.
– Não. Ainda não. – Segurou o fôlego. – Acho que vai ser adiado. Com a confusão a cerimônia não se concluiu, então ganhamos alguns dias.
– Então valeu a pena.
– Não brinque com isso. – Jimin o repreendeu. – Eu vou chamar um médico.
O inglês foi até a porta, abrindo o suficiente para apertar o botão vermelho ao lado que solicitava o médico de plantão e logo voltou até a cama para ficar ao lado do agente.
– Pegaram o atirador?
– Era um extremista. Ele está com a KGB pelo que o senhor Green me disse. – Jimin o respondeu brincando com os dedos da mão do agente.
– Conheci o seu antigo guarda, ele não parece simpatizar com a KGB.
– Vocês meio que roubaram o emprego dele. – Jimin explicou. – Mas ele está tentando aprender com vocês. De qualquer forma, é apenas um lunático, não tem uma grande história por trás, mas estão interrogando ele.
– Gostaria de ter cinco minutos a sós com ele.
– Para que? A KGB já está cuidando do caso. Você não precisa falar com alguém como esse senhor. – Jimin protestou, não gostando da ideia.
– Eu não iria falar com ele, meu amor.
– Boa noite? – O médico resmungou batendo na porta. – Jeon Jungkook, certo? Vejo que acordou. Vou levar o senhor para alguns exames de rotina, apenas para ter certeza de que não tem nenhuma sequela, tudo bem? – O Russo encarou Jimin, questionando mudamente o sobrenome, mas o Inglês apenas deu de ombros.
– Combina com você. – O agente concordou, não questionaria aquilo se Jimin gostava. – Vou esperar aqui.
O médico ajustou a cama, logo retirando a trava das rodinhas e a empurrando corredor a fora, Jimin suspirou enfim calmo o suficiente por Jungkook estar acordado e voltou a se deitar no sofá, consciente que os exames demorariam.
Sem perceber caiu no sono de exaustão e quando acordou o agente já estava de volta, mexendo no controle remoto da TV e xingando em russo enquanto não conseguia achar o que queria.
– Jun? O que foi? – Jimin questionou um pouco perdido por ter acabado de acordar e se sentou para observar o russo.
– Volte a dormir, Loirinho. Não vai querer ver isso. – Resmungou mal-humorado.
– O que? Aconteceu alguma coisa? – Se levantando, Jimin foi para perto da cama e logo viu o que passava na televisão.
Deveria ter imaginado que algo assim iria cair na mídia uma hora ou outra, afinal de contas haviam muitas câmeras e Jimin havia feito um show público para quem quisesse ver.
Não sabia o que mais o incomodava naquela cena, ver Jungkook no chão sangrando, ele chorando enquanto agarrava o corpo do agente, as pessoas envolta sem saber o que fazer ou a manchete sensacionalista alegando não só que o príncipe era homossexual, mas também que tinha um caso com o guarda costas que havia levado um tiro tentando salvar sua vida.
Jungkook por outro lado sabia bem o que o irritava ali. Ver Jimin desesperado agarrado em seu corpo chorando compulsivamente enquanto implorava por sua vida, o irritava. Ver o medo em seus olhos, ver o corpo tremendo, saber que era por ele e que não podia fazer nada para o proteger ou impedir aquilo, o deixava furioso.
E saber que aquelas pessoas estavam usando o medo, o pânico e as inseguranças de Jimin contra ele, o tiravam do sério.
– Tá tudo bem. Não importa o que eles digam. Eles podem achar o que quiserem. No final eu me casarei com Liz e isso será só uma fofoca. No máximo não poderemos mais ser vistos em público por um tempo. Estará tudo bem.
– Não estará não. – A terceira voz surpreendeu os dois. Não perceberam quando elas entraram ou quando a porta foi aberta, mas a Rainha e Eliza estavam ali, com dois guardas do lado de fora às esperando. – As fofocas não irão parar, porque não são fofocas.
– Mas eles não precisam saber disso, vó. – Jimin afirmou, quase desesperado com medo de que sua avó fosse tomar uma medida drástica como os afastar de vez, o que era loucura e contraditório, porque a duas horas atrás era o que queria. Achava que o melhor era que Jungkook fosse embora, mas sabia que esse não era o melhor para si.
– Mas nós sabemos, Ji. – Liz se meteu, se aproximando do amigo para lhe passar confiança. – Acha mesmo que podemos nos casar assim?
– O que quer dizer?
– Não vai haver casamento. – A rainha afirmou em um tom neutro, suave, mas para Jimin parecia com uma batida de martelo e aquilo deveria ter aliviado seu coração, mas o desesperou, porque aquilo significava falha, decepção, fracasso. Ele havia falhado com o povo, com o parlamento, Deus, ele havia falhado com a sua avó, com o seu destino.
– Não, mas... deve ter como resolver. Eu não... não... Isso... Liz... – Jimin se virou desesperado para a amiga, chorando ao imaginar que aquele era o fim, que sua vida toda havia falhado ali. – Eu não vou ser infiel, eu não vou. Eu juro, eu não ia...
– Eu sei que não, Jimin. Eu sei. – Afirmou, confiava naquilo, tinha certeza daquilo, aquela não era a questão. – Não é por isso. Eu não duvido de você.
– Então por quê? – Chorou sem conseguir aguentar, porque tudo estava escorrendo de suas mãos. – O contrato... o parlamento não vai aceitar... eles não vão me deixar...
– Eles já aceitaram. – A rainha afirmou, o acalmando, se aproximando também. – Explicamos a condição e eles entenderam. Pedimos um tempo e vocês tem dois anos antes da coroação.
– O que?
– Você merece ser feliz, Jimin. – Liz disse com um sorriso doce. – Merece amar e ser amado.
– A culpa é minha que tenha crescido achando que seu dever é maior do que sua própria vida. Sinto muito ter colocado esse peso em cima de você. – Abigail pediu o abraçando com força. – Mas não vou cometer os mesmos erros que cometi com o seu pai. Irei lhe apoiar no que for. E se você o ama, então assim será.
– Isso... Vocês... – Jimin estava zonzo e se afastou da avó com o coração palpitando, encarou o agente, que parecia tão perdido quanto ele. – Estão falando que estamos livres? É isso?
– Livres é uma palavra forte. – A Rainha brincou. – Liz passou a vida toda treinando para ser a próxima rainha. O senhor Jeon terá apenas dois anos para aprender tudo o que é necessário para ser o Consorte Real.
– E o parlamento aceitou isso? – Jimin questionou um tanto chocado enxugando as lágrimas e se recompondo.
– Na verdade, alguns foram contra, mas a maioria ganhou. Acharam inovador e que vai ganhar a população. Até mesmo fazer grandes aliados, como aquele seu amigo Noah, da França. – Jimin concordou, entendendo que o parlamento o via como um peão político, mas se aquilo o permitia ficar ao lado de Jungkook, ele não se importava ao todo.
– Jungkook... – Jimin se virou para o Russo que ainda analisava a situação de forma analítica. – Eu sei que nossos planos eram para a próxima vida, mas o que acha da gente adiantar as coisas para essa?
O inglês tinha um sorriso contido no rosto, como se não conseguisse acreditar no que estava acontecendo e o russo o encarava com uma expressão séria e um tanto mal-humorada.
– Quer que eu seja o próximo rei da Inglaterra? – Questionou para o loiro, que concordou com a cabeça, se aproximando para segurar sua mão. – Eu vou ter que usar cremes e essas frescuras?
– Todas as noites. E vai ter que decorar as regras de etiqueta e melhorar a sua postura, também não vai poder xingar a mesa ou na frente das pessoas, vai ter que maneirar no tabaco e no álcool e eu vou te ensinar a rezar, mas eu juro que vai valer a pena. – Jimin o provocou com todas as coisas que o russo amava o importunar e Jungkook riu fraco antes de concordar.
– É. Eu tenho certeza de que vai.
| Agente Russo |
Eu disse que não era Sad Fic. Vocês sempre duvidam de mim.
Enfim, vejo vocês na sexta, com o último capítulo.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top