A CABANA

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Capítulo 6 – A Cabana

A noite estava fria, mas o aquecedor da camionete ajudava. Haviam conversado sobre tudo e nada, e agora um silêncio confortável estava no carro. Jimin estava encolhido, se sentia mal por não saber dirigir, mesmo Jungkook afirmando não se importar com aquilo.

Haviam trocado histórias e coisas íntimas, seus medos e ligações. Jimin gostava de ouvir as histórias do agente porque sabia que nunca viveria coisas como aquela, e Jungkook gostou de ouvir o menino porque Jimin parecia o tipo de pessoa que precisava de ajuda e apoio, que precisava de proteção.

Um homem que era um menino, que parecia ter tudo, mas não tinha nada, que fingia ser o que não era. Jungkook conseguia ver tudo aquilo por trás dos olhos bonitos e expressivos do inglês. Conseguia ver toda a emoção reprimida que ele tanto escondia, era uma bomba que em algum momento explodiria.

Não sabia qual era o problema. Se era a avó, a noiva de fachada, a pressão de toda uma vida, todas as ameaças, as pessoas falsas ao seu redor ou toda a liberdade que lhe foi tirada, mas tudo em Jimin cheirava a pólvora e Jungkook era o tipo de pessoa que gostaria de acender o pavio.

Jungkook. O menino havia lhe dado um nome. O agente não tinha um nome desde que seus pais haviam o mandado para Moscou. Desde que a KGB apagou todos os seus registros e o nomeou como Agente 16. Seu antigo nome começava com C? Talvez M? Não se lembrava mais.

Estava com 28 anos e havia perdido sua identidade aos 9. Havia tido tantas personalidades e nomes diferentes que já não se lembrava mais do seu, mas algo em seu peito se aquecia sempre que ouvia a forma como o nome soava na voz do inglês.

Bicha. Escutou a voz do seu pai em sua mente e censurou. Não era nada. Era apenas um lapso preconceituoso do passado. Por que aquilo não conseguia esquecer?

Quando finalmente avistou a linha do mar no horizonte, soube que havia chegado ao refúgio. Não tinha muito o que ver, era apenas uma igreja e uma cabana da KGB entre uma praia de pedras beira a mar. O lugar era desértico e frio como o inferno. O menino se encolheu mais.

– Falta um ou dois quilômetros. – Anunciou. Haviam parado na cidade anterior para comprar comida, água, vodca e tabaco, e o russo reprimiu a vontade de rir ao ver o menino procurar por chá nas prateleiras do mercado, achando apenas um instantâneo, que comprou sobre protesto. – Amanhã ou depois, caso queira, posso preparar um verdadeiro banho russo pra você.

– O que é um banho russo? – Jimin questionou assustado, achando que fosse algo absurdo como mergulhar na vodca.

– Bom, é algo para despertar o corpo. Cabanas como essa, a beira-mar, costumam ter casas de banho. Lugares para aquecer água e fazer como uma sauna compartilhada. – Jimin encarou o russo por alguns segundos com atenção, um flash de pensamentos de como seria compartilhar um banho com ele passou pela sua cabeça e, notando que a ideia seria absurda e perigosa demais, negou. – Garanto que vai gostar.

Tenho certeza que sim. – Murmurou em um sussurro, mas logo sua atenção se voltou para uma cruz no meio do nada e ele avistou o topo da igreja. Haviam enfim chegado.

– Fique no carro. Vou entrar na frente e garantir que o lugar é seguro. – Avisou enquanto pegava a lanterna e a segunda arma da bolsa, além da que estava na cintura, se preparando para sair do carro.

– Jun. Espera. – Jimin pediu um pouco ansioso, olhando para a escuridão do lado de fora. – E se não for? Não é melhor dormir no carro hoje e esperar amanhecer? Está escuro e pode ter alguém esperando. Seria seguro esperar.

– Se tiver alguém, eu vou matar e jogar o corpo no mar, não tem com o que se preocupar. – Avisou despreocupadamente. – Tem um padre, um agente disfarçado que cuida do lugar, ele é o único que deve estar aqui. Ele sabe que estamos vindo. Está nos esperando. Se ele não responder o sinal, vou entender que o pegaram.

– Vocês deveriam ter o número um do outro. Uma ligação seria bem mais fácil. – Murmurou irritado por ter que deixar o russo ir.

– É, loirinho. Seria, mas também seria mais fácil de ser manipulado. Apenas espere no carro. Volto já. Tente ficar abaixado. – Jimin corou com o apelido, mesmo que não fosse a primeira vez na viagem que ele tivesse o chamado daquela forma. Para um quase homofóbico enraizado, Jungkook era bem carinhoso com ele.

Observou o agente sair do carro e sumir na escuridão. Ficou ansioso, olhando no meio do nada. Todas as luzes estavam apagadas e o clima era assustador. Digno da porra de um filme de terror. A neve, o escuro e o barulho do mar batendo nas pedras, tudo dava um arrepio em Jimin.

Os minutos se passaram e Jimin estava a um passo de sair do carro, mesmo sabendo que seria inútil do lado de fora. Olhou para a mala no chão da camionete ao seu lado. Sabia que Jungkook havia deixado uma arma para trás, mesmo que não soubesse atirar. Ele havia avisado aquilo quando pararam para abastecer a algumas cidades atrás.

Talvez devesse ir atrás do agente. Pelas histórias sabia que Jungkook era bom e que não era o tipo que precisava de ajuda, mas a ideia de que algo poderia acontecer com ele por sua causa o deixava em completo pânico.

Ia se levantar, sair do carro e o desobedecer, a simples ideia o deixou com os nervos à flor da pele, mas pulou assustado ao ouvir um tapa no vidro. Seu grito não foi nada controlado ou reprimido, na verdade, foi quase tão verdadeiro que sentiu suas mãos tremendo e suas pernas bambas, seu corpo derretendo sobre o banco quando relaxou ao ver Jungkook.

– Está tudo bem? – Questionou ao ver o príncipe quase desmaiando de nervoso.

– Você me assustou, Jun. – Brigou. – Você demorou. – Reclamou em seguida, o que também era algo novo, porque não costumava poder reclamar antes, era algo feio e não muito educado a se fazer.

– Desculpe. Encontrei Taehyung e Yoongi. – Explicou abrindo a porta de vez para que o menino pudesse descer e dessa vez pegou as duas malas. – Yoongi é o responsável pelo lugar. O padre daqui.

– Ele é um padre de verdade? – Jimin perguntou, pensando de verdade em procurar ajuda divina, mas Jungkook negou.

– Não. Ele é um agente disfarçado. Não sei se tem licença para atuar como padre de verdade. Guarde seus pecados pra você. – Brincou e o menino concordou. – Taehyung é um agente de apoio, ele não deveria estar aqui, mas, aparentemente, veio checar Yoongi e trazer mantimentos. Os dois estavam conversando e não ouviram o sinal, quase atirei nos dois.

– Então estamos seguros? – Jimin questionou olhando ao redor e puxando sua mala das mãos do agente, que concordou.

– Estamos seguros e logo estaremos quentes. Está tremendo de novo. – Alertou. – Vamos correr para a cabana. Eles estão lá também.

A cabana era mediana, um quarto, uma cozinha e um banheiro. Nada muito luxuoso, mas nada tão desconfortável quanto no hotel anterior. Yoongi e Taehyung estavam na cabana, aparentemente terminando de limpar.

Taehyung era alto e tinha o cabelo em um vermelho vivo e forte. Não era tão musculoso quanto Jungkook e nem tão assustador, na verdade parecia bem menos agressivo. Yoongi tinha os cabelos pretos e usava batina, parecia um padre simples e comum, e se Jungkook não tivesse dito, Jimin teria acreditado na identidade falsa do homem.

– Majestade. – Taehyung o reverenciou e Jimin devolveu a reverência. – Estávamos terminando a limpeza. Espero que o cheiro de produto de limpeza não incomode.

– Não incomoda. Não se preocupe. Na verdade, comparado com onde dormimos essa noite, isso é um hotel cinco estrelas. – Brincou e Jungkook riu. Sabia que o inglês havia odiado o hotel russo.

– Foi tão ruim? – O padre perguntou. – O agente 16 costuma não ter muito critério para lugares. – Jimin concordou rindo fraco. – Mas não se preocupe. A lareira está acesa, o aquecedor ligado. O banho será quente e a cama não é tão dura. Taehyung e eu estávamos indo para a igreja, vamos passar a noite lá. – Avisou.

– Vão rezar? – Jimin questionou curioso, porque, se fosse o caso, se juntaria a eles. Acreditava que depois de ontem, depois dos pensamentos recentes que havia tido com Jungkook, realmente precisava rezar um pouco, talvez se confessar e pedir perdão por alguma coisa.

– Eles vão encher a cara e assistir pornô, loirinho. – Jungkook o interrompeu rindo e Jimin o olhou com desespero por falar algo assim de um padre em uma igreja. – A igreja é uma fachada, não é real. Yoongi não é padre. Esse nem é o nome dele.

Não fode, 16. Estou isolado nessa merda a 5 anos. – O padre resmungou, fazendo Jimin arregalar os olhos pela forma como ele falava com o agente. – Tudo o que me resta é álcool, internet e as raras visitas de alguns amigos que ainda lembram da minha existência.

– Eu estive ocupado cuidando do embaixador. – Jungkook se defendeu. – Não estive exatamente na Disney.

– Bom, de qualquer forma Taehyung e eu, vamos subir. Tem bebida em todos os lugares. Se tiver problemas o botão vermelho na parede nos chama. Sabe onde fica o esconderijo com as armas. – Jungkook concordou e logo o abraçou, dando tapas em suas costas, um abraço violento e que parecia machucar. – É bom te ver também.

– Fico feliz em não ter atirado em vocês.

É, nós também. – Taehyung comentou com um sorriso. – Majestade. – Voltou a cumprimentar. – A senha do wifi está no aviso colado atrás da porta. – E com isso, os dois se foram. Jimin ofegou ao ver a porta se batendo e franziu a sobrancelha com a ideia que ainda parecia perturbadora.

Ele é um padre. – Disse sério, aquilo era no mínimo desrespeitoso.

– Não é de verdade e bom, se você ficasse sozinho aqui com nada além de álcool... Tenho certeza de que também ficaria tentado. – Jungkook comentou enquanto trancava a porta.

Ele realmente... Usando uma batina. – Jungkook riu pelo tom completamente insultado do inglês. A religião era algo forte na Inglaterra, não a católica, mas a anglicana, Jimin parecia realmente ofendido com a ideia de um padre fazendo tais coisas em um lugar sagrado. Já na Rússia, nenhuma religião era realmente predominante, mas se tinha um ou outro cristão. – Eu não... eu não faria isso se fosse um padre. – Se defendeu.

– Diga isso depois de algumas doses de vodca. – Provocou e riu ao ver a expressão de gatinho descontente no rosto do menino. – Não faça essa cara. É algo natural. Não tem nada de errado. É saudável. Ainda mais para não enlouquecer.

– Vou tomar um banho. – Resmungou descontente. Enquanto pegava suas coisas e ia até o banheiro. Jungkook riu ao ver ele pegar a maldita bolsa de cremes e suas roupas de dormir. Separou um casaco mais grosso para o menino, que parecia sentir mais frio durante as noites.

Jimin não costumava tomar banhos longos, mas demorava para sair do banheiro, Jungkook tinha certeza de que era algo a ver com o processo final do banho, já que quando a porta se abria, uma explosão de cheiro saia junto, algo masculino e refrescante, gostoso de verdade.

O príncipe não disse nada, nem uma palavra, esperou que o russo entrasse no banho e quando ele entrou foi para perto da lareira, colocando mais algumas lenhas e gostando de como a cabana era mais quente do que qualquer outro lugar que já esteve desde que colocou os pés naquele maldito país. Foi até a cozinha e retirou as compras das sacolas. Algumas comidas prontas e outras para fazer. Da janela, viu a luz da igreja acessa, aquilo o deu um arrepio.

Ele não era um padre de verdade. Tentou se convencer de que não era pecado. Não sabia o que fazia de uma igreja um lugar santo, mas, seja o que fosse, aquela com certeza não era. Retirou as bebidas e os cigarros do russo e os colocou sobre a mesa. Comeu mais alguns pãezinhos com molho azedo e ovo.

A culinária não era ruim ao todo, mas sentia falta do chá da tarde de qualidade. O chá ali era instantâneo e ruim. Era um pouco triste, mas Jungkook havia lhe comprado bolinhos industrializados para tentar animá-lo. Não funcionou, mas foi uma boa tentativa.

Quando o russo saiu pouco tempo depois, vestido da mesma forma da noite anterior, Jimin desviou o olhar, se sentindo quente. Tentou não pensar. Jungkook não usava roupa de baixo, mas Jimin não tinha que pensar em coisas desnecessárias como aquela. Deus, queria que Yoongi fosse um padre de verdade.

– Isso está bom? – Questionou pegando um dos pãezinhos e comendo. Jimin segurou a respiração pela proximidade e tentou não pensar que o ombro do russo se encaixava no seu, tentou desviar o olhar, mas havia falado muito o dia todo e ficar em silêncio agora era estranho. – Jimin?

Está. Está delicioso. – Afirmou e assistiu quando o Russo abriu a garrafa de vodca, como se fosse uma tradição noturna e tomou um gole do gargalo. Assistir aquilo deveria ser um pecado. – Eu... eu posso... posso... – Gaguejou, engolindo em seco e o russo o encarou com a garrafa a poucos centímetros da boca, tentando entender o que o homem balbuciava.

– Quer? – Perguntou confuso, porque Jimin havia feito um escândalo na noite anterior e quando o príncipe confirmou com a cabeça, o russo o encarou de lado. – Pensei que não tivesse permissão para beber.

– Eu não tenho. – Murmurou em resposta, sendo sincero e Jungkook notou essa característica. Jimin era educado e nunca mentia. – Pensei que se alguém pudesse me autorizar, seria você. – O russo o encarou por um segundo, seu olhar passeou por todo o rosto, desde os cabelos loiros e bagunçados do recente banho, olhos grandes e chamativos, o nariz achatadinho corado pelo frio, até os lábios vermelhos e chamativos. Engoliu em seco, lhe estendendo a garrafa, em uma permissão muda para que o menino tomasse o que queria.

Jimin encarou o líquido transparente, sabia que o gosto era ruim e que ardia a garganta, mas queria experimentar. Tomou uma golada, como o russo fazia, e escutou a risada do homem ao ver sua clara refuta aquilo.

– Tome mais. Vai te esquentar. – Jungkook aconselhou, sabendo que estava indo por um caminho errado. Bicha. Bicha. Bicha. Escutava em sua cabeça, mas viu o menino tomar outro gole, um mais longo e demorado.

– Isso é ruim.

– Você se acostuma.

– Quanto se tem que tomar para fazer alguma diferença? – Questionou encarando o russo, enquanto sentia sua garganta queimar, Jungkook riu, puxando a garrafa da sua mão e tomando uma dose do mesmo bico. A cena bambeou as pernas do príncipe.

– Alguma coisa me diz que você não vai precisar de muito mais. 


CRÉDITOS DO CAPÍTULO:

Escrito por: Manu Padilha 

Betado por: eumamaopapaia - Sigam ela. A salvadora da pátria e o amorzinho que está me ajudando com a história.       


EU SEI QUE EU DEMOREI, EU SEI. 

MINHA CABEÇA ENTROU EM CURTO-CIRCUITO NAS ULTIMAS SEMANAS, MAS EU JÁ ESTOU ME RECUPERANDO E AGORA TO ME ORGANIZANDO PARA BOTAR A CASA EM ORDEM, ENTÃO NÃO SE PREOCUPEM, QUE LOGO TUDO VOLTARÁ AO NORMAL. 

NÃO ME ODEIEM. PAZ NO CORAÇÃO, QUE LOGO EU CONSIGO ATUALIZAR TUDO. JURO DE DEDINHO.

ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DESSE CAPÍTULO E SAIBAM QUE O PRÓXIMO PROMETE.

E EU PRECISO AVISAR QUE ESSA, ASSIM COMO TODAS AS MINHAS HISTÓRIAS TEM A GARANTIA TIA_MANU DE FINAL FELIZ, OU SEJA, NÃO É UMA SADFIC. POR MAIS TRISTE QUE POSSA PARECER E IMPOSSIVEL DE FELICIDADE, A LUZ NO FIM DO TUNEL APARECE E EU GARANTO O FINAL FELIZ.

FONTE: NÃO FOI PRECISO.



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