Capítulo 04 - Execução operacional

Quando ainda estava na faculdade, Josephine aprendeu sobre a estrutura de um projeto de pesquisa, sobre como seus relatórios deveriam ser e aprendeu como identificar um erro usando uma metodologia científica chamada Pesquisa Operacional que consistia em cinco etapas: 1)identificação do problema; 2)construção de um modelo matemático; 3)solução; 4)teste do modelo e da solução obtidos e 5)implementação e aplicação. Na teoria, o teste do modelo se provou eficiente em alcançar a solução esperada por Jo e Tatiane: recuperar a forma humana de Judite Piaf.

A prática não poderia ser diferente, não havia brechas para que desse errado, ou os superiores do Departamento Secreto Internacional de Agentes Especializados não permitiria que aquele trabalho continuasse. Tanto seu trabalho quanto o de Tati estavam em jogo. Elas precisavam chegar à quinta etapa sem mais incidentes laboratoriais, técnicos ou de qualquer outro cunho.

Pensar nisso fazia com que suas mãos enluvadas tremerem ao deixar a tampa de vidro do aquário de Judite na mesa e ainda mais quando ela as colocou lá dentro para pegar a agente transformada em camaleão acidentalmente.

ㅡ Ela não vai te morder, você sabe, né? ㅡ perguntou Tati, parada logo atrás da colega de laboratório com um frasco e uma seringa nas mãos.

ㅡ Eu sei, só estou sendo cuidadosa ao tirar ela do aquário, não quero que se assuste muito ㅡ sussurrou a cientista, observando a pele verde vibrante de Judite se transformar em um verde escuro menos brilhante quando suas mãos a pegaram em forma de concha. ㅡ Ela passou praticamente um mês assim e não queremos que o medo interfira, certo?

Tati apenas assentiu, assistindo Josephine tirar as mãos do aquário e colocá-la em uma área esterilizada em uma das mesas do pequeno laboratório. Tentava parecer mais calma do que a colega deveria estar, mas sentia que era uma pilha de nervos. Elas não haviam relatado que fariam aquilo naquele dia, muito menos que seria fora do horário de expediente, do contrário teriam metade da equipe de agentes científicos espreitando da porta e mais uma penca de desocupados de outras áreas de atuação da agência.

Contavam apenas com o apoio de dois enfermeiros que esperavam com uma maca do lado de fora, prontos para levarem Judy até a ala médica, onde deveria passar por um check-up e mesmo assim, a pressão continuava a fazendo imaginar que estavam sendo observadas por olhos escondidos no escuros dos laboratórios ao lado.

ㅡ Cuidado, camaleões não são velozes, mas você precisa segurá-la de um jeito que a cauda fique imobilizada ㅡ pediu Tatiane, inserindo a agulha da seringa no frasco contendo a solução para o problema escamoso de Judite.

Josephine passou um pedaço de algodão molhado de álcool setenta por cento em um ponto onde as escamas eram mais finas e depois obedeceu a colega, mantendo os olhos fixos nas mãos. Tati se aproximou depois de esguichar um pouquinho do soro para testar a seringa e se posicionou para aplicação.

ㅡ Pronto, agente Piaf ㅡ sussurrou Jo, aproximando-se da camaleoa para a máscara não abafar tanto sua voz. ㅡ Agora você precisa querer voltar.

Tatiane massageou delicadamente o lugar onde a perfurou com a agulha usando a ponta do dedo indicador e observou Josephine se afastar, levando Judite até a maca do lado de fora.

Os olhos de Judite piscaram lentamente quando ela foi colocada na maca e em seguida se fecharam. Josephine se desesperou um pouquinho ao perceber que a agente estava demorando para abrir os olhos. Então percebeu, depois de ouvir o arquejo assustado dos enfermeiros e o grito de Tatiane, que as coisas haviam dado certo.

ㅡ É isso ai, caralho! Fizemos ciência, baby!

Josephine se virou imediatamente para a colega de laboratório e ambas soltaram um gritinho de entusiasmo antes de começarem a pular abraçadas animadamente. Até os enfermeiros se juntaram a elas, mas pararam assim que viram uma Judite cem por cento humana os encarando sem entender nada antes de desmaiar.

O que aconteceu em seguida, não passou de borrões para Jo. Ela se lembrava vagamente de pedir para Tati ligar para Oliver contando a novidade antes de trancar a porta do laboratório e pegar o tablet, que continha seu diário digital onde fazia anotações e relatórios, para registrar tudo o que acontecesse com Judite na ala médica.

ㅡ Eu vim assim que consegui dobrar o carrinho do bebê no porta malas do carro! ㅡ exclamou Oliver, aparecendo do lado da esposa de repente. Ele sorria de orelha a orelha, maravilhado com o sucesso de Jo, fazendo os olhos pequenos e puxados quase se fecharem.

Josephine deixou o tablet na mesinha de cabeceira do leito em que Judite se encontrava ainda adormecida e abriu os braços para o marido.

Oliver ignorou todas as regras da ética trabalhista da agência e agarrou Josephine na parte de trás das coxas. Jo também decidiu ignorar todas as regras da ética trabalhista da agência e encaixou as pernas ao redor da cintura dele.

ㅡ Eu consegui! ㅡ ela sorriu, segurando o rosto de Oliver antes de beijá-lo com a intensidade que eles pareciam ter perdido há muito tempo. As mãos dele subiram para sua bunda, segurando-a com mais firmeza e continuaram ali até que ambos perderam o fôlego.

ㅡ Sempre soube que você conseguiria ㅡ ofegou Oliver, inclinando a cabeça até roçar levemente o nariz na clavícula exposta pelo jaleco de Josephine.

Sabia que precisavam se separar antes que alguém os visse agarrados daquela forma, mas Josephine não se lembrava da última vez que havia abraçado o marido daquela forma e era grata ao universo por ter um homem como aquele. Por alguns instantes, esqueceu-se de tudo ao redor e só prestou atenção na forma como os olhos escuros de Oliver a encaravam com total devoção e desejou que ele a prensasse na parede mais próxima nem que fosse só por cinco minutinhos.

Se aquele também era o desejo de Oliver, não ficou sabendo, porque Tati escolheu aquela hora para aparecer com a médica de plantão e eles precisaram se separar abruptamente.

Jo tentou disfarçar fazendo um breve resumo sobre seus planos futuros para o esposo, enquanto ele assentia e escondia o quadril atrás do carrinho de bebê onde o filho deles dormia pesadamente apesar de todo aquele tumulto eufórico.

A médica conferiu a ficha médica de Judite e disse que não havia nada de errado com ela fisicamente, até então, e meteu o pé. Tatiane se juntou a Jo em uma empolgante recapitulação de acontecimentos para Oliver.

ㅡ Tá bom, mas vocês pretendem usar só camaleões ou...ㅡ ele questionou franzindo as sobrancelhas.

ㅡ Ah, não! ㅡ exclamou Tati. ㅡ Eu vou começar a trabalhar em um banco de dados assim que possível, mas queremos soros que transformem os agentes no animal que eles próprios escolherem. E por falar nisso, você ficaria bem de leopardo das neves ou de tigre asiático...ah se bem que tem o urso negro asiático também, mas acho ele muito pequenininho, esse eu já não sei se combina.

Oliver comprimiu os lábios e estreitou os olhos.

ㅡ Tati...eu não sou chinês.

ㅡ Foi mal...eu assisti Kung Fu Panda com a minha sobrinha ontem e não conseguia lembrar de nenhum animal japonês.

Josephine segurou o riso enquanto Oliver revirava os olhos e Tatiane continuou tentando se desculpar.

ㅡ Olha, se me permitem dizer, eu não acho uma boa ideia vocês trabalharem em soros envolvendo animais selvagens. Pode ser perigoso...

Oliver estava prestes a continuar quando uma quarta voz rouca os assustou. Só então, Josephine se lembrou de Judite novamente.

ㅡ Eu não quero continuar fazendo parte disso.

ㅡ Oi, Judy! Como você está se sentindo? ㅡ Jo sorriu, aproximando-se da cama hospitalar e imediatamente pegou o tablet.

Judite a encarou com os dentes cerrados e um olhar de desgosto.

ㅡ Humana, de novo...

𓃠 𖧷 Eis que quaase um mês depois eu apareço com atualização! E como já tinha avisado: tripla atualização.

𓃠 𖧷 Quais serão os próximos avanços da Josephine? Já tem teoria nova se formando?

𓃠 𖧷 Preparado para o próximo capítulo? Rola a tela aí antes que esfrie!

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