— Certo, cara! Vamos ter que pingar veritaserum em seu suco de abóbora, ou vai falar por vontade própria? — Rony soou muito pouco brincalhão ao bater na mesa e tentar falar com o amigo. Havia uma expressão azeda na cara sardenta.

— Como? — Harry murmurou quando associou o barulho com alguém o chamando.

— Queremos que nos diga o que tá te tirando de nós. — Hermione se mostrou presente, apoiando ambos os braços na mesa de jantar, empurrando seu prato, agora vazio, como consequência.

— Vocês não irão gostar — Potter resmungou, aproveitou o momento em que seus amigos se entreolharam em análise para esticar a coluna, dolorida pela má postura.

— Teste. — Granger soou quase amarga ao responder.

— Tem a ver com Malfoy...

— Oh, não! É o sexto ano de novo! — Weasley resmungou pondo alguns biscoitos na boca. Já nervoso com a mera possibilidade daquele ano terrível se repetir.

— Não é isso! Eu só...

— Ele já deve estar morto, cara — Ron pontuou, cortando Harry, que demonstrou uma face de completa derrota.

— Não, eu sei que não — retrucou simples. — E é por isso que falei: Vocês não vão gostar disso.

— Você não tem como saber disso, Harry — Hermione interrompeu, apesar do timbre sereno, os olhos amêndoas passeavam rápido pelo amigo, analisando ele e considerando as possibilidades.

— Eu simplesmente sinto! — Fora sua vez de bater no tampo de madeira.

— Cara, é só obsessão de novo! — Ronald praticamente choramingou, esfregando as mãos no rosto. — Tivemos esse tipo de conversa ainda no sexto ano!

— Não, Rony, merda! — Harry aumentou a voz, se impondo. — Naquela época, eu estava vendo Malfoy fazer coisas suspeitas, e no fim estava certo sobre a maioria das minhas suspeitas, se me permite dizer!

— Mas...

— Não terminei! — Levantou a mão pedindo silêncio. — Não que isso mude o fato de você também ter tido razão sobre eu estar vivendo por aquilo, mas dessa vez eu sinto mesmo, não é tipo uma intuição, é como ter dor de cabeça, sonho com uma cena que não vivi, parece que vi ele sendo levado para o lago, coisa que não aconteceu. Às vezes parece que escuto a voz dele me chamando, não exatamente chamando meu nome, mas pedindo socorro, tento não pensar nisso, porém me arrepio como se estivesse tomando um banho de água gelada do nada!

— Isso é ruim, muito ruim — Hermione choramingou fazendo uma careta de descontentamento.

— Sim, é ruim mesmo, ele enlouqueceu — o ruivo falou vendo a amiga levantar em desespero da mesa. — Você também, pelo visto.

— Não, Rony, pior que isso. Me sigam de uma vez! — gritou caminhando para a enorme porta.

Os meninos se entreolharam meio assustados, mas a seguiram sem pestanejar.