𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 6

3:10 PM

Contratada.

Sabe a importância dessa palavra? Sabe a força e o impacto que ela tem? Sabe o quanto eu estava feliz e querendo pular e gritar de alegria? Eu ainda não conseguia acreditar que é verdade, como uma pessoa como ela decidiu contratar uma adolescente qualquer para trabalhar na sua casa... Isso é quase que impossível de acontecer mas aconteceu.

ㅡ Você me surpreendeu ㅡ Senhora Jeon a mulher que fez a entrevista e que é a dona dessa mansão e a minha futura patroa diz ㅡ De todas as candidatas que passou por essa entrevista você foi a melhor em todos os aspectos.

Senti o meu coração errar as batida ao ouvir tais palavras sair da boca de Senhora Jeon, como assim eu a surpreendi? É sério mesmo que eu fui a melhor? Como isso é possível?

ㅡ O que me surpreendeu realmente foi o fato de você ter apenas 17 anos e ser tão competente ㅡ Senhora Jeon diz ㅡ Não é fácil encontrarmos jovens com tanta determinação, inteligência e força de vontade, tenho certeza que seus pais são muito orgulhosos de você.

Meus pais...

Aquelas duas pequenas palavras tem o poder de dar um impacto tão grande em mim, mas dessa vez um impacto ruim afinal de contas quem são os meus pais? Ga-eul além de não ser a minha mãe verdadeira só estaria interessada no dinheiro e Jaime morreu, quem sentiria orgulho de mim? Ninguém nunca sentiu e ninguém nunca vai sentir...

Apenas duas pequenas palavras me fazem ter vontade chorar, de largar tudo e desistir da minha vida, eu vivi 17 anos com pais que não são os meus verdadeiros, 17 anos sofrendo na mão de uma psicopata então qual é o sentindo da minha vida? Eu juro que estou tentando encontrar mas é tão difícil...

Respiro fundo tentando não começar a chorar, olho para a senhora Jeon que falava algumas coisas relacionadas a mim que eu não estava prestando muita atenção no momento, minha futura patroa aparenta ser uma milionária pela mansão que tem, ela é muito bonita e elegante e tem alguns traços parecidos de alguém que eu conheço mas não lembro quem, mas como eu normalmente falo: muitos coreanos tem traços parecidos e pode ser apenas uma conhecidência.

ㅡ [...] claro que de primeira instância eu não confiei, antes de te chamar para a entrevista eu liguei para os estabelecimentos e casas passadas que você trabalhou em Los Angeles nos Estados Unidos ㅡ Ela dizia ㅡ Após ouvir só coisas boas vindas de você eu resolvi te dar uma chance e te chamar para a entrevista, e você conseguiu me surpreender ainda mais.

Solto um sorriso contente, eu estava feliz por ter a surpreendido e por saber que ela vai confiar em mim para cuidar da sua casa e de suas coisas. Senhora Jeon me disse anteriormente no decorrer da entrevista que a minha confiança e determinação foi o que a fez ter certeza que me queria na equipe de trabalho dela, tudo por conta de uma única pergunta.

"Qual o motivo para você estar querendo esse emprego?"

Se essa fosse a pergunta eu saberia responder com clareza já que já participei de muitas entrevistas de emprego e todas perguntavam isso, o problema é que ela acrescentou outras palavras em sua pergunta:

"Os seus dados consta que você estuda na Seul High School, é uma escola de altíssima qualidade e se sua família tem condições para pagá-la é porque são de uma classe social média-alta, então porque você estaria atrás de um trabalho que oferece apenas um salário nimo?"

Não vou mentir que essa pergunta me pegou de jeto mas ao pensar um pouco eu respondi a verdade:

"Eu gosto de ter o meu próprio dinheiro, de ser independente e conquistar as minhas próprias coisas"

Foi com essa resposta que eu a conquistei, sei disso porque ela ficou surpresa com a minha resposta, uma resposta tão madura para uma garora de apenas 17 anos.

ㅡ Sua experiência de 3 meses começa na segunda-feira, espero não me arrepender senhorita Hwang ㅡ ela diz me encarando de um jeito amigável.

ㅡ Não irá se arrepender senhora Jeon, prometo dar o meu melhor ㅡ falo confiante, Senhora Jeon sorri para mim

ㅡ Ótimo, até segunda.

ㅡ Até segunda ㅡ falo feliz e me levantando da cadeira ㅡ Tchau ㅡ me reverêncio antes de sair.

Eu tenho um trabalho, eu tenho um trabalho, eu tenho um trabalho.

Estou tão feliz e realizada nesse momento, eu poderia finalmente ter as minhas coisas sem precisar depender da minha tia que não tem obrigação nenhuma de me dar nada. Vou para a casa saltitante e feliz da vida, depois de uma pequena caminhada mas que eu fiz com que ficasse longa eu chego no condomínio em que moro, a mansão Jeon não é tão longe da minha casa mas eu estava tão feliz que parei na praça para olhar o céu ensolarado e agradecer, tirei fotos com uma árvore cheia de flores muito bonita e isso fez eu demorar para chegar.

Ao me aproximar de casa avisto na casa ao lado os sete meninos populares da escola que são os meus vizinhos, Nanjoom e Seokjin estavam sentados no gramado enquanto Yoongi está deitado com as mãos sobre a cabeça, Jimin deitado com a cabeça em cima da barriga do Yoongi, Hoseok sentado em uma cadeira de madeira e Jungkook deitado em uma espécie de rede de balanço, eles estavam conversando e escutando alguma música do k-pop.

ㅡ Olha lá a novata ㅡ Hoseok diz apontando para mim que já estava prestes a entrar dentro de casa.

Os outros seis erguem suas cabeças para me olhar, dou uma leve mordida nos meus lábios de nervoso e raiva, estava tudo indo muito bem até agora.

ㅡ Eii vem aqui pra gente bater um papinho ㅡ Nanjoom diz.

Não eu não quero bater um papinho, eu só quero entrar para dentro de casa e quero que vocês me deixem em paz.

ㅡ É vem aqui ㅡ Seokjin concorda com a idéia de Nanjoom.

Com uma pequena raiva dentro de mim eu retiro a minha mão da maçaneta da porta, eu não poderia ser mal educada e entrar sem ao menos dar um "oi" eu não sou esse tipo de pessoa, eu tenho empatia. Respiro fundo e caminho até a casa deles que é logo ao lado, é claro que eu estava cada vez mais nervosa a medida que ia me aproximando, afinal esses meninos passam um ar de superioridade que me dá medo.

ㅡ Legal saber que você é nossa vizinha ㅡ Hoseok diz com um sorriso contente no rosto.

Levanto a minha sobrancelha estranhando essa atitude do garoto, ele não parece ser legal, nem um deles parecem. Na verdade essa foi a primeira impressão que eles me passaram e normalmente é a primeira impressão que fica.

ㅡ Você é parente de Min Jee? ㅡ Taehyung pergunta.

ㅡ Sim ㅡ Respondo indiferente e cruzo os meus braços, quero que eles percebam que eu não estou afim de "bater um papinho".

ㅡ O que vocês são? Primas? Irmã? ㅡ Taehyung indaga curioso.

Na realidade não somos nada, não temos nem o mesmo sangue mas eu não podia falar isso.

ㅡ Primas ㅡ Respondo ainda em tom indiferente.

ㅡ Huum ㅡ Nanjoom, Seokjin, Hoseok e Taehyung falam em forma de dizer "entendi"

Eles eram os únicos que pareciam estar interessados nesse "papinho" pois Jungkook, Yoongi e Jimin estavam fingindo que eu nem estava ali e eu realmente não queria estar.

ㅡ Não está com calor não? ㅡ Jungkook olha pra mim e indaga.

Até estranhei quando ele falou já que ele não parecia estar prestando atenção em mim, nem no que eu estava falando e muito menos no que eu estava vestindo

ㅡ Estamos na primavera, não inverno ㅡ ele diz em tom debochado que me fez subir certa raiva ㅡ Aqui é Coréia, não Estados Unidos.

Sim eu estava de moletom e o que ele tem haver com isso? Não é da conta dele! Ele nem sabe o motivo disso, idiota!

ㅡ Estou usando esse moletom porque eu quero, porque eu gosto ㅡ Respondo já sem paciência.

ㅡ Claro, cada um tem o seu gosto ㅡ ele responde em tom indiferente ㅡ Mas não podemos deixar de citar que o seu é bem estranho.

Mais uma vez tive que morder os meus lábios inferiores tomada pela raiva, o que ele tem que se intrometer no que eu uso e no que eu gosto? Menino chato e intrometido!

ㅡ Realmente ㅡ Jimin diz rindo ㅡ quem usa moletom no calor?

O cabelo de algodão rosa que só sabe falar em puro deboche diz, eu já estava com certa raiva dele por conta do seu deboche excessivo.

Eu uso moletom no calor, algum problema? ㅡ Falo irritada.

ㅡ Problema algum ㅡ Ele responde se levantando de cima da barriga do Yoongi e se sentando no gramado ㅡ É só estranho e sem sentido algum.

"Estranho" eu já sou estranha mesmo e a minha vida já não faz sentindo, o que se espera de mim? Algo que faça sentindo? Não, não tem! Será que agora eu poderia voltar para casa? Não aguento mais ouvi-los.

ㅡ Onde você morava? Tipo, em que lugar dos Estados Unidos? ㅡ Nanjoom pergunta curioso.

Descruzo os meus braços me rendendo a essa conversa, sei que muito provavelmente essa conversa vai longe e que eu não poderia fugir porque eu sou uma idiota que não consegue deixar os outros falando sozinhos, sim eu sou uma trouxa.

ㅡ Está cansada né? ㅡ Seokjin pergunta super educado, até estranhei ㅡ Jungkook dá espaço para ela sentar ㅡ ele ordena ao garoto.

ㅡ Eu? Porque eu? ㅡ Jungkook indaga como se estivesse falando "pede pra outro, eu não vou fazer isso"

ㅡ Porque o seu espaço é maior? ㅡ Seokjin diz em tom óbvio ㅡ Não é legal deixar uma dama se sentar no chão.

ㅡ Aish ㅡ Jungkook reclama enquanto se levantava da rede ㅡ Eu tenho que me levantar, sair do meu próprio conforto para dar espaço a uma estranha ㅡ ele resmunga ao se sentar na rede.

ㅡ Yah não precisa ㅡ falo olhando séria pra ele ㅡ Eu me sento no chão ㅡ Falo já me agachando pra me sentar.

ㅡ Nem pensar! ㅡ Ele diz se levantando e segurando no meu braço me impedindo de sentar no gramado.

ㅡ Aí ㅡ dou um pequeno grito de dor no instante em que ele segura no meu braço.

ㅡ Jungkook o que você fez? ㅡ Nanjoom, Jin, Hoseok e Taehyung gritam com o garoto.

ㅡ Eu não fiz nada ㅡ ele diz assustado e solta o meu braço rapidamente ㅡ Eu só segurei no braço dela e...

ㅡ Você está bem? ㅡ Hoseok o interrompe e pergunta preocupado ao se aproximar de mim.

ㅡ Sim, estou ㅡ Respondo.

ㅡ Ele te machucou? ㅡ Nanjoom indaga também se aproximando, nego com a cabeça.

ㅡ Posso dar uma olhada? ㅡ Seokjin pergunta.

ㅡ NÃO! ㅡ grito sem querer no desespero, todos ali levam um susto com o meu grito ㅡ Não aconteceu nada demais tá legal? Eu estou bem! Tenho que ir agora ㅡ falo desesperada antes de sair correndo.

Os meninos estranharam a minha atitude mas eu não me importei, apenas saio correndo até a minha casa, subo as escadas e me tranco no meu quarto onde começo a chorar.

Jungkook não me machucou, ele só pegou em um lugar frágil, nos meus cortes nos quais não só doem fisicamente mas como psicologicamente pois lembranças invadem a minha mente, lembranças muito ruins.

Eu não podia deixar que os meninos vissem os meus cortes afinal eu sei que o que eles iriam fazer é julgar assim como todo mundo faz, assim como Ga-eul minha mãe fez quando descobriu...

Flashback on... - 2 anos atrás

Acontecia mais uma briga entre meus pais, era desesperador ter que ouvir tudo do seu quarto e ficar calada como se nada estivesse acontecendo, eu só sabia chorar e chorar de soluçar enquanto me cortava em desespero e angústia, só que essa briga entre eles dois estava diferente, estava mais pesada. Meu pai gritava socorro e pedia misericórdia para Ga-eul e dessa vez eu sabia que não podia ficar apenas calada, alguma coisa tinha que ser feita pois o negócio etava feio lá em baixo. Por esse motivo eu saio correndo do meu quarto e desço até a cozinha onde meus pais brigavam, quando cheguei eu fiquei assustada ao ver a cena que acontecia ali, minha mãe estava com uma faca no pescoço do meu pai, o seu olhar era de fúria sobre ele, enquanto o meu pai estava desesperado, suando frio e então eu não pensei duas vezes antes de gritar, alguma coisa tinha que ser feita pois se não minha mãe mataria o meu pai bem na minha frente.

ㅡ NAAAAAO ㅡ Grito desesperada entre lágrimas.

Eles dois me olharam, Meu pai com um olhar de tristeza e arrependimento, já minha mãe com uma raiva incontrolável.

ㅡ O que você está fazendo aqui? ㅡ Ga-eul grita raivosa e aponta a faca pra mim ㅡ Vai para o seu quarto agora!

ㅡ Mãe, por favor... ㅡ Peço em súplicas, as palavras saiam com dificuldades da minha boca pois eu estava muito nervosa e desesperada com tal situação.

Olho para o meu pai que me olha com um olhar arrependido, no fundo dos seus olhos ele dizia "desculpa filha, desculpa por tudo" ele parecia estar se despedindo de mim naquele momento e eu não poderia permitir isso, eu não iria permitir... papai no mesmo instante sai correndo da cozinha, olho para a direção em que ele estava indo quando então sinto um certo aperto forte no meu braço, Ga-eul havia me pegado.

ㅡ AI ㅡ Grito de dor por conta dos cortes que estavam nos meus braços.

ㅡ Nem estou apertando tão forte sua infeliz! ㅡ Ela gritava.

Ga-eul no mesmo instante desconfiou dos meus cortes então ela ergueu as mangas do meu moletom e os viu! Eu chorava em desespero de dor e porque não queria que ela descobrisse, fazia anos que eu me cortava e ela nunca percebeu mas agora... agora... Ga-eul com raiva começou a apertar o meu braço com força e isso me fazia encolher e gritar de dor enquanto ela dizia palavras duras e doídas para mim ouvir, ela começou a me julgar, me humilhar e dizer que era frescura, ela aproveitou o momento para mais uma vez jogar na minha cara que era obrigada a me dar dar as coisas e dizer que eu nunca deveria ter nascido.

Quando eu consegui me soltar de seus braços e de suas palavras dolorosas eu subi correndo para o meu quarto e me tranquei lá. Peguei a minha lâmina e comecei a fazer cortes profundos pois as palavras que ela me disse me destruiu tanto que eu nem percebi o que estava fazendo, nem percebi a profundidade dos cortes, nem percebi a quantidade de sangue que estava escorrendo, nem percebi que em poucos minutos eu estava tendo uma hemorragia.

Naquele mesmo dia o meu pai havia se despedido de mim mesmo que com o olhar e eu não pude fazer absolutamente nada... Eu cheguei a achar que eu iria me encontrar com ele no céu a partir do momento que tive começo de uma hemorragia e tudo ficou escuro, mas após 5 meses eu acordei de um coma induzido. Acordei com a notícia de que meu pai havia se suicidado naquele mesmo dia da briga, no mesmo dia da minha quase morte e sabe quem me deu essa notícia? Isso mesmo, Ga-eul! Ela fez o favor de jogar na minha cara que meu pai se matou por culpa minha que por causa da minhas frescuras de corte ele não aguentou me ver em um hospital em coma e se matou, a culpa era toda minha da morte do meu pai...

Eu achei que também ia morrer junto com ele mas isso infelizmente não aconteceu...

Flashback off... - 2020, agora.

Eu estava desesperada, entrando em uma crise existencial, crise de ansiedade e depressão das grandes e para piorar tudo junto. Quando Seokjin quis ver o meu braço essas memórias tomaram conta de mim, elas me doem profundamente, eu queria ter morrido, eu realmente queria...

Eu estava em uma tentativa falha de encontrar ar para os meus pulmões mas estava ficando cada vez mais difícil, eu queria gritar e sair correndo como se isso fosse me ajudar, como se isso me tirasse dos meus problemas... No desespero eu começo a arranhar o meu próprio corpo e a puxar os meus cabelos por não saber o que fazer, por não ter ninguém para me ajudar.

Essa é mais uma das minhas crises na qual eu não consigo controlar, na qual eu tento fugir todos os dias, mas tem dias que é impossível fugir e esse é um deles.

Quem lembra da menina feliz e saltitante que saiu da mansão Jeon? Quem lembra da menina super confiante que mais cedo estava tentando ajudar Suk a se sentir confiante? Essa menina não existe, é tudo uma farsa ou minutos de felicidades que passam em segundos.

Essa é a depressão, essa é a ansiedade, em um momento feliz e em outro totalmente destruída. Eu não tenho ninguém pra conversar, ninguém para me ajudar, é apenas eu por eu mesma.

...

Após um bom tempo de crises infernais eu acabei dormindo na tentativa de esquecer tudo o que aconteceu por mais que eu soubesse que assim que eu acordasse tudo viria a tona novamente.

Será que eu nunca terei a possibilidade de ser feliz um dia?

Espero que estejam gostando, deixe o seu comentário e o seu voto para estar me apoiando a trazer mais ✨

Glossário:

Aish: é uma expressão informal coreana usada para demonstrar descontentamento com algo.
Exemplo: Aish eu não gosto disso

Fim do glossário.

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Jeon Eun-Bi, senhora Jeon

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