1. first year, letter
AFTER JILY
1. primeiro ano, carta
Correndo pela grama, passava em sua cabeça tudo o que ela já havia feito sem nem dar conta de que não era comum para uma criança de sua idade. Sophia não entendia como essas coisas aconteciam, como seu cabelo e unhas cresciam rápido demais. Essas peculiaridades começaram quando ela completou seis anos, mas eram coisas raras de acontecer, todavia, agora acontecia regularmente. Seus pais estranhavam, mas apoiavam a filha mais nova, pensando que seria passageiro ou que houvesse alguma cura caso fosse algum problema. Já a filha mais velha do casal, Alice, pensava ser algum tipo de ritual que a ruiva fazia nas costas da família. Alice até mesmo recusou ficar no mesmo quarto que a irmã, com medo do que fosse.
Dorothea achava que estava doente, mas não entendia absolutamente nada de diagnósticos médicos ou dos seus sintomas, então não opinava em nada. Seus pais chegaram a levá-la no médico, mas este dizia ser sintomas de crescimento da criança. O casal de adultos achou estranho, nunca tiveram problemas desse tipo com Alice.
Naquele momento, Sophia se encontrava perto de uma árvore e observou os pássaros voando em volta da mesma, eles pareciam agitados, tal e qual a dona de cabelos ruivos parada na frente deles. Sophia gostava daquele gramado por isso, a natureza parecia conseguir comunicar com ela. Foi quando reparou em uma silhueta baixa — mais ou menos de seu tamanho —, também olhando as aves. Sophia olhou para o garoto, surpresa por não notar sua presença mais cedo.
— Não se preocupe em ser diferente das outras crianças, eu também o sou — a princípio ela não entendeu o que ele queria dizer, até ele estender um dedo e um dos pássaros pousar nele — Posso te mostrar que é bom ser diferente.
Os olhos claros de Sophia ficaram entre olhar para o garoto misterioso ou para seus pais, que acenavam para ela voltar pra casa — provavelmente depois de conseguirem acalmar Alice por Sophia arranhar seu braço sem querer. Se sua curiosidade matasse ela estaria estática no chão naquele momento. Por fim, decidiu ser racional:
— Meus pais estão me chamando, desculpa — diz, apontando para o casal de adultos — Você pode me mostrar o que você falou amanhã? — pede, vendo o garoto assentir de leve com um sorriso igualmente leve em seus lábios. A garota vira costas e começa a andar, mas antes de correr até seus pais se apresenta — Me chamo Sophia.
— Theo — se apresenta também, entrando em um buraco da árvore — Estarei aqui amanhã — quando o buraco na árvore se fecha sozinho Sophia estremece, como se tivesse alucinado toda aquela conversa, mas se apressa em ir para casa, antes que seus pais saíssem gritando pelo seu nome.
Quando chega na frente dos pais ela se desculpa pela demora, informando que encontrou um garoto sozinho brincando na árvore.
— Tenha cuidado com os estranhos, sim? — seu pai pede, enquanto entram em casa.
Alice se encontrava sentada no sofá, parecia relativamente mais calma. Ela tinha os braços cruzados e um livro em seu colo, provavelmente algum livro de fantasia que ela adorava ler.
— Não se preocupem — Sophia acalma seus pais — Ele parecia legal, talvez até tenha minha idade — assegura a seus pais.
— Deveria ser tão estranho quanto você — a irmã mais velha diz, fechando o livro e se levantando — Outra aberração! — vira costas e sobe as escadas.
Sophia olha de canto para a irmã subindo as escadas, não querendo discutir com ela, pois seria uma perda de tempo, visto que Alice nunca a escutava, nem para poder explicar que as coisas que ela fazia não eram por mal. Às vezes, Sophia queria entender o porquê de sua própria irmã a odiar, mas nada vinha em sua mente, deixando-a triste por isso.
— Não ligue para sua irmã, ela está apenas chateada por você não passar tempo com ela — seu pai diz, tentando aliviar o clima. Claro que isso era mentira, a própria Alice era quem fazia questão de ficar o mais afastada possível da irmã.
Então, quando o jantar chegou, Sophia olhava sua irmã mais velha discretamente, esperando algum vestígio de compaixão para consigo, enquanto Alice evitava contato visual consigo a todo o custo.
Quando o dia seguinte chegou, Sophia estava mais do que ansiosa para poder reencontrar o garoto da árvore. Tão ansiosa que se arrumou mais rápido do que alguma vez se arrumara. Saiu cedo e foi esperar Theo perto da árvore onde estavam ontem. Estranhamente, naquela manhã, os pássaros não se encontravam ali.
O garoto demorou um pouco, mas quando o buraco da árvore finalmente abriu, ali estava ele de novo, com um casaco azul e uma camiseta branca. Ele parecia animado por Sophia ter realmente voltado.
— Quer entrar? — aponta para a árvore. O rosto de Sophia se tornou confuso, como ele poderia achar que eles conseguiriam ficar os dois dentro de um tronco de árvore? Mas, mesmo com toda aquela insegurança, acenou, não negaria mais tempo com aquela curiosidade toda.
Quanto mais entrava na árvore menos ela acreditava em tudo aquilo ser real. Ali dentro era imenso. Nunca que, por fora da árvore, alguém conseguisse perceber o quão espaçoso era ali. Era como um cómodo redondo, todo de madeira, com uma pequena sala de estar junto com cozinha, um sofá e uma cama de solteiro, parecia quase que como uma casa de bonecas.
— Essa é minha casa — ele apresenta, apontando para o sofá, guiando a garota até ele.
— É muito bonita — sorri, se sentando do lado garoto.
Ficaram calados por um tempo, Sophia observando seus pés batendo no chão de madeira. Ela não sabia se havia de pedir que Theo explicasse tudo o que ele queria ou se deveria ser ela a iniciar a conversa, talvez falando de tudo que faz com que ela se sinta uma criança diferente das outras. Ela tinha consciência de que ele tinha uma noção do que se passava consigo, se não nunca teria falado com ela.
— Há um mundo além desse, nomeado de "Mundo Bruxo" — as primeiras palavras de Theo ecoam no cérebro de Sophia, fazendo ela rapidamente prestar atenção nele — Dentro desse mundo tem pessoas altamente talentosas, pessoas sobrenaturais, pessoas que nasceram para brilhar... — o garoto diz aquilo com um brilho nos olhos — Dentro desse mundo existem várias escolas espalhadas pelos arredores, escolas pra ensinar as crianças a brilhar, para que elas possam usar suas habilidades com coerência. Eu, por exemplo, estudo em Hogwarts — aponta para ele mesmo, vendo os olhos claros da garota à sua frente arregalarem.
— Você é um bruxo? — se anima — Como isso funciona? — ela até poderia ter consciência de que aquilo poderia ser uma brincadeira, afinal, aquele tipo de coisas só acontece em livros, mas ali estava uma criança, uma criança cujo a imaginação estava em fumo.
— Primeiramente, não posso usar magia fora da escola até completar 17 anos e devo me manter em segredo, é uma regra — afirma.
— Então porque está me contando? — pergunta, se sentindo cada vez mais eufórica.
— Porque você faz parte desse mundo, Sophia — Theo diz, vendo que a garota continuou relutante. Ainda assim, ele insiste — Você já fez coisas que apenas não têm explicação na sua cabeça?
— Bom, tem o fato de meu cabelo e minhas unhas crescerem mais rápido que o esperado… — diz, se lembrando de vários momentos onde as coisas não foram tão banais como deveriam — Uma vez eu parti um copo, sem fazer força sobre ele.
— Está vendo? Isso tudo vai ser controlado quando você for escolhida para uma escola — diz, mexendo em seus dedos — E, você poderá, de fato, aprender coisas que vão te ajudar muito mais no futuro!
Sophia observa suas mãos, enquanto entra em um mundo de fantasia que ela nunca pensou ser real.
— Isso é estranhamente incrível — a dona dos fios ruivos disse sorrindo — Ser diferente é estranho — se remexe no sofá.
— Ser diferente é incrível — ele corrige — Hogwarts tem as melhores instalações possíveis para você estudar. — informa — Existem quatro casas, que funcionam como equipes, Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina, cada um tem suas características e modos de agir.
— E você está em qual? — pergunta, deixando sua curiosidade falar mais alto.
— Sonserina, junto de todos meus amigos — dá de ombros — Você pode fazer amizade com pessoas de outras casas, mas a sua casa nunca vai te abandonar, esteja errado ou não, eles vão te proteger, como uma família.
Sophia achou a descrição incrível. Ela mal podia esperar para sentir seus pés em uma realidade que não teria que partilhar com nenhum conhecido. Era quase como mudar de cidade, um lugar onde não conhece ninguém e pode começar do zero.
Claro que, ainda assim, não poderia sair falando isso para sua família, achariam que enlouqueceu de vez. Então, nos dois meses que se seguiram ela guardou tudo em sua garganta, mas nunca deixando de se encontrar com Theo — que lhe contava coisas novas acerca do Mundo Bruxo todos os dias. Todavia, naquele dia, seus avós iriam almoçar com a família, então não pôde sair pra encontrar o garoto.
Estava sentada no sofá, esperando sua mãe acabar de preparar o almoço e a chegada de seus avós — que parecia demorar uma eternidade —, quando viu algo brilhante passar em sua janela muito rapidamente. Se chegou à frente pra observar a janela quando é surpreendida com o som da campainha.
A mãe da garota pede que esta atenda a porta, esperando que fossem seus sogros chegando. Sophia rapidamente se levanta e vai até à porta, se surpreendendo com quem está na sua frente. Um homem de cabelos brancos e compridos, assim como sua barba. Ele traz um traje de feiticieiro, bruxo até. O sorriso em seus lábios traz um calor no peito de Sophia, um calor que a garota, dona dos cabelos de fogo, nunca sentiu.
— Bom dia, senhorita White — ele sauda a pequena ruiva, colocando o chapéu em seu peito e baixando um pouco o tronco.
— Não sabia que o Halloween começara mais cedo esse ano, papai — o pai de Sophia aparece no cimo da escada.
O homem na frente de Sophia ri fraco.
— Receio que tenha se enganado na pessoa — o homem diz — Vim trazer um comunicado.
Sophia não tinha nenhuma foto, nenhuma prova de que aquele fosse quem ela pensava ser, mas a descrição de Theodore não poderia bater mais certo.
— O senhor é Dumbledore? — questiona, vendo um sorriso, maior ainda, se formar no rosto do homem.
— Em pessoa — diz, olhando para o pai de Sophia, que agora estava do lado da filha — Peço imensa desculpa o incomodo. Se me permitir, gostaria de falar com toda a família, é um assunto importante que não pode ser deixado para depois. — pede, sendo seguido pelo pai de Sophia chamando a esposa e a filha mais velha.
Logo estavam finalmente todos na sala, o casal e Alice se encontrando no sofá de três lugares e Sophia em uma poltrona enquanto Dumbledore se mantinha em pé. Ele mantinha a postura, mesmo que a cara de Alice fosse a mais desagradável que fosse.
— Sei que será difícil de compreender, mas tentarei ser específico e breve — afirma o homem de barbas tão brancas quanto o cabelo — Sophia nasceu com habilidades diferentes de qualquer outra criança deste mundo onde vocês vivem. Há um lugar, uma escola, que Sophia precisa frequentar para aprender a controlar suas habilidades e aprender novas. A filha de vocês é uma bruxa. — informa e, nessa altura, a mulher tinha uma mão no peito e o homem apresentava os lábios entreabertos.
— Isso só pode ser uma brincadeira! — Alice diz, incomodada com a situação — A garota é louca, eu sempre disse!
— Sei que pode ser um pouco inimaginável toda a situação, mas têm que entender que ou levamos a garota a bem ou a mal. O Mundo Bruxo não pode correr riscos com nascidos trouxas sem ensinamentos básicos. — Dumbledore diz.
— E se não aceitarmos a ida dela para essa escola? — o pai de Sophia pergunta, enquanta esta limpava uma lágrima de sua bochecha.
— Caberá ao ministério bruxo eliminar toda a família, incluindo a criança bruxa, devido às informações que vocês têm — o senhor pega uma carta do seu bolso e entrega na mão da ruiva — Aqui tem todos os requisitos para a senhorita poder fazer um bom primeiro ano na nossa querida e amada Hogwarts. Dia 1 de Agosto terá um guia na sua porta para comprar o material escolar. Esteja pronta. — e logo após essa fala o homem desaparece na frente da família.
A sala fica em silêncio total, a ruiva olhando para o que o diretor de Hogwarts deixou em suas mãos. Calmamente, Sophia abre a carta, vendo a letra bonita dela, começando a ler:
“ Diretor: Albus Dumbledore
(Ordem de Merlin, primeira classe, grande bruxo, bruxo chefe, confederação internacional de bruxos)
Prezada sr.a Sophia Dorothea White,
Temos o prazer de informar que VSa tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.
O ano letivo começa no dia primeiro de setembro, estamos aguardando sua coruja até 31 de julho, o mais tardar.
Atenciosamente,
Minerva McGonagall, sub diretora.”
AFTER JILY
author's notes
﹝revisado, mas pode conter erros﹞
1. Bem-Vindos ao primeiro ano de After Jily!!!
2. Como é o primeiro capítulo houve algumas semelhanças, mas fiz muitas mudanças também. No capítulo original Sophia recebe uma carta através de uma coruja, mas na reescritura o próprio Dumbledore leva a carta, uma vez que nascidos trouxas não entendem absolutamente nada do Mundo Bruxo.
3. Outra diferença é que na obra original os primeiros anos são contados apenas em um capítulo para cada ano. Aqui não será assim. Claro que os primeiros anos terão menos capítulos que os últimos, mas ainda assim serão mais capítulos com mais ações entre personagens e detalhes.
4. Votem e comentem para eu continuar reescrevendo essa obra que vocês tanto adoraram!
5. Nos vemos no próximo capítulo?
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