06 ; 𝙃𝙞𝙗𝙞𝙨𝙘𝙪𝙨

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⊹  J e o n   J u n g k o o k  ⊹
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No dia seguinte.

A luz fraca da manhã começou a entrar pelas cortinas do hotel, me acordando de um sono que mal descansei. Eu tinha passado a madrugada atrás de um Aether classe C em uma boate, sozinho. Isso significava que não consegui dormi nem três horas.

Por sorte, não precisei levar ele para Wonju, e dois outros caçadores da Ordem vieram buscar o ômega.

Enquanto tentava me espreguiçar na cama de hotel, as memórias da noite anterior vieram à tona. O beijo com Jimin, seu corpo, cheiro, tudo estava me acabando com minha sanidade. Eu me sentia intrigado e muito atraído por ele e, à esse ponto, eu já imaginava que, talvez, eu não queria capturar ele, mas como? Como poderia fazer isso sem que a Ordem saiba?

Achei que beijar ele me faria saciar meus desejos, mas era como se eu o quisesse ainda mais. Muito mais do que antes, ao ponto que quase transamos.

Levantei da cama e fui direto para o banheiro, jogando água fria no rosto, tentando espantar a exaustão que parecia me consumir.

A possibilidade de estar sendo manipulado por ele já nem passava pela minha cabeça. Era ridículo pensar assim agora. Algo nele mexia comigo de um jeito que ninguém mais conseguia. Não era só o desejo, era algo mais profundo. Mesmo com toda a minha experiência, nunca me senti tão... vulnerável. Mas ao mesmo tempo, nunca me senti tão certo de que queria tanto alguém.

Eu precisava manter os pés no chão, mas quanto mais eu me aproximava do Jimin, mais difícil ficava separar as coisas e agir profissionalmente. A linha entre meu dever e meus sentimentos estava ficando turva, pela primeira vez.

Enquanto me preparava para o dia, minha mente oscilava entre as memórias intensas da noite anterior e a pressão crescente de resolver essa situação. Eu sabia que, cedo ou tarde, teria que tomar uma decisão, mas por enquanto, estava preso nesse conflito interno.

Passei a toalha no rosto e suspirei. A cada minuto que passava, o peso da responsabilidade me sufocava mais. Como eu ia continuar caçando para a Ordem e, ao mesmo tempo, proteger alguém que deveria ser o alvo da minha missão?

Eu não sabia o que fazer.

Vesti uma calça jeans, tênis, e uma camiseta preta simples, tentando organizar meus pensamentos enquanto me preparava. Estava decidido a convidar o Jimin pra tomar café juntos, mas, antes de sair, meu celular vibrou com uma chamada do Eunwoo. Ainda bem que era ele, e não seu marido.

— Bom dia, líder — atendi, já sabendo que não viria coisa boa.

— Jungkook, bom dia. Como está seu progresso? Se estiver difícil, posso mandar reforços.

Meu corpo travou por um segundo. A palavra "reforços" fez meu estômago revirar. Eu estava longe de estar no controle da situação, mas reforços agora só me atrapalharia... nos atrapalharia.

— Não precisa, líder — respondi, tentando soar confiante. — Eu estou no caminho certo, só... estou lidando com isso do meu jeito. Não quero correr os mesmos riscos que o último Aether Classe A nos causou, quase matando o Namjoon.

Houve um silêncio breve do outro lado da linha, e eu sabia que o Eunwoo podia sentir minha hesitação.

— E você pode me garantir que não está sendo manipulado pelo poder dele?

— Líder, eu me aproximei de forma sutil. Ele acha que sou apenas um cliente simpático que quer fazer negócios e amizade com ele. Não há sinais de que ele esteja usando os poderes pra me manipular, nem que sabe minha identidade.

O Eunwoo ficou em silêncio por um momento, avaliando minhas palavras.

— Certo. Mas fique atento. Não subestime o poder dele, Jungkook. Esses Aethers são traiçoeiros, e já perdemos vários caçadores que morreram nas mãos deles. Especialmente, desse Aether em questão.

— Ok, continuarei dando meu melhor.

— Ótimo, mas antes, quero que você venha para Wonju, faremos uma reunião geral e preciso de você e do Namjoon aqui. Vocês podem retornar para Elysium amanhã.

Que caralho...

— Ok, líder, nós iremos.

Depois de desligar a chamada, me joguei na cama, encarando o teto. A verdade pesava em meus ombros. Uma hora ou outra ele descobriria que eu sou um caçador da Ordem, e quando isso acontecesse, a confiança que ele parecia estar começando a desenvolver em mim desmoronaria. Ele ficaria devastado... e provavelmente me odiaria, e com razão.

Passei a mão pelo cabelo, tentando organizar meus pensamentos. O dilema entre meu dever e meus sentimentos por ele só aumentava. Sabia que esconder essa parte da minha vida seria difícil, mas se quisesse continuar ao lado dele por mais tempo, teria que arranjar um jeito de manter a Ordem afastada, pelo menos por enquanto.

Suspirei, sentindo o peso da situação aumentar, enquanto a imagem do Jimin sorrindo e me olhando com aquela expressão doce invadia meus pensamentos. Eu nunca tive essa dificuldade com nenhum outro Aether, então simplesmente não sabia como agir.
Se eu capturar ele, a Ordem o manteria preso nas celas de Wonju para o resto da sua vida, mas, se mandar ele fugir, nunca mais veria ele, e ainda ganharia seu ódio por ter mentido e quebrado sua confiança.

Ainda perdido nesses pensamentos, ouvi dois toques da fechadura da porta. Era o Nam, que finalmente voltou para Elysium depois de ter ido em uma cidade vizinha para ajudar outro caçador.

— Inacreditável, mas eu já estava com saudade da agitação dessa cidade — resmungou.

— Aproveite bem, daqui a pouco temos que ir para Wonju.

— Quê? Mas eu acabei de chegar.

Sentei na cama e dei com os ombros.

— Eles querem fazer uma reunião com todos, ou seja, o Sunoo estará junto.

— Eita... Cabeças rolarão.

— Sim, e talvez a minha também.

Ele me encarou, confuso.

— O que você aprontou?

Parei por uns segundos antes de responder.

— Eu gosto do Aether. E acho que não vou conseguir capturar ele.

O Namjoon me olhou, mas dessa vez sem surpresa, apenas confirmando o que ele já parecia desconfiar há algum tempo. Ele suspirou e se encostou na parede, cruzando os braços.

— Eu meio que já imaginava... — disse com a voz calma. — Você anda estranho desde o primeiro dia em que conheceu ele, e eu conheço você bem o suficiente pra perceber quando algo assim está acontecendo. O ômega já sabe disso?

— Sabe...

Ele cerrou os olhos, analisando a situação, como se já tivesse entendido tudo o que rolou.

— E vocês já se beijaram, hm?

— Sim.

— Você dormiu com ele?

— Não, mas quase.

Ele soltou um suspiro longo, inclinando a cabeça para trás, claramente tentando processar a informação.

— JK... isso complica muito mais as coisas. Você sabe que não vai poder esconder a verdade pra sempre, né? Nem da Ordem, e nem do próprio garoto.

— Eu sei, ainda tô tentando pensar como agir.

— Será que essa reunião dos líderes tem a ver com isso?

Suspirei, passando a mão no rosto, frustrado.

— Bom, eu acho que não. Parece ser uma reunião geral normal.

— Melhor ficar esperto. Se eles souberem que você tá envolvido emocionalmente, não vai acabar bem pra nenhum dos dois.

Eu sabia que ele estava certo, mas eu nunca falhei em nenhuma missão, e se eu deixasse o Jimin fugir, seria a primeira vez. Isso me faria perder toda a confiança e credibilidade que a Ordem depositou em mim ao longo dos anos.

Suspirei pesado, sentindo o peso da decisão.

— Seja o que for que você faça, eu vou te apoiar — Namjoon disse com firmeza, colocando a mão no meu ombro.

Eu olhei para ele, grato pelo apoio, mas a confusão ainda dominava minha mente.

— Obrigado — murmurei.

— Agora, se me der licença, quero dormir. A viagem foi cansativa e ainda temos que voltar. Xô! — ele abanou as mãos, me expulsando.

Dei risada, peguei a chave do carro e parei na porta.

— Quer que eu traga alguma coisa quando voltar?

— Álcool, qualquer um. Cerveja, soju, sake, uísque...

— Ok, alcoólatra.

Peguei o carro no estacionamento e dirigi um pouco antes de parar em uma cafeteria. Comprei dois capuccinos, pensando se o Jimin gostaria do gesto. Pelo horário, eu sabia que ele tinha acabado de abrir a floricultura, e eu me sentia ridiculamente ansioso para ver seu rosto.

Voltei para o carro e dirigi até a floricultura.

Quando cheguei e entrei, vi ele, que estava tão lindo como sempre. Estava atendendo um cliente, e assim que me viu, seus olhos brilharam, mas ele continuou com a atenção voltada para o cliente.

Enquanto isso, eu andei pela loja, admirando as flores que pareciam brilhar de tão bem cuidadas e vibrantes. O ambiente estava repleto de cores e aromas, mas nenhum perfume entre todos esses, se igualavam ao dele.

Quando finalmente terminou de atender o cliente, ele se aproximou de mim com um sorriso que parecia iluminar tudo.

— Oi, bom dia, Jungkook!

Ele sorriu ao me ver, me chamando pelo meu nome, e eu não pude resistir. Assim que o cliente saiu e a porta se fechou, envolvi sua cintura com cuidado e dei um beijo suave nos seus lábios macios. Senti um frio na barriga enquanto ele correspondia ao beijo, e inclusive, me deu uma mordida nos lábios que me deixou sem rumo.

— Bom dia, Jimin — murmurei contra seus lábios, mantendo eles perto dos meus. — Eu estava ansioso pra te ver.

Ele se afastou um pouco, com um sorriso satisfeito e um brilho nos olhos.

— Eu também estava ansioso para te ver... Achei que não viria.

— Eu seria louco se perdesse a oportunidade de sentir o sabor do seu beijo.

Ele riu baixinho, o som suave e genuíno, o que fez meu peito aquecer ainda mais. Jimin deslizou os dedos pelos meus ombros, brincando com a gola da minha camiseta, antes de me puxar para mais perto de novo. Ele mantinha o olhar no meu, mordendo o lábio inferior... era tão encantador que me deixava doido.

Já era de praxe Aethers serem bonitos, mas o Jimin era em um nível surreal. Era como se ele tivesse uma aura que atraía tudo ao seu redor, uma presença que não passava despercebida, e eu me via cada vez mais imerso nessa sensação. Seus olhos, seu sorriso, o jeito que ele mexia no cabelo loiro... tudo nele me deixava completamente fascinado.

Mesmo sabendo do perigo que isso representava, pra mim e pra ele, não conseguia evitar. Quanto mais tempo passava com ele, mais eu me perdia nesse desejo.

— Você gosta de cappuccino? Passei pra comprar e imaginei que talvez você gostasse.

— Uhum, gosto — ele respondeu, com aquele sorriso doce que sempre me desarmava.

Tirei os copos da sacola e entreguei um a ele, enquanto nos aproximamos do balcão. Ele deu um pequeno gole, fechando os olhos por um instante, aproveitando o sabor.

— Perfeito, do jeito que eu gosto — disse, ainda com um brilho no olhar.

Fiquei ali, observando ele por um momento. Ele fazia tudo parecer simples e leve, mesmo quando meu mundo estava um caos por dentro.

— Vou te contar um segredo: eu não suporto comer doces. Bebidas doces eu amo, mas sobremesas, não — ele comentou, rindo baixinho.

— Sério? — perguntei, meio surpreso. — Você tem cara de quem ama um bolo de chocolate.

Ele balançou a cabeça, ainda sorrindo.

— Acho engraçado como todo mundo pensa isso... Mas, de verdade, eu passo longe de sobremesas.

— Bom saber — respondi, com um sorriso. — Então vou evitar te trazer qualquer sobremesa.

Ele sorriu, brincando com o copo em cima do balcão, os dedos deslizando suavemente pela borda.

— Não que eu vá recusar se você trouxer, eu aceitaria qualquer coisa vinda de você — ele disse, com um brilho bonito no olhar.

Ri baixinho, observando como ele conseguia deixar qualquer momento leve e descontraído. Mesmo em meio ao turbilhão de sentimentos e dilemas que me rondavam, estar com ele fazia tudo parecer mais simples, como se nenhum problema existisse.

Quando eu estava com ele era como se as horas voassem, e quando eu olhei no celular, já tinha uma mensagem do Nam me apressando pra voltar ao hotel.

— Eu queria muito continuar aqui com você, mas preciso voltar pra minha cidade hoje.

A animação que estava em seu olhar sumiu instantaneamente, dando lugar a uma expressão de decepção e tristeza. Ele abaixou o olhar por um momento, como se tentasse esconder o impacto da notícia.

— Ah... — disse ele, com a voz um pouco baixa. — Entendo. Você... tá indo embora pra sempre?

— Não, amanhã eu volto para Elysium.

— Então você vai voltar... — ele repetiu, tentando recuperar o sorriso.

— Sim, só vou passar um dia lá pra resolver umas pendências do trabalho, mas prometo que volto.

Ele parecia aliviado, mas ainda um pouco triste. Eu sorri, tocando seu rosto com a ponta dos dedos.

Puxei ele para mais um abraço, envolvendo sua cintura com cuidado, sentindo o calor do seu corpo contra o meu. Era difícil deixar ele, mesmo que por pouco tempo, pois não sabia o que essa reunião me aguardava.

Ele afundou a cabeça no meu peito por um momento, e eu podia sentir sua respiração lenta, como se ele estivesse aproveitando cada segundo daquele abraço. Depois de alguns instantes, se afastou, me olhando com um sorriso suave, mas que ainda carregava uma ponta de tristeza. Passei a mão delicadamente pelo seu cabelo, deixando um último beijo em sua testa antes de soltar ele de vez.

— Leve seu arranjo, preparei um com flores de hibisco. Espero que goste.

— Elas estão lindas, obrigado. Até amanhã, Jimin.

Me despedi com um aceno leve e saí da floricultura.

No carro, fiquei com a cabeça apoiada no volante por alguns segundos, ainda parado. Era como se eu estivesse deixando uma parte de mim ali com ele. Suspirei, colocando as mãos no volante, me sentindo confuso. Meu coração estava pesado, e eu sabia que gostava dele mais do que eu queria admitir.

Finalmente, liguei o carro e comecei a dirigir em direção ao hotel. A cada quilômetro, a sensação de que eu estava me afastando de algo precioso só aumentava. Eu precisava pensar em um jeito de proteger ele, sem que soubesse de tudo o que estava acontecendo, e ir nessa reunião era o primeiro passo.

Cheguei no quarto do hotel e encontrei o Namjoon reclamando enquanto arrumava sua mochila com ódio.

— Dirigi por horas à toa, que inferno.

— Se te ajuda, eu vou dirigindo — falei.

— Porra... valeu, JK. Vou aproveitar pra dormir mais um pouco.

Depois de meia hora, saímos do hotel e começamos nosso percurso até Wonju. A estrada parecia ainda mais longa, com a tensão crescente sobre a reunião que nos aguardava. Tentava me concentrar nas conversas que teríamos com os líderes, mas minha mente estava cheia de imagens do Jimin...

Ele não saía da minha cabeça.

Depois de três longas horas, chegamos em Wonju e seguimos para a zona mais afastada da cidade, onde ficava a mansão da Ordem do Eclipse.

Ao chegarmos à mansão, a imponente estrutura de pedra e o vasto terreno ao redor nos lembravam do peso da Ordem. O portão se abriu lentamente quando nos aproximamos, revelando o caminho arborizado que levava até a entrada principal.

Namjoon e eu saímos do carro, e enquanto andamos para o interior da mansão, o ambiente parecia ainda mais carregado. Essas reuniões gerais eram raras, afinal, muitos caçadores estão espalhados pelo mundo.

Dentro, os corredores silenciosos e gelados nos conduziram a sala de reuniões, que era ampla e bem iluminada. Vários membros importantes da Ordem já estavam presentes, conversando em grupos pequenos.

Quando os olhares se voltaram para nós, pude sentir a pressão. Cada membro parecia avaliar nossa presença, e eu sabia que teria que manter a calma e a compostura para não dar sinais de que algo estava fora do lugar.

Nos sentamos na grande mesa e esperamos pelos líderes que ainda não estavam presentes.

E, após pouco mais de dez minutos, eles entraram na sala, com uma presença imponente. Seus passos ecoavam em sincronia com a atmosfera tensa que pairava sobre a reunião. Todos se levantaram em respeito, e eu pude notar a seriedade em seus rostos enquanto se dirigiam aos seus lugares ao redor da mesa.

Depois que se acomodaram, o Eunwoo fez um gesto para que todos pudessem sentar também.

— Agradeço a presença de todos — começou ele, sua voz firme e autoritária. — Vamos iniciar a reunião. Há vários assuntos importantes a serem discutidos.

A conversa começou com relatórios e atualizações sobre as operações da Ordem ao redor do mundo, assim como um balanço de todos os Aethers que estão sob o poder da Ordem, que eram muitos.

— Nosso sucesso se concretizará ainda mais quando capturarmos todas as aberrações de Classe A. Eles são a chave para aumentar nosso poder — disse um velho asqueroso, membro da Ordem.

Sua voz arrastada e seu olhar caído me encheram de raiva, mas minha expressão continuava completamente neutra.

— Como sabem, localizamos em Elysium o Aether Classe A que possui poderes mentais, e nossos caçadores já estão o monitorando para garantir uma captura perfeita — o Eunwoo informou, apontando para nós.

O velho asqueroso, mais uma vez, tomou a palavra.

— Líder, desculpe me intrometer, mas já faz um tempo que localizamos esse Aether e até agora ele não foi capturado. Tem certeza de que esses caçadores são os mais adequados para o serviço?

Eunwoo manteve a compostura, mas sua expressão endureceu. Ele sempre foi respeitado por sua liderança firme desde a aposentadoria do pai, e qualquer insinuação de falha nunca caía bem.

— Temos total confiança nos nossos caçadores, inclusive no Jungkook e no Namjoon. O tempo necessário para uma captura de sucesso exige paciência e precisão, afinal, estamos lidando com alguém extremamente forte. Prefiro que o senhor não se intrometa nas minhas decisões, eu sou a droga do líder.

O velho bufou, mas se calou diante da resposta firme, e eu respirei aliviado pela resposta do Eunwoo, até que...

— O que acha de um terceiro caçador junto com eles? — O Sunoo sugeriu.

Minha tranquilidade foi embora no mesmo instante. Um terceiro caçador significaria que eu teria menos controle sobre a situação, e isso tornaria muito mais difícil proteger o Jimin sem levantar suspeitas.

Eunwoo pensou por alguns segundos na sugestão do marido, com seus olhos passando rapidamente por mim e pelo Namjoon.

— Pode ser uma opção — disse ele, após uma pausa que me pareceu eterna. — Mas quem você sugere?

— Creio que o Hoseok seja a escolha perfeita — Sunoo respondeu.

— Líder — comecei a falar assim que ouvi a resposta do Sunoo — não que me desagrade um terceiro caçador conosco, mas eu e o Hoseok não funcionamos juntos. Temos táticas e estilos completamente diferentes de agir, e isso já ficou comprovado na última missão que tentamos realizar juntos.

— Qual o problema, Jungkook? Você está no comando da equipe de caça, ele será apenas um suporte — respondeu Sunoo com aquele olharzinho cínico.

— Desculpe, líder, não quero que pareça um problema, mas é nítido que eu e ele não nos damos bem.

Com uma sugestão vinda do Sunoo, seu marido dificilmente discordaria.

— Então, que assim seja. O Hoseok deve retornar para Elysium com vocês. — Eunwoo completou.

Que merda!

— Entendido, líder — respondi, tentando esconder minha raiva.

O Nam me lançou um olhar, como se quisesse me lembrar de que era melhor aceitar do que causar alarde ali, e ele estava certo. Precisava manter a calma e pensar em um plano B. Mesmo com Hoseok por perto, eu ainda tinha que encontrar uma forma de fazer o Jimin fugir, agora mais rápido que nunca.

— A reunião está encerrada — Eunwoo anunciou. — Se preparem para voltar a Elysium amanhã ao amanhecer.

Enquanto todos começavam a se dispersar, eu sentia a tensão crescendo no peito. O Namjoon se aproximou de mim e saímos da sala.

— Acho que a gente merece umas garrafas depois dessa, já que você ficou me devendo — ele falou.

— Sim, vamos pro mesmo bar de sempre.

O Hoseok não estava presente na reunião, mas bastaram poucos minutos para ele ficar sabendo. Enquanto eu e o Nam caminhamos pela enorme mansão até a entrada principal, ele nos alcançou.

— Que horas vocês vão sair amanhã de Wonju? — perguntou.

— Não sei — respondi, sem simpatia alguma.

Ele me encarou com os olhos semicerrados, mas não insistiu.

— Ok. Vou com meu carro. Me avisem quando estiverem saindo — ele acenou e se afastou.

Depois que se afastou uma boa distância, eu suspirei, tentando me preparar mentalmente para o que viria.

— Você sabe que ele vai ficar te provocando, JK, então não caia no joguinho dele.

— Vou tentar.

Saímos da mansão e pegamos o carro. O trajeto até o bar era relativamente rápido, e, apesar do peso do dia, eu já estava ansioso por uma boa bebida pra encher a cara e esquecer tudo por uns instantes.

Entramos e logo nos sentamos no balcão. O barman, que já nos conhecia, nos cumprimentou, e, sem precisar dizer nada, começou a preparar nossos drinks favoritos.

— E agora, o que vai fazer com o Hoseok na sua cola? Ele é um ótimo caçador, e vai querer capturar o florista.

— Não sei... — Passei a mão pelos cabelos, frustrado. — Acho que não tenho outra escolha além de contar a verdade para o Jimin e fazer com que fuja.

O Namjoon me olhou por alguns segundos, pensativo, antes de dar um gole no drink que o barman havia acabado de servir.

— Se contar pra ele agora, as coisas vão sair do seu controle rápido. Você sabe que o ômega pode não reagir bem. Ele pode querer lutar, e isso só vai piorar as coisas. Ele tem poder pra matar todos nós.

— Eu sei... — suspirei. — Mas não vejo outra saída. Se o Hoseok colocar as mãos nele, já era. Eu nunca vou me perdoar por isso.

Ele começou a girar o copo na mesa, pensativo.

— E se a gente encontrar outra forma de afastar o Hoseok? Manter ele ocupado com outra missão em Elysium, longe do Jimin.

— Isso pode funcionar por um tempo, pelo menos até eu resolver essa situação com ele.

— Ok. Vamos precisar ser rápidos, então. Se você realmente vai contar pro Jimin, precisa ter um plano sólido antes que as coisas fujam do controle.

— Só espero que ele me perdoe por ter escondido isso por tanto tempo.

— Ele vai entender, eu acho. Vai ser um choque, afinal, ser da Ordem te torna o inimigo principal dele, mas, se você for verdadeiro quanto aos seus sentimentos, pode ser que ele compreenda.

Dei um gole no copo e fiquei olhando para o gelo derretendo lentamente, enquanto meu cérebro tentava, em vão, encontrar uma solução simples pra tudo isso. Nunca imaginei que chegaria o dia em que eu torceria pra falhar em uma missão. Agora, pela primeira vez, eu realmente queria falhar, mesmo que isso significasse ir contra tudo o que fui treinado pra fazer.

O Nam suspirou ao meu lado, também imerso em seus próprios pensamentos. Ele deu um gole no drink, e por um momento, nenhum de nós disse nada. O bar ao nosso redor estava cheio, mas eu mal conseguia ouvir as conversas. Só conseguia pensar no que viria a seguir.

— O que você vai fazer se ele disser que não quer mais te ver? — Nam perguntou, finalmente quebrando o silêncio. A pergunta atingiu como um soco no estômago.

— Eu não sei... Talvez seja isso que ele deva fazer. Eu não posso e nem quero arriscar a vida dele.

Essa era a minha realidade, e eu precisava aceitar. Terminei o drink em silêncio, sentindo o peso de cada decisão que eu tinha que tomar nos próximos dias. Não tinha como fugir disso, por mais que eu quisesse.

O Namjoon pagou a conta dessa vez, então nós saímos do bar e voltamos para a mansão. A estrada de volta parecia mais curta, mas o peso no meu peito só aumentava.

Eu queria dormir na minha casa, que não voltava há um bom tempo, mas precisei dormir na mansão da Ordem. Sem ter muito o que fazer, fui para a cama e dormi cedo, ansioso pra voltar para Elysium.


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No dia seguinte.

Eu mal consegui dormir, revirando na cama a noite inteira. Minha mente estava um caos, cheia de possibilidades, mas nenhuma delas parecia boa. O peso de tudo o que estava para acontecer simplesmente não me deixava descansar.

Assim que amanheceu eu já estava arrumado, e desci até a garagem, louco pra voltar. Ao chegar lá, vi Namjoon conversando com um dos seguranças, distraídos falando sobre carros. Me aproximei, cortando o assunto.

— Vamos, antes que aquele cara apareça — falei, impaciente.

Namjoon me lançou um olhar rápido, mas antes que pudesse responder, soltou um murmúrio, o olhar indo além de mim.

— Hmm, acho que agora é tarde pra isso…

Me virei, e lá estava ele. Hoseok se aproximava, com aquele mesmo olhar cínico que ele sempre usava, os passos firmes e o semblante já preparado pra nos acompanhar.

— Vocês iam tentar ir sem mim? — ele perguntou, com uma sobrancelha arqueada e o tom cheio de sarcasmo.

Suspirei, tentando manter a calma, mas o simples fato dele estar ali já trazia um desconforto imediato.

— Talvez — respondi, sem expressão.

— Hmm, ok, né?! Agora vamos. Vou seguir vocês com meu carro.

Ele se afastou e entrou em um SUV vermelho. Quando saímos, ele veio logo atrás, sem nos dar chance de nos livrarmos de sua presença.

— Que cara chato! — reclamei.

— Só espero que ele não queira se hospedar no mesmo hotel que nós.

— Ele vai, tenho certeza.

— Relaxa, vamos dar um jeito de despistar ele, pelo menos por um tempo.

O silêncio no carro se manteve por um tempo, interrompido apenas pelo som da estrada. Eu tentava me concentrar na direção, mas a ideia de ter Eunwoo grudado na gente como um parasita me incomodava.

— Quer trocar? Posso dirigir um pouco se quiser descansar — sugeriu Namjoon.

— Não precisa, estou bem.

Seguimos em frente por quase três horas de viagem, passando por algumas cidades antes de chegarmos a Elysium.

Assim que chegamos a Elysium, fomos para o hotel, e, como eu suspeitava, Hoseok se hospedou no mesmo lugar. Ao entrar no quarto, dei uma olhada no celular: 12h38. A única coisa na minha cabeça era ir para a floricultura.

Quando saí apressado do quarto, o Namjoon me chamou.

— Ei, calma aí, onde você vai?

— Vou ver o Jimin. Preciso resolver essa situação de uma vez por todas.

— E se o Hoseok vier atrás de você?

— Diz que saí pra comer, que sumi, fui abduzido, sequestrado, ou que morri. Enrola ele com qualquer desculpa.

— Ok, vou fazer o que posso.

Ele me deu um aceno, e eu saí rápido, seguindo em direção à floricultura. Estava decidido a resolver tudo com Jimin, ou, ao menos, tentar colocar um ponto final sem colocar ele em risco.

Parei o carro em frente à floricultura e fiquei alguns instantes observando a loja através da vitrine. As flores estavam dispostas com cuidado, e o ambiente mantinha aquela atmosfera acolhedora e tranquila de sempre. Vi o Jimin se movendo entre as plantas, com seu jeito único de cuidar de cada detalhe, e um calor inesperado cresceu dentro de mim.

Respirei fundo, tentando reunir coragem, e caminhei em direção à loja. Assim que entrei, fui recebido pelo aroma reconfortante de flores misturado ao perfume dele. Jimin estava ocupado organizando algumas plantas, mas, ao me notar, seus olhos brilharam.

— Você voltou! — ele disse, com um sorriso radiante se formando no rosto, e, naquele instante, toda a determinação de colocar um ponto final nisso pareceu escorrer pelos meus dedos.

Ele se aproximou e apoiou os braços nos meus ombros. Eu podia sentir a sinceridade no seu toque, e qualquer planejamento de por um fim nisso foi completamente por água abaixo.

— Eu senti sua falta... — confessei, quase em um sussurro.

Ele não respondeu de imediato, apenas me observou, com aquele olhar suave que sempre me desarmava. E ali, por mais que eu tentasse negar, percebi que fugir estava se tornando impossível.

— Eu também senti saudades — ele disse, com uma sinceridade que fazia meu coração acelerar.

Seus olhos eram pequenos e brilhavam, e a brisa quente que entrava pela janela movia seu cabelo loiro, espalhando aquele perfume único que só ele tinha. Era uma mistura de feromônios com o aroma suave das flores ao redor, algo que só existia nele.

— Você tem algum compromisso hoje à noite? — ele perguntou, um brilho esperançoso no olhar.

— Não tenho. Por quê? — respondi, tentando disfarçar a curiosidade.

Ele sorriu um pouco, meio tímido.

— Bem, hoje é meu aniversário, e vamos comemorar num restaurante de churrasco coreano. Nada demais, só eu, meu melhor amigo e um amigo da turma da faculdade dele. Eu ficaria muito feliz se você fosse, mas, se não puder, tudo bem também.

Eu surtei internamente com a minha própria incompetência. Como pude olhar para a ficha dele mais de uma vez e sequer notar que o aniversário dele era hoje?

— Que bom saber disso! Feliz aniversário — disse, tentando soar natural.

— Obrigado... — Ele sorriu, fechando os olhos por um instante, e suas bochechas coraram levemente. Ver ele assim fez meu coração bater mais rápido, quase como se quisesse sair pela boca.

— Caralho... — o pensamento escapou antes que eu conseguisse segurar, mas o tom foi baixo o suficiente para parecer um sussurro.

— Oi? — ele perguntou, me olhando sem entender.

— Eu... eu adoraria ir, e fico muito feliz com o convite. Pode contar comigo — me apressei em corrigir, disfarçando o nervosismo.

Ele sorriu novamente, e o brilho em seus olhos me fez perceber o quanto eu realmente queria estar lá com ele naquela noite.

— Que bom! Então, vamos nos encontrar às sete. Vou terminar meu trabalho aqui e depois me preparar. Vou com meu amigo, então você pode ir direto para o restaurante. Vou te mandar o endereço mais tarde — ele disse, com a voz suave e aquele sorriso de canto que me deixava cada vez mais rendido.

— Combinado. Estarei lá.

Antes de sair, ele pegou um arranjo de flores que estava sobre o balcão e o entregou com cuidado nas minhas mãos.

— Aqui está. Escolhi hibiscos de novo, mas, desta vez, coloquei orquídeas junto. Achei que combinariam bem. Espero que goste.

Olhei para o arranjo, notando os detalhes nas pétalas e o toque de cor vibrante que refletia a personalidade dele.

— Ficaram lindas, obrigado — falei, sinceramente. — Eu vou cuidar bem delas.

— Fico feliz que tenha gostado — ele disse, com um sorriso genuíno que fez meu coração acelerar mais uma vez.

Nesse momento, um casal de clientes entrou na loja, e, apesar de querer ficar ali por mais tempo, eu sabia que precisava ir para não atrapalhar o trabalho dele.

— Bom, vou indo. Até mais tarde, Jimin.

— Tudo bem. Até! — ele respondeu.

Dei um último olhar antes de sair, e ele acenou. Ao voltar para o carro, suspirei fundo, tentando organizar os pensamentos. A imagem do sorriso dele, o tom tranquilo da voz, o cheiro das flores… tudo permanecia comigo, como se ainda estivesse ali.

Enquanto dirigia de volta para o hotel, os pensamentos sobre o Hoseok inevitavelmente vieram à tona. Eu sabia que precisava ser cuidadoso e que lidar com ele não seria fácil. Mas, por agora, só queria me concentrar na noite de aniversário dele. Eu faria o possível para tornar aquele momento especial para ele, antes que as complicações da realidade invadissem de vez.

Antes que ele passasse a me odiar.

Minha sorte era que o Namjoon era extremamente simpático e persuasivo. Mesmo com a insistência do Hoseok em querer saber dos meus planos, ele conseguiu desviar o foco, sugerindo que fossem para uma boate qualquer. Essa distração me deu a liberdade que eu precisava, pelo menos, por hoje.

Assim que eles saíram, aproveitei o momento para me arrumar. Escolhi uma jaqueta preta e uma calça jeans que combinavam bem com o clima casual do restaurante, mas que ainda assim me deixavam à vontade. Conferi o endereço que o Jimin tinha me mandado e, sentindo uma mistura de ansiedade e entusiasmo, fui em direção ao local.

Assim que entrei no restaurante, o garçom me guiou até a mesa reservada. De longe, vi Jimin acenando para mim, com um sorriso que parecia iluminar o ambiente.

— Ei, aqui! — ele falou, se aproximando. — Vem, quero te apresentar aos meus amigos.

Jimin me apresentou ao Seokjin, que pelo dossiê eu já sabia que era seu melhor amigo, e a um outro amigo que, para minha surpresa, foi bastante amigável e receptivo. Respirei aliviado por não ser o cara da floricultura... aquele que estava jogando a droga dos feromônios dele no Jimin.

Eu precisava descobrir quem era aquele cara.

A noite passou de maneira descontraída, com risadas e conversas animadas. Eu era o mais velho da mesa, então acabei ficando responsável por grelhar as carnes. Enquanto o fogo estalava e o aroma das carnes assadas invadia o ambiente, eu me sentia à vontade, quase como se estivesse em casa. Jimin e seus amigos faziam piadas e contavam histórias, e a alegria contagiante deles tornava tudo mais leve.

Era bom ver ele feliz.

O Seokjin e o amigo estavam conversando sobre o lançamento de um filme de ação, enquanto Jimin se mantinha próximo a mim, segurando meu braço. Nesse ponto, já parecíamos um casal, e eu também não conseguia desgrudar dele.

— Quero beijar sua boca... — sussurrei.

Ele sorriu maliciosamente, mordendo os lábios de uma forma que me deixou em chamas.

— Eu também...

Não pude resistir e dei um selinho rápido, e ele retribuiu com outro, sutil e carregado de expectativa. O contato breve dos nossos lábios parecia não ser suficiente para o que eu realmente desejava.

Enquanto continuamos conversando e comendo, a noite se estendia, e a atmosfera leve e divertida nos envolvia. Mas, mesmo nesse clima descontraído, a pressão em meu peito aumentava. Eu sabia que precisava contar ao Jimin quem eu realmente sou, mas o medo de perder ele me paralisava.

Pela primeira vez, eu realmente entendi esse sentimento de insegurança. A ideia de que tudo poderia acabar em um instante me deixava inquieto. Eu estava com muito medo de perder ele, e essa sensação se tornava mais intensa a cada momento que nós passamos juntos.

Ao fim do jantar, cada um seguiu seu caminho, e o Jimin foi embora comigo. No carro, não conseguimos parar de flertar. O clima estava gostoso, e nossos sorrisos e olhares trocados eram quase tão intensos quanto as conversas.

Parei na frente do apartamento, e antes dele descer, finalmente nos beijamos de verdade. Nossos beijos foram se intensificando, e a cada segundo meu corpo parecia ferver mais. Era difícil acreditar na profundidade dos meus sentimentos por ele, que parecia crescer a cada instante.

Apesar do meu esforço para manter o controle, meus feromônios começaram a escapar descontroladamente, se misturando com os dele, que estavam ainda mais intensos do que qualquer outro dia. Eu estava no limite.

Ontem eu consegui me controlar, mas hoje era impossível... ele me fez ficar em rut.

Que poder era esse que esse garoto tinha sobre mim, capaz de fazer com que tudo o que eu achava que sabia sobre minha vida fosse jogado pela janela? Fui treinado para nunca entrar em rut e lidava com ômegas há anos, mas parecia que tudo estava desmoronando.

Ninguém faz isso comigo. Ninguém, exceto ele.

Sem hesitar, ele pulou para o banco de trás. Eu segui logo em seguida, incapaz de resistir a ele.

No banco de trás, nossos corpos se encontraram com uma urgência quase selvagem. O cheiro dele me cercava, me deixando completamente intoxicado, e os feromônios no ar criavam uma atmosfera densa, quase sufocante, mas ao mesmo tempo, viciante. O toque dele na minha pele parecia fogo, e cada movimento parecia intensificar essa necessidade que crescia entre nós.

— Jungkook... — Ele murmurou meu nome com um desejo que fez meu corpo inteiro reagir.

Eu não conseguia mais pensar em nada além dele. Toda a lógica, o controle, e até mesmo o treinamento que recebi, foram consumidos por esse momento. Por ele.

Tirei sua calça entre beijos intensos, e, sem perder tempo, o puxei para o meu colo, de frente para mim. A respiração dele estava acelerada, assim como a minha, e a proximidade dos nossos corpos só fazia o calor aumentar. Tirei sua camisa e, logo depois, a minha.

Suas bochechas estavam coradas, mas, dessa vez, ele não estava me impedindo. Eu sabia que seria a primeira vez dele, e isso me fez hesitar. Não tinha certeza se era digno de algo assim.

Ele percebeu minha hesitação e me encarou.

— Ei... — ele falou.

Olhei nos seus olhos, sentindo meu coração acelerado pelo rut.

— Tem certeza que quer fazer isso? Você falou que era virgem e, bem... Se não quiser, tudo bem.

Ele sorriu, e o brilho em seus olhos me deixou mais seguro. Então, me abraçou, como se estivesse me transmitindo sua confiança.

— Eu quero que você seja meu primeiro.

Essas palavras ecoaram em minha mente e fizeram meu coração disparar ainda mais.

O calor da noite de verão já era sufocante, mas dentro do carro, naquele momento, era insuportavelmente quente. Eu sentia cada centímetro do meu corpo queimar, tanto pelo rut quanto pelo toque da pele dele contra a minha. E ainda tinha o álcool que bebemos na churrascaria.

Com uma mão ágil, abri minha calça e liberei meu pênis, já pulsando de desejo. Ele olhou para baixo, e imediatamente, com suas mãos pequenas, segurou, começando a me estimular de forma lenta, mas intensa.

— É tão lindo... combina com você.

Eu sorri com o elogio mais gostoso que recebi.

Ele deu um sorriso malicioso e voltou a me beijar. Eu já estava no meu limite, e a sensação só aumentava. Não dava mais para esperar. Ele estava extremamente molhado, o que só fazia meu corpo inteiro gritar de desejo. Assim que o posicionei, ele sentou em mim devagar, me envolvendo completamente. A sensação de estar dentro dele era indescritível, um prazer tão intenso que parecia surreal.

Ele gemeu baixo, sua cabeça caindo para trás enquanto eu segurava firme sua cintura, controlando seus movimentos. Meu corpo estava em chamas, cada sensação parecia amplificada pela mistura dos nossos feromônios. A cada vez que ele descia em mim, eu sentia como se estivesse perdendo o controle, mas ao mesmo tempo, queria mais, precisava de mais.

Apoiei a mão em seu pescoço, sentindo a pulsação acelerada sob meus dedos enquanto meu polegar deslizava pelos seus lábios entreabertos. A textura macia e quente de sua boca me deixou ainda mais em transe, e ele, como se soubesse exatamente o efeito que tinha sobre mim, pegou minha mão e levou meu dedo até sua boca. Seus lábios se fecharam ao redor do meu polegar, e ele começou a chupar devagar, seus olhos cravados nos meus.

— Porra... — eu gemi, apertando sua cintura enquanto ele se movia devagar, me torturando com cada descida lenta.

Ele sorriu, ofegante, com os olhos semicerrados.

— Tá gostoso? — ele perguntou com um tom provocador e safado, enquanto continuava se movendo devagar, me testando.

Eu gemi baixinho, segurando firme sua cintura. Toquei seu rosto suavemente, olhando nos seus olhos.

— Tanto que eu sinto que vou enlouquecer... — murmurei, sorrindo de leve. — Você é perfeito, Jimin.

Ele me olhava com aqueles olhos brilhantes, mordendo o lábio enquanto me encarava profundamente, seguido de um sorriso meigo que me derretia por dentro. O calor do carro, o som de nossos corpos se movendo juntos e o jeito como ele olhava para mim com os olhos semicerrados me deixava ainda mais louco. Eu sabia que não havia mais volta. O rut me dominou completamente, e naquele momento, eu queria devorar ele.

Segurei sua bunda e o deitei no banco, tomando a posição de cima enquanto o penetrava. Foram raras as vezes em que eu entrei em rut, e a intensidade do momento me fazia sentir como se meu corpo fosse explodir. A preocupação de machucar ele pairava na minha mente, então me controlei com toda a força que tinha, quase rasgando o banco com as unhas cravadas.

Após um gemido mais intenso, com a boca colada na minha, ele chegou ao orgasmo. Era uma visão linda, daquelas que eu gostaria de ver todos os dias da minha vida. Louco por essa cena, perdi completamente o controle, e senti meu pau crescer dentro dele. Ele sentiu e segurou firme no meu ombro, e, naquele instante, também gozei, experimentando o melhor orgasmo da minha vida.

Ofegantes, nossos corpos estavam cobertos de suor, e os vidros do carro completamente embaçados. Tudo isso parecia pequeno comparado ao prazer que acabamos de compartilhar. Ele apoiou a cabeça no banco, ainda tentando recuperar o fôlego.

— Eu tô apaixonado por você... — ele sussurrou.

Afastei um pouco para olhar seus olhos, que estavam me observando com aqueles olhos pequenos e gentis.

Ele tinha acabado de falar as palavras que eu nem sabia que precisava ouvir. Senti um calor no peito, algo diferente, que me fez querer segurar ele ali para sempre.

—  Eu também tô apaixonado por você, Min... mais do que consigo explicar — falei baixinho, passando a mão pelo seu rosto.

Ele sorriu, aquele sorriso que sempre me desmonta, e se aconchegou ainda mais no meu peito, fechando os olhos por um instante. O silêncio confortável tomou conta do carro, apenas nossas respirações entrecortadas enchendo o espaço. Eu sabia que, naquele momento, tudo tinha mudado.

— Min... — ele repetiu. — Pode me chamar assim pra sempre?

— Gostou?

— Uhum — Ele sorriu, ainda encostado em meu ombro.

— Então te chamarei assim agora — respondi e saí de cima dele pra sentar.

Ele sentou também e começou a pegar as roupas jogadas pelo carro.

— Eu... posso te pedir uma coisa? — ele perguntou.

— Claro.

— Dorme comigo hoje? Não quero forçar nada, claro, mas ia gostar de acordar e ver você, já que foi embora da última vez.

— Eu durmo — respondi rápido.

Ele sorriu, e eu me aproximei e dei um selinho nele, ambos ainda ofegantes e relaxando enquanto o silêncio do carro envolvia a nossa intimidade.

Depois de descansar por alguns minutos, colocamos nossas roupas e subimos para o apartamento dele. Ele fez um gesto para que eu me sentasse no sofá enquanto se dirigia para a cozinha.

— Quer algo para beber? — perguntou.

— Só água está ótimo.

Ele trouxe a água, mas já estava indo em direção à porta.

— Me espera só um pouco aqui, vou buscar a Haru no apartamento do Jin — disse, antes de sair rapidamente.

Assim que ele saiu, o silêncio do apartamento me envolveu. Fiquei ali, sentado no sofá, tomando pequenos goles da água, enquanto minha mente vagava pelo que fizemos. Parecia que tudo estava acontecendo rápido demais, e ao mesmo tempo, eu queria mais. Estava cada vez mais claro para mim que ele tinha um efeito que ninguém mais jamais teve.

E mesmo que isso fosse o poder dele sobre minha mente, eu não me importava.

Olhei ao redor, notando pequenos detalhes da decoração que refletiam sua personalidade: desde os quadros discretos, a estante com vários livros e plantas, até o aroma leve que ainda preenchia o ar, tudo ali gritava Park Jimin.

Antes que eu pudesse me afundar mais nos pensamentos, a porta se abriu, e Jimin entrou com sua gatinha nos braços. Ele parecia mais relaxado, e seu sorriso era suave.

— Ela estava dormindo e eu acordei... Sou um pai ruim — disse ele, em tom de brincadeira, enquanto fazia um carinho suave nela.

Assim que soltou a gatinha no chão, ela veio direto até mim, subindo no meu colo e começando a ronronar. Eu fiz carinho nela, que pareceu gostar.

— Tão bem cuidada assim? Impossível ser um pai ruim. Você é bom em tudo o que faz.

Ele sorriu, e com as bochechas vermelhas, sentou ao meu lado no sofá, observando a gata toda confortável em meu colo.

— Ela gosta de você. E isso é um bom sinal. — Ele disse, com um brilho divertido no olhar.

— Ela e o dono dela — retruquei, com um sorriso de canto.

— Pff, exibido... — Ele revirou os olhos, e eu não consegui segurar a risada.

Aproveitei o momento e puxei sua cintura, o trazendo mais para perto de mim. Comecei a beijar seu pescoço lentamente, sentindo o perfume suave que emanava dele. Sua pele quente sob meus lábios me fez perder o controle por um instante.

— Acho que mereço tomar um banho com você — murmurei entre os beijos.

— Sem segundas intenções? — Ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Sem segundas intenções — garanti, mesmo sabendo que não conseguia garantir isso se tratando dele.

— Então vamos. Haru, vai pra sua cama.

A gatinha saiu do meu colo e foi andando preguiçosamente até se acomodar em uma caixa de papelão, ao lado da verdadeira cama de tecido.

Nos levantamos e fomos juntos para o banheiro. Entre beijos e carícias, o clima estava quente, mas como combinamos, foi realmente só um banho. Eu não conseguia desviar o olhar dele, cada detalhe do seu corpo parecia hipnotizante. Ele era como um troféu raro, uma conquista que eu sabia que jamais encontraria igual novamente.

Assim que deitamos na cama, em lençóis com um cheiro surreal de recém lavado, ele sentou com as pernas cruzadas na cama na minha direção.

— Espero que esteja confortável, desculpe a simplicidade — ele disse, mexendo as mãos impaciente em cima do colo.

Eu segurei sua mão, e ele me olhou.

— Desculpas por estar em um lugar tão aconchegante como esse? E o melhor, na sua companhia? Não tem como ser melhor...

Ele deu um sorrisinho envergonhado e eu apertei a cintura dele, que riu sentindo cócegas. Ele se aconchegou no meu peito e me abraçou.

— Sabe... esse é o melhor aniversário que já tive. Tô feliz de ter conhecido você.

Bastou isso pra realidade dominar minha mente, e a culpa doer mais do que uma ferida profunda.

— Eu também estou, Min.

Ele continuou me abraçando enquanto assistia à TV, e após mais um pouco de cafuné em seu cabelo dourado, logo acabou pegando no sono.

Enquanto ele dormia tranquilamente em meus braços, eu me perdi em pensamentos sobre tudo o que estava acontecendo. A culpa e a confusão eram esmagadoras. O sorriso no rosto dele e o calor de seu corpo contra o meu me lembravam do que estava em jogo.

A televisão continuava ligada, com sua luz suave da tela iluminando o ambiente. Olhei ao redor, me perguntando como pude chegar a este ponto. A responsabilidade sobre suas expectativas e sentimentos agora pesava ainda mais sobre mim.

Pesava pois eu queria ele pra sempre.

Permaneci ali, imerso nesses pensamentos, sentindo o tempo passar. A paz do momento contrastava com a tempestade que se desenrolava na minha mente.

Com um último olhar para o Jimin, adormeci, sabendo que o próximo dia traria desafios que eu ainda não estava totalmente preparado para enfrentar.
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🪻

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Oi, leitor!
Que bom te ver por aqui.
Sua presença é essencial e faz toda a diferença.
Comentem muito, eu amo saber o que estão achando.
Ahh, e se preparem para os próximos acontecimentos que virão.

Até o próximo capítulo!

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