03 ; 𝙍𝙚𝙙 𝙍𝙤𝙨𝙚𝙨
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⊹ P a r k J i m i n ⊹
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Cinco dias depois.
Acordei no mesmo horário de sempre, antes mesmo do despertador tocar. Ontem à noite, preparei oniguiris para mim e para o Jin, e como sobrou, foi o que acabei comendo hoje de manhã, acompanhado de um chá gelado. Modéstia à parte, estavam deliciosos.
A Haru parecia mais carinhosa hoje e, depois de comer, ficou em cima do meu colo enquanto eu terminava de comer.
— Quer ir pra floricultura hoje?
Ela deu um miado baixinho e ronronou, como se realmente me entendesse. Fiz um carinho nos pelos brancos como neve, seguido de um beijinho na cabeça.
— Vou te levar comigo, mas tem que se comportar lá. Nada de comer minhas flores, igual você fez da última vez.
E outro miado ela soltou, o que me fez rir.
Quando terminei de comer, fui arrumar algumas coisas que a Haru tirou fora do lugar. Meu apartamento estava limpo, e o perfume das plantas me deixava bem disposto. Estava quase tudo em ordem quando o Jin tocou a campainha, pronto pra gente sair.
Coloquei minha gata na caixa de transporte e saímos. Como ainda era cedo, fomos andando com calma, aproveitando o clima e conversando pelo caminho.
— E o seu mais novo sócio? — ele perguntou.
— Ele não é meu sócio, só vou ser um fornecedor.
— Hmm, sei... tô curioso pra ver ele. Pena que eu tenho aula.
— Ele é lindo, em um nível absurdo, fora o fato que é extremamente educado. Eu realmente espero que ele não seja alguém que sabe quem eu sou.
— Seria ótimo se você conseguisse ler pensamentos, assim dava pra saber se ele realmente não oferece nenhum perigo.
Ele tinha toda razão, seria ótimo mesmo... Eu ainda não conseguia ler pensamentos, só influenciar o comportamento das pessoas e criar novas memórias que nunca existiram, mas saber o que alguém está pensando? Isso não... ainda.
Enquanto a gente caminhava, a conversa continuou, mas eu não conseguia tirar esse assunto da cabeça. O jeito como ele me olhou, o tom da voz dele, parecia tão natural... mas, ao mesmo tempo, tinha algo que eu não conseguia identificar. Talvez fosse só coisa da minha cabeça, mas não dava pra ignorar a sensação estranha que eu estava sentindo.
— Ele parece normal, sabe? Mas algo não bate... — falei.
— Você acha que o tal Jeon tá mentindo?
— Não sei... — até minha voz saiu carregada de dúvidas.
— Se ele tentar fazer algo com você, use seus poderes, como fez com todos os outros caçadores.
— Mas se eu usar, vou ter que fugir de novo, e eu não quero mais fugir.
— Sei que não quer, mas se for necessário, não hesite em usar.
— Ok, pai.
Ele riu.
Eu realmente não podia abaixar a guarda, mesmo que ele fosse o cara mais lindo que eu já vi. Eu precisava lembrar quem eu sou e do que as pessoas são capazes por dinheiro, poder e ambição.
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Chegamos na minha estação e nossos caminhos se separaram. Jin continuou no metrô enquanto eu segui para a floricultura. O dia ainda estava iniciando, e a cidade começava a ganhar vida ao meu redor. Era verão, e como meu caminho era arborizado, dava pra ouvir as cigarras e alguns pássaros.
Assim que cheguei e abri a loja, senti o cheiro familiar das flores me recebendo e respirei fundo, era meu ritual diário favorito. O trabalho sempre foi uma distração bem-vinda, e ultimamente eu tenho precisado disso mais do que nunca.
Tirei a Haru da caixinha de transporte e a primeira coisa que ela fez foi cheirar as flores.
— Já sabe, né? Se estragar alguma flor, você nunca mais vem.
E de novo, mais um miado todo bonzinho, que me fez rir.
Enquanto ela andava pela loja, fui direto para os primeiros arranjos que precisava preparar, tentando ocupar minha mente com o trabalho manual, mas aquela sensação de que algo estava por vir ainda pairava no ar. O Jeon viria hoje, e eu precisava fazer mais perguntas, descobrir se ele realmente é quem diz ser. Só assim vou ficar mais tranquilo com essa parceria de fornecimento das flores.
Depois de uns minutos perdido entre os arranjos, o sino da porta tocou, indicando o primeiro cliente do dia. Quando me virei, vi que era ninguém menos que o Yoongi. Assim que ele entrou, eu me ajoelhei em reverência e abaixei a cabeça.
O que ele estava fazendo aqui? Ele soube que usei meu poder?
— Pode levantar, Jimin, antes que algum cliente seu veja.
Fiquei de pé rapidamente.
— Aconteceu alguma coisa? — questionei.
Ele começou a andar pelas flores, sem pressa, e foi até a Haru, onde fez carinho nela enquanto falava.
— Alguns dias atrás, dois caçadores da Ordem capturaram mais um Aether, especialista em água. Vou ser bem sincero com você, Jimin, todos os ômegas que querem levar vidas "normais" estão em apuros. Como você sabe, eles estão com o Taehyung, que tem poderes rastreadores, e isso está dando vantagem para eles.
O Yoongi é descendente dos cientistas que criaram o Projeto Aether, e sua família tem um grande vilarejo protegido no interior, onde vários Aethers vivem e treinam suas habilidades. Quando minha mãe morreu, fui levado para lá, mas eu não queria viver só para isso. Escolhi sair do vilarejo e fui mudando de cidade em cidade sempre que a Ordem me achava.
Ele era meu guardião, então era óbvio que ele queria que eu voltasse para lá, e o Arconde, seu pai, também queria.
— Desculpe, Yoon, mas eu gosto do que faço e de como vivo. Eu não uso meus poderes, e mal saio de casa, só pra vir trabalhar, então dificilmente alguém vai descobrir quem eu sou.
Na verdade, eu usei, mas as chances de eu ter sido rastreado são mínimas. Ele não poderia saber disso.
Yoongi parou o carinho na minha gata e me encarou com aquela expressão séria que sempre me deixava tenso.
— Jimin, você sabe que mesmo um pequeno uso dos seus poderes pode ser arriscado. A Ordem está mais vigilante do que nunca. Eles não estão medindo esforços para encontrar e capturar qualquer um que mostre o mínimo sinal de habilidade, ainda mais você que é um Classe A.
Desviei o olhar, tentando parecer mais confiante do que realmente me sentia. Eu sabia dos riscos, claro, mas viver escondido, sem poder ser o ser humano normal que escolhi ser, também não era uma opção.
— Se você voltar para o vilarejo, vai ter a chance de aperfeiçoar seus poderes e se preparar melhor para enfrentar a Ordem. Você sabe que lá o treinamento é constante e essencial para a sua sobrevivência. Com a vida que você leva agora, é impossível desenvolver suas habilidades e estar realmente preparado para qualquer situação.
Eu sabia que ele tinha razão, e cedo ou tarde, essa minha brincadeira de "vida real" ia acabar, mas ainda me restava tempo.
— Eu vou voltar, só... só quero aproveitar minha vida normal um pouco mais.
Yoongi suspirou, frustrado.
— Só quero que você esteja seguro, Jimin. Meu dever é esse, mas não posso te obrigar.
— Eu ficarei bem, e te prometo isso.
— Ok. Preciso ir embora agora, mas não se esqueça: se precisar de ajuda, em qualquer situação, não hesite em me procurar. Você sabe onde me encontrar.
— Ok, obrigado, Yoon.
Ele estava de saída, então eu ia me ajoelhando novamente, mas ele estendeu as mãos.
— Não precisa disso comigo. Se cuida, Park.
Ele deu um último olhar ao redor da floricultura antes de se despedir e saiu.
Assim que saiu, eu me afundei em uma das cadeiras da loja. A conversa com ele havia sido um lembrete incômodo de que o mundo fora da minha pequena bolha de flores estava cheio de perigos e responsabilidades que eu preferia ignorar.
Eu olhei para os arranjos que precisava preparar e me forcei a voltar ao trabalho. Cada flor que eu cortava, arranjava e cuidava, era uma pequena distração das preocupações que estavam pesando na minha mente. No fundo, eu sabia que teria que enfrentar essas questões mais cedo ou mais tarde, mas por agora, queria apenas me concentrar nas coisas simples que podia controlar.
— Eu só queria ser normal, Haru...
Ela miou e começou a passar entre minhas pernas, como se entendesse minhas angústias.
O sino da porta tocou novamente e eu levantei a cabeça. Era apenas um cliente regular, uma senhora idosa que costumava comprar flores para o altar de sua casa. Ela sorriu para mim ao entrar, e o simples ato de ver ela feliz ao escolher flores voltou a me deixar pensativo...
Ela se aproximou do balcão com suas flores escolhidas para pagar.
— Sabe, rapaz, em meio a todas essas luzes e LEDs insuportáveis dessa cidade, é bom ver e frequentar um lugar tão aconchegante quanto essa sua lojinha.
Seu comentário trouxe um pouco de conforto em meio ao turbilhão de pensamentos que eu vinha tendo. Essa loja, meu trabalho, as pessoas que entram aqui... eram essas pequenas coisas que me faziam querer manter essa vida comum.
— Obrigado. É muito bom saber disso nesse momento.
A senhora sorriu mais uma vez, se despediu de mim e da Haro, e saiu.
Enquanto a manhã avançava, a floricultura começou a ganhar movimento. Clientes entravam e saíam, e eu fazia o meu melhor para manter o atendimento rápido e amigável.
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O movimento na loja já começava a diminuir, e eu me sentei no balcão, revisando minha lista para o próximo pedido de mercadorias. Uma brisa leve acabou abrindo a janela, e, distraído com as anotações, apenas fiz um pequeno movimento com um dedo e fechei ela com meu poder.
E de novo, eu fiz isso.
— Merda... Você é burro, Jimin? — repreendi a mim mesmo.
Talvez fosse hora de considerar um retorno ao vilarejo, mas a ideia ainda me causava um nó no estômago. Eu não queria abrir mão da vida que construí, mas também não podia ignorar o fato de que ficaria mais forte. E também, protegido.
Aprimorar meus poderes e poder usar eles sem restrições seria incrível.
Peguei o regador e comecei a molhar as plantas. A Haru estava dormindo em cima do balcão, parecendo quase uma decoração, de tão bonita que era, com os raios de sol iluminando seus pelos branquinhos.
O sino da porta tocou mais uma vez. Levantei a cabeça, esperando ver mais um cliente habitual, mas me deparei com ele, o Jeon.
Merda, como ele era bonito...
Meu coração acelerou por um segundo, e tentei disfarçar a surpresa que senti ao ver ele. Será que ele já tinha percebido que eu era um ômega? Não, isso não tem como, não com os supressores. É meio nítido que não sou um alfa, mas ele pode achar que sou um beta.
— Boa tarde, Jimin — disse, logo em seguida dando um sorriso tão bonito quanto ele.
— Boa tarde, senhor Jeon.
— Não precisa de formalidades, nossas idades devem ser próximas — ele brincou.
— Quantos anos você tem? — perguntei.
— Tenho 24, e você?
— 22.
— Viu? Pode me chamar só de Jeon.
— Certo, Jeon — respondi com um leve sorriso, e disfarcei quando notei o quanto ele estava me olhando.
— Vim buscar as flores, elas estão prontas?
— Ahh s-sim, claro estão aqui.
Fui até o canto da loja, peguei as embalagens e as entreguei para ele com um sorriso. Ele olhou para os arranjos, fazendo uma rápida verificação, e pareceu satisfeito com o que viu.
— Perfeito. Agradeço pelo cuidado. — Ele me olhou, ainda com um sorriso, e notou a Haru no balcão.
— Que gatinho lindo, é seu?
— Uhum. Na verdade, é uma gata, se chama Haru.
Assim que escutou seu nome, ela pulou para o chão e começou a se esfregar nas pernas dele. Ele se abaixou para fazer carinho, e ela se esparramou no chão, aproveitando os toques.
— Acho que ela gostou de você... Ela raramente vai com todo mundo assim de primeira
Ele riu suavemente, ainda acariciando a Haru, enquanto ela ronronava baixinho, completamente satisfeita.
— Ela parece um pedaço de nuvem.
Eu ri, amando o comentário que ele fez, e ele riu junto, até que nossos olhares se encontraram. O silêncio que ficou parecia confortável, como se o tempo tivesse parado por um momento. Nossos olhares permaneceram conectados, e eu senti meu coração acelerar levemente.
— É, ela parece mesmo... — Respondi, tentando quebrar o clima enquanto desviava o olhar por um segundo.
Jeon se levantou e ajeitou sua roupa.
— Amanhã você teria algum compromisso?
Fiquei surpreso com a pergunta e travei por alguns segundos antes de responder.
— N-não, de domingo eu não abro a loja... Por quê?
Ele pegou o celular do bolso da jaqueta que usava, mexeu na tela e virou para mim. Tinha um anúncio da feira de flores em Jeonju. Eu já tinha ouvido falar que as plantações na cidade são enormes, com vastos campos floridos e fazendeiros de várias espécies.
— Eu estava pensando em visitar a feira amanhã. Achei que poderia ser uma boa oportunidade para você ver novas variedades. O que acha? Dizem que o lugar é lindo.
Eu olhei para o anúncio, tentando processar a oferta. Eu deveria recusar, era o certo.
— Seria incrível... Nunca estive em Jeonju. Mas infelizmente não vai dar, não tenho carro.
— Não precisa se preocupar com isso, você vai comigo. Se quiser, claro.
Eu lembrei que Jeonju fica a cerca de três horas de Elysium. Como vou passar todo esse tempo dentro de um carro com um alfa, ainda mais um tão bonito?
Mesmo com os riscos, eu queria aceitar.
— Ok, eu topo.
Ele tinha um piercing na boca, e quando sorria, destacava ainda mais seu sorriso.
— Então, combinamos assim — ele disse, com aquele sorriso que parecia iluminar o ambiente. — Te busco no seu apartamento, tudo bem?
— Uhum, pode ser. Que horas?
— Que tal às 9h? Assim, evitamos o trânsito e chegamos cedo para explorar bem. O lugar parece ser bem grande.
— Claro, por mim tá ótimo.
O sino da porta tocou, e nós dois olhamos ao mesmo tempo. Eram as duas senhorinhas que sempre vinham buscar seus arranjos semanais.
— Bem, vou seguir meu caminho, suas clientes estão te esperando. Até amanhã, Jimin. — Ele disse, lançando um último sorriso antes de olhar para a minha gata e fazer um cafuné rápido nela. — Tchau, Haru.
Ela miou suavemente, como se respondesse, e eu só consegui acenar enquanto ele saía, quase como se eu quisesse segurar ele ali e o impedir de ir embora. Meu coração ainda estava acelerado, e a presença das senhoras me trouxe de volta à realidade.
Atendi elas que escolheram dois vasos de peônias, e saíram animadas com eles nas mãos, afinal estavam realmente lindas. A Haru voltou a pular no balcão, se deitando novamente sob o sol, como se nada tivesse acontecido.
— Você gostou dele, né? — falei, brincando com ela, que se aninhou no carinho que eu fazia na sua cabeça.
Sentei entre as flores, deixando meus pensamentos vagarem sobre o que esperar para o dia seguinte. A ideia de alguém como eu viajar com um completo desconhecido era arriscada, mas, no fundo, eu sabia que, se ele me oferecesse algum perigo, eu conseguiria me defender. Mesmo assim, havia algo dentro de mim que queria arriscar, que queria sair com ele.
O Yoon ia me matar se soubesse dessa viagem com um completo estranho.
A tarde passou rápido com as tarefas da floricultura, e logo o fim do expediente chegou. Coloquei minha gata de volta na caixa de transporte, tranquei a loja com cuidado, e fui em direção ao metrô.
O caminho de volta para casa foi tranquilo sob o pôr do sol, enquanto o céu mudava de tons alaranjados para um azul profundo. O vento fresco batia na minha pele, trazendo uma sensação de calma. Por um momento, tudo ao redor parecia em paz, como se a cidade estivesse se despedindo de mais um dia.
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Assim que cheguei no apartamento, soltei a Haru e fui direto para o banho. A água quente escorria pelo meu corpo, aliviando o cansaço acumulado durante o dia. Fechei os olhos e deixei a sensação reconfortante tomar conta, enquanto o vapor começava a preencher o banheiro. O som constante da água caindo no azulejo ecoava suavemente, criando um ambiente de paz.
Passei as mãos pelos cabelos, ensaboando eles lentamente. A espuma se formava ao meu redor, e o aroma refrescante do sabonete e do shampoo preenchiam o ar.
Fiquei sob o chuveiro por alguns minutos a mais, deixando a água quente acalmar minha mente. O cansaço foi, aos poucos, dando lugar a uma sensação de relaxamento. Fechei o registro, e o silêncio que se seguiu foi quase tão reconfortante quanto o banho em si.
Saí do chuveiro, sentindo a pele quente e limpa, e enrolei a toalha macia na cintura. No espelho embaçado, comecei a ver o contorno do pequeno símbolo que eu tinha nas costas, próximo a nuca, que só aparecia por completo quando eu usava meus poderes.
Passei os dedos pelo símbolo, sentindo a leve textura da pele marcada, e suspirei. Aquela marca sempre estaria lá, um lembrete constante dos meus poderes e do meu miserável destino...
Destinado a um caminho pelo qual eu nem escolhi.
Enquanto trocava de roupa, a fome bateu. Eu estava morto de preguiça, então minha única escolha foi ir para a cozinha preparar um lámen. Era literalmente a única coisa que eu comia, e sempre por conta da preguiça de cozinhar.
Enquanto comia, a campainha tocou. Sabia que era o Jin. Abri a porta e voltei ao sofá pra continuar comendo, sem perceber que ele estava segurando um pequeno recipiente.
— Por que não responde minhas mensagens, Park?
— Foi mal, deixei o celular no carregador — apontei para ele, que estava ao lado da minha cama.
— Minha mãe estava te chamando pra jantar com a gente de novo, mas você nunca vai, então eu trouxe um pouco pra você. Larga esse lámen e coma comida de verdade.
Fui até ele e peguei o recipiente animado, afinal, a mãe dele cozinhava muito bem.
— Você meu meus pensamentos, valeu! Agradece a tia e avisa que eu vou na próxima, é uma promessa.
Ele se jogou no sofá, cruzou as pernas e me olhou como se esperasse eu contar a melhor novidade do universo.
— E aí? — ele perguntou enquanto minha gata ia para o colo dele.
Dei com os ombros.
— E aí o quê?
— Não viu o bonitão tatuado hoje?
— Ah, vi... ele me chamou pra sair amanhã.
— Uhh, que isso, ein?! Um encontro? — disse rindo.
— Não se anima não, só vamos a uma feira de flores em Jeonju, então são só negócios.
Ele cerrou os olhos, com um sorrisinho provocativo.
— E você vai aguentar ficar todas essas horas com um alfa?
— Sim, vou tomar mais supressores do que o normal.
Ele balançou a cabeça em negação.
— Meu pai já te alertou várias vezes sobre os riscos de tomar essa quantidade, mas parece que você tem amnésia.
— E qual o risco maior? Não engravidar? Isso é um benefício, não um risco.
— Que isso, Aether, não quer dar sequência na sua linhagem?
— Claro que não, em hipótese alguma eu ia querer isso.
Ele deu uma risadinha e se levantou enquanto bocejava.
— Você é insensível. Bom, vou nessa. Amanhã vou viajar com meus pais, então te vejo só na segunda. Se precisar, levamos a Haru junto pra você poder sair com ele. Minha mãe vai amar.
— Se puder, seria ótimo.
— Ok, amanhã cedo eu busco ela. Vai me dando notícias pelo caminho, por favor. E se ele te oferecer perigo, não hesite em usar seus poderes pra se defender.
— Pode deixar, e obrigado mais uma vez, de verdade. Agradeça aos seus pais por mim.
Ele acenou e saiu. Eu abri a marmita que ele trouxe e fiquei animado; tinha gohan e curry, com alguns legumes salteados e bolinhos de peixe.
— Céus, isso aqui é um banquete!
Sentei no sofá e comecei a comer, saboreando e elogiando cada mordida. A comida estava deliciosa, muito melhor do que o lámen miserável que eu estava comendo.
Depois de terminar, não deixei a preguiça me vencer de novo, então lavei a louça e me preparei para uma noite tranquila. Desliguei as luzes, coloquei meu celular no modo silencioso e fui para a cama.
Hoje, ao invés da caixa de papelão, a Haru deitou comigo na cama.
Fechei os olhos, tentando relaxar enquanto fazia carinho nela, mas a expectativa para o dia seguinte pairava sobre mim. Eu estava ansioso para ver as flores de Jeonju, ou talvez, eu também estivesse ansioso para fazer esse passeio com o completo estranho que apareceu na minha vida.
O sono finalmente veio, mas com a certeza de que amanhã seria um dia importante.
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No dia seguinte.
Eu acordei bem disposto, muito antes do meu alarme tocar. Aproveitei a oportunidade pra preparar um café da manhã caprichado, curtindo a tranquilidade da manhã. O aroma do café fresco se espalhou pela cozinha enquanto eu colocava mais um pão de arroz no forno, o mesmo que eu havia preparado nos dias anteriores.
Logo a campainha tocou, e a Haru já estava pronta na caixa de transporte, junto com uma bolsa com algumas coisas dela. O Jin chegou atrasado, então trocamos apenas algumas palavras rápidas antes dele sair pra viagem.
Enquanto o pão assava, eu separei uma geleia de morango e mirtilo que eu mesmo tinha feito. O doce e o azedinho das frutas vermelhas eram perfeitos para acompanhar o sabor suave do pão. Quando estava pronto, tirei do forninho e cortei uma fatia generosa.
O vapor subiu, trazendo junto um cheiro reconfortante que me fez sorrir. Eu estava bem humorado, algo que ultimamente era raro à essa hora da manhã.
Sentei no sofá e comecei a comer, saboreando cada mordida. A tranquilidade da manhã me permitia aproveitar o momento, mas a paz foi interrompida quando meu celular, em cima da mesinha de centro, começou a vibrar.
Peguei pra conferir e vi que era uma mensagem do Yeonjoo. Já fazia um tempo que ele tinha mandado a última mensagem, e eu a tinha ignorado na correria dos últimos dias. Até que, inesperadamente, ele me ligou... Eu precisava atender.
— Alô?
— Oi Park, bom dia! Vamos sair hoje? O dia está radiante.
— Oi Yeonjoo, desculpe, mas tenho um compromisso.
Um silêncio de poucos segundos pairou sobre a linha.
— Entendo. Se chegar mais cedo em casa, podemos sair à noite, o que acha?
— Tudo bem, te mando mensagem quando eu chegar.
— Ok, vou esperar ansioso. Até depois, Park.
Nós desligamos.
A situação com o tal Jeon ocupou tanto meus pensamentos que eu simplesmente havia esquecido da existência do Yeonjoo. Eu não podia só ignorar alguém que foi legal comigo...
Depois de terminar o café da manhã, fui direto para o banho, permitindo que a água quente me ajudasse a organizar as ideias.
Ao me vestir, escolhi uma camisa social branca de manga longa, e um colete de tricô bege por cima, que combinava com a calça jeans clara e um par de sapatos. Eu sabia que estava parecendo um bibliotecário, e sinceramente, eu amava isso.
Preparei também uma bolsa com minha câmera e alguns itens essenciais: carregador, analgésicos, e mais supressores, por precaução. Quando o relógio marcou 09h em ponto, ouvi a buzina padronizada do lado de fora. Levantei rapidamente, dei um último olhar no espelho pra me certificar de que tudo estava em ordem, e então saí.
Ele estava me esperando do lado de fora e, assim que me viu, deu um sorriso gentil.
— Como você é pontual — brinquei, tentando deixar o papo mais casual.
— Eu nunca te deixaria esperando. Vamos?
— Uhum.
Ele estava simplesmente lindo. Geralmente, suas roupas eram mais casuais, mas hoje, ele também escolheu uma camisa social, preta, com os primeiros botões abertos. As mangas estavam suspensas, deixando suas tatuagens no braço à mostra, o que só destacava ainda mais sua beleza.
Eu estava um pouco envergonhado e, assim que entrei no carro, me sentei retraído ao lado dele, tentando disfarçar o nervosismo que insistia em me acompanhar.
— Se quiser, pode levar sua gatinha junto.
— Ah, obrigado, mas meu amigo foi viajar e levou ela junto.
Ele ligou uma música qualquer no carro, ajustando o volume para um nível ambiente, e partimos. O carro estava todo fechado, e em poucos minutos, comecei a sentir os feromônios dele. O aroma era tão envolvente e gostoso de sentir que parecia uma péssima ideia continuar sentindo.
— Eu... bem... tudo bem se eu abrir a janela? O dia está bonito, e eu queria sentir o vento.
— Claro, fica à vontade — respondeu sem hesitar, com um sorriso de canto enquanto desligava o ar condicionado.
Com um suspiro de alívio, abri a janela, deixando o ar fresco entrar. Enquanto o vento soprava pelo carro, tentei focar na paisagem ao redor, mas era difícil ignorar a presença dele ao meu lado.
Me estiquei para trás e peguei minha bolsa no banco de trás, em seguida, minha câmera. Eu queria tirar algumas fotos, então já comecei a ajustar suas configurações, já que o Tae usou a última vez e deixou toda desregulada.
— Então temos um fotógrafo aqui?
— Ah, eu não sou, é só um hobby.
— Câmeras profissionais não são fáceis de manusear. Se você tem uma e sabe usar, já é um fotógrafo.
— Gostei desse ponto de vista. — Dei um riso sem jeito. Mesmo olhando para a estrada, ele direcionou seu olhar para mim rapidamente.
Ele tinha mãos bonitas, e até a forma como ele segurava o volante parecia elegante e sexy. Como alguém pode ser tão bonito assim? Ele não parecia de verdade. Não só sua aparência, mas também seu carro e suas roupas, eram suficientes pra perceber que ele era rico. Eu realmente nunca teria chances com alguém como ele...
Mas, por que raios eu estava pensando nisso?
Não ter alguém nunca foi um problema, e agora eu ficava fantasiando coisas só porque ele era bonito. Eu sou patético... A porra de um ômega patético.
Enquanto me distraía com esses pensamentos, tentava me concentrar na paisagem passando pela janela. O caminho para Jeonju era bonito, com campos verdes e pequenas aldeias espalhadas pelo caminho. A luz do sol refletia nas folhas, criando um jogo de sombras e luzes que era quase hipnótico.
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Depois de algumas horas com ele puxando alguns assuntos, finalmente chegamos à feira em Jeonju. Assim que saí do carro, uma brisa fresca de verão me envolveu, carregando o aroma doce das flores que preenchia o ar. O lugar era vibrante, com uma variedade impressionante de flores e plantas dispostas em tendas coloridas, criando um cenário quase mágico.
— Uau, que lugar lindo! — comentei, maravilhado com a vista ao nosso redor, que mais parecia um pedacinho do paraíso.
Ele parou do meu lado, também parecendo animado enquanto olhava a vista.
— Quando vi as fotos, só lembrei de você. Imaginei que ia gostar.
Ele lembrou de mim? Meu coração acelerou um pouco, e um sorriso involuntário se formou nos meus lábios. O simples fato dele ter pensado em mim ao ver esse lugar fez com que eu me sentisse feito um idiota.
— Obrigado pela lembrança.
Ele sorriu de volta e manteve o olhar. Eu era um poço de timidez e mal sabia me relacionar com as pessoas, então apenas disfarcei e voltei a andar na frente dele.
Enquanto caminhamos entre as tendas, comecei a me perder na beleza das cores e fragrâncias, entusiasmado com cada flor diferente que eu via. Mesmo com todo esse paraíso ao meu redor, eu só conseguia pensar no quanto queria saber mais sobre ele.
— Você mora em Elysium? — perguntei.
— Na verdade, não. Moro em Wonju, e vou ficar em Elysium por um tempo por causa dos negócios.
— Ah, entendi.
Se minhas chances com ele eram 0, agora pareciam ser -1000.
— Se bem que, tenho gostado de Elysium. Quem sabe surja algum motivo para continuar por lá... — ele sorriu para mim, e eu senti um frio na barriga.
A sugestão no tom dele fez meu coração disparar. Eu queria interpretar aquilo como um sinal, mas ao mesmo tempo, não queria me iludir. A verdade é que, desde o começo, havia algo nele que me atraía, e agora, mais do que nunca, eu me sentia confuso sobre o que fazer.
— Talvez você encontre algo que te faça querer ficar — respondi, evitando o contato visual.
— Eu tenho certeza disso — ele disse, com uma confiança que me deixou ainda mais nervoso.
Meu coração acelerou ainda mais, mas tentava manter minha expressão neutra. O ar entre nós parecia carregado de algo que eu não sabia se estava pronto para lidar.
Continuei caminhando ao seu lado, com a câmera nas mãos e tirando foto de cada canto da feira, sentindo que, de alguma forma, aquele dia ia ficar na minha memória por muito tempo.
O campo de flores logo atrás parecia um tapete multicolorido que se estendia até onde a vista alcançava. Havia flores e plantas de todos os tipos e tamanhos, desde as pequenas e delicadas orquídeas até os imensos e vibrantes lírios.
Cada barraca da feira era um mundo à parte, com exibições que destacavam variedades raras e exóticas. Em uma barraca, havia uma exibição de flores bioluminescentes, suas cores brilhando suavemente como se fossem iluminadas de dentro para fora. Em outra, uma coleção de flores tropicais com tons de azul e verde que pareciam quase artificiais de tão vibrantes.
Paramos em uma das barracas que vendia arranjos personalizados. O vendedor, um homem idoso com um chapéu de palha, estava montando um buquê com uma mistura de rosas, peônias e gerânios. Jeon observava com interesse, fazendo perguntas sobre cada flor e suas características.
— Essas peônias são especiais, jovem — explicou o vendedor. — Elas têm uma fragrância suave que só se revela completamente quando o sol está mais quente.
— Elas são realmente lindas. — O Jeon respondeu.
Ela parecia realmente gostar disso e até pegou o contato do senhor. Eu, por outro lado, estava distraído, observando como ele interagia com o vendedor. Havia algo cativante na maneira como ele se interessava pelos detalhes. Enquanto conversava, meus pensamentos viajaram.
Qual a possibilidade dele gostar das coisas que eu gosto?
Assim que eles terminaram de falar, o senhor se virou na minha direção.
— E pra você, vou preparar algo bem especial, rapaz.
Olhei para as flores um pouco tímido, e pensei no quanto aquele momento era estranho e mágico ao mesmo tempo. O vendedor, com um gesto gentil, preparou um pequeno arranjo e me entregou.
— Este arranjo é um presente para você — disse ele com um sorriso acolhedor. — Essas flores simbolizam a alegria que você parece estar sentindo neste momento, rapaz.
O arranjo era uma combinação de girassóis e lírios, com cores vibrantes e aroma incrível.
— Muito obrigado — respondi, feliz e envergonhado.
Meu olhar se direcionou para o Jeon, que estava sorrindo de canto enquanto me olhava com seus olhos grandes e brilhantes. Senti como se minhas bochechas estivessem pegando fogo novamente.
Continuamos explorando e passamos em frente a uma barraca que oferecia workshops rápidos de arranjos florais.
— Parece complicado — ele comentou, sorrindo. — Mas você tem habilidade pra isso. Quem sabe um dia você seja meu professor particular? Como organizador de eventos, saber fazer algo assim seria ótimo.
— Ah, não sei se seria um bom professor, nem sou bom como eles, mas... posso tentar — respondi.
— Eu tenho certeza de que você é ainda melhor que todos que estão aqui.
Ele olhava nos meus olhos sem nem hesitar. Eu senti meu rosto queimar e tentei disfarçar desviando o olhar para outro canto. Eu queria acreditar que ele só estava sendo simpático pra me descontrair, mas, por que eu sentia que ele estava flertando comigo?
Seja o que for, eu estava gostando, mas ao mesmo tempo, não sabia como lidar.
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À medida que o dia avançava, o calor aumentava, mas a brisa leve que soprava entre as flores tornava tudo mais agradável.
Depois de algumas horas caminhando, a fome começou a se manifestar, e foi possível ouvir minha barriga roncando. Ele riu quando notou, o que me deixou mais envergonhado ainda
— Vamos parar em alguma barraca para comer algo, o que acha?
— Boa ideia, tô faminto. — respondi animado.
Seguindo as indicações de algumas placas e os aromas tentadores no ar, encontramos uma barraca que servia uma variedade de comidas típicas e deliciosas. O cardápio oferecia pratos como pajeon, tteokbokki, e algumas opções de pratos com frutos do mar.
— O que você vai querer? — ele perguntou enquanto olhava para o cardápio.
— Acho que quero um pouco de pajeon, faz tempo que não como.
— Ok, vou querer o mesmo.
Ele se virou para o atendente e pediu algumas porções de pajeon para nós dois. Depois de fazer o pedido, nos acomodamos em uma das mesas próximas à barraca, e assim que os pratos chegaram, começamos a comer.
À medida que a conversa fluía, percebi o quanto eu estava gostando da companhia dele. Alguém da Ordem não poderia ser tão bom assim, então descartei automaticamente essa desconfiança.
Quando terminamos, me levantei para pagar, mas ele segurou minha mão, interrompendo meu movimento em direção à carteira.
— Nem pense nisso, você é meu convidado — disse, com um sorriso firme, mas gentil.
Hesitei por um segundo, surpreso, e então sorri de volta, sentindo uma mistura de alívio e gratidão.
— Obrigado...
Foi o primeiro toque direto que nossas mãos tiveram, e, de algum jeito, aquele contato breve parecia mais significativo do que deveria. Suas mãos estavam geladas, contrastando com o clima quente, e o toque me trouxe um arrepio inesperado.
Enquanto Jeon pagava o atendente, observei ao redor, pensativo. Ele era atencioso, gentil, e definitivamente diferente de qualquer cara que eu já conheci. Mas eu precisava lembrar que minha vida era complicada, e não podia me deixar levar pelas fantasias da minha mente.
Ele devia ser o quê?! Talvez um CEO no ramo de organização de eventos, alguém que poderia facilmente se envolver com qualquer pessoa, enquanto eu... bem, sou um Aether, com segredos demais, traumas demais e, além de tudo, ainda virgem.
Depois dele pagar a conta, voltamos a caminhar pela feira. A brisa suave tornava o passeio ainda mais agradável. O sol começava a se pôr, lançando uma luz dourada sobre as flores, criando um cenário ainda mais encantador.
No meio do caminho, ele parou na minha frente.
— Fica aqui, eu já volto.
Antes que eu pudesse reagir, ele saiu andando. Fiquei parado exatamente onde ele pediu, observando tudo ao redor. A feira estava cheia de vida, com pessoas sorrindo, conversando e admirando as flores, mas minha mente estava completamente focada nele.
— E se ele me abandonou aqui? E o pior, e se for uma emboscada? E se tem um atirador mirando minha cabeça nesse exato momento?
Enquanto eu sussurrava, tentando afastar as piores possibilidades que vinham à minha mente, ouvi a voz dele atrás de mim.
— Jimin?
Virei rapidamente, e ele estava segurando um buquê de rosas vermelhas, simplesmente lindo. Meu coração deu um salto, e por um momento, fiquei sem palavras. Não era só o gesto, mas o modo como ele me olhava, como se estivesse oferecendo mais do que apenas flores.
— Eu... — comecei a falar, mas as palavras ficaram presas na minha garganta.
— Achei que essas combinavam com você — ele disse, estendendo o buquê na minha direção, com um sorriso que parecia aquecer ainda mais o ar ao nosso redor.
Sem saber exatamente como reagir, aceitei as flores, sentindo o calor subir até minhas bochechas. Estava completamente tímido, tentando entender o significado daquele gesto, mas uma coisa era certa: naquele momento, nada poderia estragar o que eu estava sentindo.
— Obrigado, de verdade... eu amei demais. — respondi, com um sorriso sincero, que ele retribuiu.
Ele pareceu satisfeito com minha reação, e ficamos ali, parados por alguns segundos, como se o tempo tivesse desacelerado. Era estranho, mas ao mesmo tempo confortável estar ali com ele, em meio às flores e à luz suave do entardecer.
Eu olhava para as flores na minha mão, me sentindo balançado por ele. Eu não devia ter aceitado esse passeio, mas agora era tarde.
Após mais algumas caminhadas pelo local da feira, admirando as flores e conversando sobre pequenas coisas, decidimos que era hora de voltar. O sol já estava se pondo, tingindo o céu com tons de laranja e rosa.
Assim que entramos no carro dele, me acomodei no banco do passageiro, ajeitando o buquê de rosas e o arranjo que ganhei no banco de trás.
O passeio tinha sido inesperadamente bom, mas agora o cansaço começava a bater, e a longa viagem de volta até Elysium, que levaria cerca de três horas, parecia um bom momento para descansar um pouco.
Ele ligou o carro, e logo pegamos estrada novamente, com a música ambiente novamente preenchendo o silêncio. Eu me peguei observando a paisagem passar pela janela, ainda com um leve sorriso no rosto.
Não planejava dormir, e nem poderia, mas o carro parecia deslizar pela pista. Somado ao perfume das flores e ao dele, além do meu cansaço, foi o suficiente para me fazer adormecer.
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Após longas horas no carro, durante as quais não consegui evitar cochilar de forma vergonhosa, finalmente chegamos ao apartamento. A viagem foi silenciosa e tranquila, e o cansaço do dia acabou me vencendo. Acordei com o som do carro parando, e percebi que já estávamos estacionados em frente ao prédio.
— Parece que alguém aproveitou bem o passeio — ele comentou com um sorriso bonito.
Senti meu rosto esquentar de vergonha.
— Desculpa, acho que acabei me divertindo demais lá...
— Não se preocupe, você precisava descansar, nós andamos bastante — ele respondeu de forma tranquila.
Eu me espreguicei, ainda um pouco sonolento, e então peguei as flores e minha bolsa antes de sair.
— Obrigado por hoje, de verdade. Foi ótimo sair um pouco da rotina.
— Fico feliz que tenha gostado. Foi ótimo passar o dia com você, mais do que imaginei que seria.
Sorri, um pouco envergonhado, enquanto a gente andava até a entrada do prédio. Cada passo me deixava mais consciente de que o dia estava chegando ao fim, e eu não sabia exatamente como me sentir sobre isso.
No fundo, eu queria continuar com a companhia dele.
— Boa noite, Jimin. Obrigado novamente por aceitar meu convite — ele disse quando chegamos à porta do meu apartamento, com aquele sorriso bonito.
— Foi divertido. Boa noite, Jeon.
E com um aceno, entrei no apartamento, sentindo o peso das horas começarem a se acumular novamente. Fechei a porta atrás de mim e me encostei nela por um momento, absorvendo tudo o que tinha acontecido. O buquê em minhas mãos era um lembrete de que, por um dia, eu me permiti viver algo diferente.
Subi para meu apartamento e fui até a cozinha, onde coloquei o buquê de rosas em um vaso com água, e deixei ao lado da minha cama. Coloquei os girassóis em outro vaso, em cima da mesa, e o aroma das flores imediatamente preencheu o ambiente, trazendo uma sensação de tranquilidade.
Com as flores acomodadas nos seus novos locais, decidi tomar um banho rápido para relaxar e tentar me recompor. A água caía sobre minha cabeça de forma relaxante, e era quase um lembrete de que eu estava nas nuvens demais, e precisava manter meus pés no chão.
Após o banho, preparei um lanche simples e me sentei na cama, com as flores à minha frente. O passeio pela feira, o jeito como ele olhava para mim, o buquê... tudo parecia tão novo e inesperado. Eu nunca tinha vivido tudo aquilo.
Peguei meu celular e verifiquei se havia alguma mensagem, mas me lembrei que não tinha o número dele.
— Porra Jimin... — repreendi a mim mesmo.
Eu via ele todos os dias e em nenhum deles peguei seu contato.
Com um suspiro, decidi que já era mais do que hora de descansar. Apaguei as luzes, me deitei e tentei deixar a mente tranquila, enquanto as imagens do dia passavam pela minha cabeça.
Eu não conseguia parar de olhar para as rosas...
Ainda olhando para elas, aproveitando o perfume e as lembranças, acabei pegando no sono, dando fim a um dia que eu amei.
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🪻
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Oi oi, leitor!
O que estão achando?
Senta o dedo na estrelinha pra apoiar essa probi autora.
Até o próximo capítulo!
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