Uma Dose Do Seu Sabor
E mais uma vez Chaeyoung se encontrava ali, na varanda vendo o pôr do sol. Onde morava não tinha uma visão privilegiada daquelas, mal conseguia ver aquele espetáculo de cores bonitas.
Dessa vez não estava acompanhada de seu fiel companheiro Camel, havia devorado ontem o último maço que trouxe de casa.
Estava acompanhada de um bom café amargo e um catálogo de artes, onde buscava mais conhecimento.
Mas a quem a mulher queria enganar? Não parava de pensar um segundo sequer naquela garota.
Lembranças da noite de ontem iam e voltavam em sua mente, os gemidos da enteada troava em sua cabeça e aquilo estava a deixanda louca.
Não conseguia parar de pensar em seu rosto banhado de lágrimas, as pupilas dilatadas enquanto sua boca se movia pedindo para ser fodida. Ah! Mina era a personificação da luxúria.
Aquela peste mexeu de uma forma com a mente da morena que naquela noite, quando Ha-yun chegou do trabalho, mal conseguiu prestar atenção na conversa da mulher.
Ela não notou o quanto sua noiva estava avoada e que em seu corpo haviam marcas, pois apenas ligava para contar os detalhes do que havia acontecido no trabalho. Chaeyoung só entendeu quando a mulher disse que alguns funcionários foram demitidos e depois dali, sua mente pareceu uma faixa neon onde o nome de Myoui Mina piscava em tons rosas.
Pela manhã, Mina não apareceu e Chaeyoung já estava quase acostumada em não vê-la na mesa. Talvez não gostasse de tomar café da manhã.
Mas a real era que não gostava de ver a cara de Ha-yun assim que acordava, especialmente naquele dia. Nada iria tirar o sorriso do rosto de Mina.
Nem mesmo Ha-yun iria tirar seu bom humor e por esse motivo a garota ficou o dia fora de casa, voltando no mesmo horário de ontem e dessa vez sem acompanhante.
Da varanda Chaeyoung viu a mais alta entrando em casa, com suas típicas roupas surradas e pretas, braceletes de Spikes e uma chocker no pescoço que pareceu estar ali por outro motivo.
Chaeyoung havia deixado seu pescoço roxo.
Quando Mina a viu na varanda, o sorriso rasgou seu rosto corado e rapidamente os passos mudaram de rumo, indo na direção da mais velha que deixou o catálogo e o café de lado.
Sem pensar muito, Mina sentou no colo da madrasta e beijou seus lábios, afoita e com desespero, gemendo baixo pelo gosto da cafeína se misturando com o sabor adocicado do pirulito de caramelo que havia chupado, uma ótima combinação.
— Sua mãe está em casa. — Sussurrou ao romper o beijo, deixando a outra com um enorme bico nos lábios. — Ela está no banho.
— Isso não é problema meu. — Respondeu, atacando novamente os lábios da madrasta que deu reciprocidade ao beijo, rindo em meio ao ósculo desesperado.
As mãos da morena foram diretamente para o bumbum de Mina, recebendo um resmungo dolorido da garota.
Naquela manhã teve dificuldades para ir ao banheiro, só havia melhorado agora pela tarde e conseguia andar normalmente, por mais que houvesse certo desconforto.
Não estava reclamando, aquela dor ela gostava de sentir, pois lembrava a todo momento quando se entregou nos braços de Chaeyoung.
Mais uma vez o beijo foi rompido e dessa vez por passos vindos das escadas. Mina rapidamente levantou do colo de Son e manteve distância, fingindo mexer em uma plantinha no canto da varanda, cantarolando baixinho.
A mulher adentrou o cômodo e viu Chaeyoung conversando com a filha, ficando descontente por ver as duas sozinhas ali. Sabia como sua filha era e como ela levava uma vida de pecados mas sabia o quão Chaeyoung era fiel e não daria bola para a pirralha que havia se arrependido profundamente de parir.
— Querida, estou me arrumando para ir trabalhar. Amanhã terei folga, deixei comida feita para você. — Olhou com desdém para a unigênita, suspirando fundo e sorrindo forçado. — Para você também, filha.
Mina riu, negando com a cabeça pelo fingimento.
— Obrigada, mamãe. — Retribuiu o sorriso forçado e o sarcasmo. Aquilo foi o suficiente para Chaeyoung começar a entender a relação de mãe e filha.
Ambas não se gostavam e aquilo era nítido, poderia ser lenta às vezes mas conseguia perceber quando duas pessoas se odiavam.
Não quis deixar mais faíscas soltarem de ambos os lados, então levantou e virou-se para Ha-yun.
— Agradecida, querida. Mas acho melhor voltar a se arrumar. — Guiou a mulher para fora da varanda e beijou a testa dela para não ter que beijar os lábios quando ela veio em sua direção para isso.
Odiaria ter que beijar a mulher quando acabou de beijar a filha dela, o sabor do caramelo ainda estava em sua boca e não queria sentir mais nada além disso.
Ha-yun estranhou o ato da noiva mas não a questionou. Sorriu e agradeceu, rumando de volta para o quarto.
Mina observou a cena em silêncio, vibrando por dentro por não precisar ver sua madrasta beijando sua mãe logo depois de lhe beijar.
— Foi por pouco. — Disse após checar se a barra estava limpa.
— Um dia você ainda vai me contar o motivo de ficar com alguém como ela. — Se aproximou novamente da madrasta, acariciando seu abdômen que ontem serviu muito bem de apoio para seus pés.
— É complicado, Mina. — Suspirou derrotada, tirando as mãos da garota com certa delicadeza e voltando a sentar. — Mas não vamos falar disso agora. Vem cá.
Puxou a maior e a sentou em seu colo novamente, beijando seus lábios mais uma vez.
Viciante
O perigo percorria por cada centímetro dos dois corpos, a adrenalina e o medo de serem pegas se beijando deixava tudo mais gostoso e foi assim até o momento onde Ha-yun desceu, pronta para o trabalho, fazendo com que as duas voltassem a se afastar e fingir estarem apenas tendo um diálogo vago.
Daquela vez não conseguiu escapar da mulher, Ha-yun deixou um beijo nos lábios da noiva, marcando a boca dela com o batom vermelho que usava. E Mina, observou a cena, engolindo todo seu ódio.
Chaeyoung nada sentiu, apenas ficou estática e observou a dona sair pela porta principal sem dar tchau para sua filha, se esquecendo totalmente da máscara de boazinha que tinha que manter.
Percebeu naquele momento que nada era tão explosivo, doce e único quanto aos lábios de Mina.
Todo aquele disfarce talvez fosse valer a pena, sabia que mentira tinha perna curta e poderiam ser descobertas. Entretanto, iria aproveitar enquanto poderia ter uma dose daquele sabor todos os dias.
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