Kitty Girl
SEIS MESES DEPOIS
É engraçado pensar que a qualquer momento sua vida pode mudar drasticamente de uma hora para outra.
Alguns meses atrás, Mina era apenas uma garota de vestes peculiares que vivia constantemente sendo alvo de ameaças e difamações por parte de alguém que deveria a amar desde o ventre.
Mas nem todas as mães e pais são iguais. Mina sentiu na pele por dezoito anos o que era ser desprezada por sua progenitora e não desejaria aquilo nem para o seu pior inimigo.
Hoje era um dia especial. Pela primeira vez após anos, acordou feliz para comemorar seu aniversário.
Retirou o edredom pesado do corpo, coçando os olhos e já preparada para levantar quando alguém a interrompeu.
— Opa, opa! Não vai sair da cama sem tomar seu café da manhã, minha aniversariante favorita. — Era Chaeyoung, a mulher que a tirou do precipício em seu pior momento, que vem cuidando e a amando diariamente.
Suspirou boba, sentindo as maçãs do rosto esquentarem quando a coreana se aproximou e pôs em sua frente uma bandeja com as mais variadas frutas, guloseimas, suco e pãezinhos. Seus olhos percorreram toda a bandeja linda, mirando num pequeno bolinho no centro da bandeja, rindo baixinho.
— Que lindo, amor. — balbuciou surpresa, se aproximando da Son e selando seus lábios.
— Eu sei o quanto gosta de comer e eu mesma tomei coragem para enfrentar a cozinha, sabe que não é meu forte, mas eu fiz tudo com muito carinho. Mary me ajudou apenas com o bolo para evitar um possível incêndio. — Se explicou, gesticulando rapidamente e Mina riu; era adorável como Chaeyoung sempre queria a mimar e se esforçava para tal.
— Chaeng, eu amei demais! — Puxou a mulher que não era mais morena e sim loira, a abraçando forte enquanto o nariz percorria o pescoço dela, sentindo o aroma forte de seu perfume viciante, deixando-a toda arrepiada.
— Parabéns, kitty Girl! — Depositou um beijo no ombro marcado da noite anterior, sentindo o aroma que tanto gostava e parecia nunca sair da pele da garota.
Cereja.
Depois do dia conturbado de seis meses atrás, nunca mais tiveram notícias de Ha-yun e por mais que ainda doesse, Mina se sentia aliviada por ter se livrado de sua mãe e ganhado a liberdade que tanto queria. Feliz e ao lado da pessoa que diariamente tomava cada pedacinho do seu coração.
É como dizem, Deus escreve certo por linhas tortas. As linhas tortas muitas vezes irão te fazer sofrer e chorar, mas elas te levarão para ao caminho certo.
Mina não era nenhuma religiosa de fato, mas acreditava muito nessa frase e a prova era toda a situação que passou.
Conheceu Chaeyoung quando ela estava prestes a levar sua mãe para o altar e agora estava ali, na cama da mulher vivendo os melhores dias de sua vida.
— Obrigada, meu amor. — Sussurrou, mordiscando a bochecha da loira, acariciando os fios de sua nuca.
— Você lembra que há duas semanas atrás eu falei que íamos a praia? — Perguntou e a garota afirmou, ficando subitamente ansiosa. — Eu tenho uma surpresa para você.
— Para mim? — Indagou, estreitando os olhos desconfiados, abrindo um sorriso de ponta a ponta quando viu os lábios da Son repuxando em um sorriso ladino.
— Sim, mas primeiro você precisa comer. — Disse, e assim a garota fez, devorando cada coisinha que Chaeyoung havia preparado com maior carinho para si.
A loira observava Mina com a maior cara de abobalhada, pensando o quanto valeu a pena enfrentar seu pai, enfrentar tudo para dar o melhor para aquela garota. A amava e iria provar isso hoje.
No fim da refeição, cantaram parabéns somente as duas, em seus próprios mundinhos e após Mina apagar a velinha cravada no bolo, ambas foram tomar um banho, pois o dia estava apenas começando.
[...]
— É sério amor, fecha os olhos. — Chaeyoung guiou Mina pela cintura, mantendo a mão livre na frente dos olhos da amada enquanto a levava cuidadosamente para a areia da praia, gargalhando ao ouvir o gritinho da maior ao pisar na areia úmida.
— Céus, eu vou ter um treco. — Foi sincera, tentando espiar o que ela estava aprontando, recebendo um tapinha no traseiro. — Cretina, não vou olhar mais.
Chaeyoung segurou firme em sua cintura, se colocando atrás de Mina, apoiando o queixo em seu ombro. Aproximou os lábios da orelha dela, sussurrando.
— Pode abrir os olhos, amor.
Ela ponderou, mas abriu, arregalando os olhos quando notou que não tinha ninguém naquela parte da praia, procurando qualquer ser vivo que não fosse elas duas ali.
— Chaeng, o que você fez? — Caminhou alguns centímetros na frente da mulher, mirando na pequena trilha onde pisava, estranhando. Sem questionar, começou a caminhar até se deparar com uma pequena rosa cravada no chão, se agachando para pegar.
Tirou um pouco da areia de cima das pétalas bonitas e vermelhas, como se tivesse acabado de ser colhida em algum lugar próximo.
Ao se virar para Chaeyoung, a encontrou segurando uma pequena caixinha em sua mão direção e antes que pudesse a questionar, ela a interrompeu.
— Antes que eu tenha um ataque do coração e você fique sem namorada antes mesmo da gente oficializar, eu queria dizer que te amo demais e esses seis meses ao seu lado foram os mais incríveis da minha vida. Eu jamais pensei que fosse de fato encontrar alguém que me completasse. Os últimos acontecimentos estavam apontando que eu teria uma vida infeliz ao lado de alguém que eu não amava, mas tudo mudou, pois, você apareceu e nos livramos de um destino trágico. — Deu uma pausa, abrindo a caixinha.
Naquele momento, os olhos da mais alta já estavam marejados e se alguém levasse a mão até seu peito, se assustaria com a velocidade que batia o seu coração.
— Eu queria pedir desculpas por não ter feito isso antes, eu não estava enrolando e sim esperando o momento certo, pois eu sabia que você estava machucada. Eu espero ter curado o seu coração, pois eu quero te tornar oficialmente minha namorada e futuramente esposa, não me canso de dizer o quanto eu te amo. Então, você aceita namorar comigo? — Perguntou, estendendo a mão trêmula onde a caixinha estava.
— Céus, eu nem preciso dizer que sim, pois você sabe qual é a resposta. É claro que eu aceito amor, não sabe o quanto esperei por isso! — Chorosa, correu até a namorada, pulando em seus braços e sendo levantada por ela. — Mil vezes sim, eu diria mil vezes que eu aceito ser sua namorada.
Suspirou aliviada pela sua garota ter aceitado seu pedido, tirando as duas alianças de compromisso da caixinha, colocando no dedo dela e deixando que ela colocasse no seu também.
Encarou as orbes castanhas que tanto a hipnotizava, descendo os lumes até os lábios vermelhos naturalmente que eram seu maior vício, não aguentando mais ficar longe deles. Desceu Mina do colo e suas bocas se uniram finalmente, em um beijo sedento, ambas desejando ardentemente uma a outra como o primeiro dia que seus destinos se cruzaram.
Chaeyoung guiou sua pequena até uma tenda, mostrando o que havia preparado para as duas.
Havia alugado aquela parte da praia apenas para curtir com sua namorada, sem que ninguém ficasse bisbilhotando o que estavam fazendo.
Os lábios da mulher percorreram o pescoço da mais alta, apalpando a sua cintura e recebendo em resposta um murmúrio da outra.
— Você gostou, meu amor? — Sussurrou, acariciando a barriga da garota enquanto a olhava com atenção.
Ela analisou tudo, pisando no enorme lençol estendido no chão e deitando-se em meio algumas outras rosas como a que achou cravada na areia na trilha até a tenda.
— Chaeng, você existe mesmo? Você parece ter saído de um dos meus livros de fantasia. Eu amei, é tudo tão mágico. — a menor sorriu diante aquelas palavras, se deitando ao lado de Mina e a puxando para um abraço caloroso. — Você foi a melhor coisa que me aconteceu, Chaeyoung. — disse, olhando a aliança em seu dedo anelar sem conseguir desfazer o sorriso bobo.
— Você também, Kitty girl. — disse rente a pele da garota, a trazendo um pouco mais para cima.
O casal permaneceram assim por um longo tempo, abraçadas e em um silêncio confortável enquanto olhavam o pôr do sol, cada uma relembrando do que passaram para poder finalmente estar ali, juntas e felizes.
Fim.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top