Desconfianças e Coração Partido
Aquela estava sendo uma semana de muitas confusões internas que Mina estava travando. Não só ela, como Chaeyoung que estava em uma saia justa.
Enquanto tinha uma aliança no dedo, desejava ardentemente estar com a dona de seus pensamentos mais sórdidos.
Após o banho, Chaeyoung cuidou de Mina como se ela fosse o ser mais precioso que já esteve na terra. Cuidou como uma verdadeira cavalheira.
Queria ter ficado no quarto da garota e visto ela adormecer em seus braços, mas foram impedidas por Ha-yun que chegou em casa comemorando seu dia de folga.
Estava tão confusa que apenas adormeceu. Dormiu pensando em sua amante enquanto a mulher que colocou uma aliança em seu dedo estava aninhada em seu abdômen.
[...]
Despertou assustada, notando que Ha-yun já não estava mais na cama, agradecendo aos deuses por ela não ter visto o estado em que a mulher acordou.
Estava suada, com uma puta ereção no meio das pernas.
Maldita seja Mina, que até em sonhos a garota aparecia para tirar seu sossego.
Precisou de alguns minutos no banheiro para se aliviar, pensando em sua garota, tomando um banho logo em seguida para enfrentar um dia ao lado da mulher.
Mina se encontrava em seu quarto, jogada na cama enquanto lia seu mangá favorito, não conseguindo se concentrar direito, mas fazendo um enorme esforço para não pensar em Chaeyoung.
Talvez fosse cedo demais para admitir que estava com saudades dos braços da mulher. Era tão difícil, parecia cada vez mais impossível disfarçar o quanto queria ela para si.
Jogou o mangá na cama, levando ambas as mãos até o rosto, esfregando com certa força.
— Pare de pensar nela, pare de pensar nela. — Repetia aquilo em uma mantra.
Deu um pequeno sobressalto na cama quando ouviu batidas na porta, pedindo para que a pessoa entrasse.
Era Ha-yun. Estranhou, era raro sua mãe entrar em seu quarto.
— Que chiqueiro. — Começou, sempre buscando algo para colocar defeito.
Mina bufou e sentou na cama, encarando a genitora com desprezo.
— Você não veio aqui apenas para me dar bronca, né?
Ela negou e se aproximou, mantendo os braços cruzados sempre naquela pose irritante de superioridade, tentando abalar com a garota que não esboçou nenhuma reação.
— Não, eu apenas quero te falar que Chaeyoung vai embora no sábado e talvez volte para ficar de vez. Isso quer dizer que após o casamento, você vai ter que ir embora daqui. — Foi direta, deixando a mais nova estática.
— Como é? Eu não posso ir embora, não tenho condições de alugar um apartamento com o salário medíocre da lanchonete. — Expôs, desesperada com a possibilidade de não ter mais onde morar. — Você não pode fazer isso.
Engoliu o nó que se formou na garganta, não iria dar o prazer a mulher de vê-la chorando.
— Você não está entendendo, garota. Chaeyoung e eu vamos morar juntas, vamos ter uma família e eu não quero uma pessoa... — A olhou de cima a baixo, gesticulando. — Como você aqui, não quero que meus filhos nasçam igual você.
Aquilo havia sido como mil facadas dilacerando sua pele, a destruindo.
Piscou os olhos incrédula e as lágrimas vieram grossas.
— Você... Você não pode fazer isso comigo, Ha-yun... Sou sua filha. — Se aproximou, parando no mesmo segundo quando a mulher recuou.
Sempre fora assim, ela jamais aceitou um carinho da filha ou teve qualquer tipo de afeto por ela.
Mina nunca entendeu o desprezo da mulher. O carinho que recebia na infância sempre era por parte de seu pai que trabalhou a vida toda para lhe dar o melhor, que amou verdadeiramente a filha até seu último suspiro.
E foi aos 12 anos que a notícia triste chegou, Myoui Akira havia sofrido um acidente, vindo a óbito no local. Desde então, tudo só havia piorado.
— Você foi a pior coisa que me aconteceu. Não me chame de mãe, está sendo difícil manter essa pose de boazinha na frente da sua madrasta, mas isso vai ser por pouco tempo. Não se preocupe, eu mesma darei um jeito de arrumar um lugar para você morar. Depois disso, você vai esquecer que eu existo.
Ela era tão dura nas palavras, aquilo estava dando uma crise forte de choro na garota que não se aguentou e precisou sentar novamente, levando a mão até o peito.
— Você vai se arrepender de fazer isso comigo. Você é má, você não tem coração. — Mina soltou entre soluços, negando rapidamente ao ver o sorriso da mulher.
Ela era cruel.
— Deus não vai me castigar por isso, agora você... Vai queimar no fogo do inferno por toda a eternidade.
Foi com aquelas palavras que Ha-yun abandonou o quarto, deixando para trás o coração da sua única filha quebrado.
Ha-yun destruiu o último resquício de sentimento que Mina ainda sentia por ela, deixou a garota sofrendo com o trauma de não ter uma mãe que a amava de volta.
[...]
Chaeyoung estava estranhando a ausência de Mina no jantar, por mais que já soubesse que a mãe e a filha não se davam bem, não sabia que a maior pulava refeições importantes.
— Onde está Mina? — Quebrou o silêncio, parando de comer para perguntar a mulher que jantava em sua frente, do outro lado da mesa.
— Ela disse que não quer jantar. — Foi curta e um tanto grossa, olhando para Chaeyoung após perceber o vacilo. — Ela deve ter jantado no serviço, se não me engano eles têm direito a uma refeição após o término do expediente. — Mentiu.
— Tem certeza? — Insistiu, travando o maxilar quando a mulher soltou os hashis e a encarou.
— Não está gostando de jantar apenas comigo, querida? — Perguntou, e Chaeyoung ficou em silêncio por alguns segundos. — Não sabia que você e ela viraram amigas em tão pouco tempo.
Com muita dificuldade, Son engoliu o pedaço de frango em sua boca, lembrando das noites quentes que teve com a filha dela. Eram mais que amigas.
— Não... Eu só... — Foram interrompidas por Mina que descia lentamente as escadas, enrolada em um edredom. A garota parecia tão abatida e sem brilho, aquilo preocupou Chaeyoung.
— Boa noite. — Disse baixo, desviando os olhos de Chaeyoung que parecia a questionar em silêncio.
Segurou fortemente o choro entalado na garganta. Não queria parecer tão vulnerável e quebrada na frente delas, queria apenas se alimentar, pois morrer de fome não era uma das suas opções.
— Você está bem? — A morena pouco ligou se a mulher iria desconfiar, estava preocupada com Mina e não demorou em se aproximar e segurar seus braços, buscando por seus olhos.
Ha-yun engolia todo seu ódio observando aquela cena, quase interrompendo as duas, mas lembrando que seu casamento estava bem próximo.
— Eu estou bem. — Foi curta, evitando o contato visual com Chaeyoung.
Sabia que se olhasse em seus olhos, não pensaria duas vezes em pular em seus braços para chorar.
A maior se desprendeu do aperto da madrasta, deixando-a com o coração apertado.
Se aproximou da mesa e se serviu com uma pequena quantidade de macarrão ao molho, se sentando e comendo em silêncio.
Chaeyoung permaneceu em pé, olhando para as duas sentadas na mesa. A forma que Ha-yun olhava para Mina era assustadora.
Começou a juntar as peças, lembrando de ter visto a dona entrando no quarto da garota. Decidiu não questionar ela ali, voltando a se sentar na mesa.
Mina estava com uma mão solta por baixo da mesa e a morena percebeu. Aproveitou que as cadeiras estavam perto e tocou a mão fria, tentando lhe dar ao menos um conforto.
Por dentro Mina se sentiu um pouco quentinha e acolhida pelo toque da mais velha, mas Ha-yun estava de olho em cada ação da noiva e viu aquela cena pela movimentação dos braços delas. A mulher largou o prato na mesa e saiu, deixando as duas sozinhas.
Chaeyoung não entendeu a ação repentina dela, mas pouco se importou.
Quando viu que estava segura para falar, agarrou mais firme a mão de Mina e a fez erguer o rosto para si.
— Minha doce Kitty, o que aconteceu com você? — Perguntou preocupada, acariciando o queixo da sua garota.
— Não foi nada, não se preocupe. — Decidiu não deixar as coisas piores que já estavam, mantendo a boca fechada. Chaeyoung apenas aceitou sua derrota, mas não desistiu de a confortar.
Juntou os dois assentos e acolheu a amante nos braços, acariciando os fios adoráveis da mais alta, não se importando com mais nada além dela.
No segundo andar, Ha-yun estava tendo um surto de ciúmes pela sua noiva se importar tanto com Mina em tão poucos dias.
Na sua cabeça aquilo não era normal, sua filha e sua noiva se olhando, se tocando por debaixo de uma mesa, a tensão que as rodeava. Nada ali era normal. E Chaeyoung não a tocava desde o dia que ela chegou para passar a semana com elas.
— Mina não pode ter infectado ela com seu modo sórdido de viver. — Dizia baixo, enquanto sua mente suja e maquiavélica pensava em mil formas de descobrir algo.
Ha-yun trouxe Chaeyoung com o intuito dela ver como ela era boa e Mina má, uma garota suja que caiu cedo no pecado.
Tudo estava sendo diferente, não trouxe ela ali para serem de fatos amigas.
E antes que Mina pudesse abrir a boca, iria dar um jeito de tentar afastar Chaeyoung dela.
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