CAPÍTULO III

O ESBARRÃO 

01/06

JULES DØDE não sabe ao certo quando foi que as coisas começaram a dar desastrosamente errado para a caçula, quando foi que a vida, aparentemente, perfeita que levavam deu um giro de cento e oitenta graus; a única coisa da qual tem plena certeza é de que sua irmã já não era a mesma muito antes de ter  seu primeiro surto, muito antes de ter seu diagnóstico dado e começar  com as medicações. As mudanças eram sutis naquele tempo, isso é  inegável; talvez seja devido a isto que seus pais não prestaram tanta  atenção quanto deveriam ter feito. 

Também  não sabe quando foi que ela  escolheu começar a se afastar de todos que  a amam, apenas sabe que eles não estão tão próximos quanto  costumavam  ser quando mais novos.  Julie e Jules sempre foram como unha e carne, onde um estava, o outro  também estava; gostavam das mesmas brincadeiras, mesmas músicas, mesmos  jogos;  desenhos e séries. Jules era um tanto quanto "afeminado" quando criança  e seus pais não se importavam em deixá-lo brincar com "brinquedos de  meninas"... digo, com tranquilidade, que isso o ajudou a ser uma pessoa melhor; a se tornar o rapaz consciente que é hoje em dia.

Julie,  por sua vez, era tudo o que a sociedade esperava que ela fosse: uma  menina bem educada, que gostava de brincadeiras e brinquedos de  "menina", que sonhava em ser modelo ou atriz e  adorava a cor rosa. Em outras palavras: ela sempre pareceu delicada e  frágil; naquela época as pessoas que a cercavam apenas não poderiam  imaginar o quão delicada e frágil ela poderia vir a ser.

O garoto saiu mais cedo de casa após a aparente discussão com a mais nova, rumou ao colégio e foi direto para o campo de lacrosse  correr ao seu entorno. Jules ama correr, desde que se entende por gente  o garoto corre; com o tempo e os problemas que este o trouxe, correr  provou ser sua válvula de escape, seu jeito de manter a cabeça no lugar e  não fazer algo do qual poderia ser arrepender futuramente.

Enquanto Jules Døde corre pelo campo de lacrosse, Julie Døde chega ao colégio, apressada, como sempre foi. 

Seu corpo se desvia, com maestria,  dos adolescentes que andavam por entre os corredores com os celulares  na cara, não prestando a mínima atenção de para onde estavam indo. Ah, a tecnologia, tão benéfica e; ao mesmo tempo, tão ruim....

E  então ela sente: seu corpo se choca contra outro, um claramente mais  alto e um pouco mais musculoso, mais forte; do que o dela. Mil formas de  xingamento se passam por sua cabeça, entretanto todas elas se esvaem ao  que seus olhos vão de encontro com os olhos castanho-avermelhados do  rapaz a sua frente. 

Ela tenta puxar na memória se já havia visto olhos tão expressivos quanto aqueles alguma  vez em sua vida e apenas consegue se lembrar do garotinho com quem ela e  seu irmão brincavam na infância; um menininho com miscigenação inusual: parte indiano, parte norueguês. 

Não  poderia ser o mesmo garoto, ela se lembra, embora vagamente; de que  seus pais resolveram, por bem, voltar para a Índia, visto que estavam a  sofrer ataques de ódio de extremistas norte americanos.

Suas bochechas queimam no exato instante no qual percebe que o rapaz mantinha o olhar fixo no dela.

— Desculpa. — Ela se pronuncia, por fim

—  Não precisa se desculpar — Sua voz soa calma, compreensiva — muito  provavelmente era eu quem não estava prestando atenção no caminho, vivo  fazendo isso... sinto muito.

Julie  sorri com ternura e se desvia do garoto, lembrando-se, vagamente, de  estar na aula de matemática avançada junto dele e tendo ainda mais  certeza de que aquele não era o garotinho que conheceu em sua infância.

Voltemos nossa atenção para os gêmeos Clark, Malia e Michael Clark são  os adolescentes mais ricos do colégio e; ao contrário do que vocês,  caros leitores, devem estar pensando, isso não se deve ao fato de que  seus pais são ricos.

Não serei hipócrita ao dizer-vos  que o senhor e a senhora Clark são de classe média, pois não o são,  eles são milionários, contudo, a fortuna dos gêmeos não advém de seus  pais; mas sim de suas inovações tecnológicas, das invenções que  patentearam e começaram a fabricar. 

Eles  sempre foram extremamente inteligentes, elegantes e ridiculamente  bonitos; isso segundo os adolescente que os rodeiam, é claro; todavia  jamais fizeram  amizade com alguém do colégio, eles optaram por andar juntos e serem  amigos apenas um do outro e isso lhes dá um certo ar de arrogância.

Os  gêmeos, embora ainda novos, são emancipados e moram sozinhos em sua  própria cobertura em um dos condomínios mais badalados da cidade.

O  que a maioria dos adolescentes não entende é o porquê de eles  continuarem no mesmo colégio "barrela" no qual sempre estudaram se,  claramente, possuem dinheiro o suficiente pra bancarem seus estudos nas  melhores escolas fora do país.  

Creio que eu pudesse lhes responder esta dúvida agora, contudo acabaria com o leve mistério que passou a pairar no ar.

Os gêmeos Clark estão a se arrumar para ir ao colégio, ao contrário dos gêmeos Døde,  os dois são inseparáveis e, apesar de todas as brigas e de todos os  tapas, eles continuam tão amigos e tão próximos quando eram quando  pequenos. 

— Estou pronta! — Malia diz um pouco alto, com o intuito de que sua voz sobressaia o som alto que preenche o ambiente 

— Eu também. Quem dirige hoje? — Michael pergunta enquanto  desliga o aparelho de som — Sério, da próxima vez não deixaremos o  volume tão alto assim, acho que fiquei surdo de um ouvido. — O rapaz  massageia a orelha direita e a irmã gargalha 

— Exagerado como sempre... e eu dirijo; sabe, eu prezo pela minha vida e seria interessante chegar inteira no colégio. 

— Exagerada como sempre... — O rapaz a imita e pega a chave do carro jogando-a pra a irmã que a apanha no ar 

E  então eles deixam o apartamento, rumando em direção ao elevador. O  único ponto ruim de se morar no último andar de um prédio de trinta  andares é que o elevador demora uma eternidade para chegar até você e,  muitas vezes, quando ele chega está lotado.

Como diriam os jovens de hoje em dia, aqueles que menosprezam os problemas dos outros apenas por terem seus próprios problemas: rich people problems.

HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!

Comé que cês tão? Espero que estejam bem.

AUC tem grupo no WhatsApp, o link está em meu perfil, para quem se interessar, e sim, é o mesmo grupo de AUS.

Me contem, o que acharam do capítulo?

Espero que tenham gostado. Deixem suas opiniões e críticas construtivas, aceitarei todas de bom grado, porém peço que sejam feitas com educação.

Ainda não há dias fixos para postagens, considerem o capitulo apenas uma degustação por hora.

Isso é tudo pessoal!

Tia Bia ama o cês!

Kissus da tia Bia!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top