Capítulo 12
O vento passou pelas janelas abertas do carro, balançando as mechas dos cabelos de Hoseok enquanto ele semicerrava os olhos e acomodava-se melhor no banco, segurando o volante com mais força. Ele e Yoongi finalmente estavam na estrada, dirigindo para o interior do Estado.
Era sábado. O sol já havia nascido e eles estavam prestes a fazer uma pequena visita para Kang Habon. Sim, Yoongi havia me dado bons motivos para ir até lá e soltar alguns "sinto muito" para aquele pobre garoto maltratando por mim. Depois de se declarar na biblioteca alguns meses atrás, uma semana depois, Yoongi pediu para oficializar o relacionamento. O que foi a coisa mais surpreendente, era bom andar de mãos dadas pelos corredores enquanto as pessoas olhavam curiosas.
Por que tinha fugido tanto tempo disso mesmo?
— Tem certeza que não quer? — Yoongi voltou a perguntar, estendendo o saco de salgadinhos na direção do namorado.
Fazia mais de quarenta minutos que ele beliscava aquela coisa nojenta. Hoseok torceu o nariz.
— Minha resposta continua sendo a mesma.
— Tudo bem. Não sabe o que está perdendo. — Mostrou a língua e comeu mais um pouco dos salgadinhos. — Isso aqui é maravilhoso.
— Você tem gostos questionáveis.
— Concordo. Olha só para você. Podemos começar a julgar o meu gosto por esse ponto.
Hoseok revirou os olhos e riu minimamente, não revidando a provocação. Achava uma honra poder namorar aquele cara. Foi a melhor coisa que fizera, sem sombra de dúvida. Yoongi era a pessoa mais doce e gentil que conhecera, não entendia o porquê de Jin ter escolhido Namjoon, mas era grato. Se não fosse isso, agora eles não seriam namorados, né.
— O que vamos dizer quando chegar até a casa da Habon? Acha mesmo que é uma boa ideia? — Hoseok perguntou depois de alguns minutos em silêncio.
— Confia em mim, é uma boa ideia sim. Não precisa se preocupar tanto, pode deixar que eu assumo toda a responsabilidade.
— Tudo bem, amor.
O silêncio caiu sobre eles. Yoongi amassou o saquinho de salgadinhos e guardou no porta-luvas. Lambeu as pontas dos dedos e olhou para o namorado.
— Você acha que realmente aconteceu todas aquelas coisas com o novato, como as pessoas dizem por aí? Todas as vezes que penso nisso, me dá vontade de quebrar a cara de Wondow.
— Eu realmente não sei, mas não duvido nada. Wondow não costuma ser a mesma pessoa de anos atrás, olha a merda que ele fez com o nosso relacionamento.
Yoongi fez bico.
— Falando assim, parece até que queria estar com ele de novo depois de tudo. — Quando o assunto era o antigo relacionamento do Jung, uma briga sempre se armava. Yoongi não conseguia disfarçar o ciúmes. — Sabe muito bem onde encontrar ele e voltar para os braços dele caso sente saudades.
— Pelo amor de Deus, não começa. Não estou a fim de brigar com você hoje, Yoon. Eu odeio quando começa a me atacar dessa forma, não posso desfazer as coisas do meu passado para te agradar. Sabe disso.
Yoongi não disse nada, virou os olhos para a janela e cruzou os braços. Porém, Hoseok continuou:
— Eu sei que está com ciúmes, mas tem que superar isso. Quantas vezes tenho que dizer que amo estar com você? Que agora é a minha pessoa preferida? Nossa, o escolhido foi você.
— Desculpe. Eu fiz de novo, né. — Yoongi suspirou alto. — Acho que agora sou eu que preciso de terapia.
— Concordo — Hoseok respondeu, estava chateado. — Se quiser, passo o contato da minha psicóloga, ela é maravilhosa.
Hoseok vinha fazendo acompanhamento profissional a algumas semanas, fruto da dependência emocional que sofrera nas mãos de Wondow.
— Eu sei que sim, vida, quem sabe no futuro eu faça. — Yoongi descruzou os braços e afagou o joelho do namorado. — Mudando de assunto, será que Habon se mudou mesmo para fugir de Wondow? Ele perdeu a virgindade com o canalha, mas foi chutado em seguida. Só de pensar nisso, eu fico puto.
Quando aquela história chegou aos ouvidos de Hoseok, por um segundo, ele se sentiu culpado. O ex havia lhe procurado depois que o novato deixou a cidade, isso significava que Wondow usou o garoto depois que convenceu-se de que teria Hoseok em suas mãos. Era só estalar os dedos que o relacionamento deles renasceria.
— É possível que isso tenha acontecido. Não sei por que eu não deixei você pegar o safado de soco. Isso é uma coisa que arrependo amargamente.
Yoongi riu soprano.
— De certa forma você me livrou de ser expulso. Aliás, você acha que seu pai sabe da gente? Estou doido para pedir a benção dele. — Yoongi sorriu, virando o corpo na direção do namorado e reprimindo um sorriso. Estranhamente seus olhos brilhavam.
— Ele desconfia, mas ainda não estou preparado para contar a ele — disse Hoseok. — Espere só mais um pouco, senhor romântico.
— Vai no seu tempo, amor. — Yoongi tombou o corpo para frente e beijou a bochecha do Jung, afastando-se em seguida. — Temos todo o tempo do mundo.
Hoseok sentiu a bochecha esquentar e cravou os olhos na estrada. Apostava que sua expressão era de timidez e vergonha naquele momento, ainda não tinha se acostumado com toda aquela aproximação repentina do Min.
— Obrigado, amor!
O resto da viagem foi leve e silenciosa. Yoongi tirou um cochilo no banco do passageiro antes deles parar no posto de gasolina e revezar a direção do carro. Era importante que ambos estivessem descansados quando chegassem na pequena cidade.
As placas indicavam que tinham chegado no destino programado no GPS e a barriga de Hoseok deu pulo de nervoso. Não sabia como Habon os receberia, o garoto nem ao menos sabia da visita. Pensando agora, aquela ideia tinha sido péssima. Onde eu estava com a cabeça para aceitar essa loucura?
— Finalmente chegamos — Yoongi disse, freando o carro e olhando para os retrovisores, dirigindo em uma rua movimentada. — Tem certeza que a casa dele é uma das primeiras na Avenida principal?
— Sim, eu dei uma boa olhada na pasta dele e lá estava essa informação. — Hoseok levou a mão na boca e mordeu o resto de unha que tinha restado de um dos seus dedos. — Estamos indo no caminho certo. Está muito perto de nós nos encontrarmos com ele pessoalmente. Estou achando que ele mora em uma daquelas casas.
As casas a que Hoseok se referia eram todas iguais, construídas e pintadas todas da mesma forma. Um padrão podia ser percebido ali. Yoongi parou o carro na frente de uma delas, a que o mapa indicava, e olhou através da janela, Hoseok o seguiu.
— Quer ir primeiro ou eu posso fazer isso? — Yoongi perguntou, soltando o volante.
— Prefiro que você vá primeiro, não quero ser a primeira pessoa a entrar no campo de visão de Habon. Eu no lugar dele, acertaria um soco na minha cara e não quero ser recebido assim.
— Ele nunca faria isso.
Hoseok deu de ombros.
— Prefiro não arriscar. Aliás, faz o seguinte: bata na porta da casa dele e quando ele sair, você me chama.
Yoongi olhou nos olhos do namorado.
— Tudo bem. — Esticou e selou seus lábios em um selinho rápido. — Vai dar tudo certo.
Yoongi desceu do carro e caminhou para a porta da frente da casa de Habon. Hoseok balançou a cabeça e soltou o ar lentamente pela boca, sentindo-se um pouco sufocado. Não era simples estar ali depois de todas as coisas que Habon passou nas minhas mãos, mas agora eu estava tentando me redimir. Isso significa alguma coisa, né.
Hoseok viu a porta da casa de Habon abrindo-se e uma mulher saiu por ela. Tinha os cabelos tingidos de loiro e usava roupas comuns. Jeans rasgado e uma blusa lisa da cor branca. Ela e Yoongi trocaram algumas palavras antes do namorado sorrir e caminhar na direção do carro.
— O que aconteceu? — Hoseok perguntou quando Yoongi sentou no banco do motorista.
— Habon não estar. A mãe dele disse que o garoto está passando uma temporada na fazenda da Avó. Disse que ele não estava muito bem depois que voltou da cidade grande. Está bem deprimido e ninguém sabe o motivo.
Hoseok mordeu os lábios.
— Então Wondow tirou a virgindade dele e pulou fora. Filho da puta. — Fechou as mãos em punho. — Desgraçado.
— O que faremos agora?
— Podemos ir para casa e voltar aqui no outro fim de semana para encontrar ele. Ele precisa ouvir um pedido de desculpas vindo de mim.
Yoongi sorriu e estendeu a mão, segurando o rosto de Hoseok.
— Você está muito fofo, sabia. Obrigado por me ouvir. — Selou seus lábios. — Obrigado por deixar eu entrar em sua vida. — Outra sequência de beijos. — Obrigado por ser você.
Hoseok sorriu, afagando a mão de Yoongi.
— Por nada, amorzinho. Se você continuar dizendo isso, vou me apaixonar novamente por você. Te amo, tá?
Yoongi abriu a boca um tanto surpreso. Era a primeira vez que Hoseok usava aquelas palavrinhas.
— Você o quê?
— Isso mesmo que ouviu — Hoseok disse, desviando os olhos e dando de ombros.
— Repete de novo, por favor.
— Amo você!
— Também amo você, meu esquentadinho.
— Mas eu amo mais, senhor breguice. — Hoseok beijou Yoongi.
Trocaram carícias por alguns minutos, mas o filho do diretor logo se separou, não podia deixar as coisas esquentar daquela forma. Sabia que não tinha um controle perfeito. Acabaria sem roupas, gemendo e suspirando dentro daquele carro enquanto sua missão era apenas se desculpar com Habon.
Animados, os dois garotos voltaram para casa prometendo dirigir até a pequena cidade na semana que vem ou quantas vezes fosse necessário para falar com Habon. Hoseok não se importava, só de estar na companhia de Yoongi, sentia-se feliz e realizado. E para ele, isso bastava.
NOTAS:
E aí, o que acharam?
Me conte sobre o pensamento de vocês.
Obrigada por terem lido até aqui.
Beijos e nos vemos na fic: Um contrato nada profissional
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top