26: Um Momento Perfeito com Você

Notas Iniciais

Boa noite, coelhinh🤍s! Tudo bem com vocês? Estão se cuidando direitinho?

Eu demorei um mês e alguns dias para trazer essa atualização, dessa vez eu falo sendo sem vergonha mesmo hihi 🤭 porque desde os bloqueios e o hiatus, esse é o primeiro capítulo de mais de 16k de palavras! Meu ritmo para escrever é mais lento, mas prometo que vai valer a galinha inteira e não só a pena!

Obs. Confiem que essa autora ainda termina essa fanfic esse ano kkkkk

Se preparem porque tem muitas emoções aguardando vocês! Peguem os lencinhos e as garrafas de água!

Boa leitura! 🐰💐🐯

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"Estou tão afim de você que mal posso respirar

E tudo o que eu quero fazer é me jogar com tudo.

Mas perto não é o suficiente até cruzarmos a linha.

Mas amor, é assim que eu quero:

Um pouco menos de conversa

E um pouco mais de toque no meu corpo

Porque eu estou tão afim de você."

Into You - Ariana Grande

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O clima na delegacia era frio e silencioso. Jimin andava de um lado para o outro com os braços cruzados e a cauda alaranjada enrolada em sua perna direita. Estava angustiado observando as portas prateadas ao final do corredor — a atmosfera sombria causando enjoo — contando os minutos inacabáveis e procurando pelo mínimo ruído que denunciasse seu namorado voltando, para abraçá-lo fortemente transmitindo seu apoio.

Suas orelhas decoradas com brilhantes argolas douradas esticaram em direção às portas de aço outra vez algum tempo depois, essas abrindo e revelando o delegado e seu humano de cabeça baixa, andando com as mãos enfiadas no bolso — gesto que sabia ser para esconder o tremor de suas emoções misturadas e intensas o atingindo fisicamente — sua expressão carregando o cansaço e a respiração alta que conseguia ouvir ao longe, os feromônios de medo cercando sua estrutura. Seu coração se apertou ao vê-lo daquela forma.

— Yoonie... — Chamou em um miado baixo, abaixando as orelhas quando ele parou em sua frente inclinando o corpo até encostar a cabeça em seu peitoral, erguendo as mãos para abraçá-lo agarrando o tecido de sua camisa com força, sentindo pavor da ilusória possibilidade de ser tomado de seus braços a força e levado para longe.

— G-Gatão, eu quero ir embora...

— Claro, amor, vamos. — Entrelaçando seus dedos, o gatuno os guiou para além do corredor, obrigando-se a parar quando os policiais pigarrearam chamando suas atenções.

— Eles estão liberados. Boa sorte, rapaz. — O homem fardado anunciou com pesar, olhando para o Min com verdadeira compaixão camuflada em seu profissionalismo. Em seguida, virou em um segundo corredor desaparecendo de suas visões.

Os outros dois oficiais trocaram olhares sarristas antes de liberarem as catracas para que pudessem sair da baia.

— Cuidado híbrido... está namorando um cara que pode te vender em um mercado. — Riram um com o outro.

— Depois ficam pedindo a nossa ajuda.

Yoongi, que estava quieto até aquele momento, voltou alguns passos batendo as palmas suadas e trêmulas no mármore do balcão da recepção. Os policiais ajeitaram suas posturas, um cruzando os braços e o outro erguendo apenas uma sobrancelha.

— O que foi? — Perguntou um deles.

— Vocês não sabem de nada do que está acontecendo, então não tirem conclusões precipitadas! — O ser pálido tentou não perder a postura ética diante dos oficiais, porém, sua vontade era de atacá-los como um gato feroz.

— Falamos algo de errado que ofendeu você? — Eles se encararam brevemente, debochando. — O que você vai fazer, huh? — Um sorriso de canto se abriu no policial.

— Eu vou tirar esse sorrisinho da sua cara... mas não direi quando, vai ser uma surpresa.

Yoongi respirava erroneamente, raspando as polpas dos dedos pelo mármore, controlando todos os palavrões que queriam escapar de sua boca.

— Yoonie, vamos, por favor. — Saindo da bolha de raiva que havia se aprisionado, foi puxado pelo namorado até o lado de fora da delegacia rapidamente. — Não pode dar brechas para eles, vão usar o mínimo motivo para prenderem você, amor.

— Mas eles começaram!

— Não importa, poderia prejudicar a si mesmo. — Alcançaram o carro estacionado no outro lado da rua. — Não caia nas provocações, eles se acham por terem um cargo importante e estarem minimamente envolvidos em um caso grande como o nosso.

— Quando foi que você virou um adulto maduro? Cadê o gatão que nunca brigava comigo?

— Não estou brigando gatinho, estou apenas alertando sobre um perigo que encontrei vindo em sua direção.

— Está bem. — Variando a rotina deles, o mais pálido resmungou adiante: — Não estou me sentindo bem, você pode dirigir hoje? Por favor, gatão.

— Posso! Vamos embora.

Yoongi e Jimin permaneceram em um silêncio confortável durante todo o caminho até o apartamento luxuoso que compartilhavam, um tempo considerável devido o trânsito de fim de tarde ocasionando no mais velho ficar de olhos fechados refletindo, com os braços cruzados rente ao peitoral e um biquinho nos lábios, inconscientemente causando o sorriso compadecido e bobo do gatuno, esse estacionando o carro na vaga destinada a eles na garagem do prédio, virando-se para o seu passageiro favorito e ronronando ao farejar a bochecha pálida e quentinha.

— Chegamos, amor.

— Uhum... — O Min resmungou virando o rosto ainda de olhos fechados, resvalando seus narizes. — Estou magoado, amor.

O coração do Park se apertou dentro do peito.

— Não se preocupe com aqueles cuzões, eles vão ter que continuar as investigações porque não foi você o responsável pelo investimento e pronto.

— Você e os outros acreditam em mim, eles não.

— Sem querer defender, mas uma parcela mínima é porque eles precisam se comportar assim, amor.

Daquela vez Yoongi não ficou emburrado por ter sido contrariado, afinal, o namorado tinha razão. Mesmo que aquilo não anulasse sua mágoa, pois só conseguia pensar em todo o trabalho que havia feito até ali para estar sendo julgado.

— Fazia algum tempo que você não falava algum palavrão. — Sussurrou segundos depois do breve silêncio.

Riram baixinho.

— É influência da adorável convivência com o Ggukie. Ele já brigou comigo na ong por falar palavrão várias vezes.

— Dou todo meu apoio a ele, não pode falar mesmo.

— Desculpe.

— Tudo bem.

— Você está magoado... eu posso fazer uma jantinha especial para nós.

— Vai fazer filé de tilápia?

— Uhum!

— Estou super ansioso...

— Está sendo sarcástico, hyung!

— Não estou! Quero realmente comer tudo e te mostrar que eu amo sua comida.

— Você sabe que eu só sei cozinhar isso...

— E por isso eu vou amar! Amo todos os seus jantares especiais que são filés de tilápia.

— Bobo! — Corado de vergonha, Jimin mordeu levemente a mandíbula do mais velho.

Algumas horas mais tarde, a louça do jantar escorria limpa na segunda cuba da pia da cozinha, o cheiro de peixe mínimo e o casal se ajeitava para dormir. Yoongi começava a perder seu autocontrole, os olhos piscando lentamente devido o remédio que o ajudava a dormir, a boca soltando palavras desconexas enquanto era acolhido pelos braços fortes do híbrido.

— Já te disse que ninguém vai me tirar de você, amor. — O Park gostava de niná-lo sempre dando uma resposta para os milhões de pensamentos que rondavam a cabeça dele sem parar. — Se lembra que fomos à prefeitura e você assinou minha carta de adoção? É o meu dono.

— Não gosto dessa frase, gosto mais quando diz que você é o meu dono. Queria estar um pouquinho mais acordado para transar agora.

Jimin riu baixinho, realizando um cafuné gostoso nos fios claros.

— Amanhã nós resolvemos isso, pode dormir tranquilo.

— É... amanhã, amanhã eu vou precisar ir na ong, trabalhar no... no que mesmo?

— Não se preocupe, amanhã você vai se lembrar, confie em mim.

— Está bem. Daí eu vou... também na empresa resolver com o Tae... amanhã.

— Uhum... boa noite gatinho, eu te amo.

— Boa noite gatão, eu também te amo. Não se esqueça que amanhã nós vamos transar... na delegacia.

— Certo.

Rindo baixinho, o gatuno passou bons minutos garantindo o sono tranquilo do namorado, até perceber sua entrega com o corpo molinho e respiração calma. Ajeitando-o sobre a cama, beijou sua bochecha com carinho e pegou o celular apoiando as costas na cabeceira da cama, digitando uma breve mensagem no grupo de amigos avisando que estavam bem, da maneira intrusiva que o delegado tratou do depoimento que era a verdade e que Yoongi contaria com detalhes no outro dia sobre o parecer dele em relação ao descrédito que sentiam em suas palavras, no mesmo minuto todos apareceram preocupados, porém digitando mensagens encorajadoras e de completo apoio para o Min ler quando acordasse. Seu coração se aqueceu. Estavam todos unidos naquela grande causa.

Conseguindo aquietar seus pensamentos igualmente, deitou-se apagando a luz do abajur sobre sua mesa de cabeceira, aninhando o corpo ao do namorado dormindo rapidamente.

[...]

Alguns dias depois, os sons das gotículas de chuva surpreenderam a todos naquela manhã. Pelo menos aqueles que estavam acordados, dentro de suas rotinas disciplinadas em um domingo preguiçoso e encalorado, entrando em equilíbrio com as nuvens cinzentas carregadas de água.

Entretanto, aquele não era o caso dos moradores da mansão Kim Imperial.

Jeongguk respirou profundamente remexendo as orelhas extensas e felpudas, despertando devagar colando ainda mais seu corpo no grandão e forte do príncipe, escondendo o rosto no pescoço dourado. A fonte com o cheiro de morango emanando junto com o calor da pele deixando-o com preguiça, porém, uma fisgada na bexiga o fez resmungar desgostoso, precisava se levantar para ir ao banheiro.

Abrindo os olhos após se afastar de Taehyung, primeiramente checou seu sono, sorrindo para a forma fofa como ele se moveu na cama, formando um biquinho nos lábios jogando o braço direito dobrado por cima dos olhos — completamente à vontade — e o braço esquerdo que lhe servia de travesseiro permaneceu no mesmo lugar, esperando por si.

Ao se levantar, pegou seu celular sobre a mesa de cabeceira e acendeu a tela conferindo as horas, as pálpebras inchadinhas de sono ajudando a compor a expressão cansada por ter acordado algumas horas antes do seu habitual.

Lentamente caminhou para o banheiro da suíte, satisfazendo sua necessidade e saindo após lavar as mãos e jogar um pouco de água no rosto, sentindo o frescor cobrindo o clima de mormaço ao seu redor. Tentando pensar com seus nozinhos ainda dormentes, parou em frente a enorme cama de casal outra vez e no mesmo segundo arregalou os olhos para um príncipe dormindo sereno com a camisa do pijama levemente erguida, exposto pelo pedaço do cobertor que ele empurrou para longe.

O rabinho pomposo se eletrizou. Novamente o garoto coelho estava tendo a oportunidade de ver a pele quente, macia e morena, encontrando suaves linhas de músculos naturais e o umbigo seguido por uma trilha de pelos escuros que escondiam-se a partir do cós do calção.

Chacoalhou a cabeça, repreendendo seus nozinhos sem vergonhas, por ter gostado do que estava vendo, por sentir vontade de tocar com as mãos e com o rosto para descobrir se aquele pedaço de pele também tinha cheiro de morango. Chacoalhou a cabeça novamente, tentando controlar a temperatura elevando até a altura das maçãs de seu rosto, de repente se sentindo culpado por estar pensando naquelas coisas estranhas que mexiam com seu próprio corpo e que o Kim sequer deveria pensar igual.

Porém, a sugestão de matutar mais sobre aquilo trouxe um biquinho pensativo em seus lábios, afinal, seu príncipe estava o ajudando a descobrir novos jeitos de beijar e havia tocado em sua cintura da última vez, questionou então se aquele gesto poderia significar que ele também estivesse tentando imaginar como era o seu corpo por debaixo da roupa. Não era errado pensar sobre aquilo.

Erguendo o pijama largo e confortável que vestia, observou o próprio tronco. Sua pele era pálida, mas também macia e quente, sem mais nenhuma marca ou cor feia o cobrindo, seu umbigo e o caminho semelhante de pelos — os próprios sendo brancos como a pelagem do seu lado coelho — seguiam para baixo se guardando dentro de seu calção, de onde tinha lembranças das sensações estranhas que sentiu enquanto os dedos delgados acariciavam sua pele.

Ficou estático por bons segundos e ao ter conseguido sair do transe, abaixou a camiseta esticando-a o quanto pode para baixo em um ato desesperado. Jeongguk soltou a respiração presa sentindo a aceleração duplicar em seu coração, aqueles pensamentos não deveriam ocorrer, seus olhos já haviam voltado a coloração normal e seu coelho interno estava finalmente sossegado. Ou era o que pensava. A verdade, era que não sabia mais o que estava pensando, apenas sentia uma grande vontade de satisfazer seus desejos com Taehyung, o que causava aqueles nozinhos grandes e bochechas coradas.

Envergonhado, deixou o quarto refugiando-se no defronte — onde já dormiu sozinho durante muitas noites — e sentou sobre a cama macia e bem arrumada, observando suas coisas pessoais em cada cantinho específico, guardadas com carinho pelo tamanho da sua gratidão aos humanos que amava.

A palavra em pensamentos adoçou seus lábios e abriu um sorriso largo. Sim, ele amava seus humanos.

Encontrou então o boneco articulado do Homem de Ferro, que permanecia sentado sobre seu móvel de cabeceira e o trouxe para suas mãos, brincando com seus bracinhos e pernas por alguns minutos.

— Desculpa ter te deixado abandonado... — Apoiou o boneco deitado com as articulações esticadas em suas mãos, como se fossem uma cama, enquanto falava: — mas é que meus nozinhos de pensamentos estão bagunçados, é uma sensação boa dessa vez, só prefiro que não veja algumas coisas... — Seus pés descalços se moveram inquietos, as bochechas flamejantes. — eu quero satisfazer meus desejos com o TaeTae, por isso é melhor você ficar aqui, temos um combinado, Tony hyung?

Riu para si próprio de forma nervosa, devolvendo o presente que havia ganhado do príncipe no lugar de antes e se levantou para esticar o corpo bocejando, indício de que ainda estava com sono e sendo a desculpa perfeita para afastar seus últimos pensamentos acerca do homem bonito dormindo na cama do outro quarto. Preguiçoso, voltou o caminho e fechou aquela porta atrás de si, atravessou o corredor e procurou automaticamente pelo aconchego dos braços do príncipe, voltando a dormir quase instantaneamente infiltrando o nariz redondinho no pescoço dele outra vez.

Mais tarde, dedos entrelaçando os fios de sua nuca em um carinho gostoso despertaram-o apenas para que conseguisse apreciar, retribuindo com seu nariz resvalando na pele arrepiada e dourada com carinho igualmente. Um riso rouco se fez presente, arrepiando os pelos de suas orelhas molinhas sobre o braço dele.

— Bom dia, meu anjo.

Passou alguns segundos sem responder, abrindo os olhos ainda na mesma posição, sentindo ele jogar uma das pernas sobre as suas e descer uma das mãos para suas costas, o derretendo com o carinho de sobe e desce por cima da camiseta.

Taehyung o deixava tão à vontade, queria beijá-lo.

— Bom dia, meu príncipe.

Saudou com manha, permanecendo grudado nele.

— Dormiu bem?

— Uhum... e o hyung?

— Também.

Tornaram a ficar em silêncio por alguns minutos, trocando carinhos singelos parecendo competir qual dos dois conseguia se grudar mais um no outro.

— Vamos levantar? — Tae riu com vontade ao ter o rosto do outro afundando contra seu pescoço em negação. — Qual a sua condição para levantar então? Hum? — Aproveitando a distração dele e sem esperar pela resposta, arrastou as mãos para a barriguinha escondida pelo pijama, causando cócegas que fizeram Jeongguk se afastar de si para se contorcer e tentar escapar, gargalhando.

— N-Não, TaeTae! Para!

— Não vai se levantar?

— Eu vou, eu vou!

— Muito bem, pequeno. — Sorriu triunfante, cessando as cócegas voltando a abraçá-lo.

— Mas o hyung perguntou qual era a minha condição primeiro...

— E qual é? — O sorriso se tornou grande encarando diretamente os olhos novamente da cor de jabuticaba, lindos e brilhantes, porém também sapecas e pidões.

— Quero um... beijinho!

Prontamente se erguendo sobre as mãos, o Kim inclinou em direção ao anjo, distribuindo um selar casto em sua testa sobre os fios negros compridos o suficiente para cobrir os olhos do dono em cachos bonitos.

— Assim? — Beijou outra vez, na bochecha rósea e quentinha pelo sono de antes. — Ou assim? — Selou a outra bochecha. — Ou assim? — O alvo foi o queixo. — Ou... assim? — Selou seus lábios por fim, comprimindo os olhos, surpreendido, quando teve a nuca segurada pelas mãos de Ggukie e o beijo retribuído.

Trocaram o carinho sem línguas, apenas encontrando a maciez das bocas lentamente. Tae se afastou com alguns selinhos, rindo baixinho ao abrir os olhos e encontrar seu pequeno ainda de olhos fechados e um biquinho nos lábios.

— Prontinho, agora vamos levantar!

A contra gosto, Jeongguk se arrastou para a borda da cama, se levantando e separando do príncipe — menos preguiçoso que o habitual — para fazer suas higienes e trocar de roupa em seu quarto particular, ainda sentindo os lábios formigarem pela sensação do beijo e ansiando por mais, obrigando-se a ficar satisfeito por aquele momento.

Naquele domingo, preferiram passar o dia grudadinhos no sofá assistindo bons filmes, protegidos da chuva do lado de fora. Taehyung desejava ser a melhor companhia que pudesse para seu anjo se distrair de toda a pressão ao redor e esse tentava fazer o mesmo para cuidar do príncipe que chegava em casa cansado e carente, como si próprio. Somente no final da tarde, reunindo-se em uma chamada de vídeo com os hyungs, conversaram e planejaram tudo o que iriam fazer durante a próxima semana em relação às investigações e mídias os cercando. O moreno ficou feliz até certo ponto por ter participado e visto com seus próprios olhos que Yoongi mantinha-se tranquilo e confiante de que iria conseguir provar sua inocência para a polícia ao encontrar uma nota fiscal de fornecedores da ong que ele próprio assinou a punho, na mesma data, em um lugar diferente afastado do centro da cidade e com um horário bem próximo da aprovação da transferência, demonstrando que ele não se encontrava na empresa para ter autorizado aquele movimento. Seokjin e Namjoon também conseguiram uma avaliação imediata de solicitação para a polícia impedir que as cartas de adoção fossem usadas enquanto as investigações ocorriam, Hoseok seguia tentando um retorno positivo do Juiz Kim Youngchul e provas que acelerassem todo o processo criminal, Jimin se mantinha forte na ong administrando tudo para que não faltassem remédios e comida para os híbridos até que fossem liberados para usar o dinheiro do banco novamente. Precisavam manter tudo aquilo enquanto ainda eram obrigados a esperar por respostas oficiais.

A segunda-feira chegou ferozmente, tanto o príncipe como os hyungs voltaram às atividades e a luta contra o tempo para que as investigações fossem concluídas e as coisas se resolvessem. Na propriedade luxuosa, Byeol noona era uma boa companhia, mas a preocupação com os outros e a carência pelo toque íntimo do casal apaixonado aumentou, causando acelerações constantes no peito agitado do moreno e um biquinho magoado em seus lábios enquanto observava as fotos que tiraram juntos na piscina, lembrando das formas, da cor, da composição de suas mãos tocando a pele bonita e molhada do príncipe.

Aquele foi um ótimo assunto para pensar e se distrair, pois Jeongguk ficou profundamente perdido em seus nozinhos, não reparando no momento em que a mais velha passou por si soltando uma risadinha ao ver o que estava fazendo — a diferença de altura por ter permanecido sentado no tapete felpudo e escorado no imenso sofá, permitindo inocentemente que ela visse a tela acesa — e abrindo a porta para recepcionar a panda psicóloga, gesto que o próprio adorava fazer e que não estava tão atento daquela vez, alheio na rápida conversa e cumprimento entre elas.

— Bom dia, Ggukie!

Erguendo o rosto com os olhos arregalados ao ouvir a voz leve e calma, ele se levantou em um pulo deixando o celular sobre o estofado de cor clara, arrancando uma risadinha das mulheres mais velhas e um sinal a mais de noona, dizendo-lhe que não precisava se preocupar, deixando o cômodo inteiro para eles ao seguir pelo corredor em direção ao sul da casa.

— Bom dia, Hyubi noona! Eu estava distraído, desculpe!

— Está tudo bem, afinal, fugimos da rotina hoje, não é? — Se sentaram em seguida, separados por uma divisória de assento do sofá. — A verdade é que eu fiquei feliz por ter recebido uma mensagem sua, sejam os problemas ou não, tem se destacado nas suas atividades e nossas sessões diminuíram bem.

— Sim, o Tae hyung também falou que eu podia ficar à vontade para conversar com a noona quando precisasse, adiantando as sessões já marcadas para esse mês.

— Ótimo! Eu confesso que pensei muito em você e nos outros pacientes nas últimas semanas, não sei se tive a oportunidade de compartilhar, mas todos são híbridos e ter conhecimento do que está acontecendo com a nossa espécie é devastador...

Jeongguk se remexeu sobre o estofado, o corpo tensionado pela direta ligação dos últimos acontecimentos com o nome do príncipe que a contratou para ajudá-lo a entender e superar seus nozinhos de pensamentos.

— Mas a noona não acredita que o meu humano possa realmente ter feito o que as acusações dizem, não é?

— Depois daquela audiência que nos deixou à beira da liberdade? Eu acredito que seu humano possa ter caído em mãos erradas. Esse tipo de imoralidade para atrasar grandes eventos sociais acontece com mais frequência do que percebemos.

— Eu concordo! — O coração naturalmente acelerado pareceu se acalmar diante das sábias palavras dela. — O príncipe disse que as coisas vão se resolver logo, eu acredito nele!

A agitação do híbrido de coelho era tamanha que ele não percebeu as palavras escapando de suas boca e arrancando uma risadinha da panda, que remexeu as orelhas redondinhas e negras.

— Eu também. — Ela abriu seu caderno de anotações e apertou o botão fazendo a ponta da caneta prata surgir. O barulhinho familiar que Ggukie escutava quando ela começava a anotar sobre seu desenvolvimento. — Então, quer começar a contar sobre as semanas depois da nossa última sessão?

— Sim! — Ele deu um pulinho sobre o sofá, descansando as mãos sobre os joelhos, estreitando os olhos brevemente para se lembrar exatamente o que gostaria de começar a contar até o momento atual. — Alguns dias depois da nossa conversa, conversei com o Jiminie e Baek hyungs, eles me deram muitos conselhos bons sobre as... minhas vontades de atração física pelo TaeTae. — Suas bochechas coloriram-se de vermelho. — Mas depois eu conto melhor dessa parte, o que realmente foi importante nesse dia aconteceu quando os hyungs me levaram junto para assistir a primeira audiência, o Juiz era um híbrido de coelho branco! Eu me senti tão diferente e especial por ser da mesma espécie que ele, noona, que muitos nozinhos desapareceram, porque eu entendi que poderia fazer o que desejasse para ajudar o nosso povo e é na ong que eu me encaixo — O sorriso de coelhinho se abriu, feliz com as doces lembranças. — E dei o meu melhor desde então!

— Com certeza esse trabalho ajuda e muito a desenvolver sua empatia e também a si próprio, como me disse, está dando o seu melhor.

— Obrigado, Hyubi noona. — Também gostava de conversar com a híbrido, pois mesmo com todo o profissionalismo, ela era uma ótima amiga. — Vários híbridos haviam sido resgatados e precisavam de tantos cuidados... eles confiaram em mim para cuidar deles, me senti capaz de ir além do que achava que conseguia. Nesse dia, eu tive a mesma coragem e cuidado para declarar meus sentimentos para o hyung e pensei em todas as coisas boas, em todas as atividades que me passou, nos conselhos dos hyungs, no que eu queria para mim e beijei ele! Não senti medo, não senti nada ruim, só coisas boas e outros nozinhos desapareceram, era como se ele estivesse apagando as lembranças tristes e assustadoras e fosse as substituindo por novas e boas, então dei mais um pulinho, noona. — Apesar da risadinha sapeca, seus olhos redondos e curiosos observavam com cautela se ela havia anotado aquela nova evolução em sua folha. Queria orgulhá-la por saber que seus conselhos o ajudaram.

— Isso é ótimo, Jeonggukie! E como você descreveria essa nova fase do relacionamento com o seu hyung?

— Pode ser somado com tudo o que acontece à nossa volta?

— Pode sim, é melhor ainda.

— Hum... — Ele ficou pensando por alguns segundos. — eu descreveria como uma gangorra.

— Uma gangorra? Qual o significado dela para você?

— Sim. Ela vai para cima e vai para baixo, dificilmente se equilibra por ter pesos diferentes na maioria das vezes em cada lado, mas independente de qual ela vá, podem demonstrar sentimentos bons e ruins ao mesmo tempo. Penso que estar do lado mais baixo, não precise ser por algo ruim e estar do lado mais alto não precise ser algo bom, porque o príncipe e eu estávamos do lado de cima e era por sentimentos bons, então com o que aconteceu recentemente, nós caímos e por sentimentos ruins conversamos bastante para que aquilo tudo não afetasse o nosso amor. Ele escondeu tudo o que aconteceu sobre os investimentos no mercado de híbridos e eu fiquei sabendo pela televisão, do meu lado da gangorra, senti como se o hyung não confiasse em mim e não percebesse a minha força para enfrentar a situação, e do lado dele, estava tentando me proteger e não decepcionar. Quando nos resolvemos, continuamos do lado baixo da gangorra, mas ter um ao outro facilitou muito para o que veio depois, trouxe sentimentos bons para a gangorra, mesmo com a mídia invadindo a empresa e as ongs, com tutores tentando tomar posse dos híbridos e de cartas de adoção surgindo violentamente, além das investigações e palavras duras que ouvimos. Por causa disso, Namjoon hyung disse que era melhor eu não correr o risco de ser exposto, pois não temos certeza se... o-o meu antigo tutor tem uma carta de adoção também, fiquei muito triste porque não pude mais ir a empresa, ou a ong e a gangorra estava descendo ainda mais, tanto que as atividades de pensamento não funcionavam todas às vezes, noona.

— Entendi o seu raciocínio e como funciona com as emoções que o circundam, mas como você lidou com essa mudança radical na sua rotina?

— Eu tentei fazer novamente algumas atividades, como fazia antes de começar a frequentar a ong, mas não surtiam efeito, porque não eram mais os mesmos sentimentos. Tentei ficar mais próximo da noona e me distrair assistindo doramas com ela, mas não conseguia parar de pensar, questionando de novo se eu era forte o bastante para impulsionar a gangorra para cima. Eu consegui depois de fazer um ninho pela primeira vez, no começo eu não entendi porque meu lado coelho havia dominado meu lado humano e me guiado, no fim das contas, fiquei quatro dias resolvendo tudo isso internamente, até lembranças muito antigas, que me ajudaram a pedir desculpas a mim mesmo por ter sido duro e exigido demais da maturidade que tive desde o vazamento nas mídias, desde a pequena melhora que tive e quis acelerar o processo para que não precisasse mais fugir do medo, e também consegui me desculpar por ter culpado a minha existência, a espécie e o meu corpo por tudo o que já aconteceu no passado. No ninho, eu tive a chance de evoluir mais um pouquinho e acordei renovado e ainda mais forte.

— Um ninho é essencial para nós, fico feliz que tenha feito um para descansar e refletir sobre os últimos acontecimentos. E a sua gangorra hoje, de que lado está?

— Ainda estou embaixo, tem coisas que não estão resolvidas e deixam eu e o hyung tristes, mas tem sentimentos bons misturados, nós tentamos passar mais tempo juntos e tenho satisfeito algumas vontades... c-com ele. — O sorriso da panda seguia sereno, mas não impediu o moreno de esconder brevemente o rosto com as mãos. — Estou sentindo novas e estranhas sensações quando nos tocamos, isso tem colaborado para esquecer um pouco do resto.

— Sei que seu hyung quer te proteger, mas pode dizer a ele quando não se sentir bem em ficar somente em casa.

— Estou tomando coragem para falar com ele sobre isso, noona.

— Mas outro fator importante é que em alguns momentos pode ser até bom ficar em casa, até mesmo eu notei que seu cheiro está mais forte que da última vez que nos vimos... seu cio está próximo, não está?

De olhinhos arregalados, o moreno grudou a lombar no braço do sofá ao ter tentado se afastar o máximo que conseguiu da panda, não por ela ter lhe dito aquilo, mas por não querer incomodá-la, em vista que era uma híbrido também recessiva e atada a alguém.

— N-Não sei ao certo noona, passei alguns anos sem um cio natural.

— Compreendo, então também é urgente uma visita ao médico, pois cios naturais depois de um tempo controlados com medicação podem ser mais fortes e doloridos.

— S-Sim.

— Não quis te deixar desconfortável, me desculpe.

— Está tudo bem... e-eu tenho aproveitado para me acostumar com as sensações dessa atração para um futuro cio que passarei inconsciente...

— Tem medo?

— Muito. — Foi sincero. — Eu sei que o TaeTae nunca iria me machucar, mas e se eu não superei esses nós enraizados nas minhas lembranças e doer muito mais no coração do que no corpo?

— Continue trabalhando seus desejos sexuais e quando chegar a hora, terá confiança. Vai ver que o medo nem vai aparecer.

— Tudo bem, noona. — Um sorriso tranquilo se abriu. Após toda aquela conversa, seu corpo todo se tornou leve outra vez. — Na verdade, o que mais me assustou sobre esse assunto foi o Jiminie dizendo que posso conceber um filhote durante o cio.

— Ele disse a verdade, é um risco inevitável... meus três filhotes foram concebidos nessa época. — Jeongguk suspirou de forma pesada, as mãos suando apertando uma a outra. — Mas você também pode conversar sobre isso com o seu humano e se prepararem para esse momento juntos, certo? — Assentiu diversas vezes, arrancando uma risadinha dela. — E o que você quer nesse momento?

— Quero voltar a sair de casa, apoiar e ajudar meus hyungs e conversar com o príncipe sobre tudo isso, para não o deixar no escuro em relação ao que sinto.

— Esse é um ótimo impulso para cima na sua gangorra, Jeonggukie! Também reforço que pratique e conheça novos prazeres da vida que irão te ajudar a se desenvolver.

— Pode deixar, Hyubi noona!

Os amigos conversaram durante bons minutos a mais quando a panda precisou se despedir, o deixando com novas atividades e customizando outras para seu raciocínio da gangorra, prometendo contar como estaria seu progresso se conseguisse desenvolvê-las até a próxima sessão.

Ao fechar a porta de entrada, Jeongguk pegou seu celular e pulou alguns degraus da escada chegando rapidamente no segundo andar, após observar pelas portas de vidro da sala que noona estava distraída o bastante com sua bela hortinha e não viria procurá-lo tão cedo. Escondendo-se no closet do príncipe, iniciou uma importante busca por informações sobre cios e filhotes.

[...]

Para os garotos preocupados com o progresso da polícia e os resultados negativos que atritaram principalmente contra Yoongi, por receber uma nova intimação para depor em sua defesa na delegacia, por causa da possibilidade de desconfiança do horário da nota fiscal, a semana se passou em um piscar de olhos. Jeongguk se esforçava para não parecer deprimido, por não conseguir conversar com o príncipe sobre o que estava sentindo ao ficar somente em casa e sobre a probabilidade de seu cio estar próximo o bastante para necessitar da atenção dele, porém, às vezes era inevitável as orelhas baixas e o biquinho nos lábios, somado a vê-lo chegar cansado lhe contando sobre a falta de compromisso dos oficiais em acelerar os processos, o fazendo adiar aquele momento. Também o preocupava as consequências que em breve começariam a aparecer, injustamente acertando seu povo primeiro.

— Meu anjo? — Taehyung o chamou, deixando de digitar em seu computador. O peito apertado ouvindo os suspiros tristes misturados aos seus próprios, sinalizando que o que estava errado eram as palavras silenciosas que precisavam colocar para fora.

Ambos permaneciam sentados lado a lado na mesa do escritório — na propriedade Kim — e seria mentira concordarem que o silêncio era em prol da concentração. O garoto coelho queria ajudar, e a pedido do Min, buscava alguns documentos importantes para provar sua inocência, pois o próprio ficava nervoso e com um intenso mal estar ao ser obrigado a repetir as mesmas palavras para o delegado, ouvindo questionamentos céticos e desinteressados deles em colaborar para o caso.

— Sim, hyung? — Os olhos negros desviaram da tela do segundo computador, fechando mais um documento que não encaixava com o ocorrido, encontrando os de mel parecendo conter um brilho melancólico e desesperado.

— Eu estava pensando em uma coisa... nós podemos conversar?

— Sim! — Aceitando a mão estendida para si, deixou o mais velho os guiar até o sofá de couro, sentou-se o mais próximo possível relaxando com o calor do humano mesclando ao seu próprio. — O que estava pensando, hyung?

— Eu sei que essas duas semanas foram complicadas para você, queria que me contasse como se sente, Ggukie. — Os olhos negros desviaram de si, encarando o chão de forma incerta com o corpo se encolhendo brevemente. Com carinho, Taehyung segurou o queixo do anjo chamando sua atenção para seus olhos novamente. — Não sabe como o meu coração dói em ver você querendo falar e alguma coisa te impedindo. — Os lábios vermelhinhos se repartiram em surpresa e sua reação foi abrir um sorriso tranquilizador para ele, pensando em como o incentivaria a falar. Estava o conhecendo tão bem, cada reação sua e cada resposta que deveria oferecer para conversarem. — Conta para o seu príncipe...

Jeongguk suspirou, apreciando o carinho dos dedos quentinhos em sua pele, passeando pela bochecha e permanecendo ali. Seu amor estava sorrindo esperando pacientemente por sua resposta, demonstrando tanto carinho que derreteu todos os seus nozinhos inseguros.

— Eu conversei com a Hyubi noona e ela me ajudou a organizar o que eu quero conversar com o hyung, mas não quero complicar ainda mais as coisas.

Arregalando os olhinhos, foi surpreendido com as mãos delgadas contornando suas costas e o corpo quente o puxando para seu aconchego. Taehyung os escorou no estofado gelado, o abraçando com ternura.

— Você jamais vai complicar coisa alguma! Pelo contrário, é o homem mais importante da nossa equipe! Pode falar quando estiver à vontade, querido.

Ggukie soltou uma risadinha diante de sua fala, descansando a cabeça em seu ombro e encontrou um fio escapando da gola da blusa que ele usava, capturou-o com as polpas dos dedos para brincar enquanto escolhia as palavras certas para falar ao príncipe.

— Eu entendo que o Namjoon hyung sugeriu isso para que eu ficasse protegido... e o Jiminie hyung também me contou que há tutores ligando e indo a todo momento nas ongs tentando tirar os híbridos resgatados de lá, m-mas não sinto mais a mesma coisa ficando somente em casa, príncipe...

— Eu sei... — Taehyung distribuía carinhos pelas suas costas cobertas por uma blusa semelhante. — E pretendo alinhar isso com ele, porque também não acho certo, ora essa... o meu homem, o meu orgulho, sem poder cuidar das vidas especiais da ong? Tsc...

Envergonhado, Jeongguk permaneceu quietinho brincando com o fio de lã, matutando as palavras dele em sua cabeça. Sorriu exibindo os dentinhos de coelho. Adorava ser o seu homem e seu orgulho.

— Ao mesmo tempo, eu entendo o posicionamento do primo... mas só alguns dias na semana já são suficientes, não quero perder minha liberdade, hyung.

Aquelas palavras atingiram o Kim diretamente no coração, com um soco que o deixaria dolorido e cheio de hematomas.

— G-Ggukie eu...

— Não! N-Não que eu me sinta preso... eu quis dizer q-que... — Um suspiro longo e triste escapou do mais novo. — De qualquer forma eu não sou livre ainda, príncipe. — Preferiu ser sincero.

— Eu te prometo que será comprovada a sua liberdade muito em breve, meu anjo. — Eles se aconchegaram ainda mais um no outro, esquecendo-se de suas atividades anteriores. — Vamos ver se o Jimin hyung topa arriscar algumas orientações dos primos. — Tae riu de forma sapeca.

— Com certeza o hyung topa! Ele é um gatinho sapeca.

— Certo! Não precisa mais se preocupar com isso então, Ggukie!

— Obrigado, hyung.

— E quanto a conversa com a psicóloga? Foi boa? No que mais ela te ajudou?

— A noona disse que eu preciso continuar praticando minhas atividades de conhecimento, então o hyung tem que me ajudar. — O coelho respondeu confiante, deixando de lado o assunto sobre seu cio até que pudesse pedir para o híbrido de onça o examinar e ajudar a entender os sintomas estranhos atingindo seu corpo.

— Não precisa pedir duas vezes! No que posso ser útil, vossa majestade?

Uma risadinha escapou do moreno. O príncipe parecia levar a sério o dorama que criaram juntos.

— Deve ser bonzinho e me dar um beijo!

— Vou fazer melhor que isso — Um curto silêncio se instalou entre eles, para Ggukie carregando a expectativa das palavras que viriam a seguir, para o Kim, o nervosismo passeando por toda a sua estrutura. — E-Estava pensando... você quer ir em um encontro comigo, Ggukie?

As orelhas brancas dançaram alegres e o moreno se desvencilhou de seu abraço para encontrar seus olhares, observando o do príncipe cheio de estrelas divertidas.

— Como? Um date?

Outra onda de silêncio os acompanhou. Taehyung não sabia como reagir a tamanha fofura de seu amor, pois adorava vê-lo descobrindo coisas novas.

— Sim! Sim, um date! Eu e você em um date, é!

— Eu adoraria, hyung! Quando vamos?

— Hoje mesmo! Agora são seis e pouco da tarde... — Ele conferiu o relógio de pulso brevemente. — ótimo horário para um date.

— Mas e os nossos trabalhos?

— Topa fugir deles por essa noite?

— Topo! — As bochechas do coelho foram coloridas de vermelho pela temperatura que a emoção contente trouxe. Levantando em um pulo, ele apressou o passo até a mesa do escritório, pegou seu celular voltando o caminho até passar pelo príncipe e parar na porta aberta do cômodo. — Eu vou fazer uma ligação importante, hyung! Nos vemos daqui a pouco então!

Saltitante, o moreno deixou o príncipe sozinho, esse que negou várias vezes com a cabeça sorrindo de orelha à orelha.

— Aiai, meu amor...

Ele estava tão entregue e conhecendo como era o amor com seu coelhinho, que conseguia até mesmo captar nas entrelinhas para quem seria aquela ligação. Sendo parecido com ele e não querendo ficar para trás, se levantou e desligou os computadores, pegou o próprio celular e teclou os números do contato de seu melhor amigo, queria aproveitar para conversar e distraí-lo um pouco dos últimos acontecimentos.

Em seu quarto pessoal, o moreno andava de um lado para o outro com o aparelho segurado com firmeza em suas mãos úmidas de suor, encarando a tela com expectativas esperando seu hyung gatinho o atender.

— Jiminie hyung! — Chamou animado assim que viu o rosto do alaranjado surgir na tela.

— Oi, Ggukie! Do que precisa? — Apenas por ouvir o namorado atendendo outra ligação recepcionando o Kim, Jimin abriu um sorriso sugestivo, afinal, seu amigo não teria outro motivo para ligar depois de tantas horas trabalhando juntos de forma remota, se não fosse uma ocasião especial.

— Preciso de ajuda com algo muito importante, hyung! TaeTae e eu vamos em um date!

— Oh! Isso é um caso para o gatão aqui! Vá direto para o closet, coelhinho, vamos te transformar em um galã de dorama!

Bons minutos depois de desligar, de um banho rápido e o perfume de baunilha que harmonizava com seus feromônios naturais, Jeongguk ajeitava a roupa escolhida com a ajuda do seu hyung gatinho sorrindo para sua imagem no espelho, se sentindo bonito. Secretamente esperava atrair seu hyung para criar uma conexão de parceiro para a vida, gesto que gritava em seus instintos de coelhinho.

Preparado, guardou seus documentos e celular de forma segura no bolso interno da jaqueta jeans preta, conferindo uma última vez sua imagem antes de deixar o closet em direção ao andar de baixo.

Taehyung andava de um lado para o outro próximo da porta de entrada, segurando sua mania de bagunçar os cabelos para não estragar o penteado que sua noona havia arrumado por fim, depois das dicas de Yoongi e muitas risadas para que continuasse sendo um bom amigo sarrista. Ao final sorriu, queria fazê-lo se sentir bem.

— Hyung...

Ao se virar para ele, seus olhos se arregalaram e os lábios entreabriram deixando os últimos resquícios de ar escaparem. Seu anjo tinha metade dos cabelos amarrados, deixando a franja cacheada caindo de forma charmosa sobre os olhos, vestindo uma camisa preta lisa e a jaqueta jeans por cima, a calça também preta, levemente colada em suas coxas e completando sua combinação, botas de couro nos pés lhe dando alguns centímetros de altura devido a plataforma.

Era lindo. Não, seria pouco dizer somente aquilo, ele era perfeito. Extraordinário. Ele era autêntico, tão adorável e belo que acertou diretamente seu coração. Ficou parado com os braços caídos, admirando-o.

O moreno não estava diferente, seus olhos ônix passeavam por todo o corpo do homem grandão e bonito, usando uma camisa branca, terno caramelo elegante, um par de sapatos sociais, como ele próprio gostava de se vestir habitualmente, mas aquele conjunto parecia novo e tão ajeitado nele que não poderia servir em nenhuma outra pessoa. Estava um príncipe fascinante. Bonitão.

Será que ele havia se preparado especialmente para si também? Para tratar a noite como o entrelace de sua parceria de vida?

Seu pé direito passou a bater freneticamente contra o chão.

— Você está... deslumbrante, querido.

O apelido tão carinhoso e somente dele em sua direção o derretia.

— E você está bonitão, príncipe! — Seus dentinhos avantajados surgiram, não contendo o risinho que escapou quando viu as bochechas douradas corarem fortemente.

— Obrigado! E-Então, vamos?

— Sim!

Da porta, eles gritaram em despedida para a senhora de meia idade que fingia não estar espionando seus meninos da cozinha, desejando a eles de volta um ótimo passeio. Na garagem, Taehyung abriu a porta do carro fechando em seguida quando seu anjo se acomodou no banco do passageiro, dando a volta rapidamente o imitando no banco de motorista, guiando o carro para além dos portões da propriedade. Ambos sem conseguir controlar os sorrisos nos rostos.

— Onde vamos?

— É uma surpresa, mas eu tenho certeza de que você vai gostar!

Ansioso, o garoto coelho tentou se distrair com as luzes bonitas das ruas a noite, as músicas no rádio e a voz grossa cantarolando baixinho, chamando sua atenção para ele várias vezes durante o trajeto que fizeram, reparando outra vez em como a beleza seria explicada facilmente se fosse utilizada a imagem dele.

Entretanto, quando chegaram em frente ao estabelecimento grandioso e bonito, um prédio alto com a placa indicando um restaurante cinco estrelas, as luzes estavam apagadas e as portas fechadas.

— Que estranho... no site indicava que estava aberto. — O cenho franzido no rosto de repente sério, combinando com os cabelos perfeitamente penteados para trás, deixavam o coelho com nozinhos eufóricos desejando beijá-lo. Precisava segurar seus pensamentos.

— Que pena, hyung! Como era esse lugar que queria me mostrar?

— Ah... meu anjo, era um restaurante que tinha um lugar especial no terraço, poderíamos jantar e assistir às luzes naturais da noite.

— Eu com certeza já amei... mas podemos tentar vir outro dia!

— Sem problemas? — Jeongguk concordou. — Combinando!

— Para onde vamos em nosso date agora?

— Hum... não faço ideia, não pensei em um plano extra, me desculpe. — Tae apoiou a testa no volante.

— Não fique preocupado, príncipe, o momento mais importante do nosso date é se pudermos estar juntos!

— Tem razão!

Olhando além do homem bonito e da janela, Jeongguk avistou luzes coloridas em uma roda gigante, fazendo seus olhos reduzirem o brilho dela, fissurado pela beleza do lugar.

— Como é lá? O hyung conhece?

Taehyung acompanhou seu olhar, sorrindo abobado com a possível e doce sugestão do lugar para um date perfeito.

— É um parque cheio de brinquedos, uns radicais, outros mais suaves. Você quer ir lá?

Somente a expressão brilhante e o sorriso largo foram a resposta que ele precisava.

— Quero!

— Então vamos.

O trânsito para um final de semana e a distância não comprometeram o date do casal apaixonado, que seguiram pelas ruas ansiosos até o destino final, onde compraram ingressos e ganharam pulseiras coloridas para aproveitarem todas as atrações, após ouvirem atentamente as instruções de segurança.

Ao passarem pelas catracas em direção à entrada, que era no formato de um castelo encantado, com chafarizes e portões abertos reluzindo a ouro, Jeongguk suspirou igualmente encantado, seus olhinhos correndo por todos os cantos guardando as imagens em sua memória.

— Isso é fascinante...

— E é só o começo. — O Kim soltou uma risadinha sapeca. — Vamos? — Estendeu a mão para o anjo, sendo prontamente aceita dando início à caminhada para os primeiros brinquedos.

Ambos passaram por uma montanha russa menos radical, estendendo seu caminho para um carrinho que levava-os por um túnel colorido contando as histórias dos personagens que tematizavam o lugar, em seguida, para um quiosque de prêmios, o ganhador conseguia uma pelúcia gigante. O príncipe tentou por duas rodadas seguidas ganhar o coelho cinza e fofo que chamou sua atenção para presentear seu amor, porém, ele próprio ganhou a pelúcia, demonstrando ótima mira acertando todos os alvos.

— Esse jogo é muito complicado. — Deu de ombros fingindo não se importar, conquistando risadinhas do garoto coelho amassando a pelúcia entre os braços no percurso até o guarda-volumes.

Adiante, passaram pela pescaria, onde Jeongguk ganhou um conjunto para pintura em tela e Taehyung uma coroa de papel por ter esgotado o tempo.

Com os olhinhos brilhantes e pidões, o mais velho nem mesmo pensou em relutar a deixar que o seu homem escolhesse o próximo brinquedo, sendo esse um montanha russa com o carrinho em forma de tronco que passava por pedaços do trilho que esguichavam água. Ele não achava que estava vestido adequadamente, mas sequer se lembrou desse detalhe quando as risadas gostosas e altas preencheram seus ouvidos, do homem bonito ao seu lado aproveitando cada segundo.

Descobrindo ser seus brinquedos favoritos, Jeongguk o puxou para os mais radicais, um que girava em alta velocidade em diferentes intervalos de tempo, o fazendo escorregar pelo assento devido a alfaiataria de sua calça e sentar-se sobre o colo dele várias vezes, causando risos no moreno e suas bochechas ficavam flamejantes em reflexo. Não que pudesse deixar de aproveitar as mãos do coelho segurando firmemente sua cintura para que parasse no lugar, ou sobre as coxas macias.

Eles se aventuraram no primeiro carrinho de uma montanha russa radical com várias manobras que deixaram Taehyung com os olhos bem fechados, uma das mãos apertando a trava de segurança e a outra conectada a do anjo, que ria divertido com a sensação de disparar em alta velocidade para vários lados e o vento bagunçando seus cabelos. Depois de outros dois brinquedos que rodavam, deixavam-os de cabeça para baixo ou molhavam, se acomodaram na última fileira do barco pirata.

— T-Tem certeza de que quer esse lugar, Ggukie?

— Sim! O hyung está com medo? — Àquela altura do tempo que estavam ali, com alguns doces e copos de água, os olhos de Jeongguk brilhavam como os de uma criança, se divertindo com todas as sensações.

— Não! Eu não tenho medo de nada! Pode ficar tranquilo... — Ele riu de forma nervosa, se sentando ao seu lado tentando encaixar as mãos e pés em uma posição que lhe desse segurança além da trava.

Quando o brinquedo começou a se mover e pegar velocidade, o de cabelos negros encontrou o príncipe, rindo ainda mais assistindo seus olhos arregalados e gritos histéricos. Tentando causar um sentimento bom de proteção contra o barco em movimento, ele encontrou suas mãos entrelaçando os dedos, erguendo-os enquanto ria e gritava, incentivando ele a fazer o mesmo, conseguindo nos últimos segundos com que Taehyung abrisse os olhos e gargalhasse consigo. No final, nada impediu que ele saísse do brinquedo com as pernas bambas.

— O que você acha... — Apoiou as mãos nos joelhos, respirando erroneamente. — De nós saborearmos um ótimo milk shake, sentados em segurança em algum lugar?

— É uma ótima ideia, príncipe! — Desejando compartilhar cada momento bom ali com ele, Jeongguk segurou a sua mão e foram a passos calmos em direção a praça de alimentação, onde pediram as bebidas geladas e se sentaram em uma mesa para dois estampada com espiral rosa e branco.

— Está gostoso? — O Kim perguntou, retirando o canudo da boca, sorrindo para o anjo elétrico movendo as pernas em sua frente.

— Muito! Você quer esperar, TaeTae? — Oferecendo o canudo em sua direção, o acastanhado provou do sabor morango, sorrindo quadrado ao se afastar.

— Uma delícia! Prove o meu também! — Oferecendo o próprio sabor chocolate, suspirou apaixonado assistindo os olhinhos fechados enquanto o garoto coelho provava a bebida e suspirava.

— É muito gostoso!

Jeongguk estava feliz se afastando para continuar encarando seu hyung sorrindo daquela forma tão bonita. Havia pesquisado e sabia que aquelas eram pequenas coisas que um casal fazia durante um date. Ofereciam mimos um ao outro e cuidavam durante todo o tempo.

Porém, somado ao jeito adorável dele, estava a provocação não intencionada chamando sua atenção de seus olhos para a boca, passou a assistir atentamente o príncipe com o canudo entre os lábios, brincando com a língua deslizando-o de uma lado para o outro e quando sugava um gole, percebia o movimento de seu pomo-de-Adão, tão lento e distraído com a praça ao redor. Seus nozinhos de pensamentos sem vergonhas o dominaram outra vez. Desejava ser aquele canudinho no copo preso a mão grande e bronzeada.

— M-Meu anjo? — Chacoalhou a cabeça. Seu hyung pareceu ter percebido sua indiscrição, ao notar pelas bochechas coradas e voz falha. — No que está pensando?

— Em como estou feliz de ter esse momento com o hyung. Nosso date está perfeito!

Taehyung sorriu quadrado, terminando sua bebida deixando o plástico vazio de lado.

— Eu estou amando cada segundo do nosso date também!

— Faltam poucos brinquedos para irmos, topa terminar de conhecer todo esse parque?

— Topo tudo com você!

Após jogarem seus copos vazios no lixo descartável, deram as mãos e caminharam para uma atração calma, depois o carrossel e por fim a montanha russa, de onde puderam apreciar um pouco da cidade de cima, das luzes e do céu. A noite era quente, o clima agradável para toda a diversão e o lanche que fizeram por fim, antes de deixar o parque com os prêmios que conquistaram. Taehyung fingiu ter perdido sua coroa de papel e não jogado propositalmente no lixo, alegando que um príncipe deveria usar algo mais nobre sobre a cabeça.

Quando chegaram no estacionamento, duas quadras do parque, guardaram seus pertences no banco de trás, porém não entraram no carro, observando a calçada ligada a uma praça pública, por sua vez, conectada a uma pequena avenida ainda movimentada.

Taehyung e Jeongguk pensavam a mesma coisa: haviam aproveitado cada detalhe do parque de diversões e seus momentos juntos trocando carinhos e olhares, sem nenhum outro olhar sobre eles, mas também gostariam de um momento calmo para conversar.

— Aceita dar uma volta comigo, sua alteza? — Cavalheiro, esticou o braço dobrado em sua direção, arrancando uma risadinha do coelho.

— Eu adoraria, meu príncipe! — Entrelaçando seus braços, eles seguiram pela calçada bem iluminada só outro lado da rua ao deixar o limite do estabelecimento que estavam, respirando calmamente apreciando suas presenças, mesmo inicialmente em silêncio.

— Podemos vir mais vezes nesse parque, o que acha?

— Acho uma ideia maravilhosa, hyung!

Eles atravessaram a praça assistindo algumas crianças brincando sem preocupações, dentre elas, uma garotinha rugindo, uma filhote de leoa, denunciada pelas orelhas e cauda douradas. Jeongguk as admirou por todos os curtos minutos que levaram para caminhar até o outro lado, sentindo seu coração se aquecendo com a inocência das crianças, por elas verem uma a outra como iguais e brincarem, sem nenhum resquício de maldade ou pensamentos induzidos pelo que ocorria na televisão, ou de forma escondida e ilegal pelos bairros e cidades e estados do seu país. Apertou a mão conectada ao antebraço de Taehyung, esse que rapidamente levou o olhar para si.

— Está tudo bem, querido?

— Estava apenas pensando na felicidade daquelas crianças, não parecem perceber as diferenças entre elas.

— E logo todas vão poder crescer livres de qualquer discriminação assim.

Um sorriso esperançoso se abriu no moreno. Ele gostaria que seus futuros filhotes crescessem em lugares assim.

Filhotes.

Pensando naquilo, formou um biquinho nos lábios.

— Estou com saudades da Nora e do Sunbae.

— Vou conversar com Hwasa noona e pedir para ela levá-los na ong quando você for também.

— Certo!

Eles andaram por alguns metros novamente em um confortável silêncio.

— O que é aquele lugar, hyung? — Indicou com a cabeça para um estabelecimento de luzes baixas e divisórias separando as pessoas, que mantinham-se olhando atentas para as telas acesas em suas frentes.

— Ah, aquele é um estilo de cyber café, pequeno. — Os olhos negros o encararam com curiosidade. — Muitos jovens passam o tempo estudando ali, tem computadores, lanchonete e um combinado natural de completo silêncio para se concentrarem. Eu mesmo passei bons anos estudando em lugares assim.

— Imagino que tenha sido muito difícil também. — Jeongguk remexeu o nariz incomodado, percebendo pelo vidro local, os copos de cafeína acabando em pouco tempo e o rosto cansado do primeiro jovem daquela fileira.

— Devem estar em época de provas... um verdadeiro pesadelo. — Tae chacoalhou a cabeça, como se o pensamento pudesse lhe atacar, chamando a atenção do mais novo que soltou uma risadinha. — Mas apesar de tudo, eu imagino que um coelhinho dedicado como o que eu conheço, adoraria ser um jovem estudante.

Os olhos negros se arregalaram brevemente antes de um sorriso largo se abrir.

— Se ele tiver a chance... — Entrou na brincadeira.

— Com certeza vai ter! — Tae empurrou seu ombro levemente com o próprio, o contagiando com sua risada baixa e rouca.

— Eu precisaria fazer todo o ensino médio regular, hyung.

— Hoje em dia há programas que ajudam jovens adultos a concluir os estudos, nós vamos encontrar um bom o bastante para você poder estudar. — A empolgação do príncipe em simplesmente pensar no que mais poderia o ajudar, deixava seu coração palpitando acelerado. — Além do mais... o que você quer fazer na faculdade? Estou fingindo que não sei para que você pense e estabeleça um objetivo que seria a sua maior realização na vida!

Jeongguk gargalhou com vontade. Amava o seu príncipe adorável e falante.

— Eu quero ser como o Junseo hyung! Um médico de híbridos!

Tae parou no meio do caminho ao escutá-lo, virando o rosto em sua direção formando um biquinho persuasivo nos lábios.

— E se aparecer um príncipe humano apaixonado no seu consultório, doutor Jeongguk?

— Posso pensar em atendê-lo.

Taehyung deu de ombros, sorrindo quadrado, voltando a guiá-los calmamente pela calçada. Sem perceber, haviam andado por toda a volta daquela quadra, mas conversar sem nenhuma preocupação, apenas pelo prazer de ouvir um ao outro, deixava-os perdidos e completamente aéreos de tudo ao redor.

— Bom... não é um não.

— E o hyung?

— Depois que você virar um médico de sucesso? Eu vou virar dono de casa e passar o dia plantando flores para o meu amor.

Daquela vez foi o moreno a empurrar seu ombro, firme, ainda que desviando o olhar envergonhado com as bochechas coradas.

— Espertinho.

Ambos voltaram para o estacionamento, afinal, toda a diversão havia sugado suas energias. Bom, pelo menos as do príncipe, o anjo continuava agitado pensando no momento em que beijaria os lábios de pêssego outra vez. Seus nozinhos apertados com aquela vontade desde o momento em que seu hyung resolveu colocar um canudo na boca na praça de alimentação.

Dentro do carro, ambos suspiraram apoiando as cabeças no encosto. Jeongguk soltou uma risadinha.

— O que foi, Ggukie?

— O hyung ficou tremendo de medo dos brinquedos.

— Não fiquei não!

— Tudo bem, eu vou acreditar em você, príncipe. — Mentiu ele, virando o rosto para encarar os olhos de mel que sentia queimando seu rosto.

Desajustado, o Kim encolheu brevemente os ombros, mordendo os lábios tentando conter o sorriso.

— E você gostou?

— De te ver com medo das xícaras que rodavam? Foi um pouco divertido sim.

O acastanhado ficou falsamente emburrado, apenas para amolecer o anjo, ouvindo outra risada. Ele havia aprendido a ser engraçadinho com o próprio que também era engraçadinho.

— Espertinho. Mas e sobre o nosso date? — Seus olhos brilharam inseguros por um momento. — N-Não foi romântico como eu tentei planejar para nós, mas...

Certo. Pensou Jeongguk. Menos vozes e mais ação. Uma parceria de vida.

Em surpresa, se inclinou sobre os bancos e o beijou. Seus lábios ainda pareciam conter o doce gosto dos milk shakes e se misturavam criando um novo sabor.

Tae suspirou, permitindo que ele fizesse o que bem quisesse consigo, conectando suas línguas e aprofundando o ósculo.

Aquela era a resposta para sua pergunta. Sorriu entre os movimentos, sentindo seu coração palpitar acelerado.

As mãos não encontravam onde pousar e as posições eram desconfortáveis, mas não impediram o momento de ter sido especial entre eles, almejando grudar ainda mais seus corpos, saciando o desejo.

Se erguendo, o Kim conseguiu usar uma das mãos para tocar o rosto macio e quentinho, movimentando a cabeça no ritmo escolhido pelo coelhinho desejoso. Esse aproveitando para puxar sua nuca cada vez mais para perto, acariciando seus cabelos compridos ao descobrir que lhe causava arrepios naquela área.

Ambos estavam aprendendo rápido como era o seu encaixe perfeito.

No entanto, se separaram de repente, assustados com o barulho alto da buzina quando o acastanhado tentou se inclinar para o lado do passageiro, apoiando a mão ao invés do volante, no centro da estrutura, escorregando e a apertando.

Tornaram a se acomodar corretamente, ofegantes.

— E-Eu acho... você já quer ir?

— Uhum...

Completamente envergonhados, passaram algum tempo do trajeto para casa em silêncio. Porém, Tae foi o primeiro a soltar um riso contido se lembrando do ocorrido, contagiando Ggukie até que suas risadas divertidas se mesclaram e foram os dominando vagarosamente, enquanto podiam sentir seus lábios vibrando pelo beijo trocado naquela bolha de amor que criaram dentro do carro.

[...]

Em primeiro de setembro, um elétrico híbrido de coelho branco pulou da cama assim que abriu os olhos. Pouco percebeu o sol bonito invadindo as cortinas, correndo para fazer suas higienes matinais e trocar o pijama por um short preto e uma regata branca, confortáveis para o clima, sentindo falta do cheiro de morango e chuva próximos, porém permitindo as expectativas — que sua mente agitada criava — o dominarem por completo, enquanto pensava: o que será que o príncipe está fazendo para mim?

Sim. Ele sabia que Taehyung passaria o dia o cortejando — como um verdadeiro príncipe — por ser seu aniversário, e não iria sentir-se culpado daqueles pensamentos e da festa já iniciada dentro de seu coração, pois amava desde a simples ideia das sensações que teria ao comemorar ao lado dele e de seus outros hyungs que prometeram se lembrar da data.

E também por ele próprio, depois de ter feito um ninho pela primeira vez compreendendo seus nozinhos, sabia que merecia comemorar.

— Bom dia! — Saudou animado chegando na cozinha.

Seus olhos então brilharam como os de um filhote encantado com o mundo, tendo a primeira surpresa: sua noona e príncipe com chapéus triangulares e coloridos sobre as cabeças, o homem bonito segurando um pequeno bolo em mãos, decorado com chantilly laranja e um coelhinho segurando uma cenoura no topo.

— Bom dia, meu menino! — A mulher de meia idade se aproximou primeiro agarrando-o em um abraço apertado. Seu "cheiro de omma" mais evidente e acolhedor. — Feliz aniversário, Ggukie! Que esse seja o primeiro de muitos que vamos comemorar juntos! Eu estou tão feliz por ter você e pela sua vida, meu coelhinho sem vergonha! — Os olhos dela quase transbordavam em lágrimas. — Eu te amo!

— O-Obrigado, noona! — "Eu também te amo" ficou entalado em sua garganta, não que não quisesse dizer, mas aquelas palavras somadas a sua timidez deixaram suas bochechas vermelhas e o corpo retraído. — Mas eu não sou sem vergonha! Só um pouquinho assim! — Indicou com os dedos.

— Claro! Porque você está fazendo vinte e um anos, vamos ver quando tiver vinte e quatro como o marmanjo aqui. — Ela apontou para o Kim.

— Aigoo! Mas eu também não sou sem vergonha, noona! Eu sou folgado... é diferente! — Taehyung empinou o nariz, arrancando gargalhadas a vontade dos outros dois.

— Ele queima o filme sozinho... — Dona Byeol sussurrou divertida para o coelhinho. — mas vamos, querido! Sente-se e vamos comemorar!

Assentindo e se aproximando da mesa posta e cheirosa, um chapeuzinho foi colocado sobre sua cabeça pela mais velha e Jeongguk sorriu grande. Sobre a estrutura encontrou todos os seus alimentos preferidos: pãezinhos doces, pães de queijo, ovos cozidos e uma porção generosa de pedaços de cenoura e folhas verdes, a couve com o caule, suspirou, sua noona sabia o agradar direitinho.

— Minha vez! — Chamando completamente sua atenção, Tae deu um passo à frente deixando o bolo entre eles, sorrindo um pouco nervoso com medo de se atrapalhar com suas mãos e derrubar tudo no chão. — Feliz aniversário, meu homem! Não que os outros dias não sejam, mas eu quero que hoje seja o dia mais feliz da sua vida! Eu sou o príncipe mais sortudo do mundo e tenho orgulho de você!

Eles ficaram bons minutos apenas se encarando, tímidos o suficiente para os sorrisos bobos serem mordiscados pelos dentes ansiosos, camuflando seus sentimentos eufóricos.

— E! Que hoje é o dia mais bonito do ano, é!

Jeongguk soltou uma risadinha, completamente apaixonado.

— V-você pode chegar mais perto? — Taehyung pediu baixinho corando até as pontinhas das orelhas, recebendo como resposta o rosto bonito do anjo se aproximando e pode observar sua própria imagem no negrume intenso e galáctico daqueles olhos de jabuticaba.

Desde que se levantou para ajudar sua noona a preparar aquele café da manhã especial, pensava em pequenos presentes que entregaria a seu amor durante o dia, o primeiro deles sendo um selar longo e proveitoso nos lábios vermelhinhos, sorrindo quadrado e feliz ao notar as bochechas coradas e o sorriso de dentes avantajados que ele lhe deu de volta ao se afastarem.

Noona vibrava encantada na cadeira, como se estivesse assistindo a um de seus doramas favoritos, porém ao vivo e a cores sentada a mesa da cozinha com as mãos cobrindo a boca para não chamar atenção com o grito histérico que queria escapar, afinal, era a primeira interação que eles tinham em sua frente e estava feliz por seus meninos.

— O-Obrigado, príncipe.

— Não é nada comparado ao melhor dia que você vai ganhar! Vamos aproveitar o café da manhã, porque daqui a pouco um grupo de indivíduos vai chegar e tudo vai se tornar barulhento demais!

Rindo da fala de seu amor, Jeongguk o seguiu até a mesa, observando cada detalhe do bolo colocado em sua frente, arregalando brevemente o olhar com a vela sendo acesa pelas mãos ágeis de noona e as vozes unindo-se às palmas para o cântico "parabéns", especial e somente deles.

Não demorou para que a mansão Kim se tornasse completa com a chegada dos hyungs bagunceiros como o habitual, Eunbi também havia sido convidada, mas ainda estava magoada com a repentina sensação de abandono do Jung, que tentou convencê-la a participar não obtendo sucesso. Apesar da vontade de querer vê-los e partilhar aquela data, o Jeon precisou aceitar a falta dela e de alguns outros convidados, se permitindo aproveitar a festa que começou com muitos presentes e abraços.

O grande grupo seguiu pelo caminho ensaiado várias vezes por eles até a piscina e a churrasqueira, essa sob o cuidado do príncipe desde o fim do café da manhã, iniciando o preparo do churrasco que o aniversariante e também seu amor desejava, no tempo que, esse pulava na água com o felino, perdendo o medo de se machucar ou afogar, conquistando um largo e apaixonado e bobo sorriso seu a cada minuto.

À noite, Jimin, Yoongi e Hoseok montaram a decoração dourada e brilhante comprada por Seokjin e Namjoon, que sorriam grande sentindo-se em casa ao ver como o garoto coelho parecia novamente feliz ao simplesmente ler e reler as bandeirolas juntas compondo a frase "feliz aniversário", amarradas nas extremidades da estrutura nas laterais da mesa de mármore, ambos participando e compartilhando das bebidas — especialmente as que não continham álcool — junto a ele após colocarem os filhotes para dormir na cabana almofadada e transparente os protegendo de insetos, e que montaram longe o suficiente da piscina e da bagunça, almejando também um momento de descanso para dar atenção aos amigos depois de tanto trabalho e pressão para ajudar as ongs, podendo finalmente aproveitar o dia.

Jeongguk deixou sua garrafa de soju de lado e passou a olhar de um hyung para o outro com carinho, estava muito feliz. Seu coração naturalmente acelerado parecia estar funcionando ao triplo da velocidade de batidas, pois estava desde o amanhecer comemorando com as pessoas que considerava seus presentes mais especiais, realizando o desejo de lembrar daquela data pelo amor envolvido em cada minuto ali.

Em surpresa, suspirou profundamente, sendo posicionado na frente de um novo bolo, redondo e coberto com chantilly branco e dourado, combinando com a decoração. Em questão de segundos todos estavam usando chapéus triangulares coloridos ignorando as roupas ainda molhadas pela piscina e cantavam a todos pulmões o tradicional cântico. Erguendo os olhinhos redondos cintilando para todos do outro lado do mármore, sorriu grande voltando a pensar na sorte que tinha, afinal, todas aquelas pessoas eram importantes e lhe ajudaram a construir uma nova vida, além de Baekhyun, Chanyeol, Junseo e Jihoon que não puderam deixar seus postos na ong, mas o parabenizaram por mensagens no aplicativo de conversas de seu celular.

Quando a canção e as palmas se encerraram, tirando-o de seus devaneios, as vozes suavemente embebedadas gritavam para que soprasse a vela fazendo um desejo.

"Omma, vovó, estou feliz fazendo vinte e um anos hoje, vocês conseguem me ver?"

Seu sorriso se alargou, abaixando o tronco até acompanhar a altura do bolo.

"Eu desejo... que todo esse amor me transforme e ensine a viver, pois agora sou livre para senti-lo..."

Soprando a vela calma porém fortemente, o tempo pareceu desacelerar com a luz tremeluzindo lentamente antes de apagar, os sons de palmas e gritos pareceram ficar abafados, enquanto, encontrou os olhos de mel em sua direção, olhando-o como se fosse sua maior preciosidade e precisasse sempre o encontrar para conseguir respirar e viver igualmente. Taehyung despertava sensações indescritíveis no homem e coelho dividindo o mesmo corpo. O olhava da mesma forma de volta.

"Senti-lo com Kim Taehyung".

Como uma explosão os gritos e bagunça voltaram, o agitando completamente.

As horas pareceram congelar diante da continuidade da festa e do amor que o grupo tinha a oferecer para o coelhinho, esse sendo abraçado e tendo as bochechas amassadas o tempo todo, recebendo palavras carinhosas e mais garrafas de soju, o álcool descia refrescante por sua garganta.

Ele havia adorado aquela bebida desde a primeira vez. O churrasco também combinava com ela e o príncipe sabia como preparar as carnes, fazendo-o sentir sono após comer tantos pedaços temperados de forma magnífica, desistindo de voltar para a piscina ao sentir até mesmo sua barriga pesada e inchadinha, completamente satisfeito.

Noona se despediu mais tarde naquela noite, extrapolando seu horário habitual de sono, porém feliz por ter participado daquele momento com seus moleques. Namjoon e Seokjin a acompanharam, levando seus filhotes para o conforto de sua casa e ninhos. No fim, restou apenas o casal apaixonado empilhando os pratos limpos e secos sobre o mármore da pia, finalizando com muita preguiça o que o grupo inteiro colaborou para organizar.

— Achei que os hyungs iriam ficar essa noite.

— Yoongi não bebeu hoje por causa de seus remédios, então se comprometeu a levá-los para casa, pequeno.

— Hum... é verdade.

Esperando o príncipe depositar os últimos copos virados para baixo no mármore, Jeongguk se aproximou vagaroso, enlaçando-o por trás e apoiando o rosto em suas costas. Soprou um riso divertido, ele estava cheirando a fumaça, mas os resquícios de morango ainda estavam ali.

— Obrigado, meu príncipe. — Agradeceu baixinho, esfregando o nariz na camisa azul clara dele. — O Ggukie amou... Tudo. — A mistura do álcool e cansaço o deixam completamente manhoso.

Tae se perdeu por um instante naquele carinho, apoiando as mãos sobre as quentinhas ao redor de sua barriga.

— Eu fico feliz, pequeno. — Conseguindo um mínimo espaço para se mover, ele os virou de frente um para o outro e o rosto pálido do mais novo encostou em seu peito. — Essa foi mais uma das minhas promessas, não foi?

— Hum? — Jeongguk ergueu a cabeça para encontrar seu olhar, piscando lentamente. O Kim sorriu bobo, beijando a ponta de seu nariz.

— Eu prometi que seria um dia feliz e que todos iriam se lembrar, quando anotei naquele calendário do armário... — Deu uma breve pausa. — Só não esperava que o próprio aniversariante não iria se lembrar da promessa.

— Eu me lembro!

— Sei...

— O hyung não pode ser malvado comigo.

— Jamais, meu anjo.

— Então me dá um beijo!

— Que coelhinho beijoqueiro! — Eles riram em sincronia. — Eu beijo!

Grudando seus lábios calmamente, suspiros preencheram o ambiente ao redor deles, com a doce vontade sendo realizada após longas horas sem um toque, ou proximidade como gostavam de estar durante um dia inteiro juntos.

Jeongguk tomou a iniciativa, aprendendo o que fazer com as mãos, puxando as costas trazendo o príncipe para mais perto, movimentando a cabeça sentindo a esperada sensação de beijá-lo.

Taehyung ergueu uma das mãos para a bochecha corada e quente, acariciando o pedaço de pele com devoção, a outra mão na cintura firme garantindo que seus corpos permanecessem colados.

Com a timidez dissipando do casal, as línguas se encontraram entrelaçando uma na outra, dando ritmo ao beijo e aos corações conectados. Mas não era o suficiente, não para o garoto coelho, que espalmava as mãos pelas costas largas e fortes, aumentando a pressão de seus lábios sendo prontamente retribuído e completando o que seus nozinhos imaginaram o dia todo, os dedos delgados passaram a acariciar sua cintura, por cima da regata, torturantemente lentos, porém, demonstrando todo o cuidado que ele tinha em lhe beijar e entregar a realização dos seus desejos.

O garoto coelho estava tão entregue que sequer abriu os olhos, ofegante contra a boca do príncipe quando sentiu em surpresa as mãos fortes segurando sua cintura e tirando-o do chão em seguida, sentando sobre o mármore da mesa. Seu corpo tremelicou, não por medo, ao contrário, pela sensação do novo encaixe em seus corpos, dele entrando no meio de suas pernas e abraçando seu tronco prolongando o beijo. Havia uma bagunça de línguas, mãos e cabelos caindo sobre os olhos, mas estava amando, pois era completamente deles.

Apoiando as mãos trêmulas e ansiosas sobre os ombros largos e magros, o coelhinho franziu o cenho ao senti-lo se afastar minimamente, resvalando seus lábios para seu queixo, mandíbula, descendo enquanto acariciava suas costas. Ofegou novamente, preso à boa sensação que ele causava para si e seu corpo.

Taehyung tentava manter o controle de suas ações, porém ao ouvir aquele gemidinho curto e quase inaudível, mas melodioso e tentador, percebeu que estava distribuindo um longo e molhado selar na pele branquinha do pescoço de seu anjo, sobre a fina linha de cicatrizes da antiga coleira, inspirando o cheiro de torta de limão. A regata era larga o suficiente para que uma das alças escorregasse suavemente exibindo o ombro condecorado com uma charmosa pintinha, beijou ali também, e a gola oval permitia-o ver o busto reto e branquinho. Era tão lindo. Tão perfeito. Tão Jeongguk.

Separaram-se após o último selar desejoso, conectando as testas e respirando erroneamente, extasiados. Estavam conhecendo os limites de seus desejos e seguindo lentamente, respeitando algumas etapas, seria a melhor opção.

— Nossa...

Disseram ao mesmo tempo sem conseguir desviar os olhares, por mais que estivessem envergonhados.

— E-Eu... acho que vou tomar um banho hyung.

— Certo, eu vou também. — Tae percebeu os olhos ônix cintilando, em seguida, os lábios inchadinhos e vermelhos entreabertos, soprando afetado contra seu rosto quente. Seu coração continuava batendo forte, queria beijá-lo outra vez. Engasgou com a própria saliva. — D-Digo, no banheiro do meu quarto, não juntos! Eu não juntos, não!

— Está tudo bem, TaeTae! — Uma risadinha sapeca escapou do coelho.

— Que são horas?! — O Kim se afastou minimamente, procurando abobalhado pelo seu celular sobre o mármore. — S-São quase duas horas da manhã!

Desesperado, ele procurou pelo olhar de Jeongguk, esse apenas o encarando com o cenho franzido em confusão apesar do sorriso nos lábios. O Kim quis estapear a própria testa, deveria estar se comportando como um pateta na frente de seu amor.

— D-Digo! Você acha muito tarde para eu te entregar meu presente de aniversário?

— Um presente? — Ggukie repetiu a pergunta, alargando o sorriso de dentinhos avantajados.

— Uhum! Para fechar o dia com chave de ouro. — Tae arqueou as sobrancelhas sucessivamente, fazendo-o rir.

— Está bem, nos encontramos no quarto do hyung daqui a pouco então.

— Não! — A curiosidade fez as orelhas felpudas dançarem. — É... que eu queria entregar com o nosso jardim sendo testemunha.

— Certo!

Taehyung ajudou Jeongguk a descer, obrigando-se a afastar para que os planos não saíssem do controle. Eles caminharam de mãos dadas durante todo o percurso da área de lazer até o corredor dos quartos no segundo andar, por fim, separando-se constrangidos em seus cômodos pessoais. Taehyung tropeçou pelo carpete do seu closet sentindo seus lábios vibrando com o beijo trocado, lembrando do som adorável que deixou os lábios doces de seu amor, o derretendo e enlouquecendo. Jeongguk entrando debaixo da água morna do chuveiro após jogar suas roupas no cesto, apoiou os dedos nos lábios sem conseguir conter um sorriso, fechando os olhos lembrando do momento anterior, do beijo em seu pescoço e da vibração que escorreu por seu corpo até um ponto especial embaixo de sua cintura. Seu rabinho pomposo se eletrizou e os pelos brancos de suas costas até a nuca se arrepiaram. Queria mais.

Chacoalhou o corpo arregalando os olhinhos, não poderia estar cogitando uma vontade tão grande como aquela, tão íntima com riscos de incendiar seus corpos.

Envergonhado, permaneceu enrolando debaixo da água até as polpas de seus dedos enrugarem, tentando se distrair imaginando qual seria o presente do príncipe.

No quarto defronte, Taehyung voltou para o closet vestindo seu pijama curto azul com desenhos de corações vermelhos, pegando uma toalha menor para secar os cabelos cacheados, tentando se preparar para o momento que viria a seguir encontrando o presente de seu anjo, engolindo em seco com o frio passeando em sua barriga. Será que deveria vestir algo mais apropriado?

Se aproximando da prateleira preta, trouxe a caixa de veludo azul escuro para suas mãos e erguendo a tampa, revelou para si próprio novamente a pulseira delicada como o próprio Jeongguk, brilhante e magnífico. Não sabia qual seria o momento certo de pedi-lo em namoro, então começaria com o cortejo tradicional.

Recostando na estrutura horizontal separando suas roupas das gavetas, suspirou lembrando-se do dia — antes de toda a confusão com aquela a explosão da mídia sobre a Empresa — em que viu a joia estampada na vitrine de uma loja bem conhecida, admirou-a desde o primeiro momento. Somente desejava não estar sendo exagerado, pela forma como Yoongi riu de sua cara, mesmo o imitando e comprando peças bonitas para Jimin igualmente.

"— Cara! Você escolheu logo o maior shopping do país para comprar um presente pequeno?! — Resmungou o Min, andando com os ombros caídos ao seu lado. Riu, já estava acostumado com suas reclamações. — Nós já demos três voltas por todos os andares!

— Pare de reclamar e se concentre em me ajudar a encontrar algo perfeito para o Ggukie, daí concluímos a missão mais cedo!

— Aigoo, chatão! — Taehyung o ignorou. — O que você pensou em dar para ele?

— Eu não pensei em nada ainda, na verdade.

— Só não vou embora agora, porque eu te amo e você é meu melhor amigo.

— Pare de ser emocionado, Yoongi!

— Não tem como, nasci assim! Se você ainda não sabe!

— Claro que eu sei, também nasci assim, bobão! Aliás, também te amo e você é meu melhor amigo!

— Pare de ser emocionado, Taehyung!

Eles empurravam o ombro um do outro apesar da diferença de altura, rindo distraídos do objetivo de estarem ali.

No entanto, ao passarem novamente por aquele corredor, uma vitrine com luzes brancas e fortes chamou sua atenção. Caminhando até ela, observou as linhas de alta joalheria refletindo a luz em suas pedras azuis e brancas. Uma coleção recém lançada, chamada: "linhas essenciais", estampando também o nome da marca "Cartier" por todos os lados.

— É... são peças lindas. Você pensou em comprar um anel?

— Não! Não posso dar um anel logo de cara, quero cortejá-lo primeiro hyung, deixar ele realizar suas coisas pessoais e depois podemos nos comprometer em um relacionamento oficial... é!

— Entendi... — O Min mordeu os lábios tentando segurar o riso divertido. Sabia bem que ambos os amigos apaixonados não iriam demorar para oficializar o que estavam começando a ter.

Chamando suas atenções, uma consultora da loja os recepcionou da entrada.

— Boa tarde, senhores! Gostariam de conhecer a nova coleção de linhas essenciais?

— Com certeza o meu amigo aqui gostaria. — Yoongi apoiou a mão no ombro de Taehyung, sorrindo gengival, empurrando-o na direção dela, aceitando sua passagem e também admirando o interior da loja, tão brilhante quanto a vitrine.

— Aqui conseguem estar mais próximos e conhecer a linha. Vocês têm algo em mente do que gostariam hoje?

— Qual a sua sugestão de presente para uma pessoa que você quer namorar, mas não está seguro para pedir em namoro ainda? — Impressionando o mais baixo que até mesmo apoiou a mão no peito comovido, ou teatralmente debochando de si, Taehyung pediu com convicção.

— Tenho algumas peças lindíssimas e especiais para essa ocasião! — A mulher bem vestida os conduziu até uma mesa oval no centro da loja, retirando calmamente algumas caixas de veludo pretas debaixo do vidro formando uma gaveta transparente sobre a estrutura. Ao abrir as caixas, Taehyung se deparou com ouro e pedras preciosas de todos os tamanhos e formatos, desde aneis e colares a brincos e pulseiras. — A nossa coleção em lançamento é dessas peças, os colares são lindos para presentear.

Os olhos de mel percorreram pelo brilho branco e azul no veludo, esse que moldava uma linha delicada e parecendo ter sido feita sob medida para seu anjo. Sorriu, descartando rapidamente algumas opções, encontrando um colar reluzindo, com toda a corrente contornada por pequenas pedras azuis e brilhantes, na imagem no iPad da funcionária, ele cobria a volta do pescoço perfeitamente, de tal modo que chamava atenção.

— Este é simplesmente magnífico...

— Sim, esse colar é feito de ouro branco, dezoito quilates, cento e trinta e cinco pedras de safira no total, ele tem um encaixe charmoso e parece a opção perfeita para quem está tentando conquistar um amor.

Uma risada soprada e refinada pelo ambiente escapou de ambos.

— É um belíssimo colar, Tae.

— Mas ainda não sei, hyung... — Apesar de encantado pela peça, nenhum dos outros dois iriam compreender que as pedras de safira eram idênticas aos olhos do coelho de Jeongguk, que iriam contrastar com a pele pálida tão lindamente, causando sérios riscos ao seu coração. Entretanto, a lembrança da angústia dele tentando arrancar aquela coleira do pescoço o fez repensar, passeando os olhos pelas caixas novamente. — Acho que um colar não seria apropriado neste momento, não invalidando sua sugestão senhorita, apenas acredito que meu amor não se sentiria completamente confortável ao usá-lo, entende?

— Entendo, senhor! Mas desta linha ainda tenho muitas opções, percebi que gostou realmente das safiras junto com o ouro branco. — Ela retirou outras caixas, apresentando-o novas peças. Braceletes com uma das pontas do formato de um tigre, branco com as listras de safira, não se pareciam com o anjo, apesar da beleza. Outros itens de ouro dourado poderiam ser uma opção mais séria, como um pedido de casamento, pois eram puramente joias com minúsculas pedras de diamantes. Chacoalhou a cabeça ao cogitar tal ideia, sentindo suas bochechas esquentarem. Chamando novamente sua atenção, encontrou uma pulseira semelhante ao modelo do colar, notando a diferença nas pedras que a compunham.

— E essa? — Esperou calmamente após indicar seu interesse e a moça alcançá-la em suas mãos, permitindo-o admirar na altura dos olhos.

— Essa faz parte das linhas essenciais também, são destaque em delicadeza e sofisticação, feita de ouro branco dezoito quilates, entrelaçada a vinte e seis safiras e vinte e seis diamantes.

Taehyung suspirou, a sensação de satisfação ao olhar para a pulseira e conseguir enxergar a imagem de seu anjo. Delicado, porém forte, sofisticado e fofo, brilhante como os olhos ônix ou safiras, precioso como o diamante. Seu anjo era perfeito.

— Nós costumamos brincar que essa nova coleção são as linhas essenciais dos anjos, tão bonita, delicada e angelical que parece quase um céu.

— Linhas essenciais dos anjos? — Seu coração palpitou animado e seus olhos refletiam um brilho incomum e apaixonado. Ela parecia ter lido os seus pensamentos. — Quanto custa?

— Cinquenta e dois bilhões de wons, senhor.

Tae assentiu, observando com atenção a peça mais uma vez, não contendo o largo sorriso.

— Encontrou o presente perfeito, só por essa sua cara de bobão aí. — Yoongi riu baixinho, ignorando a face brava direcionada a si. — É uma linda pulseira mesmo.

— Combina perfeitamente com o Ggukie.

— Devo admitir, tem um bom gosto.

— Decidido! Eu vou levar essa mesma! — Devolveu a joia para a funcionária, que sorria educada preparando uma versão pequena e bonita da caixa azul escuro de veludo para acomodar o seu presente.

— Fez uma ótima escolha, senhor!

— Vou me inspirar em você Tae, e levar algo para o Jiminie também. Faz algum tempo que ele comentou que gostaria de trocar as argolas de suas orelhinhas...

Acompanhando-o, foi a vez do Kim provocá-lo quanto a sua indecisão entre tantos modelos em ouro dourado e pedras brilhantes, solicitadas a outra funcionária."

Bagunçando os cabelos, eletrizado pela lembrança, ele fechou a caixa e a abraçou contra o peito, voltando para o banheiro deixando a toalha pendurada no respectivo nicho, girou os calcanhares saindo do quarto em direção ao jardim. Não demorou para que ele se sentasse no banco sob sua amiga árvore, balançando as pernas inquieto sem saber o que dizer para seu amor, pois quando comprou a joia ela tinha um significado, naquele momento, já havia se tornado algo maior entre eles.

— TaeTae!

Ao ouvir a voz suave, virou o corpo levemente para a esquerda, na direção onde ele se sentou, escondendo a caixinha de veludo atrás das costas, apoiada no banco.

— Meu pequeno! — Apoiou as mãos nos joelhos, balançando-os de forma nervosa. — Está se sentindo melhor depois do banho? O álcool é forte, não é? — Ergueu um das mãos a apoiando sob a franja de cachos negros úmidos, conferindo a temperatura dele.

— Uhum... — Jeongguk fechou os olhinhos, apreciando o calor da palma, por seu o toque do príncipe. — Sobrou só o cansaço agora, hyung. E você?

— Comigo aconteceu o mesmo!

Se aconchegaram contra o encosto do banco, apoiado os rostos nas mãos e os cotovelos na estrutura.

— Eu sonhei com o dia de hoje durante muitos anos, foi a festa mais linda do mundo inteiro!

— Fico muito feliz que tenha gostado, e para os próximos anos vou realizar todos os seus sonhos de aniversário, eu prometo.

As bochechas pálidas foram beijadas pela cor vermelha e um sorriso tímido se abriu.

— E eu prometo que vou encontrar como agradecer o príncipe para sempre. — Ggukie se aproximou suavemente, descansando sua mão sobre a livre dele. — Pode me contar seus sonhos também, eu vou realizá-los.

— Tudo o que eu poderia sonhar você já realizou, querido. — Seus olhos mantinham-se brilhando uns para os outros, como se as estrelas dentro eles alinhassem e pudessem se tornar almas gêmeas. — Eu pensei em muitos presentes para te dar, principalmente os que sei que gostaria... m-mas dessa vez é diferente, com um significado maior para nós nesse momento...

— E o que significa, príncipe?

— Justamente isso! — Com o cenho franzido, mas cheio de curiosidade, o moreno seguiu o encarando. — Decidi que faria como um príncipe da antiga Dinastia Joseon faria para conquistar o seu amor.

Separando suas mãos, o Kim puxou a caixinha aveludada atrás das costas, endireitando-se no banco com o anjo lhe acompanhando, os olhos ônix fixos na caixa e as orelhas dançantes denunciando sua animação. Tão adorável.

Oferecendo com timidez evidente, Taehyung o assistiu trazer o item para o colo e puxar a tampa com cuidado, arregalando os olhos e expressando um som surpreso, formando um biquinho nos lábios.

— Príncipe... é tão linda. V-Você...

— Ela carrega fortemente os meus sentimentos, o meu amor, querido... — Tae respirou fundo, tentando se manter corajoso para terminar de falar. — Ela parece um céu, brilha como estrelas, eu queria que os diamantes significasse a forma como eu te acho extraordinário e forte, como é precioso para mim... e as safiras me lembram muito os seus olhos quando seus instintos florescem e que significam que eu também os acho lindos, tudo em você.

O coelhinho o escutava com atenção, os olhos marejados na direção da pulseira, com medo de tocá-la e tudo não passar de um sonho, um do qual nunca mais queria acordar.

— H-Hyung... o seu amor é muito mais do que eu achava que merecia.

— Eu não imaginava que a sua pergunta, há muito tempo atrás, me faria encontrar a resposta certa para dar agora. Você aceita? — Jeongguk assentiu freneticamente, as gotinhas presas em seus olhos escorrendo pelas bochechas. Deixando um riso soprado e bobo escapar, Taehyung retirou com cuidado a peça da caixa trazendo o pulso direito do coelhinho consigo, enlaçando-o de ouro branco, diamantes e safiras e fechando ao redor da pele lindamente pálida e livre de quaisquer marca do passado.

— Eu tinha medo no início, de confundir como eu estava grato e como me fazia sentir especial, com o amor. Mas acho que encontrei as respostas também. Obrigado, TaeTae, eu amei!

— Não me agradeça, pois não teria como eu não me apaixonar pelo meu sonho e não estarmos aqui hoje.

O mais novo escondeu o rosto com as mãos, a pulseira deslizando majestosamente no ajuste perfeito para o pulso dele, brilhando ainda mais do que o príncipe viu na loja. Sorriu grande com o novo passo dado entre eles. Se aproximando até seus joelhos se encontrarem em um choque mínimo, puxou delicadamente as mãos para longe do rosto bonito, distribuindo um selar em cada palma.

— Esse é só um pedaço do meu amor, uma forma de me carregar com você para onde for, penso nisso desde nossa conversa sobre o futuro. Mas eu sou inteiramente a fonte desse amor e dessa vez queria te dar um beijo, vai se esconder de mim, meu anjo?

— Não!

Em completa euforia pelos sentimentos bagunçados durante o caminho, mas tão claros na resposta que era o amor, junto dos desejos que somente aumentavam, o de fios negros grudou suas bocas desesperadamente, sequer percebendo a caixa de veludo cair na grama, ou como chegou na cama ao fim daquele momento.

Algumas horas depois, precisou se desvencilhar dos braços do príncipe. O calor dentro do quarto aumentava trazendo a sensação de cansaço e sufoco mesmo com as cobertas afastadas igualmente. Ggukie sentia os cabelos grudando em sua testa e nuca, além do pijama em seu corpo de forma angustiante, entretanto, cada movimento seu refletia uma vibração boa por todo seu corpo.

T-TaeTae...

Resmungou, sem conseguir identificar se realmente falava ou estava sonhando.

Mãos firmes alcançaram sua cintura e incontrolavelmente soltou um som estranho, para si, pela boca. De um segundo para o outro, via de forma embaçada a figura do príncipe sobre seu corpo, prontamente o beijando. Seus braços tentavam o empurrar levemente, impedidos pela falta de força ao misturar tantas sensações boas em um único beijo.

Agarrando suas costas, percebendo apenas a pele dourada exalando o cheiro de morango, sem nenhum tecido o cobrindo, soltou aquele som novamente, apertando-o como era feito em sua cintura.

Quando ele se afastou de sua boca, sentiu a sensação do beijo em seu pescoço, em seu ombro, descendo para novos lugares, deixando rastros efervescentes pela sua pele.

Seu corpo inteiro tremia, mas como havia verdade nas palavras de sua amiga psicóloga quando ela havia dito que não sentiria medo se fosse algo que realmente quisesse, ele estava adorando.

— Hum... h-hyung.

Ergueu o rosto, encontrando os olhos de mel brilhando, mas não como o príncipe adorável, e sim, diferente, completamente seguro e sem vergonha. Seus dedos apertaram o pedaço de pele em seus ombros, descontando aquelas sensações incrivelmente boas.

Abrindo os olhos de repente, se sentou na cama ofegante. Estava sentindo muito calor e seu coração palpitava eletrizado por aquele descoberto sonho. Pensava em como poderia ter sido tão perfeito e real para tal.

Olhando para o lado, encontrou Taehyung dormindo profundamente enquanto procurava algo para abraçar, com um biquinho nos lábios e o corpo despojado pelo colchão. Outra vez sendo o príncipe adorável, o que parecia até mesmo injusto naquele momento.

Inquieto, se levantou depressa indo diretamente para o banheiro do quarto, acendendo a luz, encontrou primeiro seu reflexo no espelho, havia bagunçado seus cabelos, seus olhos estavam inchadinhos pelo cansaço acumulado e o suor umedeceu sua camisa. No entanto, o que realmente o assustou foi olhar para baixo e perceber o volume dolorido dentro de seu calção, fazendo-o tapar a boca para controlar qualquer ruído que quisesse escapar enquanto respirava erroneamente, procurando com desespero por uma solução.

Recuou até o sanitário e sentou sobre a tampa fechada, remexendo-se desconfortável com a ereção presente. Seu rabinho pomposo e as orelhas felpudas dançavam eletrizados, bem como seu coelho interno que parecia ter apreciado aquele sonho tanto quanto o humano. Era confuso separar a imaginação do que era real e sabia como deveria resolver aquilo, mas não tinha a coragem de tentar e ser bombardeado com informações novas que não teria controle. O príncipe também não estava ali para ajudá-lo.

Respirando profundamente, passou a realizar as atividades de sua amiga panda, acalmando-se aos poucos tentando se distrair do desconforto e de sua carência por um toque, resvalando as coxas uma na outra dentre bons espaços de tempo, estremecendo com os curtos arrepios que o dominavam, permanecendo ali até seu corpo voltar ao normal e seus olhos pesarem de sono. Havia se cansado ao tentar entrar em um acordo comum com seu lado coelho, incentivando-o a ir devagar.

Se levantando, voltou para a frente do espelho, jogando água fria em seu rosto sentindo o alívio o tomar por completo, e apesar da sonolência, secou o rosto e foi para seu closet pessoal trocar de pijama, voltando à cama suficientemente a vontade para ser acolhido pelos braços do príncipe e dormir tranquilamente pelo resto da noite.

[...]

Era uma tarde ensolarada quando a imprensa atualizou as notícias sobre as investigações na empresa Kim Imperial, anunciando que Yoongi não estava envolvido com a transferência devido a prova por uma nota fiscal e ligação para Kim Namjoon rastreada pelos policiais, que ocorreu durante o mesmo horário da autorização pelo computador, mas ele estava longe do prédio empresarial, a caminho da ong. Aquela notícia trouxe alegria e mais esperança para o grupo de amigos, além do completo alívio para o Min.

Entretanto, não impediu que novas notícias desanimadoras surgissem, uma delas sendo a descoberta de Hoseok sobre as câmeras de segurança que ficavam devidamente desligadas após um horário específico da tarde, voltando a funcionar em momentos variados todos os dias, indicando que estavam sob o controle de alguém desconhecido até mesmo pelo grupo de segurança da empresa, pois foi investigar de antemão. Prontamente ele levou a questão para a delegacia enquanto recebia mais uma negação do Juiz Kim sobre a audiência de decisão, então começou a acompanhar o delegado e os policiais mantendo a organização dos funcionários da empresa para que não houvesse empecilhos para as novas investigações. O cansaço e correria o obrigando a se contentar com apenas alguns minutos ao telefone conversando com Eunbi, essa que tentava não demonstrar como o afastamento havia a deixado afetada, queria ser uma boa amiga para o humano que a ajudou sem esperar nada em troca. Afinal, ele tinha cativado ela e sido cativado igualmente.

Namjoon e Seokjin também corriam contra o tempo para entregar uma nova solicitação ao governo quando foi negada a paralisação das cartas de adoção e os tutores começaram a insistir em levar os híbridos. Tal acontecimento afastou ainda mais o garoto coelho da ong, pois a mídia cobria toda a entrada além dos homens e mulheres buscando usar um pedaço de papel que aprisionava os híbridos a eles. E apesar da angústia, ele sentiu certo alívio ao saber que todos continuavam bem, que até mesmo Nora e o irmão cãozinho não frequentaram a ong nos últimos dias e que Junseo o visitaria na mansão para uma consulta enquanto ninguém entrava ou saía direito de lá.

Jimin tentava ser um bom amigo, animando-o quanto a espera que estava acabando e dizendo que ainda conseguiria levá-lo para outros lugares além da empresa, para que pudesse ajudar de outras formas.

Admirava os amigos e o príncipe, pois estavam tentando fazer com que participasse de todas as questões com eles, o incentivando a continuar lutando.

Naquela tarde em específico, ele o levou para a empresa onde poderia ajudar com as notas fiscais que seriam emitidas para as linhas de perfumaria da Kim Imperial deixarem a fábrica para os centros de distribuição e para as emitidas na ong, com o desbloqueio do banco e as compras acumuladas que precisavam fazer para preencher os estoques.

O coração do garoto coelho agitava o peito enquanto poderia ajudar e ainda estar perto do seu príncipe e dos beijos dele, os quais tentava se controlar para desejar somente nos momentos corretos, mas a tarefa estava cada vez mais difícil, pois era apaixonado por ele.

— Será que está tudo bem ir para a empresa mesmo, hyung? — Perguntou, enquanto observava as ruas adiante e escutava a música baixa no rádio.

— Sim, Ggukie! Depois que o Yoonie conseguiu provar que não foi ele que autorizou a transferência, a mídia acalmou um pouco.

— Certo! — As orelhas extensas se remexeram alegres.

O resto do caminho se passou com o híbrido de gato laranja comentando sobre o trabalho e as preocupações que deveriam ser postas como prioridades por eles. Ao adentrarem o prédio depois de passar pela parte reservada para os grupos executivos do estacionamento, as portas do elevador se abriram no último andar, onde o príncipe foi o primeiro a ser avistado pelo moreno, esse abrindo um sorriso instantaneamente.

— Meu pequeno! — Ele sorriu em retribuição, mas parecia nervoso com algo, o que não passou despercebido pelo coelhinho atento no homem qie amava.

— Oi, hyung! Está tudo bem?

— Não completamente, venham comigo, por favor. — Tae os guiou até uma sala do outro lado do escritório presidencial. — Eu deixei avisado o corte de informações da Kim Imperial para a equipe de ouvidoria, mas de alguma forma foi autorizada uma comitiva de imprensa que nenhum deles foi o responsável por aprovar, de acordo com o que me falaram...

— Como? Se eles são responsáveis pela área... — Jimin perguntou encabulado.

— Também gostaria de saber.

O príncipe abriu as portas da diretoria de marketing após educados toques, revelando os dois híbridos de veado sentados em mesas separadamente, erguendo os olhares para eles automaticamente. Jimin bufou.

— Tae...

— Por favor, Jiminie.

— Boa tarde, podemos ajudar, senhores? — Um dos híbridos saudou, se levantando como o irmão para uma reverência, sendo retribuídos respeitosamente. Jeongguk não deixou de notar a barriga redonda e enorme do mais alto.

— Gostaria de pedir que cuidassem bem do senhor Jeongguk, para que ele se sinta confortável aqui durante algum tempo. Podem recebê-lo?

— Claro, senhor Kim.

— Ah Tae, eu não acho... — O gatuno miou descontente.

— Tudo bem, hyung. Eu fico. — Jeongguk o interrompeu tranquilizador, sorrindo para os outros dois. Se lembrava da primeira vez que os viu, mas não julgaria suas posturas antes de tentar conhecê-los verdadeiramente.

Ainda mais porque sentia um cheiro estranho no ar. O gestante não estava se sentindo bem.

— Obrigado, meu anjo. — Tae sorriu aliviado. — Eu venho te buscar dentro de... — Olhou para o relógio caro preso em seu pulso. — cinquenta minutos, pode ser?

— Uhum!

— Prometo te contar o que aconteceu depois.

— Tudo bem, hyung.

Ambos tiveram de se controlar na frente um do outro para não atrasarem o objetivo daquela rápida conversa. Porém, deixando-o confiante apenas com sua presença, o Kim sorriu grande encontrando a pulseira brilhante contra a pele do anjo, segurando sua mão e depositando um beijo doce no dorso macio. Seu anjo ficaria bem.

— Já volto.

— Certo.

— Fique perto do celular, Ggukie, posso mandar mensagens avisando qualquer coisa. — O Park estreitou os olhos para os veados, imparciais apenas por causa do Kim, em seguida, esfregou sua bochecha na dele. — Vou te esperar para começarmos o trabalho.

— Obrigado, hyung.

Ao ser deixado sozinho com eles, os rostos antes imparciais voltaram a ser sombrios.

— Pode se sentar ali no sofá e ficar à vontade, chaveirinho.

— O-Obrigado.

No entanto, quando deu o primeiro passo em direção ao estofado de couro, o híbrido de veado mais alto cambaleou antes de cair sentado na cadeira, apoiando a testa em sua mesa.

— Quer mais um comprimido do remédio? — O mais baixo perguntou, completamente preocupado.

— Não, obrigado hyung. Não posso tomar mais que dois por dia.

— Com licença... — A voz do anjo soou baixinha e insegura, mas pelos outros dois também serem híbridos, puderam ouvir, olhando para si no mesmo segundo. — E-Eu posso ajudar com algo?

— Você é um médico por acaso? — O garoto coelho não soube identificar a intenção daquela pergunta, se era apenas para provocar ou se era por causa do mal estar sentido pelo seu semelhante.

— Aprendi muitas coisas na ala hospitalar da ong.

Os olhos dourados dele se acenderam.

— Sou gestante de trinta e quatro semanas, o obstetra disse que meu filhote está se encaixando para nascer de parto natural, mas tenho muitos enjoos desde então.

— Certo! Eu posso... — Olhando ao redor enquanto pensava, suas orelhas dançaram ao avistar um frigobar, andando rapidamente até ele, se abaixou abrindo a porta encontrando garrafas de água e água de coco lacradas, latas de energéticos e de chás variados. Inicialmente, pegou duas garrafas de água sem gás, fechando a porta e caminhando até ele. A cadeira giratória era grande e confortável para acomodá-lo. — Tire a gravata e o paletó, por favor.

O pedido pareceu o fim de expediente para o híbrido de veado, que prontamente afrouxou a faixa retirando-a do pescoço, juntamente da peça grossa e pesada da cor preta. O alívio inicial o tomou.

— Sente-se de uma maneira que suas costas tenham mais espaço para deitar parcialmente. — Instruiu o coelho branco, retirando o apoio de pescoço de couro do encosto, substituiu por suas mãos e um das garrafas de água quando ele apoiou a cabeça.

— O que vai fazer?

— Vamos tentar aliviar seu enjoo refrescando seu corpo primeiro, pode estar se sentindo mal por causa do calor.

— Entendi. — Ele disse baixinho, comprimindo os olhos quando a garrafa gelada encontrou a pele efervescente de sua nuca.

O segundo híbrido seguia quieto, assistindo com atenção e notável admiração.

Jeongguk seguia passo a passo do que viu o marido de Junseo fazendo, sorrindo grande e orgulhoso por ter aprendido.

— Eu posso ajudar também? — O terceiro perguntou se levantando acanhado, chamando a atenção dos olhos ônix.

— Claro! Pode segurar isso para mim, por favor?

— Sim! — Ele se aproximou tomando a posição do coelho, ouvindo atentamente sua instrução para não sentir dor eventualmente.

Ggukie voltou para a pequena geladeira e pegou uma lata de chá de camomila zero adição de açúcares. Ao virar as costas, encontrou um armário aberto onde continham as bolsas deles, junto de uma almofada comprida que serviria para colocar sob a barriga grande e pesada.

— Nesse momento, precisa beber bastante líquido e se for gelado, melhor ainda!

— Obrigado.

— Isso é ótimo! Ele não toma muita água durante o dia.

— Isso pode ter contribuído bastante mesmo.

— Eu esqueço.

— Tudo bem, a partir de agora não vai mais se esquecer. — O veado sentiu-se desafiado pelo coelho, mas ele continuou apenas sorrindo reconfortante para si.

— Certo. — Resmungou.

Com a ajuda de Jeongguk, ajeitou a almofada o aliviando do peso do filhote e abriu a lata bebendo generosos goles.

Puxando uma segunda cadeira, Jeongguk se sentou ao seu lado, pegando sua mão livre posicionando os dedos indicador e médio do lado de baixo do pulso, aplicando movimentos em meia lua durante alguns minutos, apoiando-o sobre a segunda garrafa de água gelada. Ao ter acabado o conteúdo da lata, ele fez o mesmo com o outro pulso e repousou sobre a garrafa, ajeitando para ficar uma posição confortável sobre a almofada.

— Isso o ar condicionado não fez durante todos esses meses. — O gestante sentiu o corpo do outro relaxar sob suas mãos. — O enjoo diminuiu, estou me sentindo sonolento agora.

— Isso é bom, se conseguir descansar por um tempo, vai ser ainda melhor.

— Vou aceitar a sua sugestão, doutor. — Ele riu baixinho, erguendo a cabeça para que o irmão pudesse apoiar novamente o encosto de couro e a garrafa para ele descansar. — Aliás... me desculpa pela forma que te tratei antes, não chega a ser justo você estar me ajudando depois daquilo que falei na frente de todos.

— Tudo bem... — Ele analisou o outro cuidadosamente, das galhadas bonitas até as sardas charmosas. — hyung. Eu ajudei com o coração.

— Eu sei. É que o antigo senhor Kim era um velho nojento... andava com um chaveirinho para cima e para baixo. — Ele fechou os olhos, se concentrando na sensação boa da oportunidade de descanso chegando.

— E quando o senhor Taehyung assumiu a presidência e mudou tudo, nós sentimos esperança nele e torcemos para que não fizesse o mesmo por dar tantas chances para os híbridos aqui na empresa. — Completou o outro.

— O meu hyung não faria algo assim, ele é bom.

— Depois de todo esse tempo, temos certeza também.

Ambos trocaram sorrisos singelos.

— Está tudo bem então.

Poucos minutos depois, o gestante ressonava tranquilamente, descansando após todo o cuidado do garoto coelho, que conferia seu sono e sua temperatura em variados intervalos de tempo.

Quando seu celular vibrou anunciando uma mensagem de Jimin, sobre seu príncipe ter sido obrigado a acompanhar a imprensa até o térreo, mas que ele já poderia passar normalmente pelo andar e entrar na sala presidencial, já havia se passado uma hora e o híbrido descansava profundamente, sequer percebendo a visita de seu parceiro humano, esse também agradecendo Jeongguk por ajudá-lo.

Sentindo que havia feito tudo o que poderia ali, saiu calmamente da sala ao deixar algumas instruções para o segundo híbrido de veado caso ele — que descobriu ser seu irmão — precisasse de novos cuidados.

Atravessando o pátio movimentado pelos passos e vozes de todos os funcionários daquele andar, ele se aproximou da porta ligeiro, apoiando a mão na maçaneta automática com uma pequena luz verde acesa, indicando que seu hyung gatinho havia liberado a porta para si, no entanto, uma voz feminina soou inaudível para um humano, mas ainda um sussurro para um híbrido e que chamou sua atenção:

— Certo, eu desligarei as câmeras hoje...

Virando a cabeça para o lado direito, onde a recepção do escritório do Presidente mantinha-se cheia, encontrou especificamente a moça de longos cabelos loiros, secretária do príncipe, que tirou o celular da orelha no segundo exato que seus olhos se encontraram. Porém, tão rápido quanto a ouviu e conseguiu entender suas palavras, mãos delicadas alcançaram suas costas, causando um leve sobressalto de susto.

— Que bom vê-lo, senhor Jeongguk! Vamos entrar? — O sorriso quadrado automaticamente acalmou o anjo.

— Vamos, hyung.

Uma última olhada para a bancada. Ela não estava mais lá.

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Notas Finais

E então, o que acharam???

Yoonie sendo o verdadeiro gatinho da relação me quebra 🥺🤌🏻

Tudo está tranquilo nesse momento, apesar das circunstâncias e isso tem me causado muitos dilemas internos para conseguir equilibrar momentos pessoais e profissionais, que seriam as questões da ong! O que vocês acham que vai acabar acontecendo? 👀

Esse coelhinho tá que tá KKKKKK ninguém segura a vontade de dar uns beijinhos que ele tem 🥺 e como o Tae é um príncipe, ele acata todos os desejos do anjo!

Temos também a pulseira que ele deu para o Ggukie:

Eu humildemente arredondei para escrever bonitinho kkkk mas a tradução do valor dela escrito durante o capítulo é de aproximadamente R$ 193.000,00 🌚🤌🏻

Se você chegou até aqui, é porque ainda acredita nessa autora 🤧🫶🏻, no insta, eu vivo postando sobre os Taekook daqui e tem um vídeo recente com uma das cenas desse capítulo! Se você quiser dar uma chance, estamos aí!
https://www.instagram.com/reel/C2XzOB6OUkN/?igsh=MzRlODBiNWFlZA==

Perdoem os errinhos, não esqueça suas estrelinhas e comentários, quero saber o que esperam de AuH! E até o próximo capítulo!

Se cuidem direitinho! 💜🐰💐🐯

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