25: Uma Tempestade que se Acalma
Notas Iniciais
Olá, coelhinhos! Tudo bem com vocês???
Eu estava morrendo de saudades!!! Muitas mesmo!!! O que vocês tem feito??? Espero que estejam se cuidando direitinho!!! 💜💜💜
Venho com esta minha cara lavada para pedir um mil milhões de desculpas pelo sumiço e me explicar um pouquinha kkkkk 💜
Há um tempo atrás, eu estive analisando a fic, planejando mudanças e depois de um tempo eu caí em um bloqueio criativo que me fez empacar, depois disso, senti como se não estivesse valorizando vocês, meus leitores coelhinhos! A bem da verdade, é que ainda vou trazer mudanças para a fic, mas dessa vez, sem me cobrar tanto e permitindo que daqui alguns anos eu possa ler ela e acompanhar minha evolução com a escrita. Outro ponto, foi que eu troquei de emprego recentemente e minha saúde mental melhorou muito! Eu não conseguia descansar muito no antigo e isso afetava minha vontade de escrever, agora voltei a ter finais de semana e é só sucesso hehe (NÃO TRABALHEM EM COMÉRCIO!!!), e foi isso hihi. Eu sei como acaba desanimando a vontade de conhecer a história quando eu só aparecia uma vez na vida e outra na morte, mas quero fazer diferente esse ano, estou me esforçando! 🤭
Agradeço pela compreensão desde já!💜
Sem mais delongas, peço encarecidamente que venham com suas garrafinhas e lenços! Deem suas estrelinhas e seus comentários para que eu possa surtar junto!!! Uma forma de nos reencontrarmos também estiver disposto a aceitar de novo essa autora cabecinha de vento! 💜💜💜
Boa leitura!!!! 💜
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"Então estamos livres, é excitante
Estou vendo a dor, estou vendo o prazer
Ninguém além de você, além de mim, além de nós
Corpos juntos
Adoraria te abraçar perto de mim, esta noite e sempre
Adoraria acordar ao seu lado."
Zayn - Pillowtalk
ᘔ|
Durante algum tempo após o despertar do descanso dos apaixonados, o escritório do Presidente da Kim Imperial permaneceu inacessível para quem não pertencesse ao grupo de amigos dele. Todos se acomodaram pelas cadeiras giratórias e sofás de couro nobre, preparados para as horas seguintes que se passaram entre conversas e planos para o que fariam a seguir, em relação ao nome da Empresa divulgada cada vez mais por inúmeros sites e noticiários, injustamente manchada pela acusação de reabrir o antigo e maior mercado de híbridos do país.
— Essa é a situação que nos encontramos, mesmo após tanto trabalho duro... — Hoseok cruzou os braços formando um bico inconformado nos lábios, com os olhos cravados na tela de seu computador exibindo um extenso e desanimador relatório. — Taehyung, consegue conferir se o Supremo Tribunal de Justiça respondeu a nossa carta de requerimento, para continuar o processo da audiência?
— Eles retornaram uma resposta há pouco, mas esperei todos virem para lermos juntos. — O Kim percorreu os olhos individualmente por cada um dos amigos, buscando a confirmação para enfrentar o e-mail aberto em seu monitor. Ele estava inquieto e em pé, a mão esquerda apoiada no ombro de Jeongguk, que tomou o lugar principal na mesa de vidro oferecido com carinho por si. Movimentando o mouse com a destra, dois clicks preencheram o silêncio angustiante do cômodo e o grupo percebeu primeiramente a luz branca refletindo nos olhares do casal na frente da tela. Tae umedeceu os lábios com a língua antes de iniciar a leitura: — "Eu, Kim Youngchul, portador de carteira profissional, regularmente registrado e autorizado a autuar no Processo Judicial em questão, manifesto oposição no requerimento de continuidade do mesmo, devido a radicalização de processos e mídias contra o titular tomador. Uma nova solicitação poderá ser encaminhada eventualmente. Atenciosamente, Supremo Tribunal de Justiça, Juíz Kim Youngchul." — Nenhuma outra voz foi ouvida a seguir, porém as expressões em uma mistura preocupada e de completa decepção, foram unânimes nos homens ali presentes.
— É isto. — O advogado Jung batucou os dedos na mesa, afrouxando a gravata que parecia lhe enforcar. Estava sentindo-se esgotado. — Teremos que esperar concluírem as investigações.
— Mas isso pode levar meses! — Yoongi exasperou. — Acredito que nem todos os híbridos das ongs estão livres de uma carta de adoção.
— Precisamos fazer a mídia acreditar que sim, senão todos serão obrigados a voltar para os tutores... — Jimin complementou baixinho, buscando principalmente o olhar do garoto coelho. — Ggukie, você não tem uma carta de adoção, não é?
Os segundos que pareceram um eterno silêncio entre eles, tornaram o escritório escuro e assustador.
— E-Eu não sei. — A sentença na voz trêmula arrancou suspiros preocupados. — Quando o Jeon comprou a minha mãe híbrido... — Sua expressão entristeceu-se, sequer conseguia se lembrar do rosto dela e as palavras que partiram de sua boca embrulharam o estômago. — somente ela teve uma carta, quem me registrou e ficou com as documentações foi a minha avó.
— Isso é um alívio. — O Park coçou os olhos afastando as lágrimas acumuladas. Nem conseguia imaginar o que poderia acontecer, se um pedaço de papel imundo aprisionasse o moreno ao tutor outra vez.
— Mas não podemos arriscar a imagem de Jeongguk novamente. Nem mesmo na ong, eu sinto muito. — Namjoon falou firme, os braços cruzados rente ao peito impedindo qualquer gesto de contra argumentos dos mais novos. — Se por muito azar o tutor o ver, terá como...
— Não termine essa frase! — Taehyung rosnou em uma explosão, virando-se para a enorme janela atrás da mesa, esfregando de forma rígida as palmas no rosto tentando controlar as lágrimas causadas por inúmeras emoções ruins, principalmente o medo de perder seu anjo. Não conseguia deixar de se culpar por toda aquela situação.
O escritório voltou a cair no mórbido silêncio e até mesmo quando olhava para Jimin, o garoto coelho percebia-o fugindo de si. Todos olhavam tristemente para o chão.
— Entendo vocês hyungs... vamos apostar nas melhores opções para salvar a todos. — Seus lábios tremelicaram e foram apertados pelos dentes avantajados. Ele não queria demonstrar todo o medo que passou a sentir.
— Será por um curto tempo, eu prometo para você, Ggukie. — Hoseok foi determinado, se levantando e reunindo seus pertences. — Eu vou voltar ao trabalho, atualizarei vocês de novas notícias. — Ele deixou a sala primeiro, afinal, tinha pouco tempo para reunir o grupo responsável pela tecnologia da informação em uma reunião remota de sua casa e encontrar os acessos de todos os computadores, que deveriam ser encaminhados em comparativo com as investigações da polícia. Tudo deveria ser sigiloso e precisava de uma estratégia para recorrer à justiça de forma certeira.
— Nós vamos buscar nossos filhotes e continuar o trabalho de casa. — Seokjin se levantou junto do marido, as orelhas castanhas sobre sua cabeça abaixadas e viradas para trás, observando o primo ao longe com o punho apoiado no vidro, negando para si mesmo e bagunçando os cabelos de forma nervosa. — Meu marido e eu avisaremos sobre qualquer novidade.
— Obrigado, primos. — Jeongguk apenas maneou a cabeça em reverência com um sorriso mínimo no rosto, assistindo-os sair sem forças para levantar da cadeira. Seu corpo inteiro tremia e seu olfato não conseguia sentir o cheirinho de morango e chuva para se acalmar. O príncipe também estava frágil e atordoado.
— Jimin e eu vamos voltar para a ong e conversar com o doutor Junseo sobre esse meio tempo afastado... — Yoongi pode perceber pelo gesto incomodado de engolir a saliva, como se fosse uma enorme pedra ao invés de fluídos, que o coelhinho também se segurava para não chorar. Compadecido, se aproximou para abraçar com força o casal de amigos individualmente em despedida. — Vejo vocês mais tarde. Não se preocupe Ggukiezinho, você voltará a fazer o seu trabalho incrível.
— Está bem, obrigado, hyung.
— Eu trarei o contato do Baekhyun para você Ggukie... acredito que falar com ele também vai ajudar. — Os híbridos trocaram sorrisos murchinhos, despedindo-se com um carinho esfregando uma bochecha na outra, e por fim, distribuíram um selar nas peles macias e marcadas por seus feromônios animalescos. Jimin seguiu Yoongi após abraçar o Kim igualmente.
Ambos os mais jovens do grupo permaneceram quietos, presos em seus próprios medos. Taehyung esperava suas emoções se acalmarem, queria ser forte para apoiar seu amor, mas cada vez que elevava os olhos e enxergava os últimos raios de sol perdendo o brilho para as nuvens escuras dominando todo o céu, enchia-se de sombras. Pensamentos negativos vieram desenfreados e aceitou que sempre soube que era devido à escuridão que se tornou um homem solitário, pois até a luz seria destruída pela energia ruim que sempre o cercou.
No entanto, ao ouvir o primeiro soluço do coelho, virou automaticamente em sua direção, ajoelhando em sua frente erguendo as mãos até encostar nas semelhantes pálidas e frias. Suas lágrimas voltaram a escorrer, ainda que incessantemente beijasse os dedos e os dorsos macios alheios, tentando acalmar o de fios negros.
— T-Tudo vai se ajeitar, meu anjo... — Soltou suas mãos para erguer e tocar com um carinho tenro as bochechas úmidas, secando com as polpas dos dedos as lágrimas quentinhas escorrendo pelo rosto frio. — Não vai demorar.
— Eu não sou... n-não sou livre de qualquer forma. — A voz magoada cortou seu coração, deixando-o despedaçado no escuro.
— Claro que é! Querido, olhe para mim. — Os olhos de jabuticaba o encontraram relutantes. — Nós temos muito amor e força reunidos em todos os pedacinhos das ongs, dentro de nós... vamos resolver isso. Confia em mim?
Ele próprio não confiava em si próprio, mas por tudo o que aprendeu e sentia com a presença do garoto diante de si, iria dar uma chance para tentar.
— Confio até de olhos fechados, hyung. — Permitindo que o príncipe se aproximasse ainda mais, Jeongguk sentiu ele o puxar e sustentar suas mãos para que se levantasse também. Suspirou ao encontrar conforto contra o peitoral quente em um abraço apertado. Seu rosto foi seco pelo tecido branco da camisa social, mas continuou esfregando-o ali em busca de contato, sentindo as batidas aceleradas do coração do príncipe e o cheirinho de morango e chuva que voltou a dominá-lo. Seu próprio coração naturalmente agitado começou a se acalmar.
— Não estamos sozinhos... — Taehyung distribuiu um longo selar no topo de sua cabeça, adentrando os dedos nos fios de sua nuca realizando um cafuné e intensificando o aperto do abraço.
— Não mesmo... — Jeongguk fechou os olhinhos contagiado, finalmente conseguindo descansar no abraço quentinho dele, retribuindo seu carinho com os braços apertando-o igualmente, como se pudesse fundir seus corpos se colocasse mais força, e as mãos novamente aquecidas com o calor do homem grandão, passeavam pelas costas largas, tateando indiretamente a pele morena e macia.
— Vamos para casa. Precisamos conversar com a noona e reunirmos o máximo de extratos bancários possíveis que tenha nessa maldita empresa... — Jeongguk ergueu o rosto surpreso, encontrando o olhar de mel apagado.
— Você não gosta da sua empresa?
— Nunca gostei, Ggukie. A assumi para que pudesse dar chances de empregos e condições de vidas dignas aos híbridos, mas não era o que queria como profissão. Eu deveria ser agradecido, rendeu muitos frutos em todos esses anos, eu sei. Desculpe as palavras grosseiras.
— Eu entendo você, hyung. — Da mesma forma, o garoto coelho desejava distraí-lo da dor. — E o que você queria ter feito?
— Aberto uma floricultura... — Riram baixinho, confortados por aquele momento. — Mas você me ajuda?
— A cuidar de uma floricultura?
Taehyung soltou uma risada à vontade, sequer precisando pensar em sua próxima atitude, aproximando o rosto até selar a ponta do narizinho redondo e avantajado, do formato perfeito e que amava.
— Também! Mas dizia sobre me ajudar a encontrar os extratos, para que a polícia chegue mais rápido na descoberta do computador de onde partiu a autorização da transferência do investimento, assim não precisaremos mais temer.
— Sim para os dois, hyung! — Erguendo o rosto, o garoto coelho selou os lábios de seu amor.
— Então vamos. — Tae devolveu outro selar. Por ele, encheria o rosto bonito do anjo de beijos ali mesmo.
Separando-se apenas para coletarem todos os pertences necessários, o jovem e apaixonado casal deixou o escritório calmamente — afinal, todos os funcionários haviam encerrado o expediente e se foram — caminhando para o elevador disposto no final de corredores completos com mesas e computadores, com os dedos entrelaçados livres e naturalmente, como o casal que desejavam timidamente em segredo se tornar, mas nenhum dos dois tinha coragem o suficiente de formalizar em palavras.
Só não puderam reparar nos olhos raivosos da secretária Hua, que ainda perambulava pelo último andar com as câmeras controladas por um aplicativo em seu celular — cedido pelo progenitor do Kim — e que ao ouvir seus passos, se escondeu atrás de um dos balcões da recepção.
[...]
Dias outra vez coloridos de cinza se passaram para Jeongguk. Não que ele não apreciasse a presença de sua noona Byeol e suas conversas animadas, ainda gostava de ajudá-la e assistir aos doramas juntos. Porém, suas emoções tornaram-se uma bagunça quando podia somente se despedir do príncipe todas as manhãs na porta principal, e acompanhar seus hyungs e ele em entrevistas na televisão, cada vez mais ansiosos com a polícia avançando nas investigações devido às colaborações dos extratos e câmeras de segurança. Então passava o resto do dia sentado no piso polido da sala de estar, com as costas apoiadas no braço do sofá olhando para o jardim e o céu através das portas de vidro fechadas. Sequer podia ir para a ong fazer o que mais gostava, haviam muitas câmeras e jornalistas esfomeados por notícias em todos os lugares, perseguindo seus amigos e amor. O desânimo foi o tomando e causando pensamentos que pediam conserto com as atividades ensinadas pela amiga psicóloga, falhando algumas vezes. Sensível, começava a chorar. Não queria ser um coelho egoísta com os hyungs, entendia o porquê de tudo aquilo, mas a dor simplesmente não diminuía.
Pela metade da tarde atual, noona o convidou para assistir um filme de fantasia e romance, com músicas que o ajudariam a se distrair. A ideia somada a petiscos e cafuné o alegraram por um momento. O filme sugerido era "A Bela e a Fera" e toda a construção de cenários e cores foram complementando o brilho interessado de seus olhos assistindo com atenção. Após a valsa com a música principal, onde o coelho anotou o nome para encontrar no aplicativo de músicas em seu celular — como Yoongi havia o ensinado — se prendeu ao diálogo seguinte, o fazendo apoiar a cabeça sobre as dobras dos joelhos, esses contornados por seus braços em uma posição confortável.
"— Eu não dançava há anos... ah, havia esquecido a sensação... Mas imagino que seja tolice uma criatura como eu, esperar ganhar um dia o seu afeto...
— Eu não sei...
— Isso é sério? Seria feliz aqui comigo?
— Alguém pode ser feliz sem ser livre?"
O moreno suspirou, os dois personagens estavam presos de formas diferentes, mas queriam amar. Não podia deixar também de reparar como ele e seu príncipe eram iguais.
"— Meu pai sabe dançar, eu aprendi com ele.
— Sente falta dele?
— Sim, muita."
Mais um nozinho invadiu o pensamento dele: como era o rosto de sua progenitora? Por que não conseguia se lembrar? O tutor havia o separado dela ainda filhote. Sentia muita falta por mais que sua cabeça não recordasse e soube naquele momento que o cheiro de mãe permanecendo em memória no seu olfato, eram os feromônios dela. Jeongguk aumentou o aperto do próprio abraço, tentando realizar algumas atividades da amiga panda para se acalmar.
"— Gostaria de vê-lo?"
A Fera então a levou até o espelho mágico, onde ela viu que seu pai não estava bem e diante da sua dor, o príncipe amaldiçoado a libertou. Ele sequer pensou em si mesmo e por amor, deixou que ela fosse e retornasse quando seu coração quisesse. Porque ele a amava. O coraçãozinho do coelho compadeceu com as dores deles, diferentes, mas que haviam sido, talvez por um momento, curadas com amor.
Ele queria usar o amor que recebia e as boas vibrações de torcida de todos para enfrentar seus nozinhos também, porém, daquela vez não era somente ele que estava triste, pois sentiu o exato momento que seu corpo se arrepiou e seus sentidos se tornaram mais aguçados — ainda na forma humana — e não precisou procurar um espelho para saber que seus olhos estavam azuis, percebendo os instintos que já não eram mais tão bobos para si. Eles gritavam para se proteger.
Alarmado por alguns segundos, equilibrando o homem e o coelho dividindo o mesmo corpo, levantou-se e sem responder a pergunta preocupada de sua noona — pois era como se todas aquelas emoções misturadas o fizessem esquecer como falar — subiu as escadas indo diretamente para o quarto do príncipe. Não era o humano controlando o corpo e aquele modo de agir ainda era novidade significativa de estranheza do moreno, que apenas obedecia os comandos como se fizesse aquilo durante toda a vida, algo naturalmente dentro dele que um dia foi esquecido, ou não teve liberdade alguma para desenvolvê-lo antes.
Concentrando-se em descobrir, guiou-se diretamente para o closet do acastanhado, de onde o cheiro de morango e chuva vinha mais forte, descontrolando suas vontades e nozinhos de pensamentos. Automaticamente passou a pegar as peças de roupas e inspirar o perfume profundamente, buscando a segurança que o hyung havia lhe dado. Quando percebeu vagamente o que estava fazendo, criava uma espécie de cama circular no carpete com todas as roupas, travesseiros e cobertores que encontrava, trabalhando firmemente naquele ninho com o cheiro de Taehyung, o humano também reconhecia, seu príncipe, seu herói, seu amor.
Seus instintos alertaram que a estrutura estava pronta minutos depois, e experimentando de algo que nunca fez antes, Jeongguk se deitou. A satisfação e conforto o tomaram imediatamente e resmungou manhoso ao mergulhar no perfume de Taehyung, esfregando o rosto e o corpo pelos tecidos tentando marcá-lo com o cheiro pelo qual havia se apaixonado. Ao encontrar uma posição entre o ninho onde sentiu a segurança que buscava, aproximou um tecido branco e amassado pela força incomum de suas mãos, até encostar no narizinho remexendo desesperadamente. O ato pareceu uma chave que precisava virar, pois assim que inspirou o perfume da camisa social, fechou os olhos e dormiu.
Eram muitas memórias bagunçadas naquele ninho, outros nozinhos eram notícias que precisava processar e que vinham esgotando suas forças por acontecerem rápidas, violentas demais, o preocupando e assustando. Porém, havia encarado todas e sido maduro o suficiente para entender que não tinha problema não ser forte e que iria recarregar ali, conectado a energia que amava chamada: Kim Taehyung.
Byeol demorou o máximo que sua preocupação materna permitiu — cerca de uma hora depois que seu menino saiu de repente, deixando-a com muita aceleração no coração — subindo as escadas a sua procura tentando ser discreta, afinal, não era sua intenção invadir o espaço dele, e se pudesse apenas conferir de longe o seu estado, o deixaria em seu canto. Mas e se Ggukie não estivesse bem? Ela tinha conhecimento de sua infelicidade pelos últimos acontecimentos.
Silenciosa, passou por todos os cômodos, franzindo o cenho por não encontrá-lo, imaginando que pudesse estar em sua forma de coelho escondido em algum espaço pequeno. Quando as palpitações de angústia retornaram e um frio na barriga a dominou, ela adentrou o último lugar de procura, o closet, e arregalou os olhos para a cena adiante: do seu menino no meio das roupas de Taehyung, apertando cada vez mais o que conseguia contra o corpo, o rosto apagado e triste estava úmido de lágrimas e pequenos solavancos seguiam protagonizando os sonhos nada bons que o prendiam ali.
Mesmo com o peito despedaçado, não ousou fazer nenhum movimento ou barulho, ao contrário, deixou o cômodo voltando para o primeiro andar e discou rapidamente o número do híbrido de gato em seu celular para lhe pedir ajuda, respirando aliviada somente quando ele explicou a situação assegurando que também contaria para o acastanhado. O resto da tarde se passou então melancólica e fria, dona Byeol não conseguia simplesmente continuar seus afazeres sabendo da situação de Jeongguk e que não poderia fazer nada por ele naquele momento.
No centro da capital, o Kim mantinha os olhos fixos na tela de seu computador, organizando balanços e extratos esperando com o mínimo de esperanças que algum batesse os valores da forma correta, sentindo a raiva dominar seu corpo compreendendo o motivo de seu pai não ter mais solicitado dinheiro algum para si. Ele próprio estava transferindo.
Três toques na porta chamaram sua atenção e forçou um sorriso mínimo para o gato laranja vindo em sua direção. Não por ser ele, mas por ter medo de confirmar suas suspeitas sobre o sumiço do dinheiro. Jimin por outro lado, sempre soube que não precisava de permissão para entrar em seu escritório.
— Boas notícias com as ongs? — Perguntou, temendo a resposta.
— Alguns tutores entraram em contato hoje, perguntando o que as ongs que pararam de receber doações vão fazer com os híbridos, que eles gostariam de uma segunda chance através da carta de adoção. Mas isso não é de hoje e os híbridos estão seguros.
— Tudo bem, mas por que as ongs pararam de receber doações? — O Kim franziu o cenho, fechando os dedos em punho sobre a mesa, descontando o aperto na carne suada de sua mão. Mais uma preocupação apareceu para lhe tirar a pouca paz. Ele não queria novidades daquele tipo.
— A verdade é que a polícia paralisou qualquer movimentação de dinheiro até concluírem as investigações.
— Ah... isso precisa se encerrar logo. — Abaixando a cabeça, bateu a testa suavemente na mesa de vidro algumas vezes consecutivas. Sua mente já estava cansada demais para encontrar novas soluções.
— Teremos de ter paciência, eles vão resolver tudo a tempo. — O felino se aproximou até sentar na cadeira defronte para o Presidente. — Eu vim para contar outra coisa para você, que realmente vai te gerar preocupação. — Um sorriso pequeno se abriu com a sentença.
— Eu não vou nem tentar adivinhar, diga de uma vez, Jiminie.
— Jeongguk aninhou. — A objetividade dele, fez o outro erguer a cabeça com os olhos arregalados cravados em si.
— O que? — Com o coração disparado, Taehyung engoliu o bolo em sua garganta como se fosse uma bola de espinhos, rasgando-lhe por dentro. — Como? Eu posso ajudá-lo com isso?
— Essa é a questão... — O Park mantinha os lábios repuxados, apreensivo. — você não pode.
— Por que não?
— Noona me ligou, disse que o encontrou no seu closet. Ele pegou todas as suas roupas e fez uma caminha lá mesmo. Está dormindo sobre ela agora. É o seu ninho e ninguém deve mexer nele até que acorde por vontade própria outra vez. Compreende?
— Sim... m-mas quanto tempo dura? Como ele irá se alimentar ou...
— Cada ninho é diferente Tae, eu mesmo já passei uma semana inteira em um, e depois que acordei comi todas as tilápias do freezer de uma só vez. — Ele riu descontraído, não o suficiente para contagiar e acalmar o empresário. — Mas foi assim que funcionou comigo, é como um tempo especial para processarmos tudo o que é ruim e acordar renovados.
O Kim concordou lentamente. Sua mente em um grande nó esquecendo de todo o resto e pensando somente no anjo. Pensando em como estava, outra vez, o decepcionando ao ponto dele criar um ninho para se proteger sozinho.
— É normal, sabe? — Percebendo a negatividade presente na expressão e mandíbula travada do outro, o gato laranja prosseguiu: — É só o nosso jeitinho... e conhecendo a história, até o Ggukie deve ter descoberto agora que pode aninhar.
— Isso realmente nunca aconteceu antes... — O corpo do humano se obrigou a relaxar, mas os pensamentos continuaram com todas as forças. — ele é um garoto forte e teve a melhor das reações que eu esperava sobre tudo o que está acontecendo, mas ainda me sinto culpado porque nem mesmo pode ir a ong e eu vi, Jiminie, o quanto ele adora trabalhar lá.
— Eu sei Tae, nesse momento todos estamos preocupados com ele. — O gatuno suspirou pesaroso. — Está certo que não pode arriscar sua imagem na ong ou nos tribunais outra vez até a mídia acalmar, mas acredito que possa dar uma escapadinha com ele de vez em quando, mostrar outras coisas enquanto essas da ong ficam estagnadas.
— Está certo! Nós só trabalhamos essa semana e sequer conversamos direito sobre o que estava acontecendo. — Tae exauriu determinado. — Quando ele acordar vamos planejar algumas coisas e vou fazer o que puder para alegrá-lo!
— Você já faz isso. — Jimin sorriu, tornando seus olhos dois risquinhos singelos.
— Não sei bem, sequer perguntei como ele estava se sentindo... — Encolheu os ombros.
— Não por isso, vocês dois estão preocupados e querem resolver os problemas logo, mas conversem, vai fazer um bem danado! — Sopraram risos aliviados.
— Certo, Jiminie. — Voltando o olhar para a tela, ele se lembrou do que estava conferindo e se esforçou para não demonstrar a raiva camuflada por algum tempo, com a preocupação pelo coelhinho. — Ainda que eu não possa fazer nada para ajudar o Ggukie, irei resolver um problema aqui e vou para casa.
— Está certo.
— Obrigado pelos conselhos, Jiminie.
— Não é nada. — Ele se levantou. — Agora eu vou trocar o Yoon de turno e mandá-lo para a ong. — Trocaram uma piscadela cúmplice.
— Qualquer coisa estou no celular.
— Okay, bye! — Então o alaranjado se retirou, deixando o Kim novamente sozinho com muitos números faltando no banco central da Empresa.
Bufando poucos segundos depois de silêncio completo, Tae recostou na cadeira passando as mãos pelo rosto, almejando despertar do pesadelo que estava tendo sentado ali. Precisava encontrar uma forma de trazer seu progenitor para perto e mantê-lo vigiado até as investigações serem concluídas.
Após pensar cuidadosamente, discou o número correspondente a ele e apoiou o celular na orelha, repetindo mentalmente que manteria a calma e o convenceria antes de um possível desentendimento.
"— Ah... eu pensei que fosse demorar para ligar, mas não tanto assim, me surpreendeu, Tae!"
— Queria marcar uma reunião presencial... com o senhor.
Ele falou de uma vez, disfarçando a insegurança de sua voz.
"— Agora que as coisas complicaram para o seu lado... você precisa dos conselhos do seu pai?"
— T-Talvez.
Tae gaguejou, a raiva tamborilando por seu corpo.
"— Não seja tão orgulhoso, aceite que falhou."
O coração pesado dentro do peito martelava de forma dolorida. Ele não tinha o direito de falar algo como aquilo para si. Mas não estragaria seu plano o contrariando.
— Desculpe, abeoji.
"— Hum... e o que eu ganho com essa reunião presencial? Não tenho dinheiro para ir, você sabe, não é?"
Sei que é mais uma de suas mentiras. Pensou.
— Eu me encarregarei da Estadia no King Hotel, as regalias que já está acostumado, diga o valor e eu faço a transferência.
"— Mesmo diante de uma situação exposta em todos os tablóides, você ainda é generoso com o seu velho pai... — Uma risada falha e baixa preencheu a ligação brevemente. — Daqui duas semanas estarei aí, prepare-se para me receber."
— Certo, abeoji.
A ligação foi encerrada primeiro pelo mais velho e então o corpo de Taehyung relaxou novamente sobre a cadeira, pois convencê-lo facilmente não era o que estava esperando daquela conversa, porém agradecia por acertar nas palavras e sabia que o alívio tomaria conta se conseguisse observá-lo o tempo todo.
Sua mente então tornou-se um quadro inteiro branco, devido ao turbilhão de pensamentos e o maior nozinho era o anjo. Se levantando, guardou todos os seus objetos pessoais e deixou o escritório com o notável desespero de sua preocupação em saber como ele estava.
As ruas estavam pacíficas pelo horário da tarde e ele não demorou para chegar na propriedade, subindo as escadas como um vendaval sem sequer ter se encontrado com sua noona primeiro, indo diretamente para seu quarto e, em seguida, o closet.
Sentiu seu coração acelerado ser esmagado ao assistir impotente o sofrimento de seu amor, abraçado a suas roupas e soluçando inconscientemente. Desejou acordá-lo, abraçar seu corpo de tão aconchegante encaixe contra o próprio e contar que estava tudo bem, que ele não precisaria mais temer porque estava ali para protegê-lo. No entanto, pode somente apoiar as costas na parede oposta e escorregar até se sentar no carpete macio, assistindo-o de longe obedecendo aos conselhos de Jimin.
Queria estar e ficaria ali, para ser um apoio quando seu amor acordasse.
[...]
O tempo passava de forma lenta e torturante, os espasmos pelo corpo do híbrido de coelho perduraram incansavelmente pelos quatro dias seguintes, em que os sonhos se misturavam a lembranças e o obrigavam a assistir tudo novamente.
Dentro de seu ninho, Jungkook parecia um fantasma, sentia e ouvia tudo ao redor, porém não conseguia compreender, eram como ruídos, como se sua alma tivesse se desconectado do corpo e passasse por toda a trilha caminhada em sua mente, revivendo momentos bons, principalmente ruins e nada fora deles. Um gosto amargo tomava conta de sua garganta, o sufocando todas as vezes que sucumbia a um pesadelo, daqueles que desejava terem sido apenas isso, mas eram monstros reais.
Naquele momento, se esforçava para acreditar que passava por uma boa lembrança, os feromônios de baunilha acalmando seu coração, uma mão quentinha tocando-lhe o rosto. Ainda conseguia sentir o gosto do leite materno e as pontas dos cabelos negros fazendo cócegas em seu rosto por virarem de um lado para o outro, conferindo se estavam seguros. Mãe coelho.
"— Meu Ggukie... ainda bem que a omma pode alimentá-lo. — A risada dela causou uma reação espontânea, seu rabinho começou a balançar freneticamente.
Ele não enxergava muito bem onde estavam, mas sentia o colo dela, a mão passeando por seus cabelos em um carinho gostoso, o leite sendo sugado com afoito saciando a fome e sua mão apoiada no busto dela, descansando, sentindo o calor de sua pele.
— Que coelhinho faminto!
Seus olhinhos estavam fixos em seu rosto, mas não conseguia vê-la de fato, não conhecia o formato de seus lábios, dos olhos, apenas um vislumbre de um sorriso. Ele era tão pequeno, queria se lembrar dela, desejava mais do que apenas sensações.
— Você é um bom menino, Ggukie, então precisa escutar a omma... — O olhar, fixo na face borrada, começou a deixá-lo angustiado. — quando eu te passar pela abertura da janela, você irá para a casa da vovó e não voltará até eu te chamar. Temos um combinado? — Deleitado pela refeição infantil e pelo lugar silencioso o trazendo paz, o filhote concordou sem deixar de puxar o leite para si. — Obrigada, filhote."
A sensação quentinha e confortável foi desaparecendo junto da híbrido de coelho.
Queria gritar, porém nada saltava de sua garganta: Eu quero vê-la! Omma! Quero ver seu rosto!
Em outro segundo, via-se com as pernas curtas, correndo desengonçado por um gramado verde limpo e bonito em um dia de sol, sem olhar para trás. Não compreendia direito o que estava fazendo, apenas sentia que era o certo.
"— Meu netinho! Venha com a vovó!"
Vovó! Ah, ele se lembrava do rosto dela, do sorriso, do calor do abraço, da proteção e de ser cuidado com amor, como por sua mãe.
As imagens foram se afastando gradativamente, manchas escuras foram surgindo pelas bordas de sua visão e o coraçãozinho naturalmente acelerado, apertou dolorido contra o peito ao que uma risada maléfica o apunhalou antes de chegar em sua avó.
"— Não achou que iria escapar de mim, não é, Ggukie?"
As imagens voltaram com tudo, mostrando o quartinho minúsculo e frio, o colchão fino jogado no chão, a porta de ferro e as grades na janela.
Tentou fugir, mas não controlava seus movimentos. Pensou fortemente nas coisas que o salvariam, obrigando sua mente a entender que tudo aquilo era somente uma lembrança, e coisas boas aconteceriam no momento real, de que as ongs estavam restritas apenas para funcionários, ajudando os híbridos a ganhar tempo e segurança, também estava seguro em casa com o príncipe, e portanto, não deveria temer aquela voz. Porém era tão forte o barulho entrando em sua cabeça que encolheu-se o máximo que conseguiu inconscientemente, perdendo-se do cheiro de morango e chuva por um momento. As risadas aumentaram e se permitiu cair na escuridão.
Por que ele estava duvidando das palavras dos hyungs?
Por que sentia medo?
Por que sentia que estava aprisionado outra vez?
Por que era um coelho egoísta?
Jeongguk se viu então em pé no meio daquele cômodo, exposto e escutando ao longe as correntes arrastando pelo chão. Em seguida, o terror tomou conta de si ao olhar para frente e encontrar um espelho, no reflexo, várias mãos maldosas o cercavam, acompanhadas de risadas que jamais esqueceria mantendo em sua memória marcações de sua história, de todos os borrões que passeavam por sua visão deturpada pelos remédios, pelo esgotamento, pelo medo, história a qual gostaria de apagar para sempre, mas era tão difícil sozinho.
Se debatia, não conseguia acordar.
"— Chegou ao meu conhecimento que você não foi um bom garoto na casa do Senhor Lee...
A voz grossa e ameaçadora cortou o ar ao que o cenário mudou e dessa vez via o tutor de baixo, deitado sobre o colchão sem força alguma para se mover, o tremor pelo frio intenso sendo o único movimento sem controle.
— Jeongguk, eu não vou ter de repetir que mais uma que você aprontar, alguém vai pagar, não é?
Ele se aproximou até encontrar seu rosto, jogando uma pequena porção de água no chão. Lambeu os lábios, como se os respingos pudessem molhar a garganta e satisfazer a sede.
Ainda iria fugir daquele homem. Conseguiria ficar longe o suficiente para nunca mais o encontrá-lo. Iria acabar com toda a maldade dele, faria-o pagar.
— D-Desculpe, senhor.
— Agora já aconteceu, veremos quando poderá sair do castigo. Entenda, essa é uma consequência da sua própria escolha, é egoísta até para si mesmo."
Jeongguk se lembrava vivamente daquela conversa, passou noites adoecido, chamando silencioso por sua mãe e avó incansavelmente, proibido de ver a luz através da janela.
Porém, por que ele deveria estar com medo daquela lembrança? Realmente foi para longe do Jeon e diretamente para sua liberdade. Realizava todos os dias as atividades de sua amiga psicóloga, ajudava os próximos, se esforçava para escrever aquele capítulo de sua história, com amor, dedicação e alegria de ter um novo dia todos os dias, para escolher o que fazer e se descobrir. Estava assustado pelo que viria a ocorrer, foram tantos pesadelos esmagantes, tantas memórias ruins permitidas de registro, porque havia desistido de lutar pela sua vida, mesmo fazendo tantas promessas a si próprio. Quando ganhou uma nova chance, aquela aconteceu de forma diferente, tinha seus hyungs, a noona, os amigos que conheceu na ong e tinha o seu amor. Tinha literalmente tudo para que não precisasse temer a perda deles em um futuro ainda não escrito.
Fortificando-se com aqueles bons pensamentos, ao fundo da escuridão que tomou sua vista novamente, foi capaz de escutat uma nova voz, forte e bonita, preenchendo os buraquinhos de sua alma, acolhendo todos os seus pensamentos e medos, não lhe pedindo nada em troca, pelo contrário, entregava o amor em suas mãos para fazer o que bem quisesse.
Taehyung.
O seu herói era incrível. E amava ser o seu garoto.
"― As pessoas que te chamam assim são cruéis, ― Se atentou a voz bem baixinha em suas audições machucadas. ― e você não merece ouvi-los falar esses tipos de coisas feias... enquanto estiver aqui comigo e com a noona, não vamos deixar nenhuma palavra feia chegar até você, vai ouvir só coisas lindas, eu prometo."
"Vai ficar tudo bem, Ggukie!
Estou aqui, cuidando de você mesmo do lado de fora. Não vou deixar nenhum mal passar, prometo! Pode fechar seus olhos e dormir, deixa comigo!"
"Olhando para baixo, tentou acompanhar os passos lentos do príncipe, pegando facilmente o jeito. Sorrindo grande e animado, seu rabinho passou a balançar freneticamente, junto às suas orelhas dançando e dobrando as pontinhas, que arrancavam suspiros de Taehyung.
"The question is why, why are we here?"
Então ele começou a cantar, e por um momento foi como se todos os outros sons tivessem desaparecido.
Existia somente a voz do príncipe e o timbre rouco sendo sentido por suas orelhinhas, que captavam suas vibrações.
Se deixou ser guiado a sentir e aproveitar aquele momento.
"To say our hellos and goodbyes, then disappear
This beautiful life, what is it for?
To learn how to master peace or master war?
There's only one answer that matters
Even if your heart has been shattered
Whatever you want, whatever you are after
Love is still the answer
Love is still the answer"
Riu baixinho e envergonhado por ter pisado no pé do mais velho, sendo acompanhado pelo hyung que acabou na mesma situação, seus corpos balançando cada vez mais unidos, enquanto, existia a pausa na letra e a melodia era cantada como o ronronar de um gatinho.
Jeon não sabia explicar o quanto era bom, mas tinha certeza que era muitas vezes mais do que sentiria em uma valsa em um salão aglomerado de um reino inteiro.
Era melhor que a fantasia, do que sonhava.
"Love, love, love, love
Love, love, love, love"
O príncipe foi baixando seu tom de voz, colando seus corpos um pouco mais, e discretamente, farejava seu cheiro doce, a fragrância de morango que lhe trazia paz e a sensação de proteção."
"― Você vai me dar o seu amor, Tae?"
"― Eu tenho um presente especial pra dar, — Byeol noona anunciou, retirando o último embrulho debaixo da árvore. — para você, Ggukie.
Seus olhinhos se esbugalharam com o embrulho estendido em sua direção.
― Noona...
― Pegue querido, é pra você.
Timidamente e com um sorrisinho, Ggukie pegou o pacote, colocando-o entre suas pernas e retirando a fita, puxando de seu interior, algo também de lã.
Seu sorriso aumentou, assim como seus olhos se inundaram. Era uma blusa de cor laranja, de um tom bem clarinho e fofo, a amassou entre os dedos levando até seu rosto, resvalando a bochecha pelo aconchego da lã.
― É lindo noona, ― Ergueu o olhar novamente para a mais velha, se levantando e indo até a mesma lhe abraçar. ― obrigado. ― Fechou os olhos com o carinho que recebeu nas costas e cabelos.
― Não há de que, meu querido, quero te dar muitos presentes ainda. ― Byeol o apertou contra si, embalando-o com seu cheiro de baunilha.
― Obrigado por tudo, noona. ― As palavras baixinhas aceleraram o coração da mais velha, e de olhos também marejados, aconchegou ainda mais o coelhinho em seus braços. ― Para dar o meu presente, preciso esperar a primavera.
― Eu posso esperar, Ggukie. ― Byeol o apertou um pouco mais.
― Agora o nosso para você, Ggukie! ― Yoongi anunciou, oferecendo o último embrulho que tinham.
― Mas... ― Ele encarou o Min, se afastando minimamente de noona. ― eu não tenho nada para dar aos hyungs.
― Não se preocupe, haverá mais oportunidades, hoje nós só queremos presentear você. ― Jimin concordou com o namorado, sorrindo até mesmo com os olhos.
Com o rosto esquentando gradativamente, aceitou o saco colorido, voltando a se sentar ao lado do príncipe com a blusa de lã laranja sobre seu colo. Desamarrando a fita vermelhinha com cuidado, abriu o presente dos mais novos amigos encontrando outra blusa, essa sendo de moletom números maiores, da cor cinza, com um bolso enorme na frente.
― É muito bonita. ― Seus olhos brilharam erguendo o tecido macio, só não tão gostoso de apertar quanto a que sua noona confeccionou. ― Obrigado, hyungs.
Envergonhado, não lhes deu um abraço, mas exibiu seus dentinhos em um sorriso estonteante, abraçando as duas peças deixando-as contra seu peito.
Eram lindos presentes e queria poder retribuir.
― Jiminie escolheu pessoalmente. ― O Min comentou, acariciando a nuca de fios ruivos do namorado.
― Essa é feita especialmente para nós, não vai incomodar e nem coçar por causa dos pelinhos que temos dos nossos lados animais pelo corpo. ― Jimin explicou, e suas orelhas felinas dançaram, essas sendo condecoradas com duas argolinhas douradas em cada uma, era bonito.
Voltando a se concentrar em suas palavras, assentiu, seus olhos arregalados. Era uma blusa especial para híbridos, que poderia resvalar por seu corpo sem qualquer empecilho, e era tão... diferente.
― Eu gostei muito dos presentes, obrigado, de verdade. ― Foi sincero, sorrindo verdadeiramente para os mais velhos, se sentia quentinho por dentro, ganhando presentes mesmo sem poder presentear também."
As memórias lindas e boas foram dominando seu sono, enchendo-o de luz.
"— Por que?
— São flores incrivelmente fortes, lutam para crescer em qualquer tipo de solo e são muito vigorosas, significam orgulho e acho bonito porque elas fazem um doce pedido.
— Que pedido? — Jeon estava emocionado e tudo em si dançava, dos pés às orelhinhas. O príncipe era extraordinário com as flores. E consigo também.
— N-Nada demais, é só que elas pedem confiança... é!"
Sentiu o sorriso surgir. Ele já sabia qual era o verdadeiro significado e a doce lembrança o fazia ficar mais apaixonado.
"O príncipe fechou os olhos tentando esconder as lágrimas recém acumuladas e igualmente emocionado, deixou escapar e escorrer suas gotinhas pelas bochechas.
— Esse é o momento certo? — O mais velho perguntou, deitando o rosto contra suas palmas quentinhas lhe dando carinho.
— Não poderia ter outro melhor.
Aproveitando os olhos fechados do outro, o garoto coelho tomou coragem e grudou seus lábios em um selar casto e duradouro, atendendo ao pedido do seu coração e instintos de coelhinho."
Aquele havia sido o seu momento favorito, seu coração pulava de alegria ao lembrar-se da sensação dos lábios dele contra os seus.
"— Se você me soltar agora, eu sou capaz de desmaiar.
Jeongguk soltou uma risada baixa, enroscando o narizinho no seu, lhe devolvendo o carinho.
— Não vou soltar, hyung. — Permaneceram se encarando durante um tempo que não souberam contar. — Baek hyung me disse que beijos são relativos, que uns são bons logo no primeiro e outros não, que é de pessoa para pessoa.
— E o que você achou?
Sua expressão se transformou em uma mistura tímida e sapeca.
— Não sei... acho que você vai ter que me dar outro beijo para eu ter certeza."
Aquelas emoções se tornaram sua maior preciosidade. Quando a psicóloga perguntou o que era mais importante para o dar apoio e força na realização de suas atividades, ele não soube responder imediatamente, porém, naquele momento, compreendeu terem sido os detalhes e pequenas coisas que em seu coração eram grandiosas e pareciam se espremer para conseguir espaço, quando na verdade estava somente com medo de se abrir e acabar machucado. Iria aproveitá-los daquele dia em diante, relembrar cada gesto de carinho que o levou até o amor.
Sabia que não era um homem livre, seu tutor não havia o esquecido, apenas não o encontrou ainda e teria que ser forte para lutar contra ele. Mas também sabia que nada e ninguém o tiraria da família que ganhou.
Aos poucos, começou a sentir tudo na atmosfera em volta outra vez, os sons, os cheiros de casa, o perfume de morango e chuva impregnado no ninho macio, suas bochechas levemente doloridas pelas lágrimas arranhando a pele desde que se deitou, entretanto sentia-se diferente, como o seu celular demonstrando carregamento completo e pudesse o tirar da tomada. Havia algo novo dentro de si, uma força de vontade inexplicável de ter compreendido e desculpado a si próprio por pensamentos que causou pelo medo, pelas perdas que sofreu, pelas palavras feias permitidas de entrar e poluir seus nozinhos, de escurecer o seu coração. Ele nunca mereceu nada daquilo, muito menos o próprio julgamento.
Tinha conhecimento que estava longe de terminar de rever todas as lembranças que tinha, no entanto, aquelas foram o suficiente para ver de outro ângulo e entender o que realmente merecia: a vida, o amor, a família. Por tudo o que desejava, queria se tornar verdadeiramente o homem que apreciava todos os dias no espelho com mais segurança, o garoto que sentia o coração acelerar ainda mais quando encontrava o olhar de mel sobre si, e o filhote que sentia a necessidade de um ninho e de ser cuidado.
Com todas as sensações boas o invadindo e automaticamente anotando tudo em sua mente clara e sem mais nozinhos para compartilhar com aqueles que amava, os olhos redondos foram se abrindo lentamente — ainda azuis pelas pequenas percepções instintivas ao passearem pelo closet — Jeongguk ergueu o corpo e sentou devagar ainda sobre o ninho, só então percebendo a bagunça que seu lado coelho o ajudou a criar e sorrindo sapeca, abraçou algumas peças de roupas, inspirando o cheirinho de seu amor.
As luzes estavam acesas, então ele não soube identificar se ainda era uma tarde, ou se havia dormido o suficiente para chegar a noite, o que significava que o príncipe já pudesse estar em casa. Olhando em direção a entrada após esticar todo o corpo com preguiça, arregalou os olhos encontrando Taehyung sentado com as costas apoiadas na parede ao lado da porta, os braços cruzados sobre uma camisa branca simples e a cabeça perdida para frente em um sono desconfortável.
Seu coração naturalmente acelerado chegou a errar as batidas em preocupação, e em estado de alerta pelo seu lado animal, passou a engatinhar atravessando o ninho e o carpete até ele, farejando o ar profundamente procurando alguma coisa diferente em seu cheiro, ficando aliviado por não parecer doente outra vez. Com um sorriso pequeno, sentou-se sobre os joelhos a direita das pernas esticadas do homem grandão, erguendo a mão com cuidado para tocar a franja caída cobrindo seus olhos. No mesmo segundo, Taehyung despertou.
— Meu anjo! — Um espasmo assustado pelo recente sono passeou por seu corpo, porém, ignorando a reação, levou as mãos para o rosto bonito e pálido, sentindo uma onda de febre sobre a pele macia, aumentando sua preocupação. — Você está se sentindo melhor? Precisamos ir a um médico?
— Estou bem hyung, talvez até melhor que antes! — Jeongguk se atreveu a encaixar sobre as coxas do mais velho com uma perna sua de cada lado, apoiando sua cabeça no pescoço de pele dourada e alargando seu sorriso com os braços fortes rodeando seu tronco. Não tinham mais a timidez de antes com os toques apaixonados. — E você? Estava assistindo um filme com a noona quando fiz o ninho, então não demorou a chegar, não é? Estava preocupado com os repórteres na frente da empresa. Jimin hyung, estava me atualizando.
— Estou bem também, as investigações parecem estar desenvolvendo finalmente, então tenho me forçando a manter a calma... os repórteres são uma consequência. — O acastanhado apoiou o queixo sobre o topo da cabeça de fios negros. — Mas em questão de preocupação... eu estava mais, você sabe por quanto tempo durou o seu ninho, pequeno?
— Uma tarde?
Tae soprou um riso.
— Quatro dias.
— O que? — Ele se reergueu com os olhos arregalados na direção do príncipe, os lábios entreabertos em surpresa. — Eu não poderia saber...
— Não precisa ficar preocupado, querido. — Taehyung tocou suas bochechas, as acariciando com devoção. — Sempre que precisar da segurança do seu ninho, eu estarei cuidando de você do lado de fora.
O rabinho pomposo se eletrizou, bem como as orelhas extensas e branquinhas. O coelhinho sorriu com graça em um agradecimento mudo, ainda pensando um dia produzir um ninho especial para eles, ensinando Taehyung a participar.
No entanto, o pensamento mais preocupante para um homem que adorava estar sempre limpinho e cheiroso, surgiu.
— Então estou há quatro dias sem tomar banho, hyung?!
Apesar do desespero e preocupação com um possível mau cheiro, Ggukie se negou a deixar aquela posição, pois estava tão confortável e com a sensação de preguiça, que seu corpo todo estava molinho sobre seu amor.
— Pois é, eu sou o porquinho e você que não toma banho?! — Tae riu contagiado, inspirando o cheiro de torta de limão ainda fresquinho nos cabelos dele, com uma ideia divertida passeando por sua mente. — Uh, que azedo!
Prendeu o moreno de repente tentando escapar com os braços, rindo ainda mais.
— Hyung! Me deixe sair daqui!
— Não! Eu estava com saudades! — O corpo menor parou de se mover, permitindo que o abraço continuasse firme.
— Eu também e por isso sonhei com você...
— É? — Um sorriso bobo e apaixonado se abriu nos lábios róseos. — E o que você sonhou?
— Só te conto se me deixar tomar um banho agora.
— Espertinho...
— Hyung, — Ggukie se afastou, apenas o suficiente para enxergar o belo rosto dele. — eu queria um banho de banheira sabe... com muitas bolhas coloridas e cheiros bons. — Pediu com um biquinho nos lábios, irresistível para o mais velho.
— Vamos preparar um para você então. — Seus olhares se encontraram, brilhantes pela paixão que sentiam, incertos de deixar aquela posição e obrigarem-se a desgrudar seus corpos.
Com muito esforço, eles deixaram o closet minutos depois, caminhando até a porta ao lado, entrando no banheiro da suíte. Taehyung se empenhou em preparar a água com carinho, deixando na temperatura ideal para que seu anjo aproveitasse e baixasse a febre corporal. E quando a banheira estava quase completa, ele abriu o pequeno armário sob a pia, alcançando os pacotes de sais erguendo a altura do tronco, exibindo as cores para o outro.
— Qual você quer, pequeno?
— Hum... — O moreninho apoiou a mão no queixo, pensativo, olhando de um pacote para o outro. — lavanda e hortelã!
— Ótima escolha!
O sorriso bobo decorando o rosto do acastanhado enquanto ele despejava o conteúdo cheiroso na água, não passou despercebido pelo homem apaixonado de rabinho dançante. Ele amava ver aquele sorriso.
Formaram sobre a superfície da água bolhas coloridas energizando o ambiente, em pouco tempo a torneira foi desligada e um príncipe de repente tímido virou em sua direção.
— Um banho digno de sua alteza real, está pronto... — Brincalhão para esconder o nervosismo, ele se curvou para si, conseguindo uma risada descontraída. — Vou sair para te deixar mais à vontade.
O príncipe de bochechas coradas encaminhou para a porta, mas o de olhos coloridos de azul segurou seu pulso, encarando o chão com receio de sua atitude inesperada e do olhar de interrogação do mais velho.
Seu coração rebateu contra o peito. Tudo por conta de suas vontades sem vergonhas.
— Príncipe... Você pode ficar? Eu queria ter uma companhia.
Taehyung abriu e fechou a boca diversas diante daquele convite, sentindo suas pernas fraquejarem e o sangue de seu corpo inteiro congelar, tão chocado quanto si próprio.
— E-Eu, sim, fico... f-fico sim!
Respeitoso como sempre foi com o anjo, o Kim fechou a porta depois de questioná-lo de forma muda se deveria, então se aproximou de costas, usando uma toalha pequena para ajudar a esconder seu rosto. Sentia-se envergonhado e de certa forma invadindo o espaço do garoto coelho.
Jeongguk não conseguiu prestar atenção em nenhum nozinho de pensamento, seu lado coelho também não permitiu, o deixando tranquilo e confiante para retirar suas roupas mesmo com o corpo passando a tremer levemente. Mas sabia de todas as maneiras possíveis que foi ensinado sobre o amor, que seu príncipe não iria olhar sem seu consentimento.
— Pronto, hyung! — Avisou assim que entrou na banheira e foi coberto pelas inúmeras bolhas coloridas, o pintando e acentuando seu cheiro natural. Gostava daquela sensação.
O homem grandão não se virou em sua direção, porém, andou de costas até encontrar o tapete antiderrapante e se sentar encostando na borda da banheira, próximo do tronco do coelho sentado, em uma das pontas, sem encontrar o rosto um do outro.
— Está do jeitinho que você queria, meu pequeno?
— Está perfeito, obrigado, príncipe.
Tae sorriu bobo. Amava ser chamado daquela forma.
— Você quer conversar? Me perdoe, anjo, eu sequer perguntei como você estava se sentindo antes, nós só trabalhamos e mal conversamos.
— Está tudo bem hyung, de certa forma eu gostei de fazer um ninho, silenciou medos que não estava mais conseguindo aguentar, como a sensação de que meu antigo tutor pudesse bater na porta a qualquer momento e me levar para longe de você.
— Eu não vou permitir que isso aconteça.
— Sei que não. — Ggukie soltou uma risada soprada. — Também sonhei com ele... lembranças de um quarto escuro, fome, sede, de ouvir conversas terríveis dele no telefone me citando como uma mercadoria, de escutar suas conversas sozinho como se... minha omma coelho ainda estivesse lá e concordasse com todas as palavras ruins que ele falava sobre mim. — Taehyung engoliu o bolo em sua garganta com dificuldade, agradecendo pela atitude de ficar de costas para que o anjo não o visse chorar. — Ela me amava.
— A-Acho que eu nunca vou entender como é ser forte assim... — Surpreso pela resposta de voz embargada, o garoto coelho ergueu a mão apoiando o braço de uma maneira confortável para acariciar os cabelos da nuca do mais velho, o consolando.
— Não sou tão forte assim... — Seu coração fisgou uma pontada dolorida, mas não pensou em parar suas palavras seguintes por causa do medo que tentava o cercar outra vez. — Naquele dia que me salvou... por um momento eu havia desistido, permiti tudo o que aconteceu comigo lá dentro porque não esperava sobreviver ao amanhã. Q-Quando escapei em um momento de lucidez... — Deu uma pausa, não contendo as emoções negativas, deixando que as lágrimas escorressem livremente, o aliviando. — não consigo sequer te dizer os pensamentos que passavam pela minha mente, de que aquela seria a última vez que precisaria fugir. — Não precisou detalhar, o Kim havia compreendido o ponto que chegava a sua dor. — Me culpava por isso até aninhar, para ser sincero. Pensava em como poderia ter merecido ganhar tudo naquele dia, se tinha deixado me destruírem e não ter continuado lutando só mais um pouquinho. Sentia que estava sendo ingrato para o meu salvador e falhado com as promessas que fiz para mim mesmo. Mas então, eu sonhei com a primeira pessoa que me ensinou a lutar, apesar de não conseguir me lembrar do seu rosto, senti novamente todas as sensações de estar no colo da minha omma coelho. Sonhei com a vovó e como ela também lutou e me ensinou tantas coisas. Sonhei com você, príncipe, cantando uma música de amor para mim... E eu consegui pedir desculpas pelo que causei a mim mesmo durante todo esse tempo, sendo severo e duro, me cobrando do que eu mais temia como se toda a responsabilidade por aqueles atos fosse minha, que eu deveria ser assim, um homem forte, tentando esconder todas as cicatrizes. Mas não é assim que funciona, elas fazem parte de quem eu fui e não poderei me esquecer, apenas aceitá-las e seguir em frente.
Os pelos do corpo todo de Taehyung estavam arrepiados, ouvindo seu anjo com muita atenção e coração aberto. As lágrimas sequer sentia escorrer, liberando o alívio e o toda a vontade de amá-lo que não cabia somente em seu peito.
— Aceite que acabou de se tornar o homem mais forte do mundo! Que orgulho do meu homem!
Uma risadinha sapeca cortou o ar e as orelhas extensas e felpudas se mantinham de pé dançando alegres. Jeongguk estava se sentindo extremamente bem por poder ter posto tudo para fora e colocado um ponto final naquele capítulo de sua história, estando livre para começar a escrever o próximo.
— Obrigado por tudo, hyung.
— Não precisa me agradecer, eu quero sempre poder te apoiar em tudo, pequeno.
Os sentimentos mais bonitos preencheram o espaço entre eles.
— E como foi esses dias para você?
— Eu estava muito preocupado por não poder estar perto de você enquanto estava no ninho, foi a dor mais profunda que senti, de perceber que estava tendo sonhos ruins e não poder fazer nada. Trabalhei me arrastando, para falar a verdade. — Jeongguk assentiu, concentrado na mudança para mágoa que ocorreu no timbre rouquinho da voz dele, mesmo que não pudesse ver seu rosto. Por outro lado, já não aprovava mais a posição em que estavam. — Mas eu também sonhei com o meu amor todos os dias e fiquei feliz, estou feliz agora!
— Então olha para mim, príncipe...
Poucos segundos de timidez se passaram antes de Taehyung se virar lentamente, desvencilhando do carinho em seu cabelo, porém, encontrando um novo universo ao olhar diretamente para o anjo.
Diretamente nos olhos, sem enrolação.
— Estou olhando, meu anjo.
— Eu posso não poder estar lá, mas quero apoiá-lo em tudo também, hyung. Você confia em mim?
A doce lembrança do acastanhado lhe fazendo a mesma pergunta, enquanto o confortava, fez crescer um sorriso de dentinhos avantajados.
— Eu confio com todo o meu ser.
Ambos caíram em um momento de deleite na companhia um do outro. Jeonguk de dentro da banheira de água morna, observava minucioso os pontinhos pretos no queixo do acastanhado, sentindo seu rabinho pomposo se agitar com o pensamento de uma barba nascendo ali.
Taehyung deveria ficar ainda mais bonito em um futuro breve.
Este que passava o olhar por seu homem apoiando o rosto sobre o braço encostado na borda da banheira, a poucos centímetros opostos de si, piscando lentamente permitindo que pudesse admirá-lo.
— Antes eu estava desesperado para saber se estava bem... mas agora quero te falar que seus olhos estão lindos.
— Não achou estranho, hyung?
— Nem um pouco. — A franja castanha balançou com o movimento negativo. — É mais uma característica sua para eu me apaixonar.
Tae não poderia enganar a ninguém, muito menos o anjo em sua frente, com os ombros despidos brilhando pela água e bolhas de sabão — chamando completamente sua atenção — os lábios vermelhinhos repartidos no sorriso mais bonito que já conheceu e os olhos, dois perfeitos diamantes contrastando com os cabelos negros e a pele pálida. Não havia saída nenhuma senão cair de amores por ele. Jeongguk estava transformado em um verdadeiro anjo.
Nem mais conseguia se lembrar do homem que foi um dia, fechado e focado exclusivamente no trabalho com medo de encarar seus sentimentos e se permitir entregar seu ser nos braços de alguém que também desejasse realmente cuidar de seu coração. O que gostaria de contar de sua versão da história, é que não estava procurando, mas encontrou o amor no momento certo, quando ambos precisavam ser salvos de várias formas. Só poderia ser essa a resposta para todos os motivos que o fizeram sair de casa mais cedo naquele dia e seguir as ruas movimentadas da avenida principal que normalmente desviava todas as manhãs.
Jeongguk era o seu destino e sabia ser o dele também. Sem medo algum se pudesse estar com ele.
— Essa é a harmonia do meu lado humano com o coelho, meus instintos estão descontrolados e por isso meus olhos estão dessa cor. — Ele explicou, chamando-o de seus devaneios.
— E como você se sente quando eles estão aflorados?
— Sinto tudo com mais sensibilidade, minha visão melhora e a audição também. Por exemplo, estou ouvindo seu coração bater agora. — Apenas com aquelas palavras, Ggukie riu baixinho ao causar a aceleração do coração do príncipe, refletindo em suas orelhas em sincronia com o seu próprio.
Ele era um homem fofo. Seu homem fofo.
— A-Ah que incrível, pequeno! — As bochechas do mais velho tornaram-se vermelhas.
— Não precisa ficar com vergonha, príncipe! — Gargalhou divertido. — O meu bate igual por você!
— É saber disso muito bom é! N-Não! É bom! — Apesar da falha tentativa em convencê-lo, ele lançou uma piscadela, abrindo um sorriso enérgico, mas o coração continuava pulsando forte e tímido. — Pequeno, não está com fome? — Perguntou novamente preocupado. Estavam há algum tempo ali.
— Hum... estou com tanta fome que poderia comer tudo que encontrasse na cozinha sem mastigar! — O coelho continuou a rir com vontade, ao que os olhos de mel se arregalaram. — Mas queria estar limpo primeiro.
— Pois então, se banhe que eu vou buscar uma toalha para você!
Com os bons minutos cedidos em privacidade, Jeongguk se lavou devidamente e despediu da água com a temperatura baixa, sentindo o frescor de ter limpado desde a pele até a alma, livre e feliz, deixando apenas a preguiça o dominando.
Em seguida, formou um biquinho nos lábios quando o Kim bateu três vezes na porta e adentrou com a toalha, sugerindo que saísse da água.
— Venha, querido.
Jeongguk se levantou, permitindo o hyung de enrolá-lo as cegas com o tecido grande e felpudo, abrindo os olhos somente quando teve certeza que estava coberto. Seu sorriso era uma mistura de felicidade e cansaço, como o retribuído por si, causando uma grande vontade de aninhar contra ele. E sem receios, atendeu ao próprio desejo, se aproximando até chocar o corpo contra o peitoral seco e quente, molhando-o com seu cabelo e soprando um riso ao senti-lo encaixar contra seu corpo igualmente, voltando a enroscar os braços ao seu redor, balancando-os para cima e para baixo esfregando a toalha em suas costas para secar.
— Noona está a todo vapor preparando um jantar especial para você, precisa se apressar para pegar tudo quentinho, sim?
Assentiu a fala do mais velho, resvalando o rosto pelo peitoral cheiroso.
— Então vamos?
A resposta veio instantânea:
— O Ggukie não quer sair daqui...
De olhinhos fechados, o garoto coelho depositou seu peso sobre o mais velho, inspirando profundamente e aproveitando o ambiente confortável, como um rolinho de primavera dentro da toalha.
— Não vai, é manhosinho? — Apesar de embasbacado pelo jeito carente que nunca viu antes em seu moreno, e por ter se apaixonado mais uma vez por ele, Taehyung sorriu ladino, apoiando as mãos em suas costas e pernas, o erguendo do chão. Gargalhou com os olhos azuis arregalados em sua direção.
— H-Hyung!
— Aproveite a carona, meu anjo.
Determinado, ainda mais pelos cômodos frios que passariam a seguir, o acastanhado atravessou rapidamente seu próprio quarto, o corredor e adentrou o de fronte, indo diretamente para o closet pessoal de Ggukie. O colocou no chão sobre o carpete macio, sorrindo grande e sapeca para o garoto corado, desesperadamente fechando a porta deixando-o para fora.
Satisfeito, ele se sentou na cama macia, mexendo no próprio celular até ouvir a madeira nobre arrastar novamente e Jeongguk deixar o cômodo vestindo um pijama confortável todo azul e com pantufas nos pés, procurando-o automaticamente com o olhar e retribuindo seu sorriso ao se encontrarem na porta do quarto.
— Deixei seu celular carregando. — Taehyung avisou, apontando para o aparelho branco conectado ao carregador, sobre a pequena cômoda de cabeceira.
— Obrigado, TaeTae! Depois do jantar eu tiro da tomada, vamos?
— Vamos! Estou faminto também!
Os garotos desceram as escadas com calma, o coelho indo na frente sendo recepcionado por um caloroso abraço de sua noona, que apertou seu tronco com a força que sua preocupação causava, afinal, ela mal dormiu naqueles dias, como o seu Kimzinho com perfeitas olheiras embaixo dos olhos de mel.
— Meu garotinho! — Ela chorou, segurando suas mãos com firmeza ao se afastar para encarar seu rosto. — Como você está se sentindo? Precisa de alguma coisa? Oh! Como seus olhos mudaram de cor de repente?!
Jeongguk ria baixinho junto ao príncipe com o bombardeio de perguntas, permanecendo o sorriso divertido em seus lábios enquanto farejava o cheirinho de omma que ela também tinha.
— Estou bem noona! — Ele aceitou o carinho em sua bochecha, da mão quentinha e tão cuidadosa. — Meu lado coelho está equilibrado com o homem, acho que mais tarde volta ao normal. — Encolheu os ombros envergonhado.
— Ficou um gatão! Ou melhor, um coelhão gatão!
— O-Obrigado! — Não se aguentando, soltou uma risadinha com as cutucadas leves barriga que lhe fizeram cócegas, reagindo também a expressão sugestiva da mais velha.
— É verdade! — Dona Byeol soltou exasperadamente. — Mas venham, queridos! Sentem-se, vamos comer! Ggukie, sirva um prato generoso, deve estar faminto!
— Estou mesmo, noona!
Eles não demoraram em partilhar da mesa recheada de pratos pensados para a saúde dos garotos. Byeol havia feito sopa de legumes e raízes, kimchi, bibimbap, kimbap e arroz. Tudo especialmente para acalmar seu coração materno ao ver as porções rapidamente sendo consumidas pelo garoto coelho, que ganhou até mesmo uma coloração vermelhinha nas bochechas pela afobação em satisfazer sua fome.
— Hum... o clima está perfeito para uma refeição quente, noona! Arrasou! — Taehyung foi o primeiro a elogiar, sorrindo para ela sendo prontamente retribuído.
— Está uma delícia, noona! — O garoto coelho esboçou de boca cheia, baforando um pouquinho da fumaça pela quentura que havia posto na boca abanando com uma das mãos. Estava com muita fome.
Os outros dois à mesa riram contagiados.
— Fico feliz, queridos! Comam... comam bem!
— Isso me faz lembrar, estamos na metade de agosto?
— Estamos, por que, TaeTae?
Ele abriu um largo sorriso na direção do coelho com o pompom e orelhas dançantes, distraído com seu prato quentinho e o queixo suavemente sujo de molho, com os hashis em sua mão dominante e uma colher na outra.
— Dia primeiro de setembro é o aniversário de alguém... — Ergueu as sobrancelhas sucessivamente.
— Oh, isso é sério? — Byeol entrou em sua brincadeira. — O que será que esse alguém gostaria no dia de seu aniversário?
— Um bolo de cenoura?
— Pãezinhos doces também?
Os olhos redondos e azuis se ergueram e intercalavam entre os dois humanos. Jeongguk mastigava lentamente, prestando atenção na conversa.
— Hum... eu acho que deveria ter sorvete de morango!
— O que você acha, Ggukie? — Suas atenções se voltaram para ele, o contagiando com os sorrisos felizes e sinceros.
— E-Eu... — Seu pé direito passou a arrebatar contra o chão, o coração acelerado refletindo em suas orelhas felpudas. Há muito tempo ele não comemorava seu aniversário e não esperava lembranças dele. Sorriu de forma sapeca, feliz pela data se aproximar e saber que teria muito amor e a companhia da família que foi seu maior presente antes disso. — Pode ter churrasco?
— Tudo o que o aniversariante quiser! — Noona bateu palminhas, animada.
O jantar prosseguiu animado e revigorante para a pequena parte da família instalada ali. E no mais tardar, o moreno e o príncipe não demoraram a aconchegar o corpo um ao outro, ao lado de noona no sofá para conversarem antes de encerrar a noite.
[...]
A vontade de alegrar seu anjo fez o Kim pular cedo da cama durante toda a semana que passou trabalhando em casa. Apesar de ter acompanhado com pouca atenção a empresa, também supervisionou o trabalho da equipe contratada para limpar e instalar a piscina da área de lazer novamente, sendo preenchida pelo caminhão-pipa em algumas horas daquela tarde quente de sábado.
Com a ajuda de Noona, eles prepararam uma cesta de piquenique recheada de frutas e sanduíches naturais para lancharem enquanto aproveitavam a tarde. E foi quando Tae fechou as abas de madeira da cesta que sentiu um narizinho redondo encostar em suas costas antes do resto do rosto bem decorado por sua memória apaixonada, e os braços firmes apoiando em sua cintura sem receios. Sorriu grande com o gesto do seu homem.
— Descansou um pouquinho, Ggukie? — Riu baixinho com a resposta vindo no rosto esfregando em suas costas levemente, em sinal positivo, lhe causando cócegas.
No tempo que o anjo desistiu de observar com curiosidade o caminhão no final do jardim e as enormes mangueiras distribuindo a água na piscina, seus instintos o alertaram de algo fazendo falta para si, sendo uma toca feita pela bolota de pelos recém transformada logo em seguida, cavando ligeiramente com as patas curtas e gordinhas próximo ao cercadinho da horta de Noona — o observando bem atenta ao longe, pois sabia que ele era sem vergonha e acabava com suas folhas verdes — e o cochilo devido ao aperto confortável com o focinho virado para a claridade na entrada, era uma consequência da recuperação do ninho.
Os dias compondo aquela semana foram extremamente importantes para equilíbrio do humano e coelho, principalmente enquanto conseguia satisfazer seus instintos e suas vontades com o príncipe.
Pensar nele causava uma sensação de calor e seus nozinhos tornavam-se sem vergonha ao indicarem que devia ficar grudado a ele o tempo todo, e sem sequer ficar de bochechas coradas, ele executava todos eles com muita vontade.
— A equipe já terminou lá fora, o que você acha de aproveitarmos a piscina agora?
Tae interrompeu o silêncio instalado entre eles.
— Eu quero, hyung!
— Troque de roupa então, querido, por um calção e uma camisa de tecido mais leve, vai ser melhor.
— Certo!
Completamente animado e enérgico, o garoto coelho pulou escada acima, encontrando os tecidos sugeridos em um calção amarelo com vários desenhos de abacaxis, iguais ao que o hyung estava vestindo, porém, o dele havia desenhos de flamingos cor de rosa — que o deixou extremamente fofo — e vestiu também uma regata branca. Voltando o caminho rapidamente, encontrou o mais velho lhe aguardando ao pé da escada, com os cabelos presos deixando escapar apenas a franja. Ele estava lindo e o coelho dentro de si não conseguia pensar diferente.
— Estou pronto, hyung!
— Vamos então!
O caminho até a área de lazer foi rápido e de poucas palavras ansiosas para o que viria a seguir. Passando pela porta de madeira nobre, o som de água preencheu o ambiente calmo e bem iluminado do sol que invadia as enormes janelas laterais. Jeongguk suspirou contagiado pelo clima gostoso.
— Vamos mandar uma mensagem para convidar os meninos? — Dona Byeol perguntou primeiro, estava sentada confortavelmente em uma das espreguiçadeiras, com óculos escuro e os cabelos soltos livremente a deixando com a áurea mais jovem e descontraída. Ggukie sorriu admirado.
— Séria ótimo, noona!
— Certo! — Ela digitou rapidamente na tela de seu celular uma mensagem e deixou-o de lado seguidamente. — Agora venham aqui, o sol ainda está forte, vamos passar protetor solar!
Obedientemente eles foram até ela, sentando-se lado a lado na espreguiçadeira a sua direita aceitando o tubo com a pasta branca protetora. Taehyung despejou um pouco sobre sua palma e ao erguer os olhos para o anjo, deixou um riso soprado escapar observando-o com os olhos fixados no movimento calmo da água, com o rabinho pomposo e as orelhas felpudas elétricas.
— Ggukie, olhe aqui, por favor.
As orbes azuis o encontraram automaticamente, se arregalando surpreendidas com a recepção sendo uma gota de protetor alcançando a pontinha de seu nariz. O príncipe riu divertido.
— Primeiro o protetor.
Assentiu, o sorriso bobo completamente extasiado pelos olhos de mel e o quadrado fofo nos lábios dele, completamente em sua direção.
Ambos não tardaram em espalhar toda a pasta branca pelo rosto, pescoço e braços, pulando da espreguiçadeira em direção a borda da piscina.
— Vamos pela escada? Acho que é melho. — Ggukie encarou o príncipe, aceitando sua mão estendida e assistindo com surpresa ele o guiar até a ponta da piscina, onde uma escada perdia-se sob a água, cobrindo primeiramente os pés e panturrilhas dele. — Não tenha medo, meu anjo, venha.
Apoiando os pés no degrau, sentiu os pelos de seu corpo se arrepiarem com a água fria, causando um riso baixo e uma ansiedade ainda maior para explorar aquela banheira gigante ao seu ver.
Continuou acompanhando o acastanhado até a água alcançar seu tronco e seu corpo automaticamente procurar apoio no peitoral dele.
— Está tudo bem?
Movimentou a cabeça freneticamente, olhando para baixo encontrando graça nos pés submersos e distorcidos pela agitação da água.
— Podemos ir andando até o limite que nossos pés alcançam, depois ela fica funda e precisa saber nadar. — Taehyung acariciava seus braços dobrados e apoiados em seu peito, o transmitindo calma. — Quer começar a aprender? Os hyungs vão demorar um pouco para chegar.
— Quero hyung!
Ambos os apaixonados tiveram a piscina somente para eles por cerca de duas horas, quando ouviram o barulho dos três homens chegando na área de lazer pela entrada do jardim, erguendo as sacolas e gritando cumprimentos animados, usando roupas completamente diferentes das que o coelho era habituado a ver, mas abriu um largo sorriso ao vê-los livres e despreocupados por um momento, afinal, também precisavam descansar.
— Ah, TaeTae, eu estava com uma saudade... dessa sua piscina! — Hoseok foi o primeiro a deixar as sacolas sobre o mármore da pia ao lado da churrasqueira, retirando seu celular e carteira do bolso do calção, seguido da camisa, dando os poucos passos restantes até a borda oposta e pulou na água.
Jeongguk arregalou os olhinhos formando um biquinho surpreso nos lábios. Seu hyung era muito corajoso e deveria saber nadar.
Jimin soltou um miado animado e o imitou, ao longe, Yoongi negava com um sorriso bobo nos lábios, sentando-se ao lado de dona Byeol abrindo o notebook sobre as pernas. As camadas grossas de pomada branca dando destaque nos locais de maior evidência de possíveis queimados de sol em seu rosto, porém o que realmente chamou a atenção do moreno foram as roupas pretas e compridas, como uma sobre pele, por baixo das frescas e coloridas ara aquele momento.
Fez uma anotação mental para perguntar a ele mais tarde sobre aquela estratégia para não se queimar.
As horas foram se passando e mesmo com o sol se escondendo atrás dos muros altos da propriedade, não foi o suficiente para cansar o grupo de amigos, que mantinham-se ora dentro da piscina — iluminada pela cor azul indicando que estava aquecendo, oferecendo ainda mais encanto para o de fios negros — ora nas banquetas do mármore em frente a churrasqueira, abrindo garrafas de soju e partilhando das carnes suculentas assadas, esvaziando todas as sacolas trazidas por eles, sob o manejo do Kim.
— O que você tanto mexe nesse computador, Yoonie?! — Tae se aproximou dele com o garfo espete, os pedaços de carne cru prontos para uma nova rodada de churrasco.
— Uma surpresa! — O Min sorriu largo, escondendo a tela com as mãos permitindo que ele visse somente o layout da prefeitura e o cabeçalho escrito: certidão de nascimento.
Taehyung sorriu largo, ainda que abaixando a tela com a mão livre, arrancando um resmungo irritado do mais velho.
— Você fez um ótimo trabalho fazendo os documentos do pequeno bebê pantera, e tem o visitado todos os dias para conferir sua boa recuperação. Mas hoje é dia de descansar! — Puxando ele pela mão, os guiou até a churrasqueira, juntando-se a Hoseok e iniciando uma nova conversa.
Noona havia se retirado para um bom banho e descanso, não desejando fugir muito de sua rotina noturna, como ler algum livro no conforto de sua poltrona, no quarto fresquinho pelo ar condicionado.
Por outro lado, sabia que seus moleques iriam aproveitar para fazer bagunça por ali.
— Quer experimentar, Ggukie? — Jimin ofereceu a ele uma garrafa de soju, aproveitando a distração dos humanos ao ingressarem em uma conversa mais séria sobre a empresa, enquanto, beliscavam os cortes de carnes sobre uma tábua de madeira.
— Hum... quero, hyung. — Curioso, o coelho trouxe para suas mãos a garrafa gelada, aproximando-a do focinho primeiramente para sentir o cheiro, tomou um longo gole em sequência.
— Gostou? — O felino permanecia com um sorriso sugestivo no rosto, as bochechas extremamente coradas apoiadas nas mãos e os cotovelos no mármore. Levemente alterado pelo álcool.
— É gostoso... — Jeongguk lambeu os lábios, tomando novamente uma generosa dose. — Tem um sabor viciante!
— Pois é! — Riu, aproximando o rosto um pouco mais. — E esses olhos azuis aí? Me conte como foi aninhar!
— O ninho foi o meu carregador, hyung! Eu tive sonhos e lembranças que me ajudaram a encarar tudo o que aconteceu e que está acontecendo agora, o diferencial de antes, são os meus instintos, estão em harmonia com o meu lado humano, mais fortes e impossíveis de controlar. — Envergonhado, abaixou os olhos ao ouvi-lo rir.
— Entendo... e quando foi seu último cio? Já pensou que estar aflorado pode ser a chegada de um?
— Não pensei nisso ainda, mas faz muito tempo que não tenho cio, acredito que seja por causa dos remédios que atrapalharam antes.
Jimin assentiu, tomando o último gole da garrafa em sua frente.
— Agora não tem mais remédios, precisa se cuidar porque seu primeiro cio natural vai ser muito forte, você vai ficar louquinho!
— Não fale tão alto, Jimin hyung!
Os olhos azuis encontraram os outros hyungs de forma preocupada, porém, suspirou aliviado por eles não terem percebido a conversa acontecendo ali.
— Mas é a verdade! Se você não se preparar antes, pode até encomendar um filhote... — O gatuno definitivamente não estava sóbrio. — Ah! Que coisinha mais linda, um filhote de coelho por essa casa!
Apesar da vergonha, os nozinhos do moreno o levaram a pensar no que ele disse, e um sorriso pequeno se abriu ao imaginar seu ciclo chegando e com ele, o príncipe para o ajudar. A imagem de um filhote ainda o assustava, pois como poderia parir um sem ter feito todas as coisas que desejava realizar primeiro?
Decidiu que iria usar seu tempo livre para pesquisar e se preparar para aquele momento, apesar de não saber quando iria chegar e se sentiria através de seus instintos.
— Não fique tão preocupado, vamos beber! — Jimin abriu uma nova garrafa e Jeongguk bebeu com poucos goles a que estava em sua mão, para acompanhar o gatuno, que havia lhe apresentado aquela bebida interessante.
— Hyung? — Esperou o Park olhar para ele. — Como você soube quando deixar seus nozinhos sem vergonha satisfazerem suas vontades?
— Eu nunca fui um gato muito controlado, sabe? — Ele riu alto, abrindo outra garrafa para si. — Então meus nozinhos sempre foram mais desengonçados do que eu, mas eu pedia para o Yoonie... — Jeongguk assentiu, prestando atenção em suas palavras. — enrolava meu rabo nele e pedia com jeitinho o que queria, assim tinha a certeza que podia satisfazer as coisas que ia descobrindo. Por que? — O sorriso sugestivo estava lá outra vez.
— É-É que... tenho algumas vontades que gostaria de descobrir se vou gostar ou não, mas não sei como pedir para o hyung. — Jimin ergueu as sobrancelhas, fazendo um gesto com as mãos pedindo que continuasse. — Toda vez que fico perto do TaeTae, esses nozinhos fazem meu corpo todo ficar quente...
— Que bonitinho ver você tendo seus primeiros desejos sexuais!
— Hyung! Fale baixo!
— Isso é normal entre um casal, Ggukie, você não precisa ter vergonha, apenas aproveitar essa nova fase da sua vida livre!
— Certo, hyung! — Erguendo o braço livre como um gesto de força para si próprio, o garoto coelho bebeu metade do líquido da garrafa em um só fôlego.
— Vá com calma, coelhinho! Essa bebida pode tanto fazer muito bem para seus nozinhos safados, quanto mal, hein? — Jimin gargalhou com a tosse engasgada do moreno. Havia o assustado.
Em um intervalo de tempo grande entre comer e descansar, os homens ali presentes trocavam assuntos aleatórios e desfrutavam da boa companhia. Taehyung tentava manter a calma ao perceber a garrafa de soju na mão de seu anjo, já parecendo um pouco aéreo e risonho com o felino.
E organizou um monólogo extenso para dar uma boa bronca em Jimin mais tarde, por permitir o moreno de beber sem alertá-lo de cuidado.
Em seguida, chacoalhou a cabeça, pensando que apesar da preocupação, Jeongguk não era pequeno e indefeso, precisava ter suas próprias experiências.
Suspirou. Era um bobo.
— Mais um mergulho? — O Jung quebrou o preguiçoso silêncio e animou o grupo, fazendo todos deixarem a pequena cozinha livre de paredes e voltar para as bordas da piscina.
O gato laranja parou ao lado do coelho branco, gargalhando juntamente desse ao assistirem os amigos cercando o anfitrião da casa tentando arrancar a camisa de seu corpo.
— Vai, Tae! Está cheirando a fumaça!
— Não! Vou entrar assim mesmo!
— Não vai não, mostra aí o tanquinho! — Foi a tentativa de Yoongi.
Todos estavam bagunceiros depois de tantas garrafas abertas e gargalhavam alto.
Ao que o Min e o Jung alcançaram o objetivo em conjunto, jogaram a peça de roupa branca e ainda úmida para longe, que pousou de forma desleixada sobre uma espreguiçadeira. Taehyung primeiramente escondeu o máximo do tronco com os braços, abaixando-os ainda envergonhado em seguida, aceitando sua derrota e exibindo o tronco firme e a pele dourada o colorindo lindamente, brilhando sob as luzes da área de lazer.
O Park olhou diretamente para seu amigo híbrido, soltando uma risada não percebida por ele, pois esse estava com os lábios entreabertos, buscando passear os olhos por todo o tronco do príncipe.
Seu rabinho em forma de pompom eletrizou por completo e suas orelhas caíram derretidas e entregues. Aquela cena apenas comprovou o que os nozinhos sem vergonha que vinham o rondando queriam. Sua boca salivou. Também desejava saber como era a pele do príncipe sob a roupa, no início inocentemente, naquele momento — levado pelo soju — a quentura não permaneceu somente em seu rosto, incendiou seu corpo todo.
Ele era incrivelmente belo e atraente, o humano perfeito no olhar apaixonado do coelho. Precisava observá-lo de perto, ou talvez, encostar seu rosto no peitoral que sabia ser quente, como havia acostumado a fazer, mas daquela vez, sem uma peça de roupa o impedindo de senti-lo completamente.
Chacoalhando a cabeça, Jeongguk tentou afastar aquele nozinho, repreendendo a si mesmo, não poderia simplesmente agir daquela forma perto dele.
Os hyungs pularam na piscina juntos, gargalhando ao submergir na superfície, Jimin o cutucou com o cotovelo, tirando-o de seus devaneios e soltando uma piscadela antes de correr e pular também.
Medroso e ainda encabulado com a tonalidade paradisíaca que seus olhos injustamente viram de longe, o moreno se aproximou da borda olhando para baixo, abrindo um tímido sorriso para o olhar de mel em si.
A primeira coisa que o acastanhado fez ao afastar a água tratada dos olhos, foi procurar pelo anjo, preocupado com o álcool em seu sangue e as poucas aulas de natação que tiveram antes da bagunça se iniciar. Nadou até a borda, apoiando as mãos no mármore antiderrapante e tirando até a altura dos mamilos da água, para fazê-lo ouvir sobre os gritos dos outros. O detalhe não passou despercebido pelos olhos fixos no tronco liso de músculos naturais.
— Você quer tentar pular também, Ggukie?
— Q-Quero, hyung!
— Então pode vir, eu vou pegar você!
Conseguindo finalmente focar naquele momento e não em seus pensamentos, o garoto coelho se afastou alguns passos para pegar impulso, conferindo mais uma vez onde estava seu hyung preferido.
— Confie em mim!
De olhos fechados, príncipe.
Voltando ligeiro, ele pulou sem medo, lembrando-se dos ensinamentos para prender a respiração, sentindo a água morna cobrir seu corpo completamente e mãos firmes agarrarem sua cintura. Ao submergir, apoiou as mãos nos ombros livres do mais velho, passeando seus olhos dos tronco distorcido pela água, às clavículas expostas e encontrando o olhar de mel por fim.
— Gostou? — O sorriso quadrado o contagiou.
— Adorei, hyung! Podemos de novo?
— Tudo o que quiser, meu anjo!
Taehyung o levou da parte funda até a borda outra vez, o ajudando a subir e se preparando para pegá-lo em um novo salto. As risadas alegres e sua agitação eram a bateria que seu coração precisava para voltar a se fortalecer depois de tantos dias podendo somente observá-lo dormir intranquilo no chão de seu closet.
Depois que o cansaço os dominou, os inesperados hóspedes ousados, utilizaram o terceiro quarto vago, antes da sala de cinema e do quarto de Jeongguk, para tomar banho e dormir profundamente em poucos minutos.
Do outro lado do corredor, porém, o casal de apaixonados desceram as escadas em silêncio — também limpos e vestidos com pijamas frescos para a estação — compartilhando da vontade de assistirem a um filme agarradinhos no sofá da enorme sala de estar.
O longa escolhido daquela vez, pelo Kim, contava uma história de amor antiga e bonita. Jeongguk havia se rendido facilmente às imagens da televisão, afinal, o príncipe vinha o conhecendo muito bem desde o início. No entanto, pela metade do filme, sua atenção já não estava mais na tela, e sim nas lembranças do tronco nu e dourado que admirou profundamente, que agora, coberto pelo pijama, servia de apoio para sua cabeça so mas agradecia igualmente por poder sentir a temperatura, ainda que pouca. Lembrou-se também da conversa com seu hyung felino e passou alguns minutinhos inquieto, procurando coragem para a solução que poderia satisfazer suas vontades e acalmar aquela temperatura incomum de seu corpo.
— Está tudo bem, meu anjo?
Seu corpo enrijeceu e ele ficou em completo silêncio diante da percepção do príncipe pelos próximos segundos.
— Uhum. — Respirou fundo, tomando coragem. — Hyung? — Se sentou, saindo dos braços dele para encará-lo diretamente. — A verdade é que eu não quero mais assistir o filme...
— Ah! Não tem problema, — Tae riu soprado. — Você quer ir para a cama descansar?
— Não. — Ggukie aproximou apenas o rosto primeiramente, sorrindo com a expressão confusa e fofa do homem grandão. — Eu queria... beijar você agora.
Surpreendentemente, Tae alargou o sorriso, ainda que fosse tomado pelo intenso rubor das bochechas.
— Não precisa me pedir isso, eu sou todinho seu para fazer o que quiser.
Apesar da piscadela e do respeitável espaço que ele deu para que se movesse a uma posição confortável, Jeongguk sabia que estava nervoso. Porém, amava a forma fofa como o Kim reagia a tudo que tinha a ver com eles juntos.
Sem perder tempo, apoiou as mãos nas bochechas vermelhas como as suas e colou suas bocas em um selar casto, desenvolvendo seus primeiros movimentos espelhando-se nos lábios róseos, tão doces e quentes que o derretia.
Mas só aquilo não era o suficiente. Ele queria mais contato, queria as mãos do príncipe tocando seu rosto de volta com carinho.
Mal percebendo, engatinhou com os joelhos dobrados sobre o estofado até colocar um de cada lado do quadril do mais velho, grudando seus peitorais e aprofundando ainda mais o ósculo, conectando as línguas e ganhando calor.
Não sabia como havia criado coragem para aquilo, mas toda vez que beijava o príncipe era melhor que a anterior. Havia gostado de beijá-lo desde a primeira vez.
A sensação do beijo em liberdade, com vontade, e com a cabeça totalmente clara de que poderia e teria o direito de experimentar todas aquelas fases da forma correta, era inexplicável e causava nozinhos sem vergonha por ser com Taehyung, o homem grandão e bonito que não saía de sua mente.
Voltando a aproveitar o momento, deixando-se ser guiado pelo Kim, esticou sua coluna com um leve susto ao sentir as mãos dele em um lugar diferente: em sua cintura. O gesto firme criando uma massagem com os polegares embaixo da camisa larga de seu pijama, causaram arrepios desconhecidos por si, que começavam e subiam por toda a sua espinha e depois se espalhavam por pequenos pontos de seu corpo, aumentando o calor.
O que era aquela sensação?
Não conseguia encontrar uma resposta, até mesmo seus nozinhos estavam derretidos.
Eles se separaram em curtos intervalos apenas para recuperar o ar, encerrando o beijo com vários selares somente quando Taehyung acariciou seu rosto e perguntou como havia se sentido ao fazer algo novo entre eles.
Jeongguk não quis responder de imediato, mesmo quando subiram para o quarto e lhe pediu mais um beijo enquanto estavam deitados, esperando o sono vir.
Poderia aprender a esquecer as sensações ruins referentes ao passado, não as lembranças, porque sentia que todas elas estavam sendo substituídas por novas e boas, do príncipe com gosto de morango misturado a soju e pasta de dente contra sua boca, das mãos em sua cintura e dos braços naquele momento ao redor de seu tronco, o ninando mesmo com os lábios grudados nos seus, cuidadoso e carinhoso o levando para um sonho incrivelmente bom.
[...]
O final de semana passou da melhor forma possível para o grupo de amigos, reunidos em volta da piscina e aproveitando o churrasco que o Kim comandou, cuidando para entregar a melhor qualidade de seus aprendizados culinários para eles.
Então uma nova segunda-feira chegou para eles, naquele momento no escritório juntos com a equipe de polícia para escutar sobre os indícios que foram encontrados durante as investigações, os primeiros desde o início.
— E então, o computador que permitiu a transferência foi encontrado? — Encarando o delegado em sua frente, Taehyung perguntou apreensivo.
— Foi encontrada a id de acesso do computador e nós temos uma intimação para o depoimento do indivíduo.
— Está certo! Podem nos guiar até o computador.
— Sigam-me. — O oficial deixou o escritório da presidência por primeiro, sendo acompanhado dos homens preocupados e ao mesmo tempo aliviados pelo passo adiante nas investigações.
Durante o percurso, porém, o silêncio esmagador trazia as piores sensações negativas, principalmente quando o delegado foi se aproximando do escritório da diretoria, pertencente a Yoongi.
— E-Espere, como isso é possível?! — Ele questionou, a expressão tornando-se uma mistura de indignação e medo.
— Saiu deste computador aqui, a liberação do dinheiro investido no mercado. — A autoridade afirmou com frieza só passarem pela porta e o monitor aparecer em suas visões. — O senhor é o responsável por essa sala?
— Eu sou. Mas jamais faria uma coisa assim! — O Min buscou desesperadamente pelos olhares de apoio dos amigos, tentando respirar aliviado por saber que acreditavam em si, mesmo tão apavorados quanto. — Isso é injusto! Como posso ter contribuído tanto para o acesso aparecer no meu computador?!
— É o que nós queremos saber, senhor. Vai ter que nos acompanhar até a delegacia.
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Notas Finais
E então, o que acharam????
Eu estou super nervosa com esse capítulo kkkk são muitas emoções!
O que vocês acham desse casal apaixonado aí? 🤭
O coelhinho está todo com os instintos aflorados, vem coisa aí hehe
Pegaram alguns detalhes?? Coloquem aqui para irmos teorizando hihi
Espero que tenham gostado e me perdoem pelos errinhos!! 💜💜💜
Aproveito para fazer minha honesta propaganda de que no Instagram estarei postando tudo sobre a fic e sobre umas novidades que vem aí! Gostaria muito de interagir com vocês por lá também hehe o arromba é junto com _missminie_ ! 💜
Até a próxima atualização (que Deus quer que não vai demorar haha) se cuidem, coelhinhos! 💜💜💜
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