24: Um Dia Complicado
Notas Iniciais
Olá, coelhinhos! Tudo bem com vocês???
Quanto tempo mdss!!! Eu senti muitas e muitas saudades!!!!
Espero que possam perdoar essa autorinha aqui! Foram alguns meses complicados e de muito movimento onde eu trabalho e com a faculdade, o que acabou desestabilizando algumas coisas, me desculpem mesmo!!! 🥹🫶🏻
Sem mais delongas, peguem suas garrafinhas de água! Desejo uma boa leitura! ☺️💜
Comentem o que forem achando por favorzinho! Isso me ajuda muito a continuar escrevendo da maneira que vocês gostam! 💜💜💜
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"Você não precisa dizer que me ama
Eu só quero te dizer uma coisa:
Ultimamente você anda nos meus pensamentos
Oh, amor
Eu andaria no fogo por você
Apenas me deixe te adorar
Como se fosse a única coisa que eu faria na vida."
Adore you - Harry Styles
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O dia estava se passando de maneira lenta e tortuosa para Taehyung, sentado na cadeira giratória atrás de sua mesa no escritório, com a cabeça encostada para trás e seus olhos fechados tentando dar uma pausa, esperando o analgésico fazer efeito em seus neurônios fritando na busca por respostas para o que havia acontecido com o nome de sua empresa.
Yoongi estava da mesma forma, deitado no sofá de couro no lado direito do cômodo, com os pés esticados para cima depois de algumas horas andando de um lado para o outro com o melhor amigo, passando por todo o processo burocrático para registrar o boletim de ocorrência na delegacia especializada em crimes contra o patrimônio de Seul.
Poucos minutos de silêncio bastaram para que a porta fosse aberta outra vez, mas antes que pudessem dispensar o invasor, o espaço revelou Hoseok com a feição igualmente cansada, caminhando até a cadeira em frente ao Kim, com o paletó sendo arrancado de seu corpo. Os outros dois suspiraram, ele estava retornando do Banco Central parecendo desanimado para dar as notícias sobre o que soube.
— Temos mais um problema. — O Jung anunciou com pesar. — O CNPJ usado no documento é inválido, o mercado citado está fechado há anos e não temos como entrar com um processo de reembolso.
— E o dia só melhora. — Yoongi resmungou, sentando-se no sofá e bagunçando os cabelos para descontar sua tensão.
— Mas ainda temos a saída principal: se Hyejin e eu conseguirmos encontrar o nome por detrás desse documento forjado, podemos entrar com um processo de falsificação ideológica. — Hoseok sentou e abriu seu notebook sobre a mesa, deslizando rapidamente os dedos pelo teclado, encarando a tela enquanto falava: — Porém ela virá para cá só mais tarde, não pude dizer não quando Hyuna ligou avisando que Nora não estava se sentindo bem.
Os olhos do Kim se arregalaram de surpresa e as mãos automaticamente alcançaram o celular esquecido na mesa. Com a tela desbloqueada, ele encontrou o contato de seu anjo, mas hesitou em clicar no ícone de chamada, pois caso Jeongguk atendesse, não só perguntaria a ele sobre a coelhinha cor de chocolate, como também precisaria contar o que estava acontecendo na empresa, e sua maior preocupação era a reação do mais novo com o ocorrido, porque sentia-se culpado por passar tanto tempo fora e deixar a Kim Imperial sem o devido cuidado. A responsabilidade era completamente sua.
Suspirando derrotado, o acastanhado apagou a tela.
— Não vai ligar para o Ggukie? — Yoongi perguntou com um tom delicado, mascarando também a curiosidade.
— Agora não, — Desistindo, Taehyung voltou o aparelho para o lugar anterior. — vamos tentar resolver esse problema antes, depois eu converso com ele e conto tudo com mais tranquilidade. — O olhar do Min sobre si foi indecifrável durante os próximos segundos, antes dele dar de ombros e balançar a cabeça como quem lhe diria que a decisão era sua. — Como eu posso contribuir para o processo ser mais rápido, Hoseok?
— Vou te enviar uma lista de documentos dos investimentos da Kim Imperial, nós precisamos deles no formato original para tentar anexar as provas de que o último documento foi forjado. Vai passar por um perito grafotécnico então pode ser mais fácil conseguirmos nos inocentar.
— Certo. — O Kim ficou aguardando o amigo de longa data com desânimo, pensando em um milhão de possibilidades e ao mesmo tempo não conseguindo pensar em nada, pois tudo o que aparecia em sua mente era o rosto de Jeongguk e sua expressão decepcionada para si, ou talvez, assustada por causa de Nora.
Suspirou passando as mãos pelos cachos castanhos, bagunçando-os desesperadamente. O que poderia ter acontecido com a coelhinha tão especial para eles? Para piorar a situação, não poderia simplesmente deixar tudo ali e ir para a ONG dar o apoio e a ajuda que o anjo eventualmente precisaria.
Surpreendendo até mesmo seus nozinhos em um turbilhão de confusão, um sorriso pequeno se abriu nos lábios secos e judiados pela preocupação, essa que sumiu por breves segundos, o que fez Tae perceber: todo aquele prédio de inúmeros andares e que abastecia em grandes quantidades uma necessidade da sociedade, deixou de ser importante em sua vida, porque tudo o que importava era o Jeon. Era errado pensar daquela forma e sabia disso, mas também era sua primeira vez amando verdadeiramente e precisava aprender novamente como fugir, por algumas horas obrigatórias, da atmosfera incrivelmente encantadora e apaixonante que o garoto coelho havia o aprisionado.
Quando seu computador apitou anunciando uma nova mensagem pelo aplicativo de conversas aberto ali, o empresário voltou em si e se dedicou a prestar atenção nos mínimos detalhes das instruções do advogado, obrigando-se a esquecer as coisas ao redor para resolver aquele grande problema.
[...]
As orelhas brancas e extensas de Jeon tremelicavam suavemente e viravam para trás a cada ruído diferente, preenchendo o enorme cômodo claro, abrigando doze leitos aconchegantes para híbridos extraordinários que ele gostava de conversar. Seu hyung híbrido de onça havia lhe dado a tarefa de cuidar dos pacientes enquanto buscava novos aparelhos e mantimentos hospitalares, e estava se esforçando para ser o melhor ajudante que podia com o que aprendeu nos últimos meses.
— Ggukie? — Suas orelhas se voltaram para trás novamente, atentas a voz grave e rouca do híbrido de urso malaio que se tornou seu mais novo amigo.
— Sim, Chinmae-ssi? — Jeongguk parou ao seu lado prontamente, com as orelhas esticadas e rígidas. Determinado a ajudá-lo.
— Eu já estou cansado, posso me levantar?
O garoto coelho sorriu com compaixão, ainda que não estivesse acostumado a receber perguntas como aquela, ou que o gesto implicasse em decidir algo para o bem estar de outro alguém.
— Eu sei como se sente, mas precisa esperar pelo menos o soro acabar, pode ser? — Apesar de desmanchar o sorriso esperançoso, Chinmae concordou. — O dia está lindo e eu prometo te levar para aproveitar.
— Obrigado, Ggukie.
O paciente foi retribuído com um sorriso de coelho encorajador, até outra voz chamar a atenção do garoto.
— Ggukie-ssi?
— Sim, Suni-ah?
Se despedindo com um toque suave no ombro do urso malaio, Jeongguk atravessou a enfermaria com pulinhos rápidos, encontrando uma híbrido de panda adolescente, mexendo as orelhas inquieta.
— Eu posso tomar outro comprimido para dor? Sinto que o efeito do último já está passando…
— É porque você está sentindo abstinência por termos diminuído as doses, você não precisa mais do remédio, Suni-ah. — Apesar do sorriso acolhedor de dentinhos avantajados, os olhos negros estavam preocupados, era uma etapa difícil para criar o desapego dos medicamentos até a alta dos pacientes, mas ele iria se esforçar para garantir que a panda pudesse terminar de desenvolver sua adolescência saudável e livre de um vício.
— Nem mais um? Só um?
— Nem meio. — Ggukie soltou uma risada soprada. — Você está precisando de sol, daqui a pouco vai sair para interagir com os híbridos da sua idade e vai ver como a dor vai sumir.
— Se você está dizendo, eu confio em você, Ggukie-ssi!
Aquela frase, somada ao sorriso pequeno e fofo da garota, acertaram diretamente o coração do mais velho, fazendo-o se sentir verdadeiramente prestativo e importante para todos que estavam ali, sob seus cuidados.
— T-Tome mais água, — Com as bochechas coradas e quentinhas, ele estendeu a mão sobre a mesa de cabeceira e alcançou a garrafa de água purificada e fresca nas mãos menores.— daqui a pouco vamos descer.
Para os híbridos ansiosos por uma escapada para os jardins e quiosques, as horas seguintes até estarem desconectados dos fios preenchidos com remédios, aplicados diretamente nas veias, e que eles iam se despedindo aos poucos para terem uma recuperação natural, pareceram intermináveis, mas o garoto coelho, já considerado um médico para ambos, havia feito tudo com bastante cuidado e carinho, e no momento ajudava-os a sair dos leitos para uma merecida caminhada até o calor do sol e cheiro de grama fresca no térreo, além das companhias animalescas e familiares de seus novos amigos.
Jeongguk estava preparando tudo para acompanhá-los também, colocando algumas faixas de gases, um frasco de água boricada e pomadas nos bolsos do jaleco, protetores solares, seu celular para fazer anotações ou pedir garrafas de água para suas noonas coalas na cozinha, e as chaves das portas corrediças de vidro da entrada da enfermaria. Porém, antes que pudesse liderar o grupo até os elevadores, o marido de Junseo adentrou o cômodo, carregando nos braços sua coelhinha preferida e acompanhado de Hyejin que tinha a expressão angustiada no rosto, olhando para a filha a todo momento.
— Jeongguk-ah — O híbrido de onça chamou, aproximando-se com a filhote choramingando contra seu peitoral coberto pelo jaleco branco.
— Sim, Jihoon hyung? — Jeongguk ainda estava distraído o suficiente para demorar breves segundos para encará-lo, conferindo mentalmente se havia seguido a risca todas as instruções de seu outro hyung felino, mas ao erguer o olhar e encontrar Nora, sua expressão mudou para uma exibindo toda a sua preocupação e seu corpo rapidamente respondeu se movendo em direção a eles. — O que aconteceu?!
— Fiz alguns exames e Nora está passando por uma fase especial. É a sua transformação. Sugeri a Hyejin que ela estivesse com alguém que confia para não ser traumatizada com a primeira vez.
Antes que o médico pudesse terminar sua frase, o moreno já havia trazido a coelhinha para seu colo, sentindo seus instintos o alertarem desde o corpo trêmulo e os ruídos de ossos estalando, até a pele efervescente e úmida de suor dela.
— T-Tio Ggukie. — Nora chamou em um sussurro, escondendo o rostinho redondo no pescoço do mais velho, molhando-o com as lágrimas assustadas. — Eu tô… e-estranha.
— Vai ficar tudo bem, Nora-yah. — Tentando entender os próprios sentimentos internos, o garoto coelho se limitou a niná-la contra seu peito, soltando seu cheiro cítrico de torta de limão para acalmá-la, sequer percebendo a mudança de suas atitudes contra os outros que queriam se aproximar, feroz e protetor pela filhote, e seus olhos tornando-se vívidas fontes de oceano brilhante e intenso. Seu lado coelho dominando o corpo humano.
— O que vai acontecer? Estou enjoada, Ggukie-ssi. — O gemidinho sôfrego e triste alarmou ainda mais o moreno.
Respirando fundo e pensando em uma forma de deixar todos seguros, Jeon permitiu a ida de seus pacientes curiosos e também preocupados para o térreo, depois que todos se comprometeram a seguir suas orientações. Hyejin e Jihoon foram intimados a ficar afastados, para não confundir os cheiros e os sentidos aflorados e bagunçados da criança. Assim, Jeongguk a levou até os colchonetes empilhados em uma das extremidades da enfermaria, puxando-os com um pouco de dificuldade pelo peso extra em seus braços até o centro, onde descansou o pequeno corpo.
— Não! E-Eu quero ficar no seu colinho! — Os braços bronzeados e magros se esticaram na direção do adulto.
— Vai precisar de espaço para seu corpo respirar e melhorar, Nora-yah, depois prometo que pego você no colo pelo tempo que quiser. — Prometeu o Jeon, acariciando os cabelos castanhos e escorridos dela.
— O que está acontecendo? — Um biquinho se formou enquanto a coelhinha, sem controle de suas emoções, tentava segurar uma nova onda de choro.
— Você chamou por sua coelha interna?
— Eu não sei. Estava brincando com as outras crianças e daí quando eu respirei fundo e me esforcei para encontrar os cheiros dos meus amiguinhos pelo jardim, senti como se estivesse abraçando meu próprio corpo e todos os meus sentidos ficaram mais fortes, foi aconchegante por um momento, depois comecei a passar mal. — A voz embargada soava baixinha e de pouca compreensão, mas para os instintos fraternais do moreno, pareciam gritos lhe pedindo por socorro. Era uma filhote afinal, e o garoto, um coelho adulto ainda sem crias.
— Ouça bem, Nora-yah — O moreno usou um tom de voz carinhoso. — você se conectou com o seu lado animal, agora são um só, você e ela, mas para que complete essa união, precisa deixar a transformação vir.
— E-Eu tô com medo! — A garotinha tapou os olhinhos com as mãos, chorando intensa e desesperadamente.
— Está tudo bem, — Com muita paciência e extremo cuidado e compreensão, o Jeon prosseguiu com o cafuné, até conseguir segurar uma das mãozinhas trêmulas, apertando suavemente para passar conforto a sua pequena amiga. — não vai doer nadinha e vou estar aqui do seu lado.
— Tá bom… e-e como eu faço isso?
— Abaixe as barreiras do seu lado humano, sua coelha só quer te conhecer, como o meu, consegue ver? — Para fazer graça e fazê-la relaxar, Ggukie deixou suas orelhas dançarem e mostrou a ela a mudança de cor de seus olhos, demonstrando que poderia controlar o humano e ter o coelho presente de uma só vez. Ainda que escondesse dela que também estava aprendendo a equilibrar essa conexão. — Se concentre e deixe ela pular, certo?
— C-Certo, mas eu acho que ela não quer mais agora.
— Então vamos esperar juntos.
Ambos ficaram em silêncio pelos minutos seguintes, a garotinha astuta e com a personalidade desafiadora para sua pouca idade, mordendo os lábios rechonchudos tentando controlar as lágrimas medrosas que queriam escapar, e o garoto pacientemente acariciando seus cabelos, lhe dando sorrisos encorajadores e tranquilizando a mãe dela através das portas de vidro com olhares sorridentes, sabia como a advogada queria estar perto, e começava a se sentir mal por ter impedido. Será que estava sendo um coelho egoísta? Mesmo agindo como seus instintos mandaram?
— Tio Ggukie? — A voz baixinha e manhosa o tirou de seus devaneios, fazendo suas orelhas se erguerem automaticamente.
— Sim?
— Quando eu conseguir me transformar, vamos poder cochilar na forma de coelhinhos juntos com os outros? — Um sorriso genuíno se abriu.
— Vamos sim, Nora-yah.
— Estou sentindo ela me chamar dessa vez.
— O que ela diz?
— Está perguntando se eu tenho certeza de que é o que quero.
— Sua coelha é bem astuta, igualzinha a você. — Uma risadinha sapeca preencheu o cômodo.
— Nós queremos ser iguais à mamãe quando crescermos. — Ainda que chorosa, Nora empinou o narizinho remexendo-se intrigado.
— Hyejin Noona com certeza tem muito orgulho disso.
Um novo som preencheu a enfermaria: estalos de ossos e resmungos medrosos.
— Deixe o corpo relaxado, minha pequena, — Nora gostava de como seu guardião favorito falava consigo e prontamente o obedeceu, respirando fundo quando os estalos de tornaram frequentes e altos. — ela já está vindo, feche os olhinhos e converse, sinta acontecer como parte de você, é fácil se acostumar.
Em seguida, tão rápido quanto um piscar de olhos, sobre os colchonetes saía do meio das peças de roupas, uma bolinha de pelos da cor de chocolate.
Nora respirava erroneamente, olhando para todos os lados com o coraçãozinho naturalmente acelerado refletindo em suas orelhas, acalmando-se apenas quando seu olhar dourado e brilhante encontrou o coelho branco.
Jeongguk também havia se transformado para incentivá-la.
Ela tentou se erguer sobre duas patas para alcançá-lo, caindo com a barriguinha peluda sobre o tecido macio. Determinada, não foi difícil aprender a dar pulinhos até o Jeon, e quando chegou, foi recepcionada com o corpinho quente do outro coelho e lambidas sobre as orelhas. A garotinha balançava o focinho animada, logo escapando do coelho adulto para explorar suas novas habilidades, pulando até a porta recém aberta e se exibindo para sua mãe adotiva.
— Consigo ouvir sua voz pedindo para eu olhar como você está — A mulher riu emocionada, ignorando a elegância de seu terno feminino e bem polido, para se sentar no chão e trazer a filhote para seu colo. — É linda, filha! Mamãe está orgulhosa de você! — Acariciando os pelos macios e curtinhos pelo tamanho da filhote, ela suspirou demonstrando estar conformada. — Você cresceu muito rápido, isso é injusto comigo.
A coelhinha rapidamente a distraiu, pulando em seu colo como uma pipoca, testando suas traquinagens ainda permitindo o carinho da humana.
Jeongguk se aproximou com pulinhos lentos e tímidos. Queria se desculpar por ter mantido a mãe dela longe até aquele momento.
— Obrigada, Ggukie, eu fico feliz e aliviada que a minha filha tenha passado por essa fase com alguém que ela gosta e confia. Sem ofensas Doutor Jihoon, eu também confio em você.
O coelho branco riu, ainda que ela não pudesse ouvir. Seu coração naturalmente acelerado pareceu se acalmar, ela havia entendido que não iria tomar a filhote dela para si.
Era difícil entender seus instintos.
Seu corpo rechonchudo deu um leve sobressalto ao sentir a mão morena e delicada tocando sobre sua cabeça, alisando suas orelhas caídas em um carinho gostoso. Seu rabinho se agitou animado e Ggukie deu uma lambidinha em sua mão, retribuindo o gesto.
Aquele momento o fez lembrar de como sentia medo e impedia sua transformação completa para se proteger das pessoas más, porém ali, era cuidado e seu lado coelho se libertava naturalmente pelos ambientes. Era uma sensação boa.
— Bom, eu fico feliz em ter ajudado um pouco. — O pediatra soprou um riso, assistindo-os satisfeito. — Peço que vá até a pediatria caso depois das transformações as dores persistirem, vou também deixar uma consulta marcada para começarmos a acompanhar essa nova fase do crescimento da Nora.
— Pode deixar, doutor.
— Então, com sua licença. — Curvando-se respeitosamente com um sorriso gentil aberto, o híbrido de onça deixou a enfermaria, digitando algo em seu celular pessoal.
— Você não está mais sentindo nenhuma dor, mesmo, filha? — A coelhinha se esforçou para negar e Hyejin prestou bastante atenção para compreender seu gesto animalesco. — Então tudo bem, a mamãe vai te deixar livre para explorar sua transformação e vou esperar com vocês até o final, para que eu veja a minha menininha humana de novo e também me certifique de que está tudo bem.
Jeon sentiu tudo em si aquecer de forma gostosa ao ouvir as palavras carinhosas da advogada, podendo sentir seu amor pela criança e ser irradiado de esperança. Sabia que um dia todas iriam ser amadas daquela forma e nunca mais sofreriam como si, ou como seus amigos, elas seriam livres e teriam uma bela infância em sua segunda casa.
Sendo puxado novamente para fora de seus nozinhos, Jeongguk sentiu a coelhinha esbarrar o corpo rechonchudo e pequeno contra seu peitoral cheio de pelos brancos.
Era estranhamente curioso ver um filhote transformado. O coelho branco tombou a cabeça levemente para o lado, assistindo com atenção às minúsculas patas alcançando pequenas orelhas, essas que mal tinham comprimento para abaixar até o focinho e balançavam freneticamente conforme a energia infantil dela. Os pelos, curtinhos e arrepiados, lembravam da cor da barra de chocolate shot que comia com seu hyung favorito em noites de filmes, os olhos dourados, iguais às perfeitas margaridas do jardim, o encarando com expectativas.
Nora era uma filhote espoleta quando na forma humana, ele não tinha dúvidas, agora como uma coelhinha, deveria ensiná-la tudo o que sabia. Seus bigodes vibraram animados com a ideia e sua pata traseira direita passou a arrebatar contra o chão eufóricamente.
Em sua linguagem de gestos, começou uma conversa animada entre os dois coelhinhos, que Hyejin não se segurou com a possibilidade de gravar um curto vídeo, apesar de seus pensamentos voltarem para o trabalho um minuto ou outro. Ela era resiliente e sabia separar, bem como todos também sabiam que sua família vinha em primeiro lugar.
Algumas horas foram necessárias até que Nora conseguisse aprender as primeiras habilidades, contando com a essencial de controlar sua transformação, voltando a ser uma garotinha e depois coelhinha até pegar o jeito. Seu hyung favorito também realizou seu desejo e tiraram um delicioso cochilo na forma animal, além de ter ganhado um banho e criado uma conexão ainda maior com o Jeon. Ela decidiu ser a sua coelhinha dominante desde que se conheceram, mas naquele momento havia se tornado ainda mais determinada em cuidar do que era dela.
Somente depois de convencer Hyejin que estava completamente bem e que iria voltar a ficar com as outras crianças para seu tio Ggukie trabalhar com Junseo, este que havia voltado de seus afazeres e se derretia pelos dois coelhinhos, Nora permitiu sua ida segura e aliviada para a Kim Imperial, onde as coisas não progrediram mesmo após algumas provas certeiras reunidas.
[...]
Após conferir pela terceira vez seguida, folha por folha e preencher uma última do tamanho de impressão com várias rúbricas de sua assinatura, Tae guardou tudo novamente na pasta marrom com uma etiqueta específica solicitada pelo perito grafotécnico para a investigação, respirando fundo fazendo uma silenciosa torcida para que conseguissem ao menos livrar a Kim Imperial daquela lista que considerava nojenta. O dinheiro roubado já nem lhe importava mais.
Sozinho, ele passou alguns minutos observando seu próprio escritório vazio, perdido em pensamentos enquanto esperava por novas direções do Jung, esse analisando tudo o que tinham com Hyejin para usar a seu favor, enquanto Yoongi enviava a mensagem que escreveram juntos cuidadosamente para todos os seus parceiros de venda e colaboradores em geral. O Kim queria os comunicar de antemão, antes que o problema se espalhasse e não tivesse como se defender de outro contexto que poderiam entender erroneamente e se confundir.
Seu peito se comprimiu mais uma vez, um alerta de que qualquer coisa que estivesse fazendo naquele momento, não tomava o espaço de seus pensamentos voltados para o garoto que tinha seu coração nas mãos. O celular estava próximo, mas a coragem distante demais, não queria deixá-lo preocupado e pensando nas consequências que uma notícia como aquela poderia custar na audiência que tanto se esforçaram para ganhar pelo seu povo.
Yoongi abriu a porta o tirando do turbilhão de nozinhos covardes, sorrindo pequeno para confortá-lo.
— O recado está dado, todos se comprometeram a tentar entender o máximo do que aconteceu.
— Obrigado, Yoonie. — Os ombros de ambos os homens relaxaram por merecidos segundos. — O Jiminie também me contou que Nora está bem, passou pela primeira transformação e adivinha? — Taehyung arqueou as sobrancelhas, curioso. Seu sorriso aumentando conforme a graça e a surpresa dominavam seu corpo. — Ggukie a ajudou durante todo o tempo.
— Ele é incrível, não é? — O sorriso bobo e apaixonado estava nos lábios cor de pêssego outra vez.
— É sim. — O Min concordou, sendo contagiado pela reação do acastanhado. Ficaram em silêncio pelo tempo que não puderam contar, até ele decidir falar o que estava em seus pensamentos: — Quer um conselho? Na moral?
— Estou precisando mesmo de um, hyung.
— Por que você não liga para o Ggukie? Está deixando ele por último e isso não vai ser bom no final.
— É-É que… — O Kim enrijeceu o corpo de forma contrariada, porém tinha conhecimento suficiente sobre o melhor amigo, para saber que ele jamais diria o que gostaria de ouvir, e sim, sempre a verdade, não importava o impacto. — O Ggukie estava tão feliz e animado com os resultados da audiência, criando tantas expectativas, que eu não tenho coragem de decepcionar ele com o meu erro.
— Tae, é uma situação que nós não tivemos controle, estávamos todos empenhados em fechar aquele mercado com a nova geração de filhotes, você não teve culpa do que aconteceu.
— Mas permiti que alguém fizesse…
— Eu também tenho certeza de que há alguém infiltrado aqui, só pode ser isso! Porque não tem como aparecer uma réplica da sua assinatura tão perfeita daquela forma. — Eles retomaram o silêncio brevemente. — E sei que também tem certeza que tudo isso está relacionado ao seu pai.
— Mas ainda não sei como! Eu troquei toda a equipe quando assumi a empresa, hyung.
— Aigoo! Mas é isso, quando o diabo não vem, manda o secretário… — Resmungou o mais baixo, cruzando os braços. Até ambos arregalarem os olhos compartilhando o mesmo pensamento. — Por que a senhorita Hua não?
Taehyung forçou suas lembranças, até soltar um suspiro desgostoso.
— Ela veio conversar comigo logo no começo, implorou para que eu não a demitisse porque precisava cuidar do pai que estava no hospital.
Yoongi concordou lentamente, apesar de ser mais desconfiado que o Presidente da Kim Imperial. — Ainda sim, há algo de errado…
— Eu só queria que magicamente as coisas se resolvessem.
— Podem ficar mais fáceis se você tirar a maior preocupação da sua cabeça, que tem nome, sobrenome e alguns apelidos boiolas que você inventa.
O comentário descontraído arrancou uma risadinha do Kim.
— Está certo, Yoonie, eu vou tentar conversar com o Ggukie.
— Pense nisso, não espere tudo explodir para contar. — O Min disse se levantando, percebendo que Taehyung encontrava novamente o número de contato do garoto coelho, sorrindo esperançoso.
Porém, antes que pudesse dar os passos restantes até a porta e dar privacidade ao mais novo, a secretária Hua passou por si desesperada, alarmando-os.
— Senhores! O prédio está sendo invadido por repórteres de todos os lugares!
Taehyung se ergueu da cadeira, ignorando o baque do metal contra a janela de vidro atrás de si, os olhos arregalados transmitindo o mesmo sentimento de desespero que os outros dois presentes na sala.
— O que?! — Suas mãos tremiam. — Como eles conseguiram entrar sem permissão?! A segurança é redobrada no térreo!
— E-Eu não faço ideia, senhor!
— Tae, se acalme! — Yoongi atravessou o cômodo novamente, segurando uma das mãos do melhor amigo. Um gesto protetor que usava desde que eram crianças e, somente naquela época, ele era bons centímetros mais alto que o Kim. — Nós precisamos pensar rápido e encontrar uma solução para isso.
— Hyung…
Antes que qualquer outra palavra pudesse ser dita, a sala foi dominada por inúmeras pessoas com rostos desconhecidos e metaforicamente esfomeados, com câmeras e microfones vindo na direção certeira do Kim Imperial.
— Senhor Kim, é verdade que autorizou o pagamento para a reabertura de um mercado de Híbridos?!
Taehyung sentiu seu peito despedaçar em meio a multidão de vozes, gritos e perguntas infindáveis, das quais tornavam todo o esforço de sua empresa para o reconhecimento dos seres especiais, um ponto onde foi posto uma pedra pesada sobre.
— Quais vão ser os impactos disso na empresa?
Ele não respondeu, sabia que a mensagem que o Min enviou aos seus advogados seria vista rapidamente.
— Como você se sente em relação às acusações de negligência na segurança de dados?
Aquela pergunta disparada o pegou de surpresa. E era verdade. Foi negligente com o seu patrimônio, porque mesmo sabendo dos riscos, deixou a confiança completamente sobre uma máquina, que não poderia distinguir a quem seguir comandos se o invasor tivesse a senha de acesso. Não poderia ter confiado que tudo iria progredir prática e automaticamente quando simplesmente trocasse todos os funcionários e distribuísse funções organizadas sem ficar para supervisionar tudo. O erro era completamente seu.
— E-Eu sinto muito. — Foi tudo o que disse, disparando um olhar assustado e perdido para cada câmera e flash que incomodava seus olhos, encolhendo-se dentro do terno desejando voltar no tempo, onde precisaria apenas brincar e ser uma criança incansavelmente feliz durante todo o dia.
Taehyung não percebeu quando Hoseok e Hyejin chamaram as atenções exageradas dos repórteres ao passarem pela porta escancarada com seriedade.
— Pedimos a colaboração de todos para que se retirem. — A voz empoderada e séria da morena calou alguns dos profissionais.
— Nós queremos respostas! O que a Kim Imperial vai fazer sobre isso? — Uma repórter rebateu no mesmo tom.
— Estamos investigando para entender o que de fato aconteceu, a polícia já foi acionada e em breve todos terão uma resposta. — Hoseok encarava as câmeras de forma desafiadora, assentindo para o grupo de homens de terno e fones comunicativos nas orelhas, que adentraram o cômodo e rapidamente realizaram sua ordem, afastando todos os intrusos de seus amigos, de maneira firme e profissional.
Os gritos, insultos e as colisões dos sapatos e acessórios contra o chão, de todos os repórteres relutantes que insistiam em querer saber mais, demoraram para cessar e aqueles poucos minutos pareceram horas para Taehyung, que tinha o peito acelerado e comprimido pelos cochichos que vieram em seguida, quando saiu de sua sala recebendo inúmeros olhares questionadores de seus funcionários.
— Podem voltar a trabalhar sem mais preocupações — Ele repuxou os lábios minimamente tentando oferecer um gesto acolhedor, sem entender de onde tirou voz o suficiente para falar sem gaguejar. — logo tudo estará sob controle outra vez… peço perdão a vocês.
Deixando todos impressionados, o Presidente Kim curvou-se respeitoso, sendo acompanhado pelo intenso silêncio e aprovação de todos, dos andares pelos quais muitos ficaram assustados e receberam uma atenção especial dele por alguns minutos, até voltar a seu escritório novamente sozinho no elevador, e que ao fechar a porta de seu cômodo particular, suspirou agradecendo o silêncio, soltando a respiração que sequer percebeu ter prendido. Porém, somente breves segundos não bastaram para que se acalmasse, não quando sentiu o celular esquecido em seu bolso vibrar anunciando uma chamada, e ao pegá-lo nas mãos, sentiu o coração disparar dolorido lendo o nome borrado de seu anjo brilhando incessantemente na tela contra seus olhos marejados.
[...]
Jeongguk se levantou preguiçosamente do banco sob uma árvore grande e bonita no centro do jardim. Esticando os braços com vontade e abrindo um sorriso caloroso nos lábios, passou a acompanhar seus pacientes em direção às portas de vidro da entrada da ong novamente, com as orelhas atentas e o rabinho pomposo agitado. Desejava que eles pudessem passar todo o tempo que quisessem ali, mas precisavam voltar aos cuidados profissionais e repouso na ala hospitalar.
— Tio Ggukie! — A voz infantil de Nora chamou sua atenção. — Quando você parar de trabalhar, podemos treinar as nossas habilidades de coelhinhos de novo?
— Claro que sim, pequena. — O carinho da mão grande sobre os fios castanhos e escorridos alargou o sorriso da menina. — Nós vamos ajudar nossos amigos pacientes a repousar, bem alimentados e medicados, depois posso ficar mais um tempo com você.
— Certo! — Uma risadinha sapeca escapou, e apesar de ter tido a confirmação de seu guardião favorito, Nora continuou a acompanhá-lo, sendo um caminho semelhante até a sala de jogos, onde era seu objetivo ficar brincando com o irmão cãozinho até o horário de ir para casa.
— Oi, gente! Fiquei sabendo de uma nova coelhinha pura por aqui… — O rapaz com extensas e negras orelhas de coelho passou a andar ao lado deles, sorrindo falsa e exageradamente para a garotinha.
— Sim! E eu sou uma coelha muito grande! Quase pulei até o teto! — Ela empinou o pequeno nariz, cruzando os braços emburrecida com a presença recém chegada do guarda.
Taeho também era um coelho dominador, o que a deixava ainda mais zangada. Pois Jeongguk era seu e ela só aceitava dividi-lo com o seu tio ursinho.
— É mesmo? — Ele fingiu interesse, fechando a cara quando Nora rosnou em resposta.
— Sim!
— E para onde vão agora?
— Eu e o tio Ggukie… — Apontou primeiramente para si e depois para o adulto. — Vamos subir para ajudar nossos amigos a descansar!
— Os turnos dos guardas acabou de ser trocado, gostaria de ajuda, Jeonggukie? — Ele perguntou ignorando completamente a garotinha, deixando o Jeon contrariado, enrugando o nariz redondinho discretamente.
Os dentinhos avantajados da criança dominante e ciumenta rangeram, no momento com mais sensibilidade e instintos, Nora queria morder a pessoa que estava chamando mais atenção que si do coelho recessivo.
— Obrigado, Taeho hyung, mas os pacientes já estão praticamente de alta, não precisam de tanta ajuda. — O mínimo sorriso que recebeu, foi o suficiente para fazer o coelho de pelagem negra entender que não era um bom momento para insistir em ficar ao lado do moreno.
Assim que eles passaram pelas portas e pela recepção, a televisão e a aglomeração ao redor dela chamaram suas atenções na sala de estar. Jeongguk ergueu e apertou a pequena amiga contra o peitoral, protegendo-a de alguns esbarrões até se aproximar o suficiente para acompanhar o que estava acontecendo e que causava todos os murmúrios surpresos pelo cômodo. Seus olhos, ao pousarem na tela acesa, se arregalaram reconhecendo as figuras expostas: seu príncipe e Yoongi hyung.
— Olha tio Ggukie! O tio ursinho e o tio Yoonie estão na tv!
— E-Eu vejo, Nora-yah.
Com uma aceleração incomum e gelada em seu coração, o garoto coelho acompanhava a barra de legenda sob as imagens dos rapazes, franzindo o cenho para as letras que de repente ficaram borradas em sua visão desacreditada ao relatarem uma lista de investidores para a reabertura de um mercado de Híbridos, e o nome da empresa de seu príncipe estava lá.
Negou inconscientemente. Taehyung jamais participaria de algo nojento como aquilo, ele era um herói.
Voltando a focar seu olhar no homem de madeixas castanhas, enxergou sem dificuldade todo o medo e angústia nas expressões vacilantes dele, parecendo pequeno e indefeso contra todas as palavras proferidas como sentenças.
"— Senhor Kim, é verdade que autorizou o pagamento para a reabertura de um mercado de Híbridos?
— Quais vão ser os impactos disso na empresa?
— Como você se sente em relação às acusações de negligência na segurança de dados?"
O garoto coelho encarava a tela perdido e com o peito doendo da mesma forma que o príncipe, que sem responder nada, olhava de uma câmera a outra implorando para que eles parassem de gravá-lo.
"— E-Eu sinto muito. —"
A voz rouquinha preencheu a tela pela primeira vez, e Tae nada mais disse, pois Hoseok e Hyejin conseguiram fazer com que todos fossem retirados da melhor maneira possível pela agitação dos repórteres.
Em seguida, as imagens também se encerraram, dando lugar aos jornalistas que criaram a matéria sobre o caso.
Desesperado, Jeongguk apoiou todo o peso da coelhinha em um braço, usando a mão livre para alcançar seu celular e discar o número de seu príncipe, esperando com esperança cada bip da chamada, até cair na caixa postal. Tentou de novo e a mesma resposta. Até que interrompeu sua tarefa agitada ao ouvir o guarda ao seu lado.
— Esse não é o Senhor Kim? — Taeho cruzou os braços, bufando. — Sabia que ele não era confiável.
— Você não sabe o que está dizendo! — O coelho branco lhe encarou com raiva. — Pare de fazer julgamentos precoces e sem noção!
— Mas… está passando na televisão. — O dominante retrucou.
— Você ouviu o Hoseok hyung falando, eles estão investigando a verdade, eles são vítimas. — Jeongguk mantinha um olhar indecifrável sobre Taeho.
Não compreendia de onde vinha aquela onda de raiva, tão pouco, a voz firme e carregada com toda a vontade de afastá-lo de si.
— Humanos fazem qualquer coisa por dinheiro.
O Jeon ignorou, ajeitando Nora em seu colo observando a atitude de Junseo e seus pacientes que passaram a ir em direção ao elevador, sugerindo que os seguisse também, quando Hyuna e Hyojong apareceram para acalmar todos ali presentes. Porém, seus pés estavam presos no chão e sequer conseguia entender o que os humanos estavam dizendo, sua cabeça estava pesada e perdida em nozinhos difíceis de lidar, enchendo-o de perguntas impossíveis de ter uma resposta.
Por que aquilo estava acontecendo com o príncipe?
Por que fariam isso se todos sabiam que ele era o maior investidor em ongs e ações de proteção aos híbridos?
Por que queriam criar uma história para o que aconteceu se sabiam da audiência que participaram? Que iria libertar todo o seu povo?
— Jeongguk! — Ergueu os olhos, encontrando automaticamente seu hyung gatinho parado alguns passos adiante, abaixando o celular da orelha passando a encarar a televisão de forma vaga, tão triste quanto si próprio. Ele se aproximou com falsa calmaria. — Você ainda tem trabalho para hoje? Eu vou para a Kim Imperial e… queria levar você comigo.
Mais um nozinho surgiu.
— V-Você já sabia?
A pergunta em um tom de voz baixo e quebrado, esmagou o peito do gato laranja. No telefone, Yoongi havia dito que Tae iria contar para seu dongsaeng o que estava acontecendo.
Mas não deu tempo para isso.
— O Tae… ainda não ligou para você?
Jeongguk se limitou a negar. Taehyung sequer pensou em atendê-lo na sua vez também.
— Eu… preciso ajudar o Junseo hyung a acomodar todos de volta. — Sua voz escapou fria e distante.
— Certo, eu vou esperar por você. — Jimin o assistiu manear a cabeça positivamente e se afastar de si. Os feromônios cítricos de torta de limão dele, desaparecendo de seu olfato, bem como a confiança que tinham um com o outro.
O gatuno esfregou as têmporas, angustiado por não ter poder o suficiente para fazer algo pelo amigo.
— Ele ficou magoado…
Prendeu um rosnado em sua garganta ao ouvir a voz de Taeho.
— Você deduziu isso com o seu cérebro pequeno, sozinho?
O coelho negro crispou os lábios, com as orelhas extensas se arrepiando em raiva.
— É o que acontece quando nós depositamos nossa confiança em um humano cheio de dinheiro como Kim Taehyung!
— Controle a sua língua! — Jimin deu um passo à frente, as mãos tremendo enquanto as garras afiadas saltavam para fora da pele macia. — Você não sabe o que está dizendo! Se lembra que quem ergueu esta ong e tudo o que temos conquistado foi o Senhor Kim?!
— Mas ele… — O guarda virou as orelhas para trás, formando uma posição defensiva.
— Ele paga o seu salário, então cale a boca. — A voz ameaçadora soou discreta entre tantos ruídos preocupados pela sala de estar, antes do Park lhe dar as costas e caminhar em direção aos elevadores.
[...]
O caminho até a Kim Imperial foi silencioso e cheio de aflição para o gato laranja, abrindo a boca diversas vezes sem ter o que falar para o coelho branco no banco do passageiro, esse último olhando pela janela perdido em pensamentos que talvez não quisesse compartilhar consigo naquele momento.
Desligando o carro ao estacionar na vaga privada do namorado, Jimin coçou a garganta com um pigarreio, apertando o botão do fecho de seu cinto ao lado do banco para libertá-lo da proteção.
— Ggukie? — Chamou vacilante, deixando suas orelhas caírem com o olhar desanimado que recebeu em resposta. — Vamos?
— Vamos, hyung.
O Jeon imitou seu gesto e desceu do carro sem lhe dar uma oportunidade para falar algo mais, esperando-o do lado de fora para guiá-lo até o último andar.
Passando pelas portas de vidro, Jimin liberou a catraca que se encontrava depois da recepção, essa com os funcionários em completo silêncio e preocupação os assistindo. Quando se virou novamente para o amigo, percebeu seu desconforto ao ser alvo de todos os olhares ali, sendo rápido em conectar seu crachá no aparelho de leitura e uma luz verde se acender ao lado das barras giratórias de ferro, sendo empurradas pelo moreno que voltou a segui-lo com os olhos fixos no chão. Ainda era estranho para ele estar ali e o Park entendia perfeitamente, apoiando uma das mãos em seu ombro correspondente, dando apoio da melhor forma que conseguia naquele momento, sentindo seu coração se aliviar com o sorriso pequeno que foi direcionado a si.
Ao saírem do elevador no andar correto, os passos ligeiros e ocupados dos funcionários cessaram brevemente, curiosos com os recém chegados, porém, foram por breves segundos, tudo estava uma bagunça completa com a falta das tarefas organizadas e separadas para cada um após os acontecimentos catastróficos daquela tarde. Todos queriam provar sua inocência e bom serviço.
Os rapazes pararam no centro, a mão do Park se afastando lentamente, chamando a atenção dos olhos negros arregalados pela movimentação agressiva e cheia de feromônios desesperados ao redor.
— A sala do Tae é aquela ali. — O gatuno apontou com a cabeça para a única porta naquele enorme espaço dividido por placas de drywall e computadores e folhas. — Pode ir até ele, vou chamar o Yoonie, Hoseok hyung e Hwasa-yah para nos reunirmos e discutir o que fazer.
— Tudo bem, hyung. — Jeongguk o assistiu se afastar com o coração naturalmente acelerado martelando fortemente dentro de seu peito, dando passos vacilantes em direção a porta do escritório, encarando o chão com receio dos olhares que sentia queimando suas costas.
Ao passar pelo corredor desuniforme de passos e conversas altas, franziu o cenho quando uma figura feminina parou abruptamente em sua frente, barrando seu caminho. Erguendo a cabeça, encontrou a garota de cabelos loiros com uma expressão irritada no rosto.
— Onde você pensa que vai?!
— E-Eu estou indo para a sala do Tae…
— O Senhor Kim. — Ela o corrigiu de forma rude, apoiando as mãos de unhas bem feitas na cintura. — Não deseja ser incomodado.
— Mas o Jimin hyung disse que era para eu ir.
— O Park não manda aqui! E como ele pediu para que você fosse até a sala do Presidente? Quem você pensa que é?!
Assustado, o garoto coelho engoliu o bolo formado em sua garganta. Ela não o entenderia se contasse que ele era a rosa de seu príncipe. O seu garoto.
Ainda que seus nozinhos estivessem lhe apertando e dizendo o contrário.
— Ele me salvou.
— E por causa de uma notícia na televisão, você veio para ficar atrás dele? O Senhor Kim apenas fez um favor a você.
Não era a verdade. Jeon sabia disso. Tae havia feito muito mais do apenas o tirado daquele lugar imundo junto de seus companheiros.
— Me deixe passar, por favor… — Tentou desviar dela, mas a mulher tornou a interrompê-lo.
— Eu já disse que o Senhor Kim não deseja ser incomodado!
Nesse momento, os olhos de jabuticaba, arregalados e perdidos, encontraram os de mel atrás do corpo feminino, bem como todos os outros curiosos que passeavam entre eles.
— Senhorita Hua. — A voz grave a chamou com frieza.
— S-Senhor Kim! — Ela voltou-se para ele, curvando-se respeitosamente.
— Por que não avisou que o Senhor Jeon estava aqui?
— Eu achei que não queria ser incomodado, senhor!
— Pois achou errado. — Ele passou por ela, parando próximo o suficiente para perceber o narizinho redondo de seu amor se remexendo incomodado. Segurando a vontade de chorar. — Venha comigo. — Ele estendeu a mão, que logo foi preenchida pela conexão da palma gélida e suada do moreninho. — Espero que isso não se repita. — Tae voltou o olhar para sua secretária, guiando Jeongguk em direção a sua sala, fechando a porta e calando os murmúrios entre seus funcionários. — Você está bem, meu pequeno?
A sós, o garoto coelho desconectou suas mãos, encarando-o diretamente nos olhos, ainda que sua visão estivesse borrada pelas lágrimas acumuladas.
Queria fazer inúmeras perguntas ao Kim, mas as palavras estavam presas em sua garganta.
Taehyung suspirou de forma pesada, bagunçando os cabelos desesperadamente enquanto via a tristeza e desencanto no rosto do mais novo.
— Sente-se, vamos conversar.
Os rapazes apaixonados se sentaram de frente um para o outro, com a mesa de vidro do Presidente os separando.
— Eu… — Tae começou, arregalando os olhos ao ser interrompido, em um surto de coragem do moreno lhe encarando seriamente enquanto batucava os pés no chão.
— Por que você não me atendeu mais cedo? Por favor, hyung, me explique porque decidiu não me contar sobre isso?
Aquela era a primeira vez que o acastanhado via os olhos negros ferozes, a inocência se perdendo entre as faíscas de raiva e mágoa misturadas.
— M-Me desculpa, Ggukie, eu não consigo encarar essa situação e saber que a minha covardia piorou as coisas. — O olhar de mel estava mais brilhante pelas lágrimas presas igualmente.
O coração do moreno se apertou. Ele não queria ser rude com o seu príncipe, mas também não era errado estar magoado. Sua amiga psicóloga havia o ensinado logo nas primeiras lições: amigos compartilhavam as coisas, inclusive sentimentos. Príncipes apaixonados de reinos rivais, também.
— O que eu quero dizer… — Suas orelhas caíram tristes dos lados da cabeça. — É que eu queria ter ficado do seu lado e te apoiado nesse momento ruim, porque eu sei que jamais faria algo como aquilo que as pessoas sentenciaram, mas não queria que você tivesse me deixado no escuro, hyung.
As primeiras lágrimas escorreram pelo rosto bronzeado e Jeongguk não conteve seus instintos, se levantando e rodeando a mesa até encontrar a cadeira giratória do Kim, virando-a para si e então encontrando as gotinhas salgadas com as pontas dos dedos. Tae, ainda sentado, fechou os olhos diante do garoto em pé em sua frente, acalmando-se com o cuidado e o cheirinho de torta de limão que vinha da pele macia e quente dele.
— Isso tudo vai afetar a resposta que o nosso povo merece da audiência.
— O-O que? — O tom de voz do Jeon vacilou, mas seu toque continuava firme.
— Agora que a notícia sobre o vazamento de dados da empresa se espalhou, o juíz Kim Youngchul entrou em contato avisando que adiou o processo até que as investigações sejam concluídas.
— Hyung…
Taehyung negou entre as palmas quentinhas, respirando fundo antes de erguer os olhos para seu anjo.
— Eu sei o quanto estava feliz com a aproximação desta audiência. — Ele deu uma pausa, respirando profundamente. — Suas expectativas sobre o que iria ser resolvido com ela eram tão contagiantes de ver, que eu não tive coragem de arrancar isso de você. Me perdoe por ter te deixado saber por último e não ainda da minha própria boca… Queria protegê-lo e percebo agora que foi um erro, porque eu subestimei sua força e capacidade de lidar com a situação e de estar aqui para resolver tudo ao meu lado, pelo nosso povo.
Os olhos negros marejaram com a declaração feita pelo mais velho e quando ele ergueu os braços e contornou sua cintura, Jeon permitiu que encostasse a cabeça em seu abdômen, descansando de todo a pressão que estava em seus ombros e que pesavam pelo remorso e culpa.
— Eu entendo que quis me proteger, Tae. — O empresário voltou a encará-lo. Esperançoso. — Mas também precisa entender que não sou mais aquele garoto que você salvou, eu sou mais corajoso e forte agora… mais do que você pensa. — Um sorriso pequeno adornou os lábios vermelhinhos, contagiando o acastanhado, que rapidamente o retribuiu.
— Eu sempre soube disso, Ggukie.
— Mas, mesmo assim, não confiou em mim.
— Eu confio! — Taehyung se levantou abruptamente, grudando seus corpos com o ato desesperado. — E prometo que não deixarei isso acontecer novamente, é! Nunca mais! — Jeongguk soltou uma risadinha. — A partir de agora tudo será transparente entre nós, eu…
O Kim arregalou os olhos com o toque gostoso dos lábios dele contra os seus, em um longo e deleitoso selinho.
— Tudo bem, eu também confio em você, príncipe.
Eles se aconchegaram em um abraço quentinho pelos minutos seguintes que não quiseram cronometrar.
Quando se afastaram sem muita vontade, Tae os puxou até o sofá de couro poucos passos a frente, sentando-se primeiro abrindo um largo e aliviado sorriso.
— Acho que aqui é mais confortável para esperarmos pelos nossos hyungs, mas pode ficar onde preferir, meu anjo. — A resposta do mais novo veio com um assentir suave e os olhos grandes e redondos encarando o cômodo com curiosidade, até ele surpreender seu príncipe cheio de emoções que acertavam seu coração de forma frenética, ao se aproximar e se sentar de lado sobre as pernas cobertas pela calça preta de alfaiataria, apoiando as mãos no próprio colo. — G-Gukie?
Apesar de embasbacado com a atitude de seu amor, Taehyung apoiou as mãos em sua cintura, apreciando o novo contato entre eles.
— O hyung disse que eu podia ficar onde preferisse.
Uma risadinha sapeca preencheu o cômodo e o peito acelerado do acastanhado, que controlava a respiração para não denunciar seu surto de desespero por não saber o que fazer.
Porém, assim que Jeongguk apoiou a cabeça em seu ombro correspondente, uma onda de calmante veio com o perfume de seus cachos negros e Tae não hesitou em erguer os braços e contornar todo aquele corpo quente e forte com vontade, grudando-se a ele porque seu coração dizia que precisava disso para viver bem.
Ambos os apaixonados não disseram mais nada, passaram a esperar por seus amigos no confortável silêncio do lugar, esse sendo testemunha daquele carinho e sentimentos sinceros que tinham um com o outro. O garoto coelho sentia os toques dos dedos delegados massageando seu braço esquerdo cessarem gradativamente e sorriu, sabia que seu hyung era um dorminhoco de primeira, mas também compreendia que ele precisava de descanso naquele momento.
Por muitos minutos ainda tentou manter-se acordado, porém não queria se mover, o corpo do príncipe emanava calor e um aroma delicioso de morango e chuva, lhe acolhendo de uma maneira tão cuidadosa, que não resistiu a vontade de seus olhos se fecharem igualmente.
O sono tranquilo os levou por um longo momento, do qual eles não puderam ver os amigos colocando as cabeças para dentro da porta e sorrindo grande para ambos, decidindo esperá-los para dar o próximo passo com a turbulência de acontecimentos com o nome da Kim Imperial.
Mas também não puderam notar o ódio inundando os olhos da secretária quando ela percebeu a movimentação dos outros e foi espiar minutos depois, fechando a porta e discando um número bem conhecido por si na lista telefônica do celular.
— Senhor Kim? Qual o próximo passo?
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Notas Finais
E então???
O que vocês acham que vai acontecer agora???
Queria me explicar para vocês, porque essa fanfic é muito importante para mim e eu desejo poder passar todas as mensagens da forma mais singela e bonita através dos nossos queridos personagens, e que elas expressem coisas boas e compreensivas para alegrar o seu dia!
Porém, mesmo essa versão atual, anda me incomodando e talvez por isso eu tenha demorado tanto para atualizar, porque fico pensando em como melhorá-la e deixar com a minha cara e escrita que eu tenho hoje em dia, o que indica que logo mais teremos novidades sobre os personagens de Achei um Híbrido!!
Um spoiler: vou mostrar quem foi que criou o primeiro híbrido e de onde essa história começou hehe 🤭🤭
E espero que em uma futura versão que não vai demorar hehe), com as cenas mais complicadas principalmente, eu consiga escrever de uma maneira mais leve e descontraída, sem tirar a seriedade do momento.
Obrigada de coração se você está aqui comigo!!! 💜💜💜
Até a próxima atualização! Se cuidem coelhinhos!!! 💜💜💜
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