20: Um Feito de Justiça
Notas Iniciais
Oii, anjinhos! Como vocês estão? 💜
Eu demorei mas cheguei! E cheguei morrendo de saudades aaaah 🥺🥺🥺
Perdão pela demora! Tenho nem cara mais para pedir desculpas :')
É que recentemente comecei a trabalhar em outro ambiente e até me acostumar, fiquei mortinha da Silva. Porém agora me estabilizei e pretendo realmente não demorar mais!
Com esse capítulo eu apliquei coisas novas que aprendi sobre a minha escrita e acrescentei ideias que não estavam no planejamento, então demorei para conseguir encaixá-las aqui.
Espero que vocês gostem! O coelhinho tá que tá hehehe e por favor! Vão comentando o que acham durante a leitura!
Sem mais delongas, cadê a garrafinha de água??
Boa leitura, anjinhos!
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"Eu só quero te abraçar forte. Sinto o seu coração bem perto do meu. E só ficar aqui neste momento pelo resto do tempo."
I Don't Want To Miss a Thing - Aerosmith
Uma faixa generosa do majestoso sol de primavera invadiu o quarto através das cortinas, iluminando o preguiçoso domingo e os garotos aconchegados na enorme cama de casal.
Apesar de não ter a intenção de mover um músculo sequer, o rabinho branco e pomposo se agitou involuntariamente debaixo dos cobertores, alertando o moreninho preguiçoso do peso extra sobre si. Curioso, Ggukie abriu os olhos lentamente acostumando-se com a luminosidade da manhã, encontrando uma das pernas do príncipe contornando seu corpo junto dos braços longos e quentes. Segurou uma risada divertida, pensando em como ele era espaçoso e grudento ao mesmo tempo. Mas pouco se importava, aquelas eram as características que adorava desde quando passou a se deitar na cama com ele. Desde quando adquiriram intimidade um com o outro.
Essa combinação era responsável por despertá-lo alegremente todos os dias.
Remexendo-se, girou entre o aperto do humano e passou a encarar seu rosto apagado. Ele era realmente fascinante dormindo.
Sem querer acordá-lo, permaneceu quieto por alguns minutinhos o observando, não conseguindo conter a mão e erguendo-a para tirar uma mecha comprida de cabelo castanho que por pouco não estava dentro da boca do mais velho. Ele era a mistura perfeita de um homem engraçado e fofo.
Sem que percebesse, sua mente ligeira e desperta lhe fez começar a pensar em um nozinho familiar e especial, levando-o à conversa com sua amiga psicóloga e noona, somando à sua decisão sobre tentar conhecer o amor com o seu hyung favorito.
Suspirou. Pensava a todo momento nesse passo adiante, acordado ou sonhando.
Seus olhos descansados cintilavam percorrendo todos os traços do rosto escultural e naturalmente dourado, enquanto pensava, podendo notar mais pintinhas decorando aquela derme bonita por causa da proximidade que os braços segurando seu corpo puxavam.
As bochechas de Taehyung pareciam mais cheinhas e macias, vermelhinhas de sono, mas o que chamou completamente sua atenção foram os lábios em um tom vivo de pêssego, aparentemente tão macios quanto tudo presente nele.
Uma coragem súbita de se aproximar um pouco mais tomou posse de seu corpo enfeitiçado por aquele estranho desejo, fazendo-o lembrar também do dorama do Goblin e de como um beijo era capaz de quebrar uma poderosa maldição.
O que seu príncipe tinha, não era exatamente uma maldição, mas sim a tristeza de ter perdido uma pessoa especial em sua vida e ter que continuar seguindo em frente sozinho, buscando um lugar alto o suficiente a ponto do vento frio e forte lhe obrigar a respirar.
Também jamais se esqueceria da visita ao cinema que fizeram juntos, do que disseram um para o outro e de como encontrou todas as palavras nos lábios e as cores do pôr do sol no rosto do acastanhado, sem precisar se esforçar em procurar.
Jeongguk sonhou a noite toda com aquelas cores e agora sonhava acordado com sua tentativa de quebrar a maldição qualquer que fosse a de seu príncipe.
Desejava mais do que tudo poder cuidar dele também.
Elevando o olhar novamente, observou as pálpebras fechadas e o ressonar tranquilo do dono delas bater em seu rosto com uma lufada suave de ar.
Então imaginou-se dando mais um passo à frente.
Inesperadamente, devido o pensamento, sentiu um arrepio gelado contornar todo o seu ser. Com os olhinhos se arregalando, Jeon estremeceu e em seguida a temperatura tornou-se efervescente passeando por seu interior por breves segundos.
O que percebeu acontecer, atrapalhando os nozinhos desesperados do seu lado homem que pediam para agir, o surpreendeu. Aquela sensação explosiva e libertadora não fora causada pelos braços de Tae amarrando-o com firmeza contra seu corpo, nem por seu rosto ter ficado tão próximo do dele, mas sim, do coelho dentro de si entrando em equilíbrio com seu lado humano pela primeira vez em toda a sua vida, deixando seus sentidos mais aguçados mesmo sem uma transformação.
Sentir aquela conexão lhe trouxe um arrepio bom até que sua temperatura voltasse ao normal outra vez. Seu rabinho felpudo eletrizou-se ainda mais.
A doce e divertida descoberta fez um enorme sorriso nascer em seus lábios, estar em completa harmonia com seu lado animal, significava que estava finalmente pronto. O coelho e o homem.
Agitado, tornou a encarar os lábios apessegados. Não poderia estar sonolento, ou, sonhando, aquele era o momento de começar a tentar. Não aguentaria esperar mais. Queria tocá-lo com sua boca e sentir o gosto.
Seu rosto foi se aproximando até seus narizes se tocarem suavemente e não soube de quem vinha aquela atitude, mas queria que a maior parte fosse sua. Do homem, do Jeongguk, e não do coelhinho elétrico completando sua outra metade.
Soltando a respiração devagar, aproveitou aqueles segundos de proximidade, podendo ouvir com mais clareza as batidas tranquilas do coração de seu príncipe, era incrivelmente bom estar colado nele, não importava como, mas naquele momento, estava sendo a melhor sensação que já conheceu e não queria pensar que poderia estar confundindo o amor com uma boa amizade.
Estourando a bolha de nozinhos que se encontrava, um longo e audível suspiro para sua nova fase de híbrido chamou sua atenção e voltando a se concentrar no que fez sua barriga gelar e as mãos suarem, encontrou um par de olhos castanhos lhe encarando.
— Bom dia, pequeno.
A voz rouquinha fez suas orelhas dançarem, mas não conseguiu responder, continuou apenas olhando para ele, sentindo seu rosto queimar diante daquela situação.
Ggukie decidiu desistir naquele primeiro momento. Talvez fosse mais fácil se seu herói não olhasse para si daquele jeito bonito e preguiçoso. Fazia com que sentisse coisas estranhas, como a mesclagem do rosto efervescente e a barriga congelada.
— B-Bom dia, TaeTae — Gaguejou ao se afastar o máximo que os braços do outro permitiram, sentindo novamente aquela vibração boa passear por todo o seu corpo, junto da onda de timidez que o tomou por completo. — Estava pensando mesmo em te chamar para levantar. — Terminou baixinho, desviando o olhar para qualquer coisa que não fosse o homem bonito.
— Vou me levantar já. — Uma risadinha nervosa escapou em meio as palavras atrapalhadas do acastanhado.
Depois de alguns segundos de puro constrangimento, Jeongguk se desvencilhou dos braços delgados, pulando apressado e todo coradinho em direção a seu quarto pessoal. Já Tae seguiu encarando de forma vaga a parede branca do lado oposto do quarto, sem conseguir mover um músculo. Estava molenga sentindo aquele frio de paixão passeando até por dentro de seus ossos.
O que Jeongguk estava fazendo consigo?
Se perguntava, tentado a desvendar o grande nó dominando seus pensamentos antes de sorrir desacreditado, relembrando a sensação do narizinho gelado conectado ao seu. Do rosto dele tão perto do seu.
De repente, recuperando os membros moles pelo momento atrás, puxou o travesseiro que descansava sob sua cabeça abafando um resmungo alto e risonho. Não queria que o anjo ouvisse seu surto bobo de paixão.
O Jeon manteve-se quietinho dentro de seu banheiro, enchendo as palmas e jogando água fria no rosto, tentando conter o vermelho que o coloria. Não imaginava que iria sentir algo tão intenso ao tentar realizar o desejo que fez até mesmo seu lado coelhinho se alinhar a si. E logo pela manhã.
Nunca se sentiu tão bem e envergonhado antes, dentre todos os momentos que esteve tão próximo do príncipe, causador de todas aquelas sensações.
Respirando fundo após secar o rosto, ficou encarando pelo espelho suas orelhinhas dançantes, sem conseguir controlar o movimento. Se voltasse a encontrar Tae daquele jeito, seria denunciado pela inquietude do coelho e do homem corado que o compunham.
— Aigoo — Resmungou apoiando a mão no peito, sentindo o coração arrebatando fortemente. — Se comporte. — Disse para sua outra metade, levando o olhar para suas orelhas novamente e não obtendo nenhum resultado calmante para sua euforia.
Deixando o banheiro a passos lentos e vergonhosos, atravessou seu quarto pensando em como sentiu-se corajoso tão rápido e como pudera agir ansiosamente numa manhã recém desperta. Não precisava ser apressado, mas o que sentia simplesmente o impulsionou.
Atravessando o corredor atento aos ruídos do outro quarto, desceu as escadas fugindo do príncipe, encontrando sobre a mesinha de centro da sala, seu celular, abrindo o aplicativo de mensagens e digitando uma especial para seu hyung gatinho.
Precisava saber como prosseguir e controlar seu lado coelho, que também estava ansioso para conhecer o amor com Taehyung.
Em seguida, abandonando o aparelho onde encontrou, seguiu o cheiro familiar e gostoso da primeira refeição do dia avistando noona defronte com a pia da cozinha, olhando vez ou outra para a pequena televisão no balcão. Riu baixinho.
— Bom dia, querido! — Ela exclamou alegre ao se virar em sua direção, segurando um potinho de porcelana recheado do legume laranjinha bem conhecido por si.
— Bom dia, noona! — Observou o balcão, passando a língua entre os lábios observando todas as massas e aperitivos.
— O Tae derrubou você da cama? — A pergunta, apesar de casual, o fez rir com vontade.
— Não, noona, só levantei antes do hyung. — Sentiu seu rosto voltando a esquentar e desejava que ela não percebesse a coloração se formando em sua pele.
Tentado a esconder seu rosto da mais velha, passou a arrumar a mesa, colocando a toalha sobre a de plástico, posicionando os sousplats e transportando as porcelanas do balcão para lá.
Já dona Byeol, negou descrente, sequer precisando se esforçar para decifrar seu menino, observando-o começar a agir com inquietude ao ter posto a última vasilha na madeira trabalhada e escutado seu moleque chegando.
Aquilo era verdade. O coraçãozinho do coelho decidiu acelerar ainda mais fazendo suas mãos tremerem suavemente ao ouvir os passos na escada e logo a figura alta e forte do príncipe adentrando a cozinha.
Notou a mais velha não se aguentar e rir.
— Bom dia! — O sorriso em forma de quadrado se abriu triunfante.
Jeongguk seguiu apenas o encarando, preso no sorriso que achava muito bonito.
— Nossa, bom dia! — Byeol Arqueou as sobrancelhas, umedecendo os lábios antes de abrir um sorriso arteiro. — Que milagre te fez acordar disposto nesta manhã?
— Não sei, — O acastanhado deu de ombros, olhando fixamente para seu pequeno moreno. Alargou o sorriso. — talvez eu tenha sonhado com um anjo.
Jeongguk desviou o olhar do seu, a vergonha estava o corroendo por dentro. Sentando-se encabulado à mesa, suspirou puxando seu potinho de cenouras, focando o olhar nas rodelas deliciosas tentando evitar o hyung se sentando ao seu lado.
— Esse anjo deve ser muito especial então, para te fazer levantar cedo... — Dona Byun comentou com falsa conformidade, juntando-se a eles preparando sua xícara de café.
— Com certeza ele é, noona. — Com a animação que estava fazendo seu sorriso parecer maior e brilhante, Taehyung preparou seu café da manhã, pensando em como queria ter fingido dormir por mais algum tempo e permitido que o anjo lhe tocasse o quanto quisesse, mesmo que tivesse precisado encontrar seus olhos e vislumbrado as cores da sua paixão.
A refeição seguiu-se em um silêncio aconchegante por parte dos integrantes da casa. Todos concentrados na voz levemente aguda da apresentadora do canal de receitas de noona, comentando vez ou outra os momentos divertidos do programa e ouvindo a mais velha contar quantos pratos já havia feito com as dicas dela.
No entanto, o momento de paz acabou ao que um noticiário interrompendo aquela programação surgiu, iniciando uma reportagem urgente e em especial, sobre os híbridos.
Jeongguk virou-se na cadeira abandonando seu pãozinho doce, tendo visão total da pequena televisão, que mostrava imagens de vários guardiões dos esquadrões tentando entrar em um lugar grande e completamente branco, recebendo ajuda de alguns humanos, esses impedindo a polícia local e repórteres de se aproximar.
As cenas que passavam enquanto uma voz masculina narrava o que estava bem diante de seus olhos, pioraram gradativamente, principalmente quando um guardião se transformou em um majestoso tigre e tentou intimidar os policiais sendo acompanhado por ursos gêmeos. Aquilo não poderia acontecer.
O coração do garoto coelho apertou e doeu como nunca antes, perdendo-se do momento alegre de antes.
"— Como vocês podem ver, os híbridos estão se transformando e se revoltando contra os policiais, esses que tentam verdadeiramente controlar a situação dentro do pátio do mercado de linhagens."
Todos a mesa arregalaram os olhos, ficando extremamente preocupados. Tae, tão apavorado quanto seu anjo, aproximou-se até os corpos colarem, da maneira que estavam sentados, apoiando a mão sobre a menor e gélida, apertando suavemente em um gesto apoiador.
"— Os policiais relutam contra a ideia, mas no momento estão preparando soníferos para os híbridos selvagens transformados."
A câmera se afastou de repente acompanhando o repórter humano, amedrontados quando um leão e uma leoa se aproximaram rosnando.
Policiais armados se reuniram ao redor da equipe.
"— Recebemos também a informação da repórter que está dentro do edifício... um híbrido com uma farda representante de ONGs, não oficial, tinha conseguido passar e agora, rendido por policiais, está se retirando pacificamente."
Poucos segundos depois, a câmera focou nas portas escuras se abrindo, revelando um híbrido de macaco segurando uma grande caixa branca e tendo cada braço segurado por um policial.
Ao ser solto, chamou a atenção de todos que estavam junto dele com apenas um olhar cabisbaixo e fundo. Estavam lutando incansavelmente por seu povo, mas não mereciam o que veio em seguida, quando ele jogou tudo o que havia dentro da caixa no chão. Lençóis.
Lençóis não mais brancos, e sim, coloridos de sangue, marcados pelo fim precoce das lutas de muitos semelhantes.
Os híbridos que se controlavam para não descontar sua raiva em quem ousasse se aproximar, junto do cansaço por precisarem pagar para viver, recuaram ainda em suas formas animais juntando-se aos outros e farejando o ar com dor.
O silêncio tomou conta de todo o ambiente, na televisão e dentro da cozinha da propriedade Kim.
"— Os híbridos de repente pararam para observar o que o suposto líder deles trouxe em mãos, os lençóis estão sujos e com marcas de sangue, não se sabe ainda como está a nova geração de híbridos que nasceram hoje..."
Os olhinhos negros marejaram. Ggukie não queria acreditar no que era nítido que havia acontecido. Naquele momento, um novo tom de cinza coloriu seu coração.
Na sequência da reportagem, um homem vestido de branco, acompanhado por várias pessoas com vestimentas iguais, deixou o prédio rumando para a saída sem dizer uma palavra sequer para as câmeras. Em seguida, outro homem passou pelas portas, o terno escuro e brilhante denunciando-o como dono daquele lugar imundo.
Todas as câmeras ficaram em cima dele, somadas aos repórteres curiosos demais para fazer uma pergunta por vez.
"— É uma infelicidade o que vou anunciar agora! — Falou, ignorando o bombardeio de perguntas. — Tivemos perda total dos nossos híbridos, bebês e progenitores!"
Resmungos surpresos escaparam dos humanos ali presentes, já os híbridos não pareceram se importar mais com a multidão ao seu redor, pensavam em todos os dias e noites que tentaram salvar aquelas vidas. Com os corações partidos, se ajoelharam lado a lado, curvando o corpo até encostar as testas no chão começando suas orações para seus semelhantes, desculpando-se por terem chegado tarde demais.
"— Todos os híbridos se curvaram em respeito a perda dessa nova geração, enquanto aguardamos por respostas do diretor do mercado, Am Jae."
Os moradores da propriedade Kim seguiram em um doloroso silêncio, partindo principalmente do moreninho segurando as lágrimas enquanto as imagens na televisão mostravam toda a luta em vão de seus semelhantes. Tae e noona trocavam olhares tão devastados quanto preocupados, esperando pela reação do garoto que tanto queriam ver sempre feliz.
Quando o pequeno Jeon voltou-se para seus humanos, surpreendeu-os com uma respiração funda e em falsa calmaria, fechando os olhos por breves segundos.
— Pequeno? — Tae chamou um pouco relutante, sem soltar suas mãos.
Jeongguk não o respondeu, apenas tornou a abrir os olhos e encarou-o por longos minutos.
— Eu sou um menino mau, hyung?
Perguntou por fim.
— P-Por que está me perguntando isso, Ggukie?
A falta de resposta do menor fez Tae engolir em seco. O acastanhado ficou completamente apavorado com o que pudesse estar se passando pela cabeça de sua paixão.
— Por que... parte de mim sabia que algo muito ruim iria acontecer, mas — As palavras deixaram os lábios vermelhinhos com dificuldade. — outra parte quer agradecer... ninguém seria humano com eles de qualquer forma.
As primeiras lágrimas escorreram pelas bochechas coradas, pelo tamanho esforço do Jeon em segurá-las.
Taehyung inspirou profundamente e soltou o ar em uma ligada discreta. Aquele era o momento em que deveria ser quem o anjo precisasse que fosse.
— Jeongguk. — O chamou em um tom firme de voz. Estava seguro e corajoso o suficiente para entender como deveria falar com sua paixão. Sem mais nozinhos. — Não se torture, já está sentindo dor o bastante. — Delicado, tocou o rosto molhado fazendo seus olhos se encontrarem e secando as lágrimas insistentes dele com os polegares. — Isso foi um castigo às pessoas, esse é o momento de abrirem os olhos para os erros que estão cometendo com os híbridos! Mas também é um descanso para os que infelizmente se foram...
Ggukie fechou os olhos outra vez, apreciando o carinho das mãos quentinhas, sentindo uma grande onda de conformação e consolo e conseguindo acalmar seu coração entristecido. Precisava ouvir aquelas palavras.
— Eu sinto muito que os humanos insistam em machucar. Você e os nossos semelhantes. — Os olhos castanhos brilhavam com tanta determinação, que os negros eram chamados em direção a eles como imãs. — Você pensou neles e não há nada de errado nisso. Continua sendo o meu bom menino. Sempre será.
Jeongguk prendeu um soluço na garganta com aquele sentimento de acolhimento vindo de seu príncipe. Estava completamente protegido entre as mãos dele, essas trazendo-o para cada vez mais perto até permitir-se inclinar sobre ele, voltando a se acalmar quando os braços longos o contornaram e deu o sinal para que pudesse chorar contra seu peitoral.
Nada seria capaz de apagar aquela nova tempestade sobre sua genética e todos que eram iguais a si, porém queria reerguer-se ainda mais forte para lutar e fazer justiça por eles.
Não era mais o garoto fraco, sem esperança pela vida, e sabia que Taehyung estaria ao seu lado para lembrá-lo disso. Ele era sua fonte de força, esperança, luz e amor.
Noona por outro lado apenas os observava. Tão orgulhosa do companheirismo de seus meninos que sentiu-se em uma missão comprida, mesmo que seu coração também estivesse dolorido e quebrado.
[...]
Mais tarde, ainda naquele dia, Taehyung soltou o ar aliviado e recostou na cadeira giratória de seu escritório em casa quando assinou o último documento do dia. Estava adiantando seu trabalho porque até o novo início da semana, queria estar colado ao anjo cuidando para que nada o machucasse ainda mais.
Não só naqueles dias, mas enquanto vivesse. Estava focado em sua missão de entregar o mundo todo a ele.
Mas a verdade era que estava nervoso. Seu coração batia com pontadas de dor constantemente por ter deixado Jeongguk sozinho, mesmo que o pedido tivesse sido dele para que pudesse pensar. Sorriu trêmulo. Sentia extremo orgulho do garoto especial que habitava seu coração e faria qualquer coisa para que a dor dele fosse embora.
Com a inquietude reverberando em ondas de choque angustiantes por seu corpo, olhava para o celular a cada minuto esperando por uma resposta do melhor amigo sobre o que fazer, porém, sabia que àquela altura, Yoongi já deveria ter se esquecido da mágoa e acolhia o namorado em seus braços depois de uma notícia destruidora como a que não abandonava a televisão ou o rádio.
Em todas as vezes que deixou o escritório a fim de perguntar ao moreninho como ele estava, encontrava-o em frente a TV, assistindo com atenção todo o procedimento que realizavam no mercado de linhagens, voltando a erguer as orelhinhas peludas quando o homem nojento insistiu em falar sobre seu desejo de continuar tentando modificar a genética dos híbridos, até ser intimado por outra parte da polícia a se apresentar diante das autoridades.
Não foi fácil assistir a quantidade de carros que deixaram o lugar com os corpos sem vida, menos ainda quando alguns híbridos tiveram de ser sedados quando tentaram atacar aquele homem. A violência nunca foi um ponto positivo em ambos os lados, deixando todos com uma preocupação e angústia maior. Jeongguk acompanhava ao lado de noona com o semblante apagado. O brilho que exalava de todo o seu ser estava vulnerável naquele momento e isso abalou o Kim profundamente.
Ele queria agir de alguma forma, mesmo que quem tivesse ajudado verdadeiramente seu pequeno fora o gatuno alaranjado, quando ligou mais cedo e conversaram durante um longo tempo, planejando os próximos passos para continuar lutando mesmo após a trágica notícia.
O acastanhado tinha medo. Não dos híbridos e da justiça que iriam fazer por conta própria, mas pelas pessoas que iriam insistir em continuar os machucando. Se algo acontecesse com seu pequeno, teria medo até de si próprio, porque não sabia o que seria capaz de fazer para protegê-lo.
No entanto, naquele momento, tudo o que fez foi se trancar no escritório, pensando nos olhos tristes e em como queria vê-los com o brilho encantador outra vez.
Não deveria ter de esperar alguma sugestão de seu melhor amigo, queria arranjar uma sozinho, porque seria completamente sincero com seus sentimentos enquanto estivesse com o anjo.
Abandonando todos os documentos revisados e assinados, caminhou lentamente pelo corredor, encontrando inesperadamente o coelhinho em seu quarto particular, sentado na cama perfeitamente arrumada de cabeça baixa e com as mãos ocupadas brincando com os bracinhos articulados do boneco do homem de ferro. Estava tentando se distrair.
Sorrindo pequeno, adentrou o cômodo seguindo até ele e sentando-se ao seu lado sobre o colchão.
— No que está pensando, pequeno?
Perguntou depois de alguns segundos em silêncio, encostando a cabeça na dele depois de receber como resposta um suspiro e o moreninho apoiando a própria contra seu ombro.
— Jimin-ssi pediu que eu tentasse me distrair até as ONGs decidirem o que vão fazer... então pensei que o Tony hyung pudesse estar se sentindo sozinho aqui.
A voz doce soou baixinha e olhinhos negros seguiram fixos ao boneco.
— Pensei em algumas coisas para ajudar também.
— Quais coisas, TaeTae?
A curiosidade nítida animou o mais velho.
— A primeira é a de que podemos começar com um sorriso seu, o que acha?
Afastando-se, Jeongguk encarou-o repuxando os lábios minimamente.
— Hum... acho que eu e o Tony hyung precisamos de um maior.
Contagiado pela tentativa do príncipe, uma risadinha escapou.
— Ah! Agora sim estou me sentindo mais forte! — Tae retribuiu-o no mesmo segundo. — A outra ideia, é a de que vou reunir todos os membros do meu conselho na empresa e abrir um processo contra aquele homem e todos os mercados de linhagens que ele criou nesse país. — Os olhinhos galácticos se arregalaram. — Demorei demais para agir com a influência que tenho.
Foi a vez do brilho do olhar castanho estremecer.
— Não se culpe, hyung — A mão pálida e gelada tocou a sua. — Infelizmente nós não poderíamos ter previsto o que ia acontecer.
Jeon Jeongguk tinha aprendido todas as suas lições. E com isso, Kim Taehyung se perguntava como ele poderia ser perfeito com tanta facilidade.
— Então temos que estar fortes e preparados para quando a justiça começar a ser feita.
O garoto moreno concordou, voltando a se aninhar ao corpo maior.
— Podemos fazer as coisas que gostamos até a hora de ir dormir, príncipe?
Uma ideia apareceu imediatamente entre os nozinhos do mais velho.
— É claro, meu pequeno.
Quando a noite chegou, o filme passando na grande tela não parecia tão interessante quanto antes. Dessa vez, noona estava junto dos garotos e contava momentos da infância do Kim que faziam Jeongguk rir, confortavelmente aconchegado ao corpo grandão e quente, enquanto, o dono desse corava até às orelhas. O moreninho também contou do dia em que foi à floricultura de Haneul noona e da sessão de cinema natural que assistiu com o príncipe sem poupar nenhum detalhe, deixando dona Byeol aérea com tamanha fofura de seus meninos apaixonados. Ela mal podia esperar para vê-los se entenderem com seus corações.
Optando por descansar a fim de se prepararem para o novo e turbulento dia que viria a seguir, ambos se despediram da mais velha e subiram as escadas calmamente.
Ansioso para ajudar sua paixão a ter uma boa noite de sono e nervoso por compartilhar pela primeira vez o que mais gostava de fazer, Tae continuou o puxando sem dizer uma palavra quando ultrapassaram o quarto e seguiram para o final do corredor.
— Hyung? — Jeon o chamou, confuso.
— Q-Quero mostrar uma coisa a você, Ggukie.
— O que é? — O mais novo perguntou, observando o quarto que entrou uma única vez, notando que alguns móveis estavam descobertos e a janela agora mantinha-se aberta.
— Sente-se aqui. — Tae guiou-o até o sofá de couro branco.
Os olhinhos negros então passaram a persegui-lo por todos os passos restantes até o seu amigo de madeira bem polida. Jeongguk ofegou surpreso.
— Eu queria mostrar para você que... — Se perdendo entre as palavras e os nozinhos de sua mente, Taehyung apenas chacoalhou a cabeça, aquele não era o momento de dar novos nozinhos para o anjo.
Um pouco atrapalhado pelo nervosismo, posicionou o instrumento entre seu ombro e queixo, raspando o arco pelas cordas e iniciando os primeiros acordes da música que vinha a várias noites treinando. Desejava dizer sem palavras como o anjo também estava salvando-o, que também era um grande herói.
O mais novo permaneceu quietinho, assistindo com fascínio a forma tão bela que seu príncipe tocava o violino. Exatamente da forma como sonhava que ele fazia, pois a imaginação já não era mais suficiente quando pensava no belo homem à sua frente.
Até que a última nota fosse tocada, seus olhares não abandonaram um ao outro e por todos aqueles sentimentos cantados pelas cordas e o arco, ambos os apaixonados podiam jurar que brilharam juntos.
Ao final, quando o garoto coelho se levantou para secar as lágrimas cheias de emoção do príncipe, sentiu suas peles efervescentes se tocarem com delicadeza e não conteve a vontade de cuidar dele como estava fazendo consigo.
Com todo o seu coração, Jeongguk desejava que o homem de pele dourada e lábios de pêssego também estivesse pronto.
Logo, os sonhos dominaram seus organismos colados sob as cobertas, não precisaram de palavras, pois seus olhos disseram tudo o que precisavam e estariam seguros se continuassem daquele jeito, pelo menos até a noite acabar.
[...]
O garoto coelho despertou de um sono inquieto várias vezes na noite, daquela última vez, a manhã já estava lhe dando as boas vindas, mas não era colorida de sol e nem alegre.
O príncipe também não estava na cama.
Agora sentindo com clareza as mensagens repletas de desejos e instintos que seu lado coelho passava, soltou um resmungo manhoso e deixou o móvel macio para ir procurá-lo. Precisava do cheiro dele. Do corpo dele.
Andando pelo corredor, esticava as orelhas tentando ouvir algum ruído, normalmente as manhãs na propriedade eram repletas de sons, cheiros gostosos e a voz de Noona cantarolando. Porém, nem o aroma da primeira refeição do dia se fazia presente.
Chegando no primeiro andar, seu coração martelou dolorido e desesperado. Seu herói estava no sofá, jogado e com o corpo todo machucado. O sangue escorrendo por suas sobrancelhas, por seus lábios e por suas bochechas macias denunciavam o que temia desde seu primeiro dia livre com ele.
— Eu te avisei, Jeongguk!
A voz masculina e falha de seu tutor surgiu no canto da sala. Quando o olhou, ele sorriu diabólico e estendeu os braços transformando-se em uma sombra negra flutuando veloz em sua direção e agarrando seu corpo, enquanto o ar escapava de seus pulmões e a vista ficava embaçada.
A massa escura o imobilizou com firmeza, deixando-o ainda mais desesperado.
— Eu avisei que caçaria todos que você ama!
A risada escandalosa ecoou em seu debater para fugir.
Abrindo os olhos após um solavanco assustado de seu corpo, Jeongguk tentou esticar os membros sendo impedido pelo cobertor o envolvendo. Parando de fazer força tentando acalmar seus movimentos, conseguiu livrar-se do tecido e da cama. Era a primeira vez que se sentia desconfortável ali.
Em pé, observou todo o quarto de olhos arregalados, procurando pelo príncipe que outra vez não estava consigo.
Com o peito subindo e descendo acelerado, atravessou o quarto e o corredor, descendo as escadas inundadas de sons familiares e bons, mas que não o acalmaram naquele momento.
Adentrando a cozinha, encontrou sua noona cortando algo na pia enquanto falava e seu hyung sentado um pouco afastado da mesa, ainda que em seu costumeiro lugar, esticando a mão até a cesta com os pães de queijo e pegando um longe da visão da mais velha.
Com o barulho que seus passos tensos causaram, ele olhou diretamente para si, abrindo um sorriso quadrado encorajador que lhe fez soltar a respiração em uma lufada forte de ar.
— Bom dia, pequeno!
Sem controlar seus movimentos e nem proferir uma palavra sequer, Ggukie caminhou até o príncipe, impedindo-o de se levantar quando deixou uma perna de cada lado do quadril dele e se sentou.
Com as mãos trêmulas e extremamente geladas, tocou o rosto bonito do homem estático sob si, analisando cada pedacinho da pele que viu tão machucada em seu sonho. Não encontrou nada, o que acalmou aquele sentimento angustiante percorrendo por todo o seu ser. Em Taehyung havia apenas a pele macia e quentinha no tom de dourado brilhante.
— G-Gukie...
Encontrou os olhos dele com os seus novamente e pode ver o mel cintilar, um pouco incerto do que viria a seguir.
Conseguindo finalmente relaxar, Jeongguk enrolou os braços ao redor do pescoço do príncipe, encostando o queixo em seu ombro e apertando-o fortemente. Estava seguro outra vez. As batidas de seu coração naturalmente acelerado voltavam gradativamente ao normal.
O Kim não demorou para deixar a surpresa ir embora e retribuir o gesto apressado do anjo, preocupando-se ao sentir suas costas úmidas de suor mesmo sobre a camiseta do pijama.
— Tá tudo bem meu pequeno, foi só um pesadelo.
Tae sentiu o peso sobre si aumentar, sinalizando que o mais novo havia relaxado completamente e sua dedução estava certa. Apesar de não conseguir compreender se ele estava totalmente confortável com aquele contato, não movimentou muito o corpo para ajeitá-lo sobre si, permitindo que sua paixão ficasse do jeito que quisesse. Que confiasse em si.
— Já passou. — Reforçou, apertando-o suavemente.
— E-Eu acordei e você não estava lá, príncipe...
Taehyung sentiu um aperto no peito, era lógico que depois de uma notícia como a que seu anjo tinha recebido, não deveria tê-lo deixado sozinho.
— Me desculpa, meu pequeno — Devagar, a mão grande subiu até os cabelos negros, causando as carícias que Jeongguk mais gostava. — Eu pensei em ajudar a noona com o café da manhã, porque nosso dia vai ser corrido e precisamos nos alimentar bem.
— Tudo bem, TaeTae.
A mais velha, ainda que sorrindo pequeno, se aproximou preocupada, acariciando a bochecha pálida à mostra e oferecendo um copo de água a seu menininho, que aceitou de bom grado.
Deixaria para contar ao seu moleque que eles jamais precisariam de preocupar com boas refeições, porque ela nunca deixaria nenhuma fonte de vitamina lhes faltar, porque aquele não era o momento de brincar.
— Jimin ligou, querido, — Ela rapidamente encontrou um assunto, distraindo o mais novo do que estava realmente perturbando sua mente. — ele tem algo a dizer e quer que vocês vão à ONG, vamos ter pensamentos positivos, sim?
Jeon assentiu retribuindo o sorriso de sua noona, porém sem vontade alguma de deixar o colo do hyung.
Somente naquele momento se deu conta de como estavam e o contato era estranhamente bom, o que deu vontade de continuar daquele mesmo jeito.
Depois de um café da manhã recheado de mimos ao redor do garoto coelho, esse que voltou a sorrir e se divertir com as brincadeiras de seu príncipe, ambos voltaram ao andar de cima a fim de se prepararem para ir à casa de seu povo. Jeongguk estava nervoso, afinal, o hyung gatinho deveria saber mais sobre o que aconteceu com os híbridos do que a televisão mostrou. Já Tae se atrapalhava com as mãos grandes, relembrando a cada segundo do garoto vulnerável em seu colo, decidindo jamais sair do lado dele ainda que os sonhos o mantivessem longe de si.
Pouco depois, já estavam dentro do carro deixando a enorme propriedade, compartilhando o silêncio em uma mistura de constrangimento e aflição.
— Tae, acha que o Jimin hyung encontrou uma solução?
— Sinceramente... eu não sei, Ggukie. — Apesar de prestar atenção nas ruas, o Kim desejava poder olhá-lo. — Mas se ele precisa de ajuda, nós estamos a caminho e vamos conseguir juntos, certo?
— Certo.
Pequenos sorrisos se abriram. Esperançosos.
Os peitos acelerados pareceram se acalmar até o final do caminho em direção a ONG e dentro do elevador enquanto mantinham as mãos dadas e observavam pelo vidro transparente a movimentação intensa e caótica de todos os híbridos pelo jardim.
— Tio Ggukie! Tio Tae! — Nora e Sunbae anunciaram sua chegada, deixando o sofá de couro, onde descansavam ao lado da mãe adotiva, correndo para os homens ainda na porta.
— Olá, Nora e Sunbae! — O Kim rapidamente sorriu, contagiado pelos filhotes pedindo colo.
— Você também vai participar dos protestos, tio Ggukie? — Nora perguntou, enquanto brincava enrolando mechas de fios negros nos dedinhos. Adorava ser pega no colo e ter a liberdade de brincar com o cabelinho macio de seu tio favorito.
— Protestos? — Ele retornou a pergunta, confuso.
— Essa Nora e sua língua que não cabe dentro da boca! — Hyejin também se levantou, negando e soprando um riso para a filha. — Combinamos de deixar o tio Jiminie, falar, não foi?
— Foi... mas é que escapou, mamãe — A menina espoleta formou um biquinho nos lábios, piscando os olhos para a adulta fazendo graça.
— Espertinha. — A mesma fez menção de pegá-la dos braços do moreno.
— Deixa eu ficar com o tio Ggukie só um pouquinho, mamãe! — A coelhinha soltou manhosa, agarrando o pescoço pálido.
— Quando o tio Ggukie chega, você nem quer saber mais da mamãe!
Tae e Ggukie se encararam por breves segundos, mordendo os lábios para segurar o riso.
— Eu amo você, mamãe, é a número um! — Preocupada, Nora pulou do colo alheio e abraçou a cintura da mais velha. — Mas também amo o tio Ggukie e o tio Tae!
— E eu?! — O cachorrinho nos braços dourados abanou o rabo e as orelhas.
— Você também, Bae!
— A mamãe também te ama — Hyejin acaricou seus cabelos escorridos. — mas agora o tios Ggukie e Tae precisam conversar com o tio Jiminie, tá bom?
— Tá bom... — Ainda que a contragosto, a menina abraçou cada tio e deu a mão para a mãe, que iria sair da sala e levá-la junto do irmão. — Mamãe disse que a gente vai acabar com eles!
Os garotos riram desacreditados, no tempo em que o Park adentrou a sala e arregalou os olhos.
— Tchau, tios! — Nora saiu saltitando ao lado de sua família.
Os três restantes se encararam por um momento.
— Se aquele serzinho pudesse ir, faria a maior passeata da história. — O comentário do alaranjado arrancou fracas, mas sinceras, risadas. — É bom que vocês tenham chegado.
— Vão ser feitos protestos? — A pergunta do Kim causou um suspiro no gato de olheiras profundas.
— Não acho que seja seguro para nós, mas também não acho que devemos deixá-los entender que não vamos agir de alguma forma...
— Eu concordo.
— Chamei vocês para começarmos a nos preparar também, não podemos mais ficar em silêncio.
— Quando vamos começar? — Jeongguk perguntou, determinado.
— Assim que os esquadrões terminarem de levar os corpos... — A fala terminando baixinha e dolorida do Park, foi correspondida no mesmo segundo com um abraço apertado do garoto coelho.
— Também quero acabar com eles, Jimin-ssi.
— Era isso que eu queria ouvir. — O gato sorriu exibindo as presas afiadas.
Tae permaneceu quieto, pensando no que seu anjo havia acabado de falar e imaginando-o em uma avenida protestante desprotegido dos humanos e da polícia. Um arrepio ruim passeou por sua espinha, porém não iria impedir aquilo, pois fazia parte de quem sua paixão era.
E o ajudaria no que fosse possível para acabar com os humanos nojentos que um dia lhes fizeram mal.
— Cabe mais um nesse abraço?
Em resposta, a mão branquela do gato o puxou e enroscou-o em si e sua dupla.
Após bons minutos de aconchego e consolo ao felino, os três se separaram e se puseram a sentar a mesa de reuniões no centro da sala.
— Eu tenho duas notícias para dar a vocês, uma é excelente, a outra nem tanto.
— Quais são? — Os mais novos perguntaram em uníssono.
— A primeira, é que os primos Seokjin e Namjoon embarcaram hoje e no mais tardar chegam aqui à noite! — Os olhos arregalados e expressões surpresas eram tudo o que Jimin queria. Estava tão ansioso quanto eles. — A segunda, é que Yoonie está me ajudando a cuidar de tudo para receber os filhotes de outro mercado amanhã, o que significa mais uma noite sem dormir e muito perigo para as ambulâncias da ONG nas ruas.
— Não se preocupe que os primos vão cuidar disso. — Tae sorriu encorajador.
— E nós estamos aqui para ajudar também.
— Eu sei que posso contar com vocês.
Jimin sorriu grande, transformando seus olhos em dois risquinhos. Estava completamente seguro de sua idéia, ainda mais por ver tamanha determinação no que antes via um garoto precisando de ajuda e amor, em Jeongguk.
Ele era o mais corajoso entre todos.
— Então se estamos de acordo, vou explicar como vamos organizar tudo.
Com o assentir do humano e coelho, o Park iniciou uma explicação breve, mas precisa para que todos pudessem retornar para casa em segurança no final daquele primeiro dia.
Após o grandioso almoço feito por um grupo maior de híbridos, que colocaram em suas mãos todo o carinho e dedicação para seguir consolando e preparando seu povo, todos comeram compartilhando gestos doces e significativos, retornando às suas tarefas naquela tarde movimentada sem preguiça, determinados a fazer justiça.
Jeongguk mantinha-se ajoelhado na grama verdinha, enrolando a extensa faixa que passaria a primeira mensagem aos humanos, estes apoiando uma nova inseminação em seu povo, notícia essa que deixou-o se sentindo estranho pelas reações que tinha através da intensa raiva.
Em seguida, para afastá-lo desses pensamentos, Nora se ajoelhou ao seu lado, fazendo-o sorrir instantaneamente com sua voz infantil lhe encorajando a morder cada humano que fosse contra eles.
— Olá, coelhinho! — Taeho parou na metade do caminho que o levaria até um carro grande e preto, carregando caixas de camisas personalizadas para a ocasião. — Quer ajuda?
— Oi, hyung! Não precisamos, mas obrigado!
— Ah, então tudo certo! Pode me chamar se precisar!
— Não vamos te chamar, não! — Nora gritou de volta, mostrando a língua para o outro coelho.
— Olá, tudo bem? — Tae passou pelo coelho dominante com um sorriso largo e provocativo no rosto, retirando a blusa de manga comprida que era o motivo de todo o suor se acumulando em seu tronco ainda coberto pela camiseta, jogando-a sobre os ombros e ajoelhando-se junto dos outros dois coelhos.
— Isso! Nos ajude, tio Tae! — Nora exclamou animada, rindo alto quando passaram a engatinhar sobre a grama terminando de enrolar o tecido.
Taeho bufou alto antes de seguir seu caminho.
— Está quase tudo pronto. — Avisou Tae, preocupando-se no mesmo segundo em que o olhar negresco e brilhante encontrou o seu em uma mistura ansiosa e medrosa. — Está tudo certo aí dentro, pequeno? — Brincou suavemente, tocando com o indicador a testa do mais baixo.
— Está sim, hyung, mas... e se não der certo? E se passarem por cima de todo o nosso esforço?
— Não vão, Ggukie. — Lá estava outra vez o tom de voz firme do qual o moreninho confiava cegamente. — Acredite pequeno, porque vocês vão derrubar um por um desses caras. — O acastanhado assentiu para si próprio, tentando se convencer também.
Jeon riu baixinho constando a igual insegurança do príncipe. Mas ele estava tentando ser corajoso, então seria também.
— Vamos juntos, não é?
— Bom, acho que sim — Com as bochechas esquentando, Tae sorriu nervoso, levando as mãos até os cabelos bagunçando-os.
Em surpresa, Jeongguk se esticou levemente, depositando um beijinho na bochecha vermelha.
A atitude agradou seu lado coelhinho, mas não superou a alegria do homem.
— Faz parte do nosso povo também, hyung.
Em um reflexo de desejo e coragem, Tae lhe retribuiu.
— Obrigado, Ggukie.
Ficaram olhando um para o outro, sorrindo de forma boba.
— Hummm!
Ambos direcionaram os rostos para baixo, encontrando Nora cobrindo a boca com as mãos pequenas e rechonchudas.
— Eu vou contar para todo mundo que vocês estão namorando!
Então a garotinha saiu em disparada, chamando a atenção do irmão cãozinho que estava próximo a outro grupo e passou a segui-la.
Jeongguk deu um passo adiante, demonstrando sua intenção de persegui-la também. As bochechas avermelhadas e os nozinhos apertando a mente eletrizaram seu rabinho pomposo.
Entretanto, para deixá-lo ainda mais confuso, sentiu a mão grande e quentinha segurar a sua, incentivando-o a voltar os olhos primeiramente para o gesto e depois encontrar o olhar de mel.
— É-É que... Ggukie e-eu.
Taehyung se praguejou mentalmente por ter tomado aquela atitude, pois sabia que não teria coragem de falar, naquele momento teria de inventar uma desculpa e depois lamentar o momento no colo do melhor amigo.
Entretanto, antes que os dois pudessem reagir de alguma forma, um movimento brusco de uma mancha peluda alaranjada brilhante de quatro patas e repleta de pintinhas negras derrubou o garoto coelho no chão.
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Notas Finais
E então, o que acharam???
Escrever quando envolve completamente os sentimentos do Ggukie ao mesmo tempo que me deixa boiola, me deixa tão insegura quanto ele skskskd
Esse ritmo dele vai acelerar, confiem ;)
O TaeTae que lute para acompanhar esse ritmo hehehe
E aí? O que vocês acham que vai acontecer agora?
Esse capítulo ficou mais curtinho que os outros, mas com o essencial ;) agora a jiripoca vai piar!
Desculpem qualquer erro e obrigada por terem paciência comigo aaah prometo me esforçar para melhorar com as atts! 💜
Até a próxima, anjinhos! Bom diatardenoite! 💜💜💜
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