10: Um Cochilinho da Tarde

Notas Iniciais

Oii anjinhos!! Como vocês estão??

Eu atrasada de novo ;-; mas FELIZ ANO NOVO, ✨💜✨ ANJINHOS!!

Essa é a primeira att do ano hihi e eu começo agradecendo a @fakelove_luv pelo presente (mídia) MARAVILHOSO do nosso coelhinho!! Obrigada, anjinho!! 💜💜💜 eu sei que eu surtei no whatsapp mas surto de novo kkkkk AAAAAAA FICOU MUITO LINDO MEU AMOR!! MUITO, MUITO OBRIGADA!! O TANTO QUE EU TÔ BOIOLINHA NAMORANDO A FANART AAAA 💜🥺🤲✨💜 Eu fiz um presentinho (dos comentários) pra você no decorrer do capítulo hihi espero que goste!!

Não se esqueçam de beber bastante água!!

Me perdoem a demora!! Mas cheguei e agora programação normal real!! Hihi

Sem mais delongas, boa leitura, anjinhos!!

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"Alguém que sabe quando você está perdido e assustado e está lá com você nos altos e baixos. Alguém com quem você pode contar, alguém que se importa. Ao seu lado onde quer que você vá você vai mudar por dentro e quando você perceber, vai acreditar na dádiva de ter um amigo."

Gift of a Friend - Demi Lovato

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O pequeno Jeongguk despertou com um suspiro longo e preguiçoso, esticando todo o corpo molinho antes mesmo de abrir os olhos, sentindo suas pernas e braços um pouco doloridos por todo o peso das sacolas e a organização de seu guarda-roupa, noite passada.

Mas logo abriu um sorriso exibindo os dentinhos para o teto branco, ainda não havia conseguido encontrar um jeito de agradecer o príncipe por tudo aquilo, mas Tae era um homem tão bom, queria dar algo bonito a ele, retribuindo tudo o que ele tinha lhe feito.

E voltando a colocar seus pensamentos para trabalhar acerca do hyung, se levantou caminhando para o banheiro lavando o rosto e escovando os dentes, em seguida, retornando para o quarto passando as mãos pelas orelhinhas extensas e cabelo, se ajeitando às cegas até parar em frente a porta corrediça que escondia seu guarda-roupa.

Abrindo, passeou com os olhos atentos por todos os cabides e gavetas e caixas, agora tinha inúmeras opções para vestir e achava que poderia até mesmo se perder entre tantas coisas novas nas prateleiras.

Seu rosto passou a esquentar enquanto procurava por uma muda simples e confortável, pensando em quem lhe deu tudo aquilo sem pedir nada em troca, que o presenteou de coração. Mesmo que ainda tivesse em mente que iria pagar o príncipe por todas aquelas cores e estampas, afinal, não conseguia medir o tamanho de seu agradecimento.

Após fechar a porta e se trocar sobre o carpete bordô o impedindo de pisar diretamente no chão frio, dobrou os tecidos de cor azul bebê de seu pijama novinho e o colocou sobre a pilha perfeitamente dobrada por Byeol noona, saindo do pequeno cômodo em direção a cama a arrumando, por fim, abrindo as janelas.

Com tudo organizadinho, deixou seu quarto farejando o ar a fim de encontrar o cheirinho de morango, captando a informação do hyung ainda dormindo, seu cheiro vindo mais forte do cômodo da frente, e que também gostava de sentir impregnado por toda a casa, o deixava calmo, com a sensação de que estava protegido ali.

Deixando Tae descansar, desceu as escadas sentindo o aroma do café o chamar, seu estômago roncou e seu rabinho livre balançou freneticamente ao chegar na cozinha, observando a mesa recheada de coisas gostosas para comer, e logo após, o sorriso fofo da mais velha.

― Bom dia, querido! ― Como de costume, Byeol fechou a garrafa com o líquido quentinho e gostoso, a pondo sobre a mesa.

― Bom dia noona, dormiu bem? ― A mesma sorriu grande assentindo, pegando um pãozinho doce e ainda morninho o oferecendo.

― E você, Ggukie?

― Também ― Respondeu assim que deu uma generosa mordida no pãozinho, de boca cheia.

A governanta negou, ainda que sorrindo grande com os olhinhos de jabuticabas levemente arregalados enquanto o dono delas beliscava a massa doce.

- Um pouco antes do Tae descer e tomarmos café, gostaria de colher alguns legumes fresquinhos comigo, orelhudo? - Ggukie sorriu repuxando um pouco mais os lábios, como estava treinando, assentindo devagar pegando mais um pãozinho no tempo que passou a seguir noona, essa que foi na frente em direção às portas da sala.

Depois de bons minutos, com a cesta cheia de verde e alimentos que davam água na boca do garoto coelho, ambos retornaram à cozinha e Byeol apoiou tudo o que colheu com o mais novo no parapeito da janela, para secar as cascas.

- Querido, pode ir chamar o Tae? Ele está demorando. - A mesma o encarou pouco, abrindo a geladeira pegando o leite, queijo, presunto e outros complementos frios os colocando na mesa.

Concordando, o garoto coelho tornou a sair da cozinha subindo as escadas com calma, pensando em como deveria acordar o príncipe adormecido.

Entretanto, ao abrir a porta do quarto notou apenas o cheirinho de morango e chuva por todos os cantinhos, a cama estava vazia.

Farejando o ar buscando pelo hyung, fechou novamente a porta sendo guiado por seu olfato até a última daquele lado do corredor, onde pôde também ouvir a voz rouquinha e um oitavo mais grossa falando coisas que não compreendeu muito bem, pelo abafamento da madeira fechando o cômodo.

Tocou a maçaneta suavemente, Tae estava em seu escritório e poderia estar tratando de algo muito importante de seu trabalho, não gostaria de atrapalhá-lo.

Ao final do terceiro minuto que permanecia parado ali, ainda ponderando sobre entrar ou não, acabou por expulsar aquela insegurança e abriu a porta, encontrando rapidamente o belo homem de pijama e cara amassadinha, andando de um lado para o outro apoiando o celular no ouvido.

― Não, eu estava até tranquilo com isso hyung, na minha agenda não tinha nada anotado para hoje...

Os olhinhos negros o seguiam atentos e curiosos, Taehyung bagunçava os cabelos e passava a mão livre pelo rosto almejando despertar de fato, olhando a todo momento para a tela do computador ainda ligando, com pressa, também abrindo as gavetas parecendo estar procurando por algo importante.

― vou ter que checar se chegou no meu email

O maior praticamente se jogou na cadeira giratória, bufando frustrado.

― é inacreditável a irresponsabilidade da senhorita Hua, sendo uma coisa tão importante, deveria estar anotado e em minha mãos!

O moreninho arregalou levemente o olhar, ainda não tinha visto o lado bravo do mais velho.

― Sim eu sei Yoongi hyung, e se for necessário eu vou a empresa hoje, se tiver chegado na caixa de emails não vai ter as assinaturas de todos os assessores, e nós não podemos atrasar mais uma vez a autorização para os cientistas começarem a mandar as fórmulas dos novos cosméticos para a fabricação,

Uma marca, Kim Taehyung era dono de uma marca muito famosa de cosméticos, foi o que os olhos de jabuticaba ouviram e observaram, nas pastas, nos broches, nas caixas de papelão de diversos tamanhos espalhadas pelo escritório, condecorados com uma logo de uma pequena mão segurando uma flor delicada, que também já viu em comerciais de quase todos os canais da televisão.

Sorriu, aquele era um desenho bonito e delicado, fofo como o homem que o criou e que no momento havia notado sua presença e lhe dado um sorriso quadradinho, mais calmo.

Então percebeu, aquela logo não poderia pertencer a alguém mais belo.

― encontrei o email com o link do documento, mas ainda não foi completamente digitalizado, não tem metade das cláusulas aqui, vou ter que buscá-lo na empresa,

O príncipe fechou a mão livre em punho, dando um leve soquinho ao lado do teclado, tentando controlar a palavra feia que iria escapar de seus lábios.

― tudo bem então hyung, eu vou resolvendo esses outros aqui,

Tae encarou as anotações das coisas que já deveria ter feito e que eram importantes para enviar a nova coleção da perfumaria Kim no prazo, senão fosse por Yoongi ter ligado questionando sobre aqueles documentos sequer saberia que estavam faltando, as exigências das marcas parceiras deveriam estar até mesmo coloridas de tons fortes para evitar esquecimento em sua agenda, mas sua secretária não parecia entender o que já havia explicado mais de três vezes.

Não compreendia onde a moça ficava com a cabeça enquanto falava das coisas importantes.

― tudo bem, vamos resolver tudo isso ainda hoje, obrigado Yoon hyung.

Depois de encerrada a ligação, o olhar de mel voltou-se para o coelhinho quietinho na porta, esperando o momento certo para falar e não atrapalhar o trabalho do príncipe.

― Ggukie! Acordou cedo, bom dia!

― Bom dia hyung, ― O empresário mordeu o interior das bochechas, mas não conteve o enorme sorriso ao ser novamente chamado daquela forma, junto ao brotinho de sorriso ficando cada vez mais lindo nos lábios vermelhinhos. ― vim te chamar para tomarmos café da manhã.

― Claro-claro ― Tae se levantou ainda sorrindo grande, mesmo com a quantidade de emails que chegaram o lembrando de tudo o que deveria fazer naquele dia. ― dormiu bem? ― Perguntou, passando a acompanhá-lo pelo corredor até a escada.

― Dormi sim hyung, e você?

― Muito bem, eu também, ― Suas bochechas ameaçaram ficar doloridas, no tempo que acariciou os cabelos negros vendo as orelhas extensas e branquinhas dançarem de maneira fofa. ― a psicóloga vem hoje, Ggukie. - Se lembrou da mensagem da híbrido, enviada mais cedo.

― Ela vem ― O moreninho repetiu repuxando os lábios, e seu rabinho agora exposto e sem apertos balançou ainda mais. ― isso é bom.

Ggukie o olhou e exibiu os dentinhos.

E o Kim nem mesmo conseguiu responder, depois que seus olhares se perderam e envergonhados desviaram, apenas passou a torcer para que suas pernas não fraquejassem e terminasse de descer a escada rolando.

― Garotos! Chegaram na hora, os pães de queijo acabaram de sair do forno! ― Byeol noona anunciou animada colocando a forma com os exemplares salgados na mesa, sentando junto aos mesmos servindo dois no prato em frente a Jeongguk.

― Obrigado, noona ― Agradeceu já abocanhando um generoso pedaço, a alta temperatura sendo só um detalhe para a fome que o despertou logo cedo.

- De nada, querido.

― Bom dia, noona! - Tae sorriu com a mão levemente enrugadinha acariciando seu rosto.

- Bom dia, Tae.

- Me passa um pão, queijo e presunto? Vou começar com um misto-quente.

A governanta riu baixinho observando a maior esfregar uma mão na outra, lambendo os lábios carregando na expressão a fome de leão que já conhecia muito bem.

― Eu faço um para você, TaeTae.

― Não-não, noona! Faz muito por mim e eu já sou um homenzinho, posso fazer meu próprio misto-quente. - O empresário foi mais ligeiro e se levantou antes da mais velha, indo em direção a sanduicheira na beirada oposta da mesa.

Byeol gargalhou assistindo o jeito atrapalhado de Tae ao pegar os ingredientes e a faca para cortar o pão.

Em seguida, suspirou sorrindo nostálgica, às vezes se esquecia que seu menino já tinha vinte e quatro anos, em vista que o conheceu quando ainda estava na barriga da mãe, no começo de seu trabalho na casa dos Kim.

― Eu posso fazer um também? ― Jeon perguntou baixinho, lambendo os lábios enquanto observava os movimentos de seu hyung protetor.

- Mas é claro, Ggukie! Venha! - Tae o chamou para seu lado, quase realizando sua vontade e dando alguns pulinhos ao vê-lo parar a sua esquerda, o coelho estava cada vez mais solto e confortável, mesmo com seu jeitinho pateta de ser. - Vou te ensinar o segredo para um misto-quente bem recheado na chapa.

O mais novo soltou uma risadinha, cortando o pão como tinha feito e imitando seus atos, colocando uma fatia de queijo, outra de presunto, mais uma de queijo e por fim, a última de presunto, em seguida, colocaram na sanduicheira e voltaram a se sentar, esperando pelo prato principal do café da manhã.

Após a refeição, Taehyung anunciou com um pouquinho de drama sua ida para o escritório, e Jeongguk apenas conseguiu rir o ouvindo resmungar com voz de choro e Byeol noona o empurrar para as escadas de uma vez, e ao voltar, pedindo para que a ajudasse a retirar a mesa.

Com certeza as manhãs eram suas preferidas quando junto de seus humanos.

Um tempinho depois de auxiliar a governanta na organização da cozinha, seu olfato captou o bambu presente nos feromônios da amiga psicóloga, e rapidamente pulou dali em direção a sala para aguardá-la.

- Bom dia, doutora! Por favor entre, fique à vontade. - Byeol noona abriu a porta assim que ouviu as três batidinhas educadas, negando descrente e risonha com o orelhudo elétrico já próximo do sofá que costumava se sentar para conversar com a amiga.

- Bom dia, senhora! Muito obrigada. - A mulher alta adentrou a sala, curvando-se em reverência à mais velha.

- Eu vou deixar vocês conversarem, qualquer coisa de que precisarem, vou estar na área de serviço.

Byeol se afastou pelo corredor depois de acariciar o rosto bonito de seu pequeno companheiro, ganhando um sorrisinho lindo do mesmo, agitado.

- Olá Jeongguk! Que bom ver você de novo. ― A híbrido de panda o cumprimentou sorrindo igualmente.

― Oi doutora Hyubi, é bom te ver de novo também. ― Ggukie mantinha seu sorrisinho mais aberto, e a psicóloga gostou de ver como já estava mais forte desde o último que ele lhe lançou.

― Vamos nos sentar, ― Concordando, espontaneamente o moreno caminhou e se sentou no lado oposto do seu no sofá, porém ainda sim mais perto, aquele era um ótimo sinal do conforto que ele estava sentindo com os humanos e a casa e sua presença em determinados dias da semana. ― como você está?

- Estou bem, eu estive fazendo as tarefas que pediu, e depois de um tempinho não pensei mais, agora só ajo e fico com sensações boas.

- Isso é muito bom, Ggukie

O coelho sentiu seu rabinho abanar elétrico junto às orelhas e abriu um sorrisinho, assistindo a mais velha anotar algo em seu caderninho.

Agora o que era normal para si, não eram mais as palavras feias, eram as conversas, os sorrisos e as risadas logo pela manhã.

- e como estão sendo os dias? Aconteceu alguma coisa que você acha que foi a mais interessante para me contar? - O tom da híbrido era calmo e interessado, verdadeiramente animada sob sua postura profissional.

Jeongguk mordeu o interior das bochechas, passando alguns segundos quietinho, pensando.

- Tae hyung me levou no shopping e compramos roupas e sapatos, mas o que trouxe mais sensações boas foi a casquinha de sorvete que tomamos depois, Tae se sujou e começamos a rir, - Exibiu os dentinhos avantajados. - foi divertido e bom.

- Fico muito feliz que tenha sido, - A panda sorriu grande o retribuindo. - está se sentindo confortável e seguro aqui?

- Muito. - O moreninho respondeu prontamente, sendo sincero.

- Ótimo, - Hyubi ajeitou os óculos voltando a encarar o mesmo. - Ggukie, agora que se sente assim, podemos começar a conversar sobre assuntos mais desconfortáveis? - Jeongguk tombou a cabeça para o lado levemente. - Não precisa aceitar se não quiser, mas é importante que dê o primeiro passo sem se sentir sob pressão.

- O que quer saber? - O mais novo perguntou depois de um curto tempo em silêncio, trancando a respiração suavemente.

- Quero saber mais sobre sua vida, Ggukie.

- A minha vida não é bonita.

O coelhinho sequer achava que poderia nomear o que passava, de vida.

- Mas e agora?

Encarou os olhos grandes e redondos da mulher de pele lindamente pintada, até compreender o que ela lhe perguntou.

Agora?

O agora era diferente, acordava todas as manhãs sentindo que estava cada vez mais vivo, mais livre e mais metade humano, e aquela sensação boa era tão gostosa de sentir.

Era como se tudo fosse colorido de divertidos tons de roxo e amarelo e azul.

- Eu enxergo algumas cores em mim agora, sinto que minha vida não é mais cinza.

E apesar dos critérios exigidos pela profissão, a panda suspirou emocionada.

- Esse é um ponto forte Ggukie, significa que sua antiga vida, a que não é bonita, está ficando para trás, falar dela vai te ajudar a enterrar o que te trazia dor...

Com o coração de repente a mil, o moreno respirou fundo, escondendo o tremor repentino de suas mãos segurando a barra de sua camisa.

- O meu p-pai começou a fazer isso c-comigo quando eu tinha dezesseis anos, - Começou, dando uma breve pausa, pensando com dificuldade em suas palavras, sua cabeça estava cheia de nozinhos. - e-eu não servia para nada de qualquer forma, e-ele falava isso todos os dias...

Engoliu o bolo formado em sua garganta, queria se livrar daquela conversa logo, queria ser rápido, e as orelhinhas meia lua negras da psicóloga dançaram, sua aura ficando inquieta e preocupada conforme via os tons de vermelho contornarem o rostinho antes sereno.

- minha avó me salvava a-algumas vezes, - Ggukie não conseguiu controlar o soluço que saltou de sua garganta, dolorido. - locação... - Decidiu encerrar aquele assunto. - e-eu vim de Hanam por uma l-locação, - Seu peito palpitou em angústia, o último locador era ainda mais cruel. - m-mas aí o Tae hyung me salvou. - Falou tudo o que pôde no momento, sua cabeça não permitia mais.

Byeol noona que não pôde se conter e voltou da área de serviço apenas para tentar ouvir um pouco da conversa, encostou a cabeça na parede mordendo o lábio inferior, tentando conter as lágrimas acumuladas e a dor em seu peito.

Ggukie era tão querido e especial, não merecia nada daquilo.

- É um grande avanço você me contar Ggukie, - Hyubi seguia anotando tudo em seu caderno. - pode parecer não ser tão promissor no começo, mas assim vai estimulando que essas memórias fiquem para trás, bata de frente com esses nozinhos, pense no agora e dê um passo na frente deles, sempre que se deparar com um nozinho de pensamento realize essa atividade, tudo bem?

A cabeça do de fios negros se moveu quase que automaticamente em consentimento, gesto que passou despercebido até por si mesmo e pareceu despistar também a panda.

As sessões estavam trazendo bons resultados, a psicóloga tinha somente anotações positivas em seu caderno, e quando relia sabia que mais um passo seria dado com Jeongguk.

E esse também sempre demonstrava como estava conseguindo confiar em si mesmo, em seus humanos. Conseguindo se soltar cada vez mais agora que sabia que nada daquilo era um sonho, que tinha uma vida inteira pela frente.

Porém ao voltar o olhar para o mais novo, não soube mais.

O pequeno Jeon teve uma reação inesperada, ficou quieto e abaixou as orelhas, ainda, pôde notar as íris escuras se retraindo, o levando para algum lugar no fundo de sua mente.

Não tinha mais certeza do que aquilo poderia significar, mas já sabia o que esperar.

E o moreno se viu preso em uma lembrança não tão antiga, voltando alguns dias dentro de sua mente.

"- Escute bem,

A voz do velho nojento soou colada a sua orelha humana, estremeceu com as náuseas subindo por sua garganta, e a falta de ar que se fez presente conforme o comprimido estranho que foi obrigado a ingerir fazia efeito.

Mas ainda sim, se sentia um pouco aliviado com o saco cobrindo sua cabeça o fazendo permanecer no escuro, sem a visão nojenta do locador.

- você pode estar na capital, mas nem pense em sair de perto dos meus clientes ou fugir, não banque o espertinho com as pessoas bondosas daqui e grite por ajuda, sabe o que acontece se tentar se livrar desse seu trabalhinho sujo, não sabe?

Soluçou, sentindo a mão pesada apertar sua coxa.

- Seu pai me disse que é um bom menino... e você não quer uma punição, então vai continuar sendo um, não vai?

Assentiu mesmo com a terrível dor na cabeça, apenas para se livrar daquele toque."

Sua visão se tornou escura.

- N-Não vou abrir a boca, s-serei um bom menino!

Acabou expressando sua resposta e seu medo em voz alta.

Os novos apertos pareciam novamente reais em seu corpo, para sair do carro, e eram tão dolorosos. Os gritos que invadiram seus ouvidos sensíveis eram ensurdecedores, enquanto, era empurrado em direção a um lugar com cheiro horrível.

Seu estômago revirou igualmente àquele dia ao que o cheiro da casa de zona o cercou ilusoriamente, e tossiu algumas vezes com o refluxo, controlando-se para não vomitar, em seguida, levou as mãos para suas orelhas tentando livrá-las das súplicas, mas sabia que logo estaria junto a elas.

- U-Um bom menino.

- Ggukie!

Ouviu a voz grossa e linda o puxar daquela memória, daqueles terríveis minutos revivendo aquilo.

- T-Tae - Chamou piscando atordoado, jurou ter visto a imagem meio borrada de seu príncipe em sua frente.

- Ggukie, - Mas ao que suas íris voltaram a dilatar, enxergou a amiga psicóloga. - você foi muito forte e deu um passo maior que o nozinho do pensamento, eu sei que foi uma sensação horrível, mas é assim que vai funcionar, se saiu muito bem, e quando outro nozinho apertar, respire fundo e pense no que está te fazendo sentir coisas tão boas e então ande, foi muito bom por hoje.

Quis sorrir, mas não conseguiu.

- E-Eu penso na s-sensação ruim que sinto...

O coraçãozinho naturalmente acelerado, batia ainda mais desesperado contra seu peito.

- O que vem como resposta?

- Uma p-pergunta, - Jeongguk respirava levemente ofegante, tentando se acalmar daquele tempo sufocado pela lembrança. - s-sobre quanto tempo eu ainda tenho livre.

- Por que pensa assim?

- Porque aqueles senhores são perigosos.

E sabia em qual nível.

Seu pai em principal jamais o esqueceria, ou, o deixaria com sua liberdade.

- Acredite, seus humanos não vão permitir que o façam mal de novo. - O tom de voz da híbrido era acolhedor.

E a governanta, que não conseguiu suportar ficar parada apenas ouvindo os soluços e a voz amedrontada de seu pequeno companheiro, e que assim que o ouviu tossir correu para a cozinha preparando um copo de água com açúcar para o mesmo, passou pela psicóloga se ajoelhando diante do mais novo, preocupada.

- Aqui querido, beba. - Com jeitinho acalmou o pequeno, voltando a pegar o copo depois de vazio.

- Eu vou tentar. - O olhar opaco voltou a encontrar o da panda.

- Vai se sair bem e iremos devagar a cada sessão. - Ggukie repuxou os lábios, finalmente tornando a ficar tranquilo.

- Obrigado, doutora Hyubi.

- Não tem que me agradecer, somos amigos, - A mesma sorriu terna. - não deve se esquecer da sua nova tarefa.

- Não vou - Inconscientemente o coelhinho segurou a mão de noona, sentindo-se mais seguro e confiante.

Não pensaria mais em quanto tempo ainda teria para viver aquelas sensações, para ser livre. Se entregaria para sentir ao máximo tudo aquilo, com noona e especialmente com seu príncipe.

A conversa perdurou por mais de uma hora, em que Ggukie voltou a sorrir, mesmo que pequenininho, recebendo os conselhos e palavras sábias da amiga panda. Seu corpo estava tranquilo, porém seu coração e alma precisavam de um pouquinho mais de tempo.

Quando a psicóloga foi embora, noona continuou o fazendo companhia, lhe contando histórias engraçadinhas da infância do hyung, enquanto, o puxava para a cozinha com a desculpa de que precisava de ajuda para fazer o almoço.

E pouco tempo depois de papo vai e papo vem, suas orelhinhas extensas se voltaram em direção a escada, ouvindo os passos do belo homem, que esticou todo o corpo ao parar no batente da porta da cozinha, como um gatinho recém desperto de seu cochilo, abrindo um sorriso quadrado assim que seus olhares se encontraram.

- Finalmente terminei o expediente de hoje! - O Kim fez certo drama, arrancando um risinho seu e um revirar de olhos de noona. - Como foi a conversa com a psicóloga, Ggukie? - O sorriso bonito aumentou, e novamente acalmou seu coração.

- Foi bem, nós conversamos sobre assuntos difíceis, mas ficou tudo bem. - O maior se aproximou lhe dando um carinho nos cabelos.

- Eu fico muito feliz que esteja conseguindo falar sobre esses assuntos, pequeno. - O coelho abriu um sorriso mais forte ainda, tendo aquele humano como principal causador.

- Obrigado, Tae - Seus olhos se conectaram e voltaram a se perder, tentando entender o que um dizia ao outro.

E ah, Jeongguk sabia que deveria agradecê-lo cada vez mais, por lhe dar tudo aquilo.

- Que tal um filme depois do almoço? - As orelhas felpudas dançaram de forma fofa, observando a face vermelhinha e uma das mãos de Tae bagunçando os próprios cabelos.

- Eu quero, hyung.

Ggukie ficava incrivelmente tranquilo sob a presença de seu príncipe.

[...]

- O hyung guarda desde que era criança? - Apontou para a estante de vidro dentro da sala de televisão contendo as coleções de bonecos do mais velho, curioso.

- N-Não todos, - Tae riu sem graça, não sabia o que o coelhinho iria pensar se dissesse que os comprou a pouco tempo já sendo um homem feito.

Um marmanjo, diria Byeol noona.

- alguns eu comprei pra completar as coleções. - Os olhinhos negros se arregalaram brevemente, assim como a boca vermelinha entreabriu em encantamento.

- São bonitos. - O acastanhado abriu um sorriso quadrado, todo bobo.

- Tem filmes sobre eles, são heróis bem legais.

- Tem os filmes como coleção também, hyung?

Ah, como Taehyung adorava ouvi-lo o chamando assim.

- Tem aqui na tv, - Indicou a enorme tela plasma grudada na parede. - você quer assistir um comigo, Ggukie?

- Quero, Tae. - A resposta doce veio quase no mesmo segundo, e seu coração deu um pulo.

- Então vamos nos sentar eu vou... - Afastou os dedos do interruptor da sala, por pouco não desligou as luzes e assustou o moreninho. - d-deixar as luzes acesas, - Movendo as mãos bobas, encostou a maçaneta da porta na parede a deixando totalmente aberta, disfarçando o que quase acabou de fazer, caminhando até o raque pegando o controle e logo após se sentou ao lado do mais novo. - vamos começar com o primeiro de todos eles juntos, se gostar, podemos assistir as histórias de cada um deles depois, tudo bem?

- Uhum - Jeongguk assentiu frenético, prestando atenção no aparelho gigante ligando em sua frente, em seguida, na almofada cheia de pelinhos gostosos de apalpar que chamaram por suas mãos, que estava descansando sobre o braço do sofá.

Poucos minutos depois, a abertura da Marvel iniciava o primeiro filme dos Vingadores, a sala era preenchida apenas com os sons vindos da televisão, nenhum dos garotos disse mais nada.

Jeongguk por estar fascinado com cada herói apresentado junto a cenas de suas ações individuais e uma trilha sonora forte e inspiradora, e Taehyung por estar assistindo através dos olhos de jabuticaba refletindo as imagens, embasbacado com a expressão encantada e atraída do mais novo.

Depois de alguns flagras do olhar atento e seu rosto pegando fogo por não ter conseguido disfarçar em nenhuma das vezes seu jeito tão bobo assistindo o moreninho, Tae precisou falar poucas vezes, apenas para explicar alguns detalhes especiais em cada um, ajudando o coelho a compreender melhor a história.

Passada quase uma hora do longa, o Kim pendia a cabeça para os lados com os olhos quase se fechando sozinhos, assistiu inúmeras vezes todos os filmes e nunca enjoou, mas estava cansado do dia cheio de problemas da empresa para resolver e sabia que iria acabar se rendendo ao sono.

Dito e feito.

Meio minuto depois, lá estava a cabeça de fios castanhos pendendo para a direita e a bochecha correspondente chocando-se suavemente no ombro do híbrido, que teve um sobressalto por estar tão concentrado na televisão.

Ggukie começou a sentir suas palpitações nas orelhas de pelos eriçados, pelo contato novo que estava tendo com o mais velho.

- Tae? - Chamou virando o rosto na direção do mesmo, notando a respiração calma e os lábios bonitos entreabertos. - Hyung? - Cutucou sua bochecha macia à mostra, recebendo como resposta apenas um suspiro e o corpo grandão se remexendo, ajeitando-se confortavelmente bem pertinho de si. Taehyung sequer percebia, estava em um sono pesado.

Jeongguk não prestava mais atenção no filme, e sim no belo homem dormindo com a cabeça escorada em seu ombro e as mãos abraçando o próprio corpo. Era bonito de se ver.

Assim, desistindo de o acordar apenas apoiou sua cabeça na do príncipe, gostando da sensação que lhe enviava arrepios bons por todo o corpo, e aproveitando o calor que vinha do maior, se aconchegou em si também, até seus olhos pesarem igualmente com o cheirinho de morango e chuva o inebriando.

O cochilo do coelhinho não durou por muito tempo, em vista que seu peito passou a pular com soluços que começaram de repente.

Afinal, recebia o calor do homem e o ventinho frio que soprava pela casa ao mesmo tempo.

Ficando um pouquinho incomodado com os pequenos solavancos, se levantou e num momento de coragem, ajeitou a cabeça do mais velho sobre o travesseiro no sofá, saindo da sala e descendo as escadas em direção a cozinha.

Seu olfato procurou por noona, mas o cheiro estava fraquinho, parecia não estar em casa, e enquanto pegava um copo e o preenchia com água do filtro, batia o pé direito freneticamente contra o chão, sentindo de novo aquela sensação boa de calor e proteção, da delicadeza do hyung dormindo apoiado em si e do rosto sereno quando o deitou no travesseiro.

Chacoalhou a cabeça bebendo todo o líquido de uma única vez, para espantar os soluços e quem sabe o motivo dos nozinhos em seus pensamentos também.

Esperando a sensação ruinzinha de dor no peito passar ao que soluçou outra vez, mesmo depois de bons goles de água, caminhou até as portas abertas que o levavam para o jardim, abrindo-as e respirando fundo, fechando os olhinhos com o ventinho batendo contra seu rosto.

E quando pensou ter se livrado daquele incômodo, uma nova onda de solavancos o atingiu acabando por fazê-lo perder o controle e num piscar de olhos, via tudo de baixo.

Praguejou-se baixinho dando pulinhos rápidos até a grama verdinha, mesmo transformado completamente em um coelhinho, ainda se sobressaltava com os soluços doloridos em seu peito.

Decidindo ficar dentro de seu lado animal até os soluços passarem, já que os pelos branquinhos iriam o esquentar rapidamente, voltou para a entrada da sala pegando suas roupas, as mordendo e arrastando até o banco no centro do jardim, jogando as peças por cima desse para encontrar facilmente mais tarde, quando voltasse a se transformar.

Pensando em uma forma de ajudá-lo a se esquentar além da pelagem assim que desceu da estrutura, sentiu suas patinhas formigarem e as resvalou pela terra aliviando aquela coceirinha, suas pupilas dilataram e então compreendeu o que seus instintos o mandaram fazer.

Pulando até próximo o cercadinho da horta de Byeol noona, começou a cavar jogando terra para todos os lados e até mesmo se sujando, afinal, não tinha tantas experiências com seu lado coelhinho. Porém, poucos minutinhos depois já conseguia entrar completamente na toca que fez, encolhendo o corpo no túnel quentinho, virando o rosto para a entrada que deixou larga o suficiente para entrar bastante luz.

Quietinho e confortável, esticou as patinhas abaixando as orelhas, remexendo o narizinho conforme seu corpo dava novos solavancos.

Um tempinho após se ajeitar, aquilo passou e agora apenas ouvia alguns insetos, sentia um cheirinho bom, e na cabeça as imagens do príncipe dormindo com um biquinho nos lábios, repassavam a todo momento.

Tae acordou um bom tempo depois, espreguiçando até quase cair no chão, de fato, o sofá era consideravelmente pequeno para seu tamanho.

Acordando seus pensamentos do sono, encarou a televisão exibindo o final do segundo filme, em seguida, olhou ao redor não encontrando o moreninho.

Passando as mãos pelo rosto se levantou saindo da sala, primeiramente procurando pelo andar de cima, preocupando-se e indo para o de baixo logo após, chamando pelo nome bonito do coelhinho em cada cômodo.

― Ggukie? ― Abriu as portas de vidro da sala passeando o olhar por todo o imenso jardim, estranhando não encontrar nenhum sinal do garoto coelho, sendo que havia o procurado por toda a casa.

Já o pequeno citado abriu os olhos mexendo as orelhas em direção ao som rouquinho, saindo da toca com pulinhos extremamente preguiçosos.

Enquanto a cavava tinha em pensamentos que iria apenas se aquecer até os soluços passarem, mas acabou ficando tão quentinho e confortável que não resistiu a uma soneca, mesmo com o rosto em direção a entrada da toca onde conseguia ver a luz do sol, longe do escuro, e o narizinho o tempo todo farejando o cheirinho gostoso de terra molhada.

Um pouco mais desperto esticou totalmente o corpo, primeiro as patinhas da frente, em seguida as de trás, se apoiando nessas para lamber e passar suas "mãos" por todo o rosto e orelhinhas. Gostava de seus banhos e de ficar bem limpinho, tanto em sua forma humana quanto híbrida.

E se animando rapidamente pelo hyung também ter acordado, passou a pular em direção às suas roupas, sob a maior árvore do jardim.

O Kim, que estava prestes a fechar as portas novamente, arregalou os olhos percebendo as roupas e o coelho branco pulando no banco, fazendo os mesmos movimentos graciosos que presenciou nos primeiros dias, do ser pequeno farejando e se embolando nos tecidos.

Encantado, soltou os puxadores das portas dando alguns passos calmos em direção aquela parte do jardim, não queria que sua aproximação assustasse o garoto.

― Então era aqui que estava? ― Perguntou ainda mantendo distância, sorrindo quadradinho por não vê-lo fugir de si, Ggukie apenas direcionou os olhos que notou estarem azuis em sua direção, parecendo ainda maiores que os seus naturais. ― Se me lembro bem, seu pelo é branco... ― Devagar, começou a se aproximar até sentar ao seu lado oposto.

Ggukie ficou com o coraçãozinho a mil, pulando do banco e desesperadamente se escondendo atrás da árvore, olhando para as laterais atento a qualquer movimento que não fosse sua sombra.

― Não Ggukie! Eu não queria te assustar! ― O acastanhado esperou por uma resposta, suspirando derrotado por não obter nada.

Cabisbaixo, ameaçou se levantar, voltando a colar o bumbum no banco quando viu Jeongguk sair de seu esconderijo, dando alguns pulinhos até estar próximo de seus pés.

― você definitivamente se sujou, ― Riu baixinho, mesmo que não movendo um músculo que pudesse o assustar outra vez. ― chegou a trocar de cor, Ggukie!

Os olhos de mel do Kim triplicaram o tamanho assistindo o narizinho róseo farejar suas pernas, parcialmente descobertas pela bermuda folgada e que já estava o congelando lá fora, para esse logo após pular novamente na estrutura, se aproximando de si cheirando seu braço direito.

― É i-incrível ― Tae estava embasbacado, sentindo seu peito querer sair pulando.

Erguendo a mão, a direcionou devagar até o pelo branquinho, quase formando um biquinho nos lábios vendo Ggukie se afastar.

Mas não por muito tempo, alguns segundos depois perdeu o sentido das mãos com o garoto coelho retornando e permitindo tocá-lo na cabeça.

― Está cheio de terra. ― Riu baixinho alisando as costas do coelho, retirando os sedimentos da pelagem.

Jeongguk ainda prestava muita atenção em cada movimento seu, porém voltando a pensar em tudo o que estava lhe acontecendo nos últimos dias, foi cedendo, deixando as mãos grandes o tocarem, apreciando aquele carinho gostoso em suas orelhas e quando percebeu, estava no colo do acastanhado.

― Noona chegou e está terminando o jantar, mas antes, você precisa de um banho com todas as certezas ― A risada do príncipe era bonita, gostava de ouvir.

Mas claro, não podia respondê-lo.

Taehyung ficou ainda mais fascinado com aquele olhar intenso e grande e redondinho e opaco...

Suspirou. Estaria realmente correndo sérios riscos cardíacos quando visse aqueles olhos brilhando.

― Eu posso te levar até seu quarto? Ou prefere que eu saia para se transformar e trocar?

Seu coração de repente estava entalado na garganta, fez uma pergunta sem pensar outra vez. Era tão patético.

Porém o garoto sequer saiu de seu colo, e não soube o que aquilo significava.

― Ggukie e-eu

O pequeno híbrido o olhava fixamente na mesma situação, suas orelhas dobravam as pontinhas e mexiam eufóricas assim como seu rabinho.

Mas não.

Não tinha medo, não de seu príncipe.

Tomado por alguns segundos de coragem, apoiou as patinhas da frente no peitoral do humano, farejando próximo as clavículas escondidas pelas camiseta verde exército bem clarinha.

― I-Isso é um sim? ― E para confirmar, Tae tirou o garoto de seu colo, abrindo um enorme sorriso quando em um pulinho, Jeongguk voltou a ficar sobre si. ― T-Tudo bem.

Não conseguia acreditar na tamanha confiança que seu protegido estava apostando em si, não sabia como e nem se aquilo era possível, era só um pateta que vivia fazendo bobagens.

Com cuidado e sem qualquer movimento brusco, ajeitou o ser pequeno e peludinho entre seus braços, se levantando trazendo consigo as peças de roupa do coelho dando os primeiros passos, esses que foram vacilantes e todos molengas, seu sorriso se tornou travado, mas não conseguia sentir-se menos feliz, tinha a confiança de Jeongguk.

E aquele era só o começo para ajudá-lo a chegar cada vez mais perto de sua liberdade.

O caminho até o quarto de hóspede foi silencioso, porém era algo confortável e incomparável, estava sendo uma experiência única para ambos os garotos.

Depois de deixar o coelho sobre a cama e sair fechando a porta, Taehyung permaneceu segurando a maçaneta encostando as costas e a cabeça na porta, mordendo o lábio inferior sorrindo grandiosamente, antes da lembrança da caixa empoeirada e esquecida em algum canto da lavanderia acender em sua mente o fazendo arregalar os olhos.

Era ela de tamanho médio e de caneta preta tinha escrito em um dos lados: enfeites de natal.

Por fim, vendo a data em seu celular, se animou ainda mais, já era época de começar as decorações. E poderia começar dando as primeiras luzes a Jeongguk.

Com o peito acelerado, desceu as escadas como um furacão, correndo em direção a área de serviço, passando por Byeol feito vento muito forte.

― Ê menino! Tá querendo sair voando, é? ― A mais velha nem mesmo recebeu uma resposta. ― Vai entender o que se passa na cabeça dessas crianças... ― Comentou consigo mesma, negando com um riso soprado entrando em seu quarto.

No cômodo de cima, Jeongguk, assumindo sua forma humana respirava fundo sobre a cama, seu peito nu subia e descia acelerado conforme se lembrava da temperatura quentinha dos braços do hyung ao seu redor, tão acolhedores quanto o abraço apertado que vivia passando como um filme por seus pensamentos cheios de nozinhos.

Aquela sensação era boa, gostava de senti-la, e todas as vezes que ela vinha estava perto do príncipe. Ele as causava em si.

Com o rosto esquentando novamente, foi para o banheiro, de fato seu corpo estava todo sujo de terra, mas ter saciado a vontade de seu lado coelhinho o deixou muito satisfeito. Não achava mais tão estranho seguir seus instintos.

De banho tomado e com um pijama quentinho, Ggukie se sentou na cama, sequer tinha parado de pensar no que se permitiu e nas sensações que sentiu referentes ao príncipe.

Tudo era muito estranho, mas incrivelmente bom, tanto que gostaria de sentir outra vez. Permitiria o hyung de continuar o causando tudo aquilo.

Praticamente dando um pulinho da estrutura macia, correu até a porta a abrindo com o objetivo de procurar pelo mais velho, porém não precisou, ele estava parado em sua frente, com uma de suas mãos erguida ameaçando bater na madeira e uma caixa cheia de poeira suportada pelo braço livre.

- G-Gukie!

- Tae hyung. - Exibiu os dentinhos para o mais velho.

- E-Eu queria saber se - Seus olhos se perderam outra vez. - s-se - Tae engoliu em seco, ficando preso nas orbes negras e opacas, o encarando atentamente. - você de repente estava a fim d-de me ajudar a... - Coçou a nuca, nervoso, havia petrificado no lugar com o punho erguido. - m-montar a árvore de natal, é! - Falou de uma vez, chacoalhando a cabeça tentando espantar os pensamentos bobos.

Jeongguk soprou um risinho assistindo o cara legal, fofo e engraçado.

- Eu quero te ajudar, Tae. - Respondeu sem hesitar, sentindo-se eufórico por poder passar mais um tempinho com o príncipe antes de dormir.

- Bom, então vamos!

Ambos foram para a sala em silêncio, concentrados em desvendar seus próprios pensamentos cheios de nozinhos.

No enorme cômodo, ao escolherem um dos cantinhos, próximo às portas de vidro, abriram a caixa grande passando a retirar tudo o que havia ali, a árvore desmontada, os enfeites, guirlandas, festões e piscas-piscas, não se demorando em afastar o pó esvoaçante de cada objeto.

E enquanto Taehyung montava a árvore, se distraía observando o mais novo analisar todas aquelas cores com carinho, principalmente a estrela grande e dourada e brilhante.

- Prontinho! - Anunciou encaixando a última parte do falso pinheiro, percebendo Ggukie se aproximar com duas bolinhas coloridas, entregando uma a si e pendurando a outra em um dos galhos verdinhos de plástico.

Sorrindo grande, pendurou aquele enfeite e logo todos os outros foram parar na árvore, a enchendo de cores lindas entre suas risadas e conversas, focadas nos tons de vermelho, branco e dourado.

Antes dos piscas-piscas enrolaram o festão branco na estrutura firme, esse que arrancou risadinhas do coelho por pinicar quando o transformou por alguns segundos em um cachecol, por fim, a sala oscilava em inúmeras cores, prendendo os olhos apagados por um bom tempinho.

Aquela época era mágica e Jeongguk se recordava de um pouco de felicidade, quando sua avó ainda estava viva e fazia comidas gostosas, apenas para os dois, depois oravam comemorando o nascimento do salvador, trocavam presentes e ela lhe dava carinho até dormir.

Taehyung também sentia aquela sensação, de correr em volta da árvore com sua mãe atrás de si tentando o pegar para fazer cócegas, das sobremesas deliciosas, da troca de presentes, e do colo quentinho na hora de ver os fogos de artifício, da oração antes de dormir e da mulher cantando até que apagasse, de todo aquele carinho e amor.

Ao final, saindo de seus devaneios, entregou a estrela ao baixinho, que teve um pouquinho de dificuldade mas a colocou no topo da árvore, com a ajuda de um banquinho e a sua para entortar a pontinha do galho mais alto.

Pouco tempo depois, o horário anunciou o quão tarde estava, precisavam ir dormir.

E na madrugada daquela noite, Ggukie dormiu sorrindo inconscientemente, sonhando com aquele natal, com os toques e gestos do príncipe, principalmente com seus sorrisos quadrados, sonhando com uma sensação indescritível, que pensava nunca mais poder sentir, felicidade.

Já o empresário, apesar do enorme sorriso não pregou os olhos, deu algumas cores ao coelhinho, mas ainda não eram suficientes, elas ainda não mereciam ele.

Em um pulo, deixou seu quarto com a ideia que lhe passou pelos pensamentos, e estando bem agasalhado, abriu as portas da sala seguindo até uma outra no final do jardim. Era a entrada lateral da casa que dava para a piscina coberta e desativada, pensou, iria voltar a cuidar daquele espaço também, mal via a hora de mostrar tudo ao moreninho, de lhe dar tudo.

Passando pela estrutura grande e vazia cavada no chão, parou em frente a porta ao lado da área de serviço a abrindo e encontrando um monte de pó e sujeira, mas igualmente, toda a decoração do jardim, luzes resistentes a água da chuva; enfeites; renas brilhantes e pequenos elfos de porcelana; cercadinhos de decoração com presentes; estrelas e anjos de led; e mais alguns pinheiros falsos já condecorados.

Suas bochechas doeram com cada lembrança de ver tudo aquilo em seu jardim, e agora, não eram mais seus, todas aquelas cores e luzes seriam do moreninho ressonando quentinho no quarto de hóspede.

Sem se importar com o frio, ou, com que horas iria de fato dormir, começou a retirar tudo dali, limpando e levando para o jardim, colorindo sua casa outra vez, agora pelo motivo mais lindo e especial em todos aqueles anos.

Nem o vento frio o espantaria e o faria desistir de presentear o dono dos olhos de jabuticaba, que não saía de seus pensamentos por um segundo sequer.

Byeol noona que se levantou para beber água estranhou aquela movimentação no jardim ao passar pela sala, e ao se aproximar das portas de vidro, arregalou os olhos observando seu TaeTae esfregar uma mão na outra tentando as aquecer, vendo o vapor sair de seus lábios tremelicando, mas não o interrompeu, não quando o sorriso quadradinho que não via a um bom tempo os adornava, enquanto, ajeitava toda a decoração e testava as luzes.

Estava vendo que alguma coisa tão bonita quanto o que aqueles garotos sentiam iria acontecer.

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Notas Finais

E então?? O que acharam??

Esse foi um capítulo inédito de novo hihi eu fiquei todinha boiola escrevendo aaaa até por isso que demorei um pouquinho, mas descrever sentimentos tensos também não foi fácil aaaa :')

Também porque estou aprontando uma coisinha aqui hehe 🤭 que não deu tempo de dar a vocês hoje, mas quem sabe sexta junto da próxima att? ;)

O Ggu conversando com a psicóloga me matou, confiando no Tete também -NINGUÉM SAI 😭🤲

O Tete cochilando no ombro do Ggu, depois preparando o presentinho pra ele dlfjdjkfsdjkfsd 🥺😭

Eu espero que tenham gostado e me perdoem os errinhos e a demora!!

Preparem os coraçõezinhos para o natal atrasadinho aqui hihi

Tem o grupis nas conversas do meu perfil pra quem quiser ^^ e tem o tt também que é MissMinie_

Até a próxima att, anjinhos!! Se cuidem direitinho!!

Bom diatardenoite!! 💜



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