08: Um Canteirinho de Cenouras

Notas Iniciais

Oii, anjinhos!! Como estão??

Quem é vivo sempre aparece, né? kkk

Me desculpem pela demora!! Esse capítulo tem partes muito importantes (como a aparição mais duradoura da amiga psicóloga, que é uma personagem que vai acompanhar o Ggu por um tempinho, e eu não queria só mencionar sobre ela, ou, o que eles conversam, quis descrever a amizade e a sessão), então precisei de mais tempo, para conseguir entregar todos os sentimentos que elas passam, principalmente do nosso coelhinho, que vai ter um momento só dele para pensar.

Eu tô muito felizinha com o resultado, com as emoções que completam cada cena!! Espero que gostem!!

Deu 11k de palavras kkkkk perdoa todo o tempo sem att? :'

E também!! Vocês preferem capítulos mais curtos, ou longos?

Não esqueça a garrafinha de água!! Cadê??

Sem mais delongas, boa leitura anjinhos! <333

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"Você já se sentiu Como se estivesse enterrado bem fundo gritando a sete palmos, mas ninguém parece ouvir nada? Você sabe que ainda há uma chance para você? Porque há uma faísca em você. Só tem que acender a luz e deixá-la brilhar. Simplesmente domine a noite como o 4 de Julho."

Firework - Katy Perry

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Apesar dos olhinhos abertos, Ggukie demorou um bocado para sair da cama. Era diferente aquela sensação boa, que dava vontade de abraçar as cobertas e rolar pelo colchão macio, pela simplória preguiça de levantar.

E claro, não resistiu a isso.

Somente depois de aproveitar bons minutos assim, foi que se sentou e observou o quarto sendo iluminado pelos raios de sol, estava sozinho e seguro.

Repuxando os lábios em um pequeno sorriso, sentia que seus olhos ainda pesavam, aquilo era gostoso, seu corpo todo estava quentinho e molinho, e suas orelhas dançavam arrepiadas pelos minutinhos atrás.

Não percebeu quando dormiu, mas acordar só com a luz do astro solar tirou todas as dores de seu corpo, deixando só a preguiça. Permitindo que se sentisse muito bem e descansado.

Coçando os olhinhos e bocejando, se levantou esticando o corpo caminhando para o banheiro lentamente, aproveitando de todas aquelas sensações que agora podia sentir livremente.

Depois de fazer suas higienes e arrumar o quarto do seu jeitinho, retirou a muda de roupa que usou como pijama e escolheu a mais larga, mas que ainda sim ficou apertando o pompom felpudo e branquinho sobre seu cóccix.

Em seguida, abriu a porta e farejou o ar, encontrando o cheirinho de morango concentrado no quarto da frente, seu protetor ainda estava dormindo, e por um momento pensou se ele estaria o abraçando daquela mesma forma de quando a tempestade o puxou aquela madrugada, se estaria o cuidando.

Seus pensamentos de repente se tornaram um turbilhão e logo chacoalhou a cabeça para espantar a imagem de seu hyung protetor, que o seguia desde seus sonhos daquela noite, não entendia muito acerca deles sobre o mais velho, e então desceu a escada, deixando o maior dorminhoco descansando também.

Não teve tanto receio de entrar na cozinha dessa vez, mesmo que tivesse desacelerado os passos, parando quietinho ao lado de noona como da primeira vez.

De fato não tinha mais medo de andar pela casa, ou pelo menos naquela pequena parcela dela que foi o primeiro caminho que decorou, em vista que passou a tarde toda seguindo a mais velha e observando cada cantinho com atenção, não somente por seu próprio zelo, mas também porque era algo natural em seu lado animal.

― Bom dia querido, ― Byeol riu baixinho, não se assustou como no dia anterior, sentiu a presença do moreninho, seu andar mais tranquilo e os pés pesando mais pelo chão, antes que pudesse a pegar de surpresa.

― Bom dia, noona ― Envergonhado, o mais novo se afastou um pouco da mesma, puxando o cós e tentando ajeitar a calça para que não o apertasse tanto.

― dormiu bem? ― Sorriu pequeno assentindo, apreciou a sensação de acordar sentindo apenas preguiça.

― e a noona? ― Voltou a se aproximar desistindo do tecido esmagando seu rabinho, o cheiro forte que o chamou toda a atenção e o deixou bem desperto a tarde toda, novamente o fazia lamber os lábios com vontade.

― Ah eu dormi bem sim, ― A mais velha sorriu com o olhar opaco acompanhando atentamente suas mãos, manuseando a chaleira bem quente de onde despejava a água no coador de café. ― aqui embaixo não dá pra ouvir os roncos do TaeTae.

― Tae não ronca ― Jeongguk soltou com os olhinhos encarando o objeto sob a atenção da mulher, vagos, se lembrando da forma serena, ainda que pesada, que seu protetor dormia.

― Não mais, é? ― Constrangido por ter reparado até mesmo nisso no mais velho, Ggukie apenas concordou confirmando o que disse e se afastou do olhar de noona, parando em frente à mesa notando que ainda estava vazia.

― Posso ajudar? ― Perguntou observando em volta, encontrando algumas das cestinhas com os pãezinhos gostosos sobre o balcão e as xícaras em um armário de cima, protegidas pela porta de vidro.

― Não precisa orelhudo, eu já vou ter.

Byeol olhou para trás a fim de dispensar a ajuda doce com um sorriso, mas ao encontrar aqueles olhos de jabuticaba se calou, eles a encaravam esperançosos e ao mesmo tempo pidões, em uma expressão que impediria qualquer ser humano de dizer não.

― está bem, coloque primeiro a toalha impermeável que está na primeira gaveta do balcão,

Ggukie sorriu um pouquinho maior, assentindo e procurando pelo tecido grosso que a governanta indicou.

― e depois os sousplat que estão na gaveta de baixo ― Mesmo que de cenho franzido, o coelhinho procurou pelo item, relacionando as únicas e pequenas toalhinhas ali, e que ficavam sob os pratos e xícaras que reparou na manhã anterior, ao nome esquisito. ― isso, depois pode por as cestinhas que estão no canto do balcão e as xícaras, os talheres já estão separados no escorredor e os frios eu pego depois que derrubar o Taehyung da cama ― A mulher que voltou a prestar atenção no café que preparava, sentiu seu peito se aquecer com a risadinha que ouviu atrás de si, do ser até então quieto apenas ouvindo o que deveria fazer para preparar a mesa.

― Assim?

Byeol voltou a encarar a estrutura plana, no momento parcialmente recheada, sorrindo grande e concordando.

― Exatamente assim, obrigada querido

Fechando a garrafa, a mesma a posicionou no centro, prendendo o lábio inferior contendo um riso encantada, ao notar o sousplat do pequeno garoto ao lado do de seu menino folgado. Ver os pequenos gestos de confiança de Jeongguk a deixavam com ainda mais esperanças de vê-lo com enormes sorrisos e olhos brilhantes.

Com seu jeito e experiência analítica de mãe, também achava que ele tinha a carinha de um ser tagarela, e queria ouvi-lo tagarelando pela casa tão silenciosa, o dia inteiro.

― pode se sentar e ir beliscando ― Secou as mãos no pano apoiado em seu ombro. ― eu vou lá acordar o bicho preguiça,

Outra risadinha.

― faz bem acordar cedo querido, fico feliz que me faça companhia de manhã, ― O coração naturalmente acelerado do garoto coelho palpitou ainda mais rápido, também gostava da presença engraçada da mais velha. ― vai me ajudar a tirar o Tae da cama daqui pra frente não é? ― Assentiu sem pensar muito, queria ajudar Byeol noona com tudo o que precisasse. ― Bom menino. ― A mesma acariciou seus cabelos como seu protetor sempre fazia, logo o deixando sozinho no cômodo.

E antes de se sentar, ficou pensando em seu gesto, quando era seu hyung protetor a acariciar seus cabelos, significava que estava tudo bem, e quando noona acariciava, que era um bom menino. Aquilo era um pouquinho confuso, mas gostava daquele carinho e aprenderia tudo o que poderia significar.

Enquanto estava sozinho, remexia-se na cadeira procurando uma posição no mínimo confortável para seu rabinho, tentando o balançar normalmente, mas sendo impedido pelos dois tecidos que usava.

Nunca se incomodou tanto com uma cueca e calça, mesmo sendo novinhas e bonitas.

Porém, se mantendo parado para não piorar a situação quando passou a ouvir os passos e sentir os cheiros dos mais velhos, se concentrou em pegar um pão de queijo que tanto gostou e colocar café em sua xícara. Esquecendo-se do pompom preso.

O líquido fazia com que sentisse vontade de sair pulando pela casa toda e seu rabinho ficava ainda mais elétrico, mas mesmo assim, não conseguia resistir ao cheiro e gosto bom.

― Bom dia, Ggukie ― Ouviu a voz grossa e rouquinha lhe desejar, dessa vez percebendo seu protetor entrar na cozinha ainda de pijama, com o rosto inchadinho e parecendo ainda estar com muito sono. E apesar de suas observações, ficou totalmente concentrado em sua voz, era lindamente diferente e suave. Reparava todas as vezes, e também gostava de ouvi-lo falando o tempo todo sem parar.

― Bom dia, Tae ― O cumprimentou sorrindo um pouco envergonhado, lembrando-se de seus pensamentos que por pouco não tomaram sua mente com imagens do príncipe. ― dormiu bem?

Repetiu a pergunta de noona, tentando conversar mais com seu protetor.

― Na verdade eu queria dormir mais ― Tae bocejou esticando os braços ao se sentar, fingindo não ter ficado nervoso pelo garoto estar confortável em ficar tão perto de si, voltando a encarar seu protegido com um biquinho nos lábios, fazendo manha.

― Você vai trabalhar ― Noona se sentou também, estreitando os olhos para o quase filho.

― Tá bom noona ― O mais velho fingiu chorar, quase soltando um riso em seguida pelo olhar levemente arregalado, e até diria, preocupado do mais novo sobre si. ― Ggukie, vou te ensinar a frase do sábio Seu Madruga, que passou a ser do sábio Min Yoongi ― As orelhas branquinhas dançaram, demonstrando a curiosidade no ser pequeno. ― o ruim não é ter o emprego, o ruim é ter que trabalhar. ― Esboçou uma expressão sofrida de puro drama, que Byeol conhecia muito bem e se limitou a revirar os olhos.

Já Ggukie ainda não tinha visto aquele lado descontraído e carente do hyung, e nos poucos segundos de coragem que teve, ergueu a mão destra apoiando nos cabelos do outro, acariciando toda a maciez dos fios castanhos, dizendo de forma muda que estava tudo bem, como ele fazia consigo.

― Obrigado, Ggukie ― O Kim até mesmo fechou os olhos, podia dormir ali mesmo se o carinho não tivesse sido tão rápido.

― Isso aí é drama orelhudo, ― Jeongguk segurou o riso, observando a cara engraçada que Tae fez em direção a mais velha. ― não caia no papinho desse preguiçoso.

― Poxa noona, eu trabalho mais de dez horas por dia...

― E está atrasado hoje de novo, tome bastante café TaeTae ― Byeol o serviu com café bem quentinho.

A mais velha não era de dar moleza a Tae, senão seu quase filho se tornaria um daqueles homens desempregados e mal resolvidos, que ficam boa parte do tempo em cafeterias, e andando pelas ruas melancólicos com um jornal debaixo do braço.

Seu lado materno jamais permitiria uma coisa dessas.

Não queria isso para seu menino, que teve de aguentar tantas coisas na vida, como o pai imundo e a morte da mãe sendo tão jovem. Queria vê-lo casado, feliz e até morando em outra casa, que não lhe trouxesse memórias tão ruins.

― Gosto de acordar melhor tomando café no jardim, ― Comentou o acastanhado, agradecendo sua noona com um beijinho no dorso de sua mão.

Tae jamais teria palavras o suficiente para agradecê-la por tudo o que fazia por si.

― quer ir comigo, Ggukie?

Sabia como o moreninho gostaria de passar um tempo naquela área da enorme propriedade, só precisava mostrar que ele poderia ir lá a hora que bem quisesse, que aquela parte era sua para explorar e desbravar.

― Quero Tae ― O empresário sorriu grande com a resposta baixinha.

― Nos acompanha, noona?

― Podem ir queridos, eu não tenho mais idade pra isso. ― A mais velha riu negando, cortando seu pão se sentindo muito confortável em comer apenas à mesa.

― Então vamos, Ggukie! ― Se levantando, Taehyung carregou apenas sua xícara em direção às portas de vidro da sala, sendo seguido pelo moreno que lhe imitava com a semelhante quentinha, mordendo com gosto a massinha com queijo.

Quando o Kim deslizou as portas conectadas em direções opostas e o ventinho fresco bateu contra seus rostos, ambos respiraram fundo ao mesmo tempo. Tae fechou os olhos por um breve momento para então sorrir, não se importaria de dividir um de seus refúgios especiais com o garoto coelho.

Queria oferecer a Jeongguk tudo o que pudesse para entregar nas pequenas mãos o mundo todo, um mundo que por maldade ele não pôde ver, que foi tirado de si, mas que agora voltaria a pertencê-lo.

Se tornou o maior objetivo de sua vida, e o cumpriria para ver o doce garoto brilhando.

― Vamos nos sentar ― Chamou depois de chacoalhar a cabeça, expulsando todas as possibilidades do que poderia mostrar ao moreninho por aquele momento, ainda que permanecendo com um sorriso grande nos lábios, ansioso para começar com sua missão ali mesmo, no jardim.

Retirando suas pantufas e acostumando seus pés descalços com a temperatura mais fria da calçada, pisou na grama molhada pela chuva fraca que caiu durante a madrugada, dando alguns passos antes de olhar para trás e assistir o orelhudo encarando a grama com atenção.

Ggukie pensava no rosto bonito de seu protetor, revendo a imagem dele com os olhos fechados e com o sorriso singular intrigante, que havia reparado muito bem antes de perder-se naquele momento também.

Tae parecia buscar a paz como si, e de certa forma, só ali encontrava.

Quando os olhinhos ônix se chocaram com os de mel, o coração do empresário por breves segundos quis parar de bater, com o rosto branquinho demonstrando a aparência descansada e mais tranquila, o pequeno híbrido estava com uma carinha melhor do que a primeira noite com sua presença, além de que seus olhos pareciam ter criado uma pequena faísca brilhante, como se quisesse lhe dizer algo.

Logo ela sumiu.

Porém nunca tinha visto algo tão bonito quanto aquele gesto, nada no mundo e fora dele se compararia aquele olhar.

E quando o visse brilhando, com certeza correria sérios riscos com seu coração.

― Vem, Ggukie ― Chamou outra vez, estendendo sua mão livre e recebendo como resposta um sorriso ainda sendo um brotinho, esperando o momento de florescer nos lábios vermelhinhos.

Com calma e cuidado, o garoto coelho retirou as meias que usava para não pisar diretamente no chão, sentindo suas orelhas se arrepiarem com o contato gelado da cerâmica. Instantes depois, colocou apenas o pé direito na grama e sentiu os raminhos lhe fazerem cócegas, gelados e macios, eram como um tapete verdinho e incrivelmente fofo. Fazia tanto tempo que não sentia aquilo, e uma gigantesca vontade de correr por todo aquele espaço surgiu.

Queria sentir e tocar, ter certeza que nada daquilo era um sonho, que o dono da mão estendida a si, do sorriso e dos olhos tão bonitos, não era um sonho.

Não queria que fosse só mais um em meio a tantos pesadelos.

Com o coraçãozinho ainda mais acelerado, colocou o esquerdo e deu os poucos passos até seu hyung protetor, fechando os olhos brevemente sentindo mais um pouco de seus pés na grama. E os reabrindo, não exitou em segurar a mão grande e quentinha para depois admirar as duas juntas, enquanto, Tae os guiava para o banco já parcialmente seco, sob a maior árvore do jardim.

Em silêncio, se sentaram e a vista que tomou o olhar do menor o arrancou um suspiro, dali conseguia ver a horta e alguns dos canteiros de flores bem de pertinho, a maior árvore deixava alguns pingos geladinhos de suas folhas caírem sobre si, adiante, a de estatura mais baixa abrigando uma colmeia ainda pequena no seu galho mais forte, toda a extensa grama verdinha brilhava pelos raios tímidos de sol batendo nas gotículas dos ramos, assim como todo o resto, e por fim, a luz iluminava apenas seus pés, tinham a sombra do tronco largo da árvore. Era tudo tão bonito.

― O que achou? ― Tae quebrou o silêncio alguns minutos depois, bebericando seu café e tentando encontrar os novos ninhos de pássaros sobre os galhos da árvore que lhe fazia companhia pelas manhãs, sorrindo ao encontrar três.

Logo as pequenas aves migrariam, mas mesmo assim criou uma nota mental de não comentar com Jimin sobre, no último encontro em sua casa o gato laranja acabou com todos sem que vissem.

― É muito bonito ― A voz do moreninho saiu em um tom ainda mais doce e encantado.

― É ― Concordou. ― no inverno e com as luzes de natal fica ainda mais.

― Eu acredito. ― Trocaram pequenos e lindos sorrisos.

Ali tinham algo em comum, o tempo que não viam aquela época como deveriam, Jeongguk nunca mais a mencionou depois de sua avó falecer, ela era sua única família e o fazia feliz. Taehyung decidiu fazer o mesmo depois que sua mãe se foi, faziam muitos anos que nem mesmo decorava sua casa, e passava o dia vinte e cinco trabalhando, planejando como evoluiria seu negócio.

Entretanto, agora tudo era diferente, queria dar todas aquelas luzes coloridas para o garoto híbrido, e mal podia esperar pela primeira nevada do ano, que indicaria a aproximação da época que achava a mais bonita de todas.

― Ggukie ― Chamou, recebendo rapidamente o olhar do mesmo. ― você se sente confortável para ter outra conversa com a psicóloga?

― Ela vai vir? ― O coelho o respondeu com outra pergunta, sorrindo e demonstrando sua animação com suas orelhas felpudas e dançantes.

Taehyung sorriu todo bobo e travado assistindo-o.

― Ela me mandou uma mensagem confirmando a sessão de hoje, ― Coçou a nuca. ― deve chegar daqui a pouco.

― Ela é minha amiga, disse que vai me ajudar ― Seu peito palpitou com o jeitinho fofo do mais novo de dizer que sim, estava confortável e esperava pela visita da híbrido de panda.

― Eu fico muito feliz por isso ― Seus olhares se perderam um no outro por algum tempo que não perceberam.

O acastanhado quase nunca recebia aquele gesto por tanto tempo, e ter os olhinhos escuros sobre si, era uma sensação estranha e vibrante que o deixava abobado, sem controlar suas mãos ou palavras, fazendo bobagens e se atrapalhando todo.

― s-se quiser explorar até ela chegar... ― Aquela palavrinha especial arregalou o olhar opaco. ― fique à vontade Ggukie.

E após sua oferta, o moreno não demorou para abandonar sua xícara no banco e se ajoelhar na frente do primeiro canteiro de flores coloridas e cheirosas.

O Kim sorriu o observando, levando a borda da xícara para sua boca com a intenção de tomar um último gole e acompanhar o moreninho em sua primeira exploração, porém assim que virou a porcelana, seus olhos encontraram um pequena folha flutuando em seu café não mais tão quentinho, e desistindo do mesmo, levantou se aproximando de Jeongguk, ajoelhando-se no lado oposto do mais baixo, sorrindo e chamando sua atenção quando escolheu uma espécie de flor para falar.

Jeongguk prestou atenção em cada detalhe sobre as flores, que eram explicados pela voz rouca e bonita, de um amante de botânica preso em um cargo empresarial.

[...]

Quando a híbrido de panda chegou, Ggukie sentiu sua presença e seus feromônios doces do lugar em que estavam no jardim, suas orelhinhas dançaram por conta da animação, afinal, havia gostado de conversar e de se tornar amigo da psicóloga.

Porém, ao mesmo tempo não queria sair dali, também gostava da ideia de continuar ouvindo seu protetor falar sobre as margaridas, que formavam o miolo do canteiro mais vibrante e cheiroso do jardim, posicionado no meio das duas árvores, estrategicamente para receber mais luz.

E prometendo lhe contar mais das flores que escolheu para seu jardim depois da sessão com a híbrido, Tae convenceu o orelhudo a entrar, pedindo que usasse suas pantufas para poder ficar na sala junto da panda, já que noona não permitiria que voltasse a calçar as meias branquinhas.

A psicóloga sorriu por vê-los interagindo e próximos daquela forma. O pequeno garoto tinha encontrado bons amigos.

― Bom dia ― Cumprimentou sorrindo educadamente.

― Bom dia, doutora. ― A mesma recebeu uma respeitosa reverência do Kim, esse sendo imitado pelo coelho, que o observou com atenção e depois se curvou igualmente, arrancando um risinho da profissional. Seu mais novo amigo estava indo bem.

― Então eu vou subir para deixá-los mais à vontade. ― Tae acariciou os cabelos negros, novamente dizendo sem palavras que estava tudo bem.

E o garoto coelho repuxou suavemente os lábios, gostava daquele apoio e carinho.

Se sentando no sofá oposto do que a panda se acomodou, Ggukie seguiu com os olhos o príncipe se afastar e subir as escadas, voltando-se para a mulher somente depois de não conseguir vê-lo mais.

― Você está com um rostinho melhor, ― Ggukie sorriu pequeno, retribuindo o fofo e aberto de sua amiga. ― como se sente desde nossa outra conversa?

― Muito bem ― Respondeu sem exitar, sincero com como estava se sentindo.

― Isso é muito bom,

O moreninho remexeu o nariz, curioso com o que a mesma passou a escrever em um caderninho, que retirou de sua bolsa junto de uma caneta e do óculos redondo, tinha notado sua falta em frente aos olhos pintados quando a cumprimentou minutos atrás.

― e em relação a seus amigos?

― Tae e noona são humanos bonitos e bons amigos, fazem de tudo pra me deixar sempre confortável, ― A híbrido sorriu um pouco mais largo, fazendo mais anotações.

― e com.

― às vezes eu fico um pouco envergonhado ― A mesma assentiu, gostando de vê-lo falar por vontade própria, conversando mais soltinho que na primeira vez que se viram.

― isso é normal entre novos amigos, ― Respondeu notando o pequeno encolher os ombros brevemente, parecendo um pouco incerto. ― vai se acostumar quando estiver bem próximo deles. ― Contou lhe passando confiança e Jeongguk concordou abrindo um sorrisinho maior.

― Noona é uma humana gentil e engraçada, ― Trouxe para sua mente imagens da mais velha, implicando e ao mesmo tempo cuidando de seu protetor. E agora, cuidava de si também. ― ela é carinhosa ― Sorriu um pouquinho mais, gostava do aconchego que Byeol noona trazia com seu jeitinho. ― e gosta de nos fazer comer muito. ― Riu baixinho, já estava se acostumando com sua amiga sem papas na língua.

― É uma boa amiga, ― A panda confirmou sorrindo, encarando seu amigo pequenino brevemente, prestando atenção no tom baixo e calmo da voz doce. ― e em especial com o senhor Kim, como se sente?

Ggukie arregalou levemente os olhos, percebendo seus pensamentos se tornarem uma bagunça outra vez ao refletirem sobre o príncipe azul.

― Tae também é um humano bom, ― Incrível, pensava. ― ele é meu amigo, sempre está perguntando se me sinto confortável e me deixa escolher tudo o que quero fazer,

Sorriu percebendo seu rosto esquentar pela primeira vez, enquanto, pensava em seu protetor.

― ele pede minha opinião, ― Se sentiu leve contando o que os danadinhos de seus pensamentos insistiam em deixar uma bagunça. ― e ajuda quando eu fico com medo, ― A híbrido acenou devagar, prestando bastante atenção nas palavras de repente tímidas do coelho. ― ele é um cara legal

O moreninho tinha o coraçãozinho palpitando ainda mais acelerado, porém era por causa de uma sensação boa, que nunca sentiu antes.

― eu confio nos meus humanos. ― Por fim, declarou baixinho, porém certo e sem medo. Aquelas pessoas eram boas e jamais machucariam outro alguém.

― A confiança é um pilar importante para começar a organizar seus pensamentos, está indo muito bem, ― Ggukie suspirou, com o peito um pouco mais calmo, estava sentindo cócegas gostosas ali, junto da mesma sensação estranha e boa. ― eu pude ver você e o senhor Kim no jardim, ― Seu rosto passou por uma nova onda de calor. ― é certo que faça amigos, eles vão te ajudar a passar por momentos difíceis, lembre-se de que não está sozinho Ggukie,

O menor concordou, ali com seus humanos, jamais estaria sozinho como antes.

― eles também podem te ajudar a se organizar aqui, ― A mulher apontou para a própria cabeça, sorrindo com o olhar curioso a observando atentamente. ― quando se sentir sufocado, quando sentir dor, ― O sorriso sumiu dos lábios vermelhinhos, Jeongguk não queria falar do que machucava. ― pode confiar a eles e vão te ajudar ― Negou, encolhendo-se um pouco dentro da blusa larga. ― Por que acha que não, Ggukie?

A psicóloga o observou abrir e fechar a boca várias vezes, para então desviar o olhar de si e fixá-lo no tapete fofinho, esperando que mudasse de assunto.

― Você tem medo de compartilhar com eles? ― Sabia que o garoto coelho havia entendido ao que se referia, e ajeitou melhor o óculos vendo-o assentir devagar. ― Tem medo de ser questionado? De que não acreditem em você?

― Ninguém acreditaria em um híbrido... ― Foi o que Ggukie ouviu durante toda sua vida.

― Muitos também não acreditam nos humanos que passaram por uma situação parecida,

Os olhinhos opacos voltaram a encará-la, surpresos, mas igualmente compreensivos.

― Tae e noona vão acreditar em você, não acha? ― O moreninho concordou devagar, lembrando-se de quando seu hyung protetor o viu no banheiro, ele ficou afastado e também preocupado consigo, Tae e noona se importavam. ― não digo que deve ser já, mas quando se sentir pronto, não tenha medo de contar a seus humanos,

O orelhudo assentiu, não se esqueceria das palavras de sua amiga psicóloga.

― todo tipo de abuso deixa o medo e o trauma sobre a vítima, mas é importante dissipar esses medos, leva tempo para se encontrar e se sentir confortável para falar sobre, assim, recomeçar o processo de reconstrução da sua individualidade, mas você tem uma forte rede de apoio ― Jeongguk tombou um pouco a cabeça para o lado, demonstrando sua confusão com o que citou por último. ― essa rede é formada por seus amigos, ― A panda não quis mencionar a família do, claramente, mais novo, em vista que o mesmo pediu para não ter que falar sobre em seu primeiro encontro. ― não vai ser agora, mas quando estiver próximo o suficiente deles, vai senti-los te proporcionando o conforto emocional necessário para avançar no processo psicoterapêutico, aos poucos eles vão te ajudando a reunir forças para falar sobre e como se sentiu, ― O pequeno híbrido apenas continuou a encarando. ― pode não parecer animador, ― A panda continuou, no mesmo tom calmo e acolhedor. - mas assim vai conseguir aliviar aqui, - Outra vez indicou sua mente. - então tudo vai ficando para trás e irá conseguir fazer com que pare de doer, com o tempo não vai ter mais nozinhos nos pensamentos.

Ggukie consentiu repuxando os lábios, compreendendo totalmente sua amiga.

- Eu vou - O moreninho se calou por um breve momento, pensando um pouco em qual palavra escolheria, qual parecia ser a certa. - superar tudo?

A híbrido sorriu.

- Você é forte Ggukie, - Assistiu as orelhas felpudas dançarem sobre a cabeça do garoto sorrindo tímido para si. - é um processo delicado e vai levar um tempo, mas vai se sair bem, contar vai te ajudar a deixar para trás as lembranças vividas e te ajudará a ter novas, todas muito bonitas.

- Obrigado - Se permitiu exibir seus dentinhos.

O cheiro doce, assim como a voz e toda a aura calma da panda o deixavam confortável para conversar, gostava do que sentia, era como se ficasse leve e protegido sob ela.

- Vamos mudar de assunto, - O orelhudo concordou, ajeitando-se sobre o sofá, mais despojado e tranquilo. - Como estão sendo esses dias? Vi que o senhor Kim acariciou seus cabelos, o que sente com esse contato?

- Eu gosto - Ggukie respondeu simples, mas sincero, mostrando isso com o sorriso envergonhado que veio em seguida.

- Não evitar o contato físico também é muito importante, se sente seguro quanto a isso? - O menor concordou. - E se aumentar?

- A-Acho que não vai mudar, - Jeongguk encolheu os ombros, não queria ter medo dos toques de seus humanos, mas não controlava suas reações totalmente. Pelo menos não ainda. - teve uma tempestade, - A também híbrido remexeu as orelhas, sentindo mais confiança vir do garoto com cheirinho de torta de limão. - eu não consegui controlar meus pensamentos, mas o Tae me ajudou, ele me disse palavras bonitas e me deu um abraço. - O moreninho ficou constrangido em contar a situação em que ocorreu o abraço quentinho e protetor do hyung, então omitiu.

- O que você sentiu?

- Eu aprendi a não ter medo, Tae tem abraços bons, não me tocaram com maldade, senti só coisas boas quando ele me abraçou.

Ggukie sentia o rosto queimando, queria cavar uma toca e se esconder de vergonha.

- Isso é muito bom, se sentir confortável com contato físico vai ajudar, sentiu vontade de retribuir esses gestos?

- Fiz carinho no cabelo do Tae, é macio - O pequeno Jeon sorriu se lembrando do hyung também parecendo mais leve naquela manhã.

- Continue assim - A panda respondeu terminando algumas anotações, animada pelo progresso com seu amigo coelho.

A conversa perdurou por mais uma hora, deixando o coelho um pouquinho mais animado com as perguntas e conversas simples da mulher, claro, não deixando de memorizar cada conselho da mesma, principalmente os que envolviam seus amigos humanos.

E depois que ela foi embora anunciando que novamente voltaria dali alguns dias, Ggukie encarou seus pés, as pantufas folgadas e grandes eram quentinhas, e lembrando-se a quem pertenciam, sentiu vontade de procurar por Tae, de agradecê-lo novamente por tudo o que estava o oferecendo, de chamá-lo para continuar lhe contando sobre as flores do jardim.

- Como foi, Ggukie? - Concluindo seu pensamento, Taehyung desceu a escada no tempo que se virou para subir, vestindo um terno bonito e ajeitando os cabelos com as próprias mãos, seu rosto não parecia muito animado.

- Foi muito bom Tae, - Sorriu, prendendo os olhos do príncipe em si sem nem perceber. - obrigado.

- Não tem o que me agradecer, - O empresário sorriu grande, exibindo o quadradinho nos lábios.

Mas Jeongguk sabia, tinha e queria sempre agradecer ao seu príncipe protetor.

Pensando assim, ficou distraído apreciando seu sorriso por alguns segundos, até começar a prestar total atenção na mão quentinha acariciando seus cabelos.

Taehyung engoliu em seco, se sentindo nervoso com os olhinhos opacos grudados em si, naquele silêncio em que nenhum dos dois sabiam como continuar a conversa.

- e-eu vou ter que ir a empresa hoje, algumas coisas não pude resolver daqui de casa, - Tentou sorrir ainda mais, disfarçando que tinha travado na frente do mais novo de novo, observando as orelhinhas dançantes e o olhar de repente arregalado encontrando o seu. - mas não se preocupe, noona vai ficar com você, tudo bem?

O Kim questionou calmo, também não era como se quisesse ir, mas Yoongi tinha ameaçado quebrar seu pescoço e não duvidava do baixinho, mesmo que Jimin quebrasse toda sua marra e o fizesse se transformar no verdadeiro gatinho ali.

- Tudo bem, Tae.

Entretanto, sendo um pouquinho inesperado até para o próprio coelho, suas orelhas felpudas baixaram, os poucos minutos depois da sessão foram o suficiente para querer correr para o jardim novamente, levando o hyung consigo para que pudesse continuar ouvindo a voz rouca e bonita falar sobre as flores.

Mas agora ele teria de ir.

- Ei Ggukie, - Alarmado, Tae voltou a pousar a mão suavemente pelos cabelos negros. - por que suas orelhas estão baixinhas? - Perguntou, oferecendo um sorriso aconchegante ao moreninho, esperando calmamente pela resposta.

Porém, o orelhudo não iria confessar que gostaria muito de ficar no jardim e na companhia de Tae, afinal, ele tinha suas obrigações e não queria atrapalhá-lo de jeito nenhum.

- É só que - O garoto coelho desviou o olhar do mais velho, pensando em uma desculpa. - assim eu sinto melhor o carinho.

Não sabia se o príncipe havia acreditado, mas repuxou os lábios ao notar a expressão mais calma no rosto bonito.

- Não vou demorar, - Taehyung prosseguiu acariciando os fios repicados. - mais tarde podemos continuar falando das flores do jardim, o que acha?

- Acho que podemos sim.

- Então levante as orelhinhas, huh? - O maior pediu sorrindo grande, e Ggukie percebeu que não tinha acreditado em sua desculpa.

Vendo as mesmas rapidamente tornarem a ficar de pé se movendo graciosamente, o Kim teve vontade de apertá-lo por ter se entregado inocentemente.

- Bom menino.

Ggukie teve uma última carícia nos cabelos antes do mais alto se afastar, ainda com o belo sorriso nos lábios.

- Eu volto na hora do almoço, tudo bem? - Assentiu. - Até mais tarde, Ggukie.

- Até, Tae. - Sorriu um pouquinho maior, observando seu protetor também se despedir de Byeol noona e sorrir mais uma vez para si antes de sair.

Durante um bom tempo depois da saída do empresário, permaneceu fazendo companhia a mais velha a ajudando como podia, e depois que ela se sentou no sofá para assistir um pouco de televisão, seus olhos encontraram as portas corrediças que levavam ao jardim.

Queria procurar por mais flores das que aprendeu com o hyung pelos canteiros.

- Fique à vontade, querido, pode ir para o jardim se quiser, programas com velhos fazendo artesanato não devem ser interessantes.

Byeol prendeu o lábio inferior tentando segurar o riso, mal havia terminado de falar e as mãos branquinhas já abriam as portas, e logo a imagem do garoto orelhudo sumiu de sua vista.

Jeongguk parou ao lado do canteirinho central, olhando em volta passando a bater o pé esquerdo desenfreado na grama.

Estava sozinho, e seu coração passou a palpitar acelerado demais, pedindo para que aproveitasse e fizesse tudo o que sentiu vontade quando viu o imenso lugar natural pela primeira vez.

E entregando-se aquele sentimento estranho, respirou fundo deixando-se ser guiado por ele, passando a correr pela extensão verdinha, erguendo os braços como se fossem asas, e sem que percebesse, formando um sorriso nos lábios, simpatizando com a sensação gostosa que o vento batendo contra seu rosto trazia.

A mulher de meia idade sorriu assistindo sua primeira volta, do sofá mesmo, o enxergando através das portas abertas e do resto em vidro.

Minutos depois, nem mesmo prestava atenção nas imagens coloridas, seus olhos se esbugalharam e permaneceu quietinha assistindo o garoto coelho, que corria pra lá e pra cá exibindo os dentinhos, ora tocando em cada folhinha e flor do jardim, ora parando para descansar, mas ainda sim, rodopiando com o rosto mirando o céu de olhos fechados.

Ver Jeongguk daquela forma aquecia seu coração, o pequeno moreno merecia tudo o que tinha de melhor no mundo, e também queria lhe proporcionar isso. Afinal, estava junto na missão de devolver as asas ao pequeno anjo.

Se levantando e alcançando o controle sobre a mesinha de centro, desligou a tv, caminhando lentamente até as portas, continuando a assistir seu mais novo companheiro correndo e descobrindo cada detalhe da área.

Sem conseguir resistir, se afastou novamente procurando por seu celular, e ao encontrá-lo, o desbloqueou de forma rápida clicando no ícone da câmera, apertando várias vezes o botãozinho vermelho, registrando várias fotos dos curtos momentos do coelho.

Tirou algumas de Jeongguk observando com atenção alguma coisa dentro dos canteiros, outras tocando as flores com cuidado, sorrindo para elas com toda a delicadeza que exalava, estava tão encantado e distraído com todas aquelas cores, que não notou a câmera mirada em si e todas as fotos que a mais velha tirou.

Por fim, enquanto o orelhudo corria seguindo o cercadinho de madeira ao redor da horta, sendo alvo de noona que o seguia pelo celular esperando um bom momento para fotografá-lo outra vez, um cheiro convidativo tomou seu olfato o fazendo parar.

Buscando também com os olhos a direção que seu nariz capturava àquele cheirinho, vasculhou a horta cheia de cor, puxando as folhinhas verdinhas que exalavam aquele aroma.

E quando viu o legume que saiu da terra com seu ato, suas orelhas peludinhas dançaram e dobraram as pontinhas algumas vezes, seu rabinho imobilizado se moveu o máximo que conseguiu preso pelos tecidos da roupa, a cor laranja daquela cenoura parecia ser ainda mais vibrante.

As pupilas dos olhos de jabuticaba dilataram completamente.

Noona percebendo o que o orelhudo havia encontrado, rapidamente tratou de guardar o aparelho, se esquecendo até mesmo de enviar algumas fotos a Taehyung, que era seu pensamento, correndo até o moreninho o chamando com falsa calmaria, sabia que ele ter encontrado aquele canteirinho dentro dos limites de sua horta poderia não dar muito certo.

- Que tal me ajudar com a jardinagem de hoje, Ggukie?

Byeol suspirou aliviada por ter chamado sua atenção facilmente, fazendo com que as pupilas do olhar escuro voltassem ao normal, mas não impedindo a língua do híbrido de passear entre os lábios.

[...]

No escritório, Taehyung queria muito estar conseguindo trabalhar como fazia desde sempre durante os anos na empresa, mas sua mente não saía do garoto coelho curioso, atentamente o ouvindo falar sobre as flores, demonstrando querer saber cada vez mais.

Foi a cena mais linda que já tinha visto, das mãos branquinhas tocando com cuidado as folhas sensíveis, do olhar sereno acompanhando os caules que o vento balançava.

Sentia, quase como uma pequena onda de choque, toda a delicadeza daquele ser o atingindo, com suas ações que diziam que no momento podia fazer aquilo, porque não precisava ter medo; porque nenhum descuido seu o faria ser machucado; porque podia respirar o ar puro e simplesmente relaxar naquele momento.

Tae suspirou, se questionando sobre o que a presença do moreninho estava fazendo consigo, além de deixá-lo mais pateta e cativado.

Sua vontade de mostrar tudo o que seus olhinhos ainda não tinham visto só aumentava.

Tentando focar no computador em sua frente, sorriu orgulhoso de si mesmo por ter escrito um parágrafo sobre a nova proposta, faltando um pouco mais de quinze páginas para finalmente terminar de editar, porém não conseguia se concentrar, a única coisa que estava fazendo bem era apertar o botão central de seu celular, verificando se a hora do almoço já se aproximava.

Mas o relógio parecia estar de mal consigo, a cada clique a tela lhe mostrava: 10:30, 10:32, 10:36, 10:40.

E passando as mãos pelo rosto, como se assim inspirasse o foco a entrar em si, leu mais uma vez o que tinha escrito pensando em como prosseguir, porém bufou frustrado, estava completamente sem cabeça para trabalhar.

Ou talvez, estivesse assim porque sabia que se abrisse a porta de seu escritório, não veria a figura de orelhas compridas e fofinhas perto de noona, ao descer a escada.

Chacoalhando a cabeça, saiu de seus devaneios com seu celular vibrando sobre a mesa, e ao ver que a notificação eram mensagens da mais velha, se afobou, desbloqueando a tela no mesmo segundo e entrando no chat com ela.

Percebendo do que se tratavam essas, que eram um vídeo e fotos enviadas uma atrás da outra, passou a sorrir feito bobo, eram de Jeongguk.

Curioso, clicou primeiro no vídeo de apenas quinze segundos, mas que foi tempo o suficiente para fazê-lo apoiar a mão destra no peito e jogar a cabeça para trás, esperando que os efeitos causados pela cena do pequeno moreno correndo pelo jardim, com os braços abertos e um sorriso tímido lindo, passassem.

Reassistiu aquele curto momento por mais cinco vezes, imaginando como seria quando Jeongguk pudesse correr em meio aos enfeites de natal. Seu coração estava entalado na garganta, ansioso.

Abrindo a primeira foto, notou o garoto agachado ao lado de um dos canteirinhos, a terra molhada parecia muito convidativa para os dedos branquinhos; na foto seguinte, negou para si mesmo sorrindo ainda mais, nela, as mãos pequenas estavam enlameadas até os pulsos, enquanto, o orelhudo colocava pequenas raízes de flores nos buraquinhos que fez, plantando de um jeitinho todo delicado e cuidadoso; a terceira foto lhe pareceu um flagra, de Ggukie ajeitando a terra ao redor das novas raízes, mas com os olhinhos presos na horta atrás, riu baixinho, ele devia ter encontrado o canteirinho onde estavam plantadas cenouras; a que veio a seguir confirmou suas suspeitas, ele havia puxado uma e a imagem congelada o exibia com o legume sendo segurado pelas folhas, os olhinhos grudados neste e a língua serpenteava entre os lábios, no cantinho, um pouco borrada pelo provável movimento, estava a mão de noona, que deveria ter pedido para não comer direto da terra.

Ficou observando aquela imagem por mais alguns segundos, seu peito estava aquecido com o pequeno garoto se mostrando totalmente confortável, se sentindo um pouco mais seguro.

Mordendo os lábios estando com as mãos até mesmo bobas, clicou na barrinha inferior para enviar uma resposta a mais velha, porém uma nova foto carregou o impedindo, e nessa, o orelhudo se encontrava parcialmente molhado, o cabelo escorrido cobrindo boa parte dos olhos, as bochechas estavam mais gordinhas por ter algo na boca e a cenoura pela metade nas mãos.

Riu largando o celular sobre o vidro da mesa, desacreditado daquela cena cômica e fofa. Ggukie começou a aprontar e estava ansioso para acompanhá-lo em suas travessuras. Pegando o aparelho novamente, percebeu e leu, de fato, a única mensagem: "Nas fotos parece um garotinho com orelhas de coelho fofas descobrindo um canteirinho de cenouras, mas tive que jogar a água do regador nele! Praticamente comeu todas em menos de vinte minutos! Estava tão concentrado em exercitar os dentinhos que sequer me deu atenção!"

Tae não se aguentou e riu alto, relaxando contra a cadeira grande e giratória do escritório, revendo cada foto de novo e de novo, principalmente o vídeo curtinho que deixou suas bochechas com câimbras.

― Está ficando louco?

Olhou para a porta aberta vendo Yoongi, que permanecia apenas com a cabeça dentro de sua sala, exibindo uma expressão de medo e estranhamento, afinal, seu patrão não era de demonstrar emoções no ambiente de trabalho. Principalmente as mais esquisitas, como rir sozinho.

― Entre Yoongi hyung, ― O mais novo chamou sorrindo grande, ignorando sua pergunta. ― o que te trás a sala do patrão?

O de fios atualmente tingidos de castanho escuro revirou os olhos, o que arrancou um risinho provocativo do outro, mesmo que os seus voltassem a ficar presos na tela do celular.

Porém, também, o Min já estava acostumado, a amizade de ambos era desde a maternidade, praticamente, e em nenhum momento Taehyung se esquecia de não deixá-lo em paz.

― O que houve com você? ― Entrou completamente na sala, se sentando desleixado na cadeira em frente ao melhor amigo. ― Está sorrindo até para o vento passando na sua frente.

O Kim alargou mais o sorriso, desbloqueando o aparelho indo diretamente na conversa aberta com noona.

― Hyung, veja o ser que está sob os meus cuidados agora,

Mostrou a tela acesa para o branquelo, que em segundos desfez a expressão tediosa sorrindo fraco.

― o nome dele é Jeon Jeongguk e tem vinte anos, é pequenininho, se bater em meus ombros ainda é muita altura, a pele e as mãozinhas dele são bem branquinhas, ― Yoongi franziu o cenho ao que Tae começou e não parou mais de falar do garoto. ― as orelhinhas de coelho são tão macias, os olhinhos se parecem com duas jabuticabas... ah, ele é igual um anjinho.

― Você já viu um anjo por acaso? ― O acastanhado em tons mais claros revirou os olhos.

― Melhor, ― Ergueu o indicador em direção ao rosto do mais velho. ― ele não é igual... é um anjinho. ― Tornou a sorrir todo bobo.

― Tá vendo? ― Encarou o Min, confuso. ― Quando eu falava no diminutivo do Jiminie você mandava eu parar de ser boiola, agora preste bem atenção em como está falando.

― Antes eu não sabia que seria assim, ok? ― Tentou se defender.

― Mas ele é fofinho mesmo, ― O mais velho ponderou sorrindo. ― como foi tudo?

Tae suspirou.

― Essas fotos provam que ele está mais à vontade, até já conseguiu dormir a noite inteira, ― Suas bochechas doíam. ― foi bem difícil no começo, ele se transformou em um coelho completamente e mordeu a minha mão!

Yoongi riu de sua cara, mas se lembrava de ter sido com acontecimentos parecidos que o tempo transformou o híbrido que ajudou em seu namorado, mudando o fato de que Jimin era um gato um tanto quanto esquentadinho, que o mordeu e arranhou mais.

― Mas depois a sensação é boa, né?

O Kim passou alguns segundos apenas pensando.

― É ― O olhar de mel voltou para as imagens do garoto orelhudo. ― tem tanta coisa que eu quero mostrar pra ele, entregar o mundo todo em suas mãos.

O mais baixo revirou os olhos ainda que sorrindo, e antes que pudesse zoar com sua cara, ouviu a voz do namorado.

― Do que estão falando? ― Jimin adentrou o escritório, trazendo uma pilha de pastas de papel marrom, o que fez o mais novo choramingar.

― De você ser o gatão mais lindo desse prédio.

― Ah! Então você andou olhando para os outros gatos daqui, Yoongi?

― N-Não! Era pra ser só um elogio!

― Eu sei, bobinho ― O Park riu baixinho, selando a bochecha gordinha do namorado, aproveitando para deixar uma fraca mordidinha.

― Estávamos falando sobre um anjinho chamado Jeon Jeongguk que.

― Que tem vinte anos e que está sendo cuidado pelo Tae. ― Yoongi resumiu, sem paciência para ouvir o melhor amigo tagarelar boiola de novo.

― Quero vê-lo ― O Kim sorriu largo reacendendo a tela, exibindo a última foto do orelhudo. ― é fofinho ― Concluiu Jimin. ― vai dar tudo certo.

Sorriu, torcendo pela vitória de mais um semelhante que deveria ter passado por tanta coisa na vida, como aconteceu consigo alguns anos atrás.

― Vai sim, amor. ― O Min o acompanhou, sabia que seu melhor amigo iria ser o porto seguro do garoto na foto, mais ainda que também seria o contrário.

― Ok, agora vão namorar em outro lugar

― Expulsando os hyungs, Tae? ― O gato fingiu ficar magoado, gargalhando junto do namorado em seguida.

― Eu preciso trabalhar, saiam logo! ― Acabou rindo também.

― Vamos amor, o Tae vai trabalhar decorando os detalhes das fotos que a noona mandou.

Riram ainda mais, deixando Taehyung com vontade de cavar um buraco e se esconder.

― Yah! ― Sem saber o que fazer e estando totalmente constrangido, pegou uma das canetas que estavam jogadas sobre a mesa, ameaçando lançá-la em direção aos amigos, que saíram soltando comentários ainda mais constrangedores.

Voltando a ficar sozinho, passou alguns segundos negando o que eles falaram com toda convicção, até desistir e desbloquear o celular, abrindo um sorriso instantâneo revendo tudo outra vez.

[...]

Na propriedade Kim, a jardinagem estava completa mesmo com a bagunça que Ggukie fez na horta. E para disfarçar sua vergonha por ter deixado seu lado coelhinho falar mais alto, passou a fugir de Byeol noona escondendo-se atrás das árvores, ou então, permanecendo quietinho sentado no banco.

A mais velha ria baixinho fingindo não perceber suas movimentações, mesmo que ainda estando brava (para o coelho) a cada vez que encontrava o rosto bonito, esse que rapidamente desviava do seu, com a expressão carregada de culpa.

Deixando-o sozinho depois de dizer que estava tudo bem e soltar um sorriso amigável, Byeol guardou as coisas que usaram e lavou bem as mãos na lavanderia, indo para a cozinha pensando no que prepararia para o almoço. Negando e rindo de forma muda e sozinha, se lembrando do moreno de orelhinhas baixas lhe observando de longe.

Jeongguk passou um tempinho pensando nas coisas que estavam acontecendo ao seu redor, em Byeol noona que sequer brigou consigo, apenas ameaçou puxar suas orelhinhas da próxima vez que tentasse comer tantas cenouras de uma vez só, e Tae, que ainda mantinha sua promessa de falar sobre as flores quando voltasse, traziam um sentimento bom, mas não sabia explicar porque era, apenas sentia.

Pensava também no que sua amiga psicóloga tinha dito, se sentia um pouquinho mais próximo de seus amigos, estava com sensações boas e essas se juntaram com aquela imensa vontade de correr e conhecer aquele jardim de novo, tudo em alguns pulinhos.

Se levantando, deixou que tomassem seu peito, e o ventinho o seu rosto. Então, parou de pensar e voltou a correr, observando como a paisagem mudava diante de seus olhos pelo movimento, como o sol o deixava quentinho, como o céu parecia um imenso mar azul, e como cada detalhe parecia ainda mais encantador.

Saindo levemente da cozinha, a governanta espiou as portas ainda escancaradas, com o coração palpitante por vê-lo soltando risadinhas enquanto corria. Livre. Igual o passarinho que foi liberto da gaiola.

Bons minutos depois, o garoto coelho se jogou na grama próxima à entrada da sala, esticando os braços, erguendo o olhar para encarar o céu, estava cansado e ofegante.

Porém não conseguia tirar o sorriso do rosto, suor escorria por sua testa demonstrando o esforço que o corpo fez, se sentia dolorido, mas aquela sensação era boa, seu peito subia e descia rapidamente e seus olhos pesavam com o gasto de energia, os raminhos verdes eram tão confortáveis embaixo de si que poderia dormir ali mesmo.

Respirando fundo, levantou os braços trazendo suas mãos para a cor azul do teto natural, a canhota estava ocupada com uma margarida, a flor que o príncipe disse ser a mais bonita que já conheceu, e a outra, apenas continuava suja de terra, porém a que Byeol noona cuidou e o ensinou um pouquinho de como cuidar também.

Voltou a pensar em seus humanos, eles eram tão bons, lhe deram tudo do dia para a noite, um quarto com uma cama quentinha; um banheiro com chuveiro e banheira quentinha que não é para bebês, mas também servia; comida gostosa; roupas novinhas e cheirosas; gestos de cuidado que a tanto tempo não eram direcionados a si; palavras bonitas e um abraço... que o salvou.

Tae o salvou. Era o príncipe das histórias de sua avó. E noona também o salvou. Cuidava de si com carinho.

Eram tão diferentes de tudo que já conheceu e viveu.

"― Ande logo, engula! ― Sentando à mesa, Ggukie mastigava o mais rápido que conseguia o pão seco e duro, tendo para molhar a garganta um copo d'água.

O resto do café da manhã exposto na mesa o faziam ter ainda mais fome, porém não podia comer dos outros alimentos cheirosos e fresquinhos ali, se pensasse em esticar a mão e pegar algo, seu pai o castigaria.

Desviando o olhar da estrutura que era obrigado a estar presente todos os dias, tomou um pouquinho da água enquanto comia o pão que dividia em partes, para que aguentasse ficar sem tanta fome até o dia seguinte, no próximo café da manhã.

Ou se tivesse sorte, o Jeon poderia deixá-lo visitar sua avó e teria refeições decentes com ela.

Suas orelhas se moveram quando a campainha foi tocada, e seus pais se levantaram primeiro vasculhando quem era pelo olho-mágico da porta, sorrindo cúmplices em seguida.

O pequeno coelho encolheu o corpo continuando a comer, tremelicando levemente com as risadas que ouvia de forma abafada depois que os Jeon saíram e fecharam a porta.

Seu pai retornou chamando sua atenção, logo apontando para a porta aberta, onde seus olhos encontraram o homem parado, alto e de cabelos grisalhos, cheirava a cigarros e álcool, e seu perturbador o fizeram voltar a tremer.

― Você vai com ele.

― P-Por que? Eu não quero ir c-com ele, pai... por favor

Jeongguk sentiu os olhos marejarem, não queria sequer pensar em estar fora de sua casa, na presença de um homem estranho de cheiro horrível, e principalmente, longe da avó que morava ao lado.

― Engula esse choro... ― Desviou o olhar para a mesa, segurando o soluço que tentou escapar, quando o rosto de seu pai se aproximou. ― eu finalmente não vou ter que olhar pra essa sua carinha todos os dias, e ainda vou ganhar com isso, agora levanta e entra no carro dele.

Quando o Jeon ameaçou retirar o cinto para castigá-lo por não receber uma resposta sua, se levantou e obedecendo a ordem de seu pai, saiu de casa entrando no carro preto e bem luxuoso encostado no meio fio, encolhendo-se contra a porta, passando a receber olhares estranhos do velho ainda do lado de fora.

Seus instintos de coelhinho indicavam o perigo que estava correndo quando o velho entrou no carro, mas, se quisesse um pouco de paz deveria obedecer seu pai, senão ele o deixaria sem comida além das rotineiras surras, o proibindo de visitar sua avó o deixando trancado no escuro. E não gostava do escuro."

Tudo começou daquele jeito e machucou tanto, que no final o deixou com aquelas imagens borradas e risadas presas eternamente em sua mente, mas Jeongguk espantou aquela lembrança de seus pensamentos, não estava no escuro, não estava mais preso.

E aquela era a sensação boa que sentia, de liberdade.

Estava longe de tudo o que machucava, e não precisaria mais ter medo de ouvir aquelas palavras de novo.

Seu coração extremamente acelerado refletia em suas orelhas, e junto a esse sentimento, teve os pensamentos tomados pelas palavras bonitas saindo na voz rouca, por aquele abraço quentinho, pelos sorrisos quadrados, pelas ações engraçadas de noona, pelos seus gestos de carinho, pelos conselhos da panda de cheirinho doce.

Então tudo ocasionou uma explosão dentro de si, e sua reação foi chorar.

Lágrimas densas escorreram pelos cantinhos de seus olhos, pingando na grama fofinha, tudo o que estava sentindo era bom, aquela liberdade, a confiança em seus humanos, a vontade de fazer tanta coisa.

Eram lágrimas de alívio. E estavam deixando todo seu corpo leve.

Byeol ao se aproximar devagar pela para conferir o ser arteiro, se alarmou ao encontrá-lo no chão, soluçando com a flor quase que completamente esmagada entre seus dedos, os punhos apoiados no peito como se estivesse sentindo dor.

― Querido! ― Rapidamente correu até o mesmo, agachando em seu lado segurando em seus braços, os puxando para ajudá-lo a se sentar.

Jeongguk não teve forças para afastar seus toques, e também não queria.

― Por que está chorando? Está sentindo dor em algum lugar? O que aconteceu, menino? ― A mais velha soprava seu rosto tentando aliviar o tom vermelho que o coloriu. ― Eu só estava brincando, não estou brava com você, jamais vou ficar! O que está sentindo? É algo ruim?

Respirou fundo passando as mangas da blusa pelos olhos secando também o nariz, levando o olhar para noona mesmo que voltando a derramar gotinhas quentinhas e salgadas.

― É-É bom ― Seu peito pareceu ter se acalmado um pouco, após aquela onda de sentimentos que sentiu tão pouco durante sua vida até ali. ― são p-pensamentos bons.

― Fico feliz que esteja bem, menino! ― Byeol o agarrou pelo pescoço, abraçando-o calorosamente. ― É bom colocar os sentimentos pra fora

Ggukie não a respondeu, apenas se aconchegou contra seu calor, respirando fundo sem sentir aquele bolo formado em sua garganta, leve como as mãos inesperadamente acariciando seus cabelos, o deixando calmo.

E apesar de muito intenso, gostaria de ter outra explosão de sentimentos bons como aquela.

― Venha, ― Noona começou, se afastando minimamente o ajudando a se levantar. ― vamos entrar, você toma um banho e vai se sentir ainda melhor. ― Sorriu pequeno concordando, seguindo a mais velha, que segurava sua mão firme e apoiadora.

[...]

O Kim sorriu grande quando fechou a última pasta de cor marrom, aumentando o repuxar de seus lábios ao perceber que já era 12:00 e poderia ir finalmente para casa tirar seu intervalo, almoçando com noona e Ggukie, como havia prometido.

Quase saltitando, pegou sua bolsa que havia largado no sofá de couro escuro assim que chegou e caminhou até a porta. Porém foi impedido de abandonar a sala quando o telefone tocou, o fazendo resmungar descontente, queria mais do que tudo ir logo para casa.

Refazendo seu caminho até a mesa de vidro, puxou o aparelho da base o atendendo.

- Pois não?

- Olá, senhor Kim Taehyung?

- Isso mesmo, quem gostaria?

- Estou ligando pelo número deixado no hospital que atendeu o pequeno híbrido de coelho, sou a médica que cuidou dele.

- Ah sim! Eu me lembro, algum problema com o estado de saúde dele?

- Não-não, aqui na ficha feita está descrito que ele melhoraria em breve, - O empresário suspirou aliviado. - apenas liguei para informar que abriu uma vaga na ONG de Busan, e como o senhor tinha comentado do interesse por uma, resolvi contatar primeiro antes de oferecer a outra pessoa...

[Ao terminar de escutá-la, Tae permaneceu em silêncio, Busan era longe e já estava tão apegado a presença de Ggukie, com seus jeitinhos e gestos. Havia se encantado, e mal tinha passado duas semanas desde que o encontrou. O lugar do pequeno moreno não era em uma ONG, era a liberdade que teria para escolher o que quisesse para sua vida.]

- Oh! Eu agradeço a ligação, mas estamos nos dando bem, e tenho certeza de que logo Ggukie estará forte para recomeçar. Acho que a vaga deveria ser dada para alguém que precise de verdade.

- Fico feliz com essa notícia! Sei que o garoto está em boas mãos, apenas pela forma como se preocupou com ele quando o trouxe.

[O acastanhado sorriu de forma boba.]

- Fiz apenas a minha parte ajudando outra pessoa, mas realmente muito obrigado por se lembrar da vaga.

- Não há de quê, senhor! Bom, era só isso, já que ficará com o coelhinho, eu posso levar o outro pequenino para lá.

- Eu que agradeço, vai dar tudo certo para o pequeno que vai receber um lar.

- Estamos do lado dele e dos demais, obrigada senhor Kim, tenha um bom dia!

- Obrigado! E igualmente!

Tornando a desligar o telefone, Taehyung prosseguiu com o sorriso molinho nos lábios, arregalando os olhos ao olhar para seu relógio de pulso, percebendo quantos minutos já tinha perdido de seu almoço.

E praticamente correndo da sala, esquecendo-se até mesmo de devolver o telefone para a base, entrou no elevador agradecendo por descer sozinho, apertando o botão diretamente para o térreo, pegando o carro e rumando para casa.

Com o trânsito tranquilo, chegou em menos de vinte minutos, sorrindo ansioso ao entrar, mas não vendo noona ou seu amigo coelho.

- Noona?

Chamou, observando a mesma surgir do jardim segurando uma bacia com algumas verduras.

- Tae! - Byeol sorriu. - O que deu em você? Nunca foi de vir nesse horário, - Seu semblante confuso logo se transformou em um sorriso sugestivo. - é por causa do orelhudo, né?

- Eu prometi que ia almoçar com ele. - O empresário encolheu os ombros.

- Vai fazer bem, ele chorou hoje - Arregalou os olhos.

- Chorou? - A mais velha assentiu.

- Mas ele contou que era por pensamentos bons, - O acastanhado respirou fundo aliviado, mesmo que ainda preocupado. - é bom que façamos companhia a ele. - Concordou.

- Onde ele está?

- Ficou no quarto depois que tomou banho, acho que até tirou um cochilo.

- Eu vou lá ver como está - Byeol consentiu adentrando a cozinha, enquanto si foi para o segundo andar. - Ggukie? - Chamou após três batidinhas na porta fechada, quase encostando a orelha na madeira para que ouvisse se a resposta viesse baixinha.

Segundos depois, observou a figura do moreno aparecer timidamente, Ggukie abriu um sorriso pequeno e preguiçoso, ajudando a demonstrar que não estava acordado alguns minutos atrás.

- Você voltou, Tae

- Eu prometi, - Sorriu ainda mais. - esteve descansando?

- Um pouco - Franziu o cenho levemente, percebendo os dedos branquinhos do garoto coelho tocarem aquele pedaço de couro bege ao redor de seu pescoço, incomodado.

- Ggukie, ela está te machucando? - Apontou para a coleira que deveria ter sido retirada do moreninho ainda no hospital.

O pequeno híbrido não precisou responder, seus olhos opacos de repente se fixando ao chão foram a resposta que precisava.

Tomando coragem deu um passo à frente, devagar para não assustá-lo, esticando os braços sob a visão atenta do outro, tocou com as pontas dos dedos a fivela que selava a volta no pescoço alvo.

- N-Não aperta mais, por favor

Ggukie finalmente falou, encarando seu rosto tão profundamente como na primeira noite no casarão.

- Não vou - O empresário sorriu o confortando, movendo os dedos desafivelando aquele pedaço de couro, o afastando da pele pálida.

Seu coração deu um pulo com a expressão surpresa do moreninho, de olhos arregalados e os lábios entreabertos, encarando a coleira em suas mãos. Ficou bobo, outra vez.

Ggukie sentia suas palpitações desenfreadas, o príncipe o livrou de mais uma coisa que machucava, e confirmou isso ao respirar fundo sentindo o alívio o atingir, com seus pulmões se enchendo completamente, sem nada limitando o ar que entrava ou saía, sem nenhum aperto, nem dor. Aquela sensação era indescritível.

Taehyung observando aquele pedaço de pele depois de perder-se nos pequenos sorrisos que Jeongguk abria, enquanto, inspirava e expirava de olhinhos fechados, seu peito apertou, a pele que era coberta pela tira de couro criava desenhos abstratos, com marcas vermelhas e roxas, várias e pequenas pontinhas afiadas formavam a fila de garrinhas nas bordas do couro, e sabia que arranharam a derme branquinha durante muito tempo, e no momento aquelas marquinhas e cicatrizes denunciam esse feito.

- Ainda machuca? - Ggukie negou voltando a encarar o hyung.

- Arde um pouco. - Tae sorriu assentindo.

- Já te disseram alguma vez, que beijinhos curam as feridas? - Soltou sem pensar.

E ambos passaram alguns minutinhos apenas observando um ao outro. O orelhudo, sem saber como reagir às palavras bonitas, e o empresário, quase fugindo martelando-se por ter agido como um pateta de novo.

- A minha avó me disse uma vez - Um sorriso um pouquinho maior adornou os lábios vermelhinhos.

Sem conseguir responder, o acastanhado apenas sorriu exageradamente, nervoso, vendo aquele sorriso tão doce e crescido. Encorajado por isso, deu um selar em seus dedos indicador e médio da mão livre, encostando-os devagar sobre algumas marcas na epiderme branquinha.

- Prontinho - Se afastou enfiando as mãos nos bolsos da calça, como se assim as prendesse impedindo de fazer outra bobagem.

- Obrigado, Tae - Os dentinhos salientes se mostraram minimamente no sorriso tímido.

- Vamos comer? - O empresário perguntou mudando de assunto, sem se aguentar, erguendo uma das mãos coçando a nuca.

Mas, conseguindo se acalmar com o assentimento descontraído do mais novo, deixou a coleira sobre a cômoda, sendo acompanhado pelo moreninho de volta para o primeiro andar.

- Tae?

O Kim sorriu, levando o olhar para Jeon, que expressava certo desconforto pelas linhas de seu rosto. Mesmo que o moreno tivesse tentado não demonstrar e se esquecer daquele detalhe.

- Sim?

- A calça está me apertando...

O acastanhado demorou alguns segundos para entender na face levemente desconfortável do que se tratava, arregalando os olhos deixando Jeongguk ainda mais constrangido.

- N-Não se preocupe - Pensou brevemente em uma solução. - nós podemos cortar essa parte em suas calças depois,

- Obrigado. - Ggukie sorriu.

- não há de que, - Tae adentrou a cozinha primeiro. - a propósito, amanhã é sábado, e vamos comprar roupas ainda mais confortáveis, o que acha?

- Acho legal.

O pequeno Jeon respondeu um pouco mais baixo, encolhendo os ombros suavemente, envergonhado.

- O que temos para o almoço hoje, noona?

- Bulgogi e Bibimbap reforçado - Taehyung soltou um som prolongado engraçado, fazendo um risinho escapar do garoto coelho, que abandonou a vergonha farejando as duas panelas que a mais velha colocou à mesa, e que tinham cheiros incrivelmente bons.

- Tô morrendo de fome - O acastanhado esfregou uma mão na outra. - Ggukie também? - Assentiu, aqueles aromas convidativos fizeram seu estômago roncar.

- É mesmo? Acho que o orelhudo não deve estar com fome, comeu um canteirinho inteiro de cenouras! Não sobrou uma sequer!

Byeol noona brincou, se servindo.

- Me desculpa, noona... - As orelhas do moreninho ameaçaram abaixar.

- Está tudo bem, querido, eu estava apenas brincando, - A mesma acariciou seus cabelos. - mas quando tiver vontade de comer cenouras me peça, tudo bem? Eu pego as que já foram colhidas, pra você,

Ggukie concordou, sorrindo pequeno.

- promete que não vai mais pegar as cenouras de lá?

- Prometo que não vou mais pegar as cenouras do cantinho, noona. - O pequeno Jeon a respondeu acanhado, vendo-a pegar seu prato e o servir com uma generosa quantidade de comida.

- Você é uma gracinha!

Byeol conseguiu mais um sorrisinho seu, e Tae que mastigava devagar enquanto os assistia, desistiu de começar o assunto sobre seu protegido ter chorado mais cedo, aquele não era o momento, o mais importante era estarem daquele jeito, fazendo companhia um ao outro.

[...]

Se esperar o horário de seu almoço foi difícil, o empresário ao retornar para a empresa quase arrancou todos os fios de cabelo esperando pelo final do expediente.

Não era como se não gostasse do que fazia, mas parecia ter ficado dependente da presença do orelhudo, e quando chegou em casa no início da noite, estranhamente teve suas energias recarregadas observando Jeongguk alcançando tudo que noona pedia para terminar de arrumar a mesa.

Depois do banho, seu peito acelerou durante todo o jantar, feliz por ver o mais novo exibindo lindos sorrisos em forma de brotinho, criando as primeiras raízes.

Por fim, quando noona foi se deitar, não resistiu em tentar passar mais um tempinho com seu protegido, o oferecendo uma caçada pela cozinha em busca de chocolate.

E Jeongguk achava engraçado o jeito do mais velho comemorar por ter encontrado outra barra.

- Precisamos de um lugar seguro para comer, onde noona não vá nos encontrar.

Riu baixinho observando o rosto parcialmente escondido do hyung, que sussurrou para si assim que chegaram na sala, sendo iluminada somente pelo foco que vinha da cozinha.

Se lembrando dos conselhos de sua amiga panda, o orelhudo respirou fundo, levando sua mão até a do mais velho, que petrificou no lugar esmagando o chocolate entre os dedos da outra.

- G-Ggukie

O mais baixo não o respondeu, apenas apertou os dedos quentinhos conectados aos seus, puxando seu protetor em direção ao jardim, abrindo as portas devagar para não fazer tanto barulho.

- Boa ideia! - O Kim riu, enquanto, era guiado até o meio da área verde. - Aproveito e cumpro a minha promessa. - Sorriu se sentando nos raminhos fofos, esperando o coelho o imitar.

Assim, passaram a dividir aqueles quadradinhos de chocolate, no tempo que, o Kim falava sobre diferentes e lindas flores e Jeon tentava espantar uma abelhinha que o rodeava com suas orelhas, mas totalmente concentrado na voz que não ouviu o dia inteiro.

Ao final, Ggukie se aproximou um pouco mais do príncipe, que lhe entregou mais chocolate ainda falando tudo o que sabia sobre astromélias.

E então as horas foram esquecidas pelos dois amigos.

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Notas Finais

E então?? O que acharam??

Ver o Ggu mais animadinho e até aprontando, sorrindo e interagindo cada vez mais, me mata escrevendo aaaaa é tão precioso 🥺🤲✨

Tete e noona também!! São tudinho aaaaa chega a manteiga derrete ✨✨

Yoonmin... ninguém sai! Eu amo tanto esses dois 😎

Ggu e Tete comendo chocolate e interagindo no jardim... depois que nosso Kim lindo foi puxado pela mão... aiai 🥺✨

Espero que tenham gostado! E me perdoado também kkk

Até a próxima (que não vai demorar hehe) att, anjinhos! Se cuidem! <333

E ah! Tem o meu grupinho lindo se vocês quiserem, eu solto uns spoilerzinhos lá hehe além de outras coisinhas daqui que eu tenho salvo e vou começar a compartilhar hihi, o link vai estar no meu perfil, conversas ✨

Bom diatardenoite! <333




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