02: Um Novo Amigo

Notas Iniciais

Oii gente! Tudo bem???

Cheguei mais cedinho hihi porém, atrasadinha :'

Vocês vão ver que o Th- ele

Bebam bastante água!

Boa leitura!

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"Agora me leve para casa onde eu pertenço. Mas a verdade é que eu não tenho para onde ir. Não aguento mais"

Runaway - Aurora

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Sentado em uma das cadeiras na sala de espera da ong, Taehyung batia o pé constantemente no chão, bagunçando o cabelo com uma das mãos enquanto apoiava a outra na perna correspondente, em um ato falho de controlar os movimentos evidenciando o nervosismo presente em todos os seus poros. Ficava perdido quando não conseguia controlar suas emoções.

A cada olhada para dentro das portas de vidro sua angústia aumentava, pois recebia como resposta apenas o silêncio e as paredes brancas, sem ter sinal algum do híbrido de onça e médico da ala hospitalar, Min Junseo. No momento, sendo o responsável pelos cuidados com o garoto especial que trouxe nos braços.

Não sabia o que devia esperar ouvir dele, apenas se lembrava do garoto coelho febril e leve demais chorando inconsciente no banco de trás de seu carro a caminho dali.

Sua cabeça inundou de pensamentos ruins que não tinham uma resposta.

— Tae!

A voz familiar de Kim Hyojong preencheu o ambiente aterrorizante para si. Estava mergulhado tão profundamente naquele silêncio que deu um leve sobressalto, erguendo o olhar para o homem parado em sua frente.

— Hyung! — Rapidamente se levantou, estendendo a mão para cumprimentá-lo junto de uma reverência simples. — Como está sua família? — Tentou soar o mais calmo que conseguia.

— Agora muito bem e feliz! Algum dia trarei minha princesinha para você conhecer. — O sorriso largo do recente papai era contagiante e o mais novo sorriu também. — E vocês?

— A dona Byeol continua daquele jeitinho que você conhece — Um riso fraco escapou do empresário. — Mas hoje nem consegui ir trabalhar e esse é o motivo pelo qual eu preciso tanto que faça alguma coisa.

O homem platinado -e também amigo de anos- coçou a nuca, colocando no rosto uma expressão que Tae não gostou de ter visto.

— Então, era sobre isso que eu queria falar com você...

— O que vai acontecer com os híbridos? — Perguntou em um tom sério de voz sem enrolação, tentando esconder o medo que sentia da resposta.

— Alguns tutores já vieram buscar os híbridos.

— O que? Mas e a nova lei que o governo sancionou? É direito e dever das ONGs proteger eles! — Exclamou indignado.

— É exatamente isso, mas tem um porém, — Ambos ficaram em silêncio por alguns segundos, até Taehyung bufar e bagunçar ainda mais seus fios castanhos. Sempre havia um porém. — essa lei só se torna válida e nos dá esse direito quando o híbrido em questão não tem uma carta de adoção.

— Então não vamos conseguir protegê-los?

— Alguns deles sim, os outros que foram levados estão sob a supervisão oculta de um esquadrão, qualquer coisa que aconteça com um híbrido, vamos conseguir provas e o direito de resgate.

— Isso é injusto... — Taehyung negava desacreditado, passando a andar de um lado para o outro.

Ficou tanto tempo ali, que não pode fazer nada em relação aos híbridos que foram obrigados a voltar com seus tutores.

— Essa ainda não é a pior parte, meu amigo, nós sabemos que os tutores vão fazer algo que vai nos ajudar a resgatar cada híbrido, — Um sorriso torto tomou os lábios de Hyojong. — o problema agora são os processos que vamos receber por termos tomado os mascotes — Fez aspas com os dedos. — deles.

O peito do Kim mais novo se comprimiu e junto dele sentiu uma pontada de dor na cabeça.

Quando se tratava do resgate de um híbrido, o preço a se pagar sempre era absurdamente alto.

— Mande tudo o que vier para o meu escritório, vou resolver isso, não se preocupe, hyung.

Outra vez Tae percebeu como não estava pensando direito, ou, sendo estrategista. Desde pequeno havia aprendido a não usar a emoção em assuntos importantes. Há quatro anos comandava a empresa que herdou do pai perfeitamente, nunca sequer chegou próximo da possibilidade de cometer algum erro. Mas então a cena que presenciou logo pela manhã reapareceu em sua mente, a quantidade de processos que corria o risco de receber passou a não importar mais, aquelas vidas tinham valor e eram corajosas o suficiente para segui-lo, para lutar contra as pessoas de almas podres.

— A boa notícia é que vários dos resgates de hoje não tinham uma carta de adoção e estão sob os nossos cuidados, — Taehyung soltou o ar aliviado. — inclusive o garoto que você ajudou primeiro.

— A-Ah ele... é — A preocupação atingiu o Kim novamente o fazendo voltar o rosto para as portas de vidro. — Estou esperando notícias há algum tempo.

— Está mesmo. — Hyojong deixou uma risada fraca escapar, assistindo o amigo inquieto revezar entre olhar para si e para as portas de vidro.

— Se Seokjin hyung estivesse aqui, teríamos conseguido fazer um pouco mais por eles.

— Seu primo ganhou uma chance de contar o outro lado da história, onde os híbridos também são filhos, sobrinhos, primos, netos de humanos bons.

Taehyung concordou com um aceno de cabeça, relembrando o orgulho que sentia de boa parte de sua família materna, onde criaram Kim Seokjin, um híbrido de gato, com tudo o que ele merecia depois de momentos tão difíceis na infância, preso no mercado de linhagens.

Teve muito contato com ele quando na mesma idade infantil, porém, o que sabia recentemente todos podiam ver nos noticiários, do híbrido que com apenas uma assinatura fechava milhares de mercados de linhagens, ao lado do marido, Kim Namjoon, nos Estados Unidos.

— Tae — Junseo chamou assim que abriu uma das portas e colocou apenas a cabeça para fora. — pode me acompanhar, por gentileza?

— Claro! — O acastanhado assentiu rapidamente, voltando a focar no amigo. — Eu te mando uma mensagem mais tarde, falaremos ainda com os meus advogados.

— Certo, Tae.

Ambos se despediram com outro aperto de mão e Taehyung seguiu o médico para além da sala de espera.

O caminho pelo longo corredor branco nunca foi tão assustador. Ele não sabia o porquê.

Atento a cada cortina branca escondendo um híbrido que podia enfim reiniciar sua vida, o empresário foi acalmando seu interior, sentindo que havia feito um bom trabalho.

Mas tudo foi por água abaixo quando encontrou aquele garoto novamente. Ele tremelicava mesmo sob as cobertas, resmungando coisas inaudíveis enquanto se encolhia mais e mais.

— Ele tem... pesadelos constantes. — Junseo começou.

Tae não precisou olhar para ele, ouviu o barulho da caneta e deduziu que estava escrevendo pela prancheta que não saía de sua mão. Também não conseguia desviar, preso a imagem tão delicada e dolorida.

Se aproximou devagar, mantendo as mãos dentro dos bolsos da calça. Não iria tocar nele e acabar o assustando.

— Não é melhor acordar ele? — Perguntou preocupado.

— Não vai acordar agora, Tae — A resposta simples junto de uma ajeitada no soro preso ao braço do híbrido, chamou sua atenção. — Precisei dar um calmante para ele, ficou muito agitado depois de fazer os exames. — O médico empurrou o óculos redondo que escorregava pelo nariz com o indicador. — Eu preciso te dizer o resultado?

Taehyung não respondeu, apenas desviou o olhar do penetrante e sério dele.

Junseo suspirou.

— É um garoto jovem, eu estimo no mínimo uns cinco anos privado da própria vida, isso se não foi durante toda ela, de alguma forma...

— Do que ele precisa?

— De tudo. — O híbrido de onça se virou para pegar novamente sua prancheta, tirando dela uma folha. — um antibiótico, dois antiinflamatórios comprimido e aplicação, um para febre e dor, um antitóxico, pomadas e muitas vitaminas.

— Tem tudo isso no estoque?

— Não recebemos nada essa semana e eu tenho 20 pacientes para cuidar.

O empresário suspirou desgostoso.

— Eu vou cuidar disso até a hora do almoço.

Ele estranhou a risada baixa e fraca do outro como resposta.

— Já passou da hora do almoço, Tae.

De olhos arregalados, olhou para o relógio de pulso e, em seguida, tirou o celular do bolso notando as 32 ligações perdidas de Yoongi.

Seu peito deu um salto e seus pensamentos se embaralharam ao tentar encontrar uma solução para dois problemas

— Eu... — Deu uma breve pausa, voltando a olhar para o garoto. Decidiu levado a emoção de vê-lo naquela situação. — Vou comprar os remédios para ele e Jimin vai cobrar os fornecedores. Até às três horas da tarde um caminhão vai chegar e repor o estoque e... — Franziu as sobrancelhas, pensando no próximo passo. — Peça para ser feita a ficha dele, um quarto e uma refeição para quando acordar.

— Eu adoraria, mas não dá, Tae.

— Por que? — O empresário perguntou, automaticamente parando de digitar uma mensagem se desculpando para o Min. Apesar de tantas preocupações, sabia que ele havia tomado a dianteira e resolvido tudo.

— Eu sei que você quer ajudar a todos, mas as vagas aqui se esgotaram, — Os olhos castanhos do humano duplicaram o tamanho. — Veja bem, nós recebemos 35 híbridos desde que essa nova geração foi anunciada. Todos estão sendo descartados... — A voz dolorosa do híbrido de onça o preocupou. — e não é apenas de um teto que eles precisam, nossa estrutura aqui está limitada para os que chegaram hoje, o esquadrão vai precisar levar cinco para outra ong...

— E-Ele vai também?

— É o jeito — Um sorriso torto tomou os lábios do felino. — Mas eu não acho que ele vá conseguir sozinho.

— Como assim?

— Tae, só com o que eu encontrei correndo junto com o sangue dele e o que estava dentro do estômago, eu posso te afirmar que um psicólogo que cuida de sete híbridos no mesmo dia, não vai conseguir dar a atenção que ele precisa, não pode só simplesmente dar onde dormir e comer.

— E como você quer que eu resolva isso? — O tom de voz do outro saiu descrente. Não grosseiro. Tae não sabia o que fazer.

— Você não pode cuidar dele?

Taehyung riu um pouco alto, depois mordeu o interior das bochechas.

— Eu?

— Você e noona. — O médico concordou.

— Não posso fazer isso.

— Então só até eu encontrar a vaga para ele. Tenho sugestões para três híbridos, faltam dois agora.

O empresário deixou o olhar vazio, focado em encontrar uma resposta.

Por fim, suspirou.

— Tudo bem. Me ligue quando encontrar um bom lugar para ele.

Um sorriso aliviado e de presas afiadas se abriu no rosto do híbrido.

— Obrigado. — Um pouco animado, ele checou o garoto em seu sono inquieto. — Você pode ir buscar os remédios agora, quando voltar o soro já vai ter acabado e poderá levar o garoto para casa.

— Tá bom. — Concordando aéreo, Tae pegou a folha estendida a si e voltou o caminho até deixar as portas de vidro. Ficou parado encarando o nada.

O pensamento martelando sua cabeça:

O que eu acabei de me comprometer a fazer?!

[...]

O garoto coelho não iria despertar tão logo, Tae percebeu isso ao carregá-lo até seu carro novamente e com o devido cuidado dirigir para casa, os vidros fechados abafando os ruídos das ruas e o ar condicionado mantendo a viagem quentinha.

Durante todo o percurso, se perguntava como iria explicar para noona que tinham um novo morador para fazer companhia. E que não era um animalzinho de estimação.

Mas quando olhava para o retrovisor e percebia a respiração calma, diferente das horas anteriores, se enchia de coragem. Agora aquela pessoa especial apenas dormia e precisava deixar tudo preparado para o momento em que acordasse.

Taehyung mal percebeu quando passou pelos portões de sua propriedade, voltou a sua realidade quando a figura inquieta da senhora de meia idade estava na garagem, esperando que entrasse para dar uma explicação. Com certeza Yoongi deveria ter telefonado para dizer que havia desaparecido por toda a manhã.

Desceu do carro sem olhar para ela, indo para a porta de trás abrindo com cuidado para trazer o híbrido entre seus braços outra vez.

— Taehyung, você...

A mais velha deu a volta pelo carro quando percebeu que seu moleque não iria falar nada. Porém, ao ver o que ele trazia no colo se calou, arregalando os olhos intercalando entre o homem e o outro dormindo. Ficando nele ao reparar nas orelhas extensas e brancas.

— N-Noona, pode abrir a porta?

Apesar de descrente, a mulher sem palavras e ainda em busca de uma resposta dele se virou em direção a entrada da casa, fazendo o que foi pedido rapidamente seguindo o empresário pelo corredor e escada, assistindo da porta do quarto presidencial Tae colocar o híbrido na cama e cobri-lo com algumas camadas de cobertores, fechando as cortinas para reduzir a luminosidade do cômodo.

— Eu preciso que me ajude a separar os remédios dele, temos que dar na hora certa, Junseo hyung falou que se não fora assim um vai cortar o efeito do outro.

O acastanhado se aproximou de noona depois de conferir se o garoto estava confortável, estendendo a folha do médico para ela.

— Kim Taehyung — A voz dela soou alta e clara. — Como você pode sair de casa para trabalhar, simplesmente desaparecer por horas e voltar como se nada tivesse acontecido?! Quem é esse garoto?!

O empresário mordeu o interior das bochechas desviando o olhar dela.

— É uma longa história, vamos sair que eu te conto, está falando muito alto, noona.

Guiando ela pelos ombros, Tae saiu do quarto e fechou a porta. Ambos foram para o cômodo ao lado, onde o escritório dele mantinha a organização em tom de cinza chumbo perfeita.

— Pode começar. — Byeol cruzou os braços voltando em sua direção. Ela não estava preocupada apenas com o menino que praticamente criou como seu, o outro no quarto também a deixava inquieta.

Sentando no sofá de couro, Taehyung suspirou antes de rever tudo em sua mente, contando para sua segunda mãe sem poupar nenhum detalhe.

Depois daquela séria conversa, o empresário não se aguentou e soltou uma risadinha, observando dona Byeol correr para arrumar o quarto de hóspedes e depois para a cozinha vasculhando os armários pegando tudo o que via pela frente. Por fim, curiosa do jeitinho que era, enquanto as panelas soltavam no ar o tempero caseiro, eles voltaram ao quarto principal onde o híbrido ainda dormia.

— A febre baixou graças a Deus. — Comentou noona apoiando o dorso da mão suavemente na testa dele. Observou por mais alguns segundos o rosto apagado. — Me parte o coração imaginar como ele estava vivendo.

— Mas agora ele está livre. — O acastanhado respondeu, abrindo um sorriso orgulhoso.

— Quero ver alguém tentar fazer mal a esse menino de novo, eu não respondo por mim. — Apesar do tom sério de voz, os dois riram, pois sabiam que realmente estavam dispostos a protegê-lo com unhas e dentes. Mas por hora, decidiram de fato deixar o quarto quando o garoto coelho se remexeu. Também precisavam deixar ele descansar.

[...]

Respirando fundo e suavemente, o híbrido fez um movimento esticando todos os membros. A sensação ao redor era quentinha e macia. Os olhos negros foram se abrindo devagar sem o peso do cansaço e ele remexeu o corpo soltando um suspiro ao não sentir tanta dor. Há anos não tinha um ninho para descansar.

Seu primeiro pensamento foi a hipótese de que estivesse sonhando, pois todo aquele ambiente emanava um cheiro bom, diferente do qual foi obrigado a conhecer. Passeou o olhar pelo cômodo e notou um armário mediano sob uma televisão grande, ao lado dele duas portas escondiam outros cômodos ligados naquele. Tudo era bem organizado e bonito, em tons de branco e azul.

Sentando no colchão e se arrependendo com o frio que o cercou fora dos cobertores, procurou pelos sons daquele lugar, chegando a conclusão que não estava mais junto de outros híbridos e de um médico que mal enxergava o rosto.

Onde ele foi?

Se perguntava.

As imagens em sua mente estavam embaralhadas entre seu desespero para fugir da casa de zona e o medo de tantos sons que tinham começado como uma forma de tortura quando uma voz bonita derrubou as paredes de lá. Conseguia se lembrar da voz, mas não do rosto daquela pessoa.

Deixando aquele ninho que temia ser parte de um sonho, andou receoso pelo quarto procurando qualquer ruído que desse uma resposta para a confusão formada em seus pensamentos.

Onde estava?

Dando alguns passos adiante notou o dia que foi ofuscado pelas cortinas claras, a enorme cama bagunçada e ao pé do colchão, algumas peças de roupas perfeitamente dobradas contendo um pequeno papel amarelo sobre elas.

Mas antes que pudesse se aproximar, suas orelhas extensas haviam se voltado para a porta. Seu corpo congelou observando a sombra atrás dela. Aquela massa escura não ficou por muito tempo, logo desapareceu como os passos que ouviu irem para longe.

Ainda afastado da entrada do cômodo, recuou até a cama novamente onde sentiu uma pequena fagulha de segurança e onde descansava os itens que chamaram sua atenção. Pegou primeiro o papelzinho, o desdobrou e correu os olhos pela caligrafia bonita uma mensagem:

"Olá!

Perdão não te receber pessoalmente, mas penso que seja melhor assim.

Não tenha medo, prometi que iria te ajudar e vou cumprir!

O banheiro fica na direção direita do quarto, imagino que queira se lavar e vestir roupas quentes. Fique à vontade e quando se sentir um pouco melhor, se quiser descer, vou estar te esperando.

Assinado. Um novo amigo."

Apesar das palavras escritas calorosamente e de forma amigável, tudo o que o garoto coelho fez foi desconfiar. Pensou em poder voltar para o ninho com suas roupas velhas e não sair mais.

Entretanto, se deixasse o medo dominando seu corpo e mente jamais teria uma chance de salvar seu povo. E aquilo era o que mais queria. Tinha desistido apenas de si próprio.

Ele hesitou quando trouxe os tecidos macios para suas mãos, mas seguiu aquele bilhete encontrando o banheiro branco reluzente onde se trancou em segurança. Depois de ter observado tudo ao redor com cautela, tirou as roupas e recebeu com um suspiro a água quente contra sua pele machucada. A sensação era boa, porém não se deu o luxo de demorar ali, o banho foi rápido e preciso, por fim, seco e farejando o cheiro doce do sabonete, colocou a blusa em tom de roxo e a calça jeans larga. Eram maiores que si e esconderam suas mãos e pés. Confortável.

Em um ato de coragem após ter deixado o banheiro, abriu a porta do quarto temendo ver o que destruiria seu sonho, porém encontrou apenas um corredor branco e extenso com várias portas, uma escada na lateral indicou que estava no andar superior daquele lugar. Não havia nenhum médico.

Chacoalhou a cabeça. Deveria apenas ter pensado em agradecer a pessoa que o ajudou.

Como um incentivo para descer a escada, um cheiro convidativo invadiu seu olfato e refletiu no estômago vazio. Era incrivelmente bom e seus passos foram ligeiros pelos primeiros degraus. Através do corredor da escada haviam alguns quadros pendurados, pinturas bonitas e cheias de textura que imaginou o dono da casa admirando também. Talvez ele gostasse de pinturas.

Quando chegou no último degrau, a luz da enorme sala refletiu em seus olhos fascinados pela beleza de tudo presente ali.

O garoto não teve tempo de observar o quanto queria, pois uma silhueta alta carregando aquele cheiro bom que chamou sua atenção, passou acanhada em sua frente, o encarou de volta com o mesmo olhar arregalado e então depositou dois pratos sobre a mesinha de centro. Ficaram durantes algum tempo assim.

Taehyung não soube o que dizer, apenas colocou os pratos em um local seguro antes que seu nervosismo o fizesse derrubar tudo no chão. Estava encontrando outra vez aquele garoto e ele parecia descansado e confortável. Abriu um pequeno sorriso quando notou as roupas trocadas que noona havia lavado e secado às pressas somente para ele.

— O-Oi... — Tomou coragem para dizer primeiro agitando os fios de seu cabelo, o que causou o laço despregando e as mechas caindo sobre seus ombros.

Jeongguk tombou um pouco a cabeça ao ter sido atingido com um cheirinho peculiar de morango. Aquele homem em sua frente era diferente de quem imaginou o salvando, mas aquela voz era inconfundível, não importou o tom baixo.

— Obrigado. — Falou amassando a barra da blusa entre seus dedos. O garoto tentou controlar a tremedeira natural em seu corpo.

— Não foi nada comparado a coragem que você teve de tentar.

Depois daquela resposta em um só fôlego, Jeon o assistiu dar as costas para si movimentando leves cachos até a mesa que guardou aquele cheiro e fez sua boca encher d'água.

Desceu o último degrau e esperou algum sinal dele que pudesse seguir.

— Venha, deve estar com fome.

Jeongguk andou os passos restantes até ele, mas não se sentou, continuou apenas encarando o prato colorido da sopa.

— E-Eu posso comer? — Ergueu o olhar para o homem tão quieto e acomodado do outro lado daquela pequena mesa.

— Claro! É para você. — Tae entrelaçou os dedos rente ao abdômen o esperando pegar seu prato primeiro.

Não se sentiu abalado quando o observou se afastar até o outro lado da sala, pois entendeu que não tinha sua confiança apenas porque o ajudou segundos antes de desmaiar.

O garoto coelho sentou com cuidado no primeiro degrau da escada e não esperou nem um segundo antes de apoiar a borda da porcelana nos lábios e beber o primeiro gole do caldo, e como resultado do estômago implorando por mais, começou a comer com rapidez.

Do outro lado do cômodo, o empresário repuxou os lábios novamente pegando uma das colheres postas na mesa de centro, degustando de seu prato lentamente, pois tinha sua atenção voltada para o garoto comendo como se fosse oferecer apenas aquele prato. Um risinho soprado escapou enquanto o assistiu ficar concentrado apenas em sua refeição. Parecia estar relaxado e calmo. Aquele era um ponto positivo para seu primeiro encontro.

Taehyung foi o último a terminar sua refeição e pareceu ter perdido a noção de força para segurar a colher durante todo o tempo que os olhos do seu inquilino ficaram sobre si.

Iria oferecer mais da sopa deliciosa de sua segunda mãe, era lógico, porém enrolou o máximo que pode para poder pensar em como agir ou falar de tal forma que não assustasse ele.

Quando acabou, retribuiu seu olhar e deu um meio sorriso. Pensou de forma diferente, de manhã, cogitou que teria menos problemas se o deixasse na ong e fosse trabalhar, mas sua mente trabalhou durante todo o dia para que criasse um plano e ajudasse o garoto a se sentir completamente bem.

Rezava para que isso não tivesse significado que sentia somente pena dele. Não era um homem ignorante como todos fofocavam em sua empresa.

Chacoalhou a cabeça espalhando seus fios soltos e espantando aqueles pensamentos. Voltou seu foco para o híbrido em sua frente, respirando fundo, convencendo a si próprio de sair de sua zona de conforto ali, para tentar ao menos descobrir o nome dele.

Tae se levantou devagar, ainda sorrindo para o garoto coelho, dando alguns passos em sua direção e parando a uma distância segura.

— Você quer comer mais? — Prendeu a respiração ao ter recebido como resposta apenas o silêncio. Por outro lado, estava hipnotizado pelo olhar redondinho. — Está tudo bem se ainda estiver com fome, — Deu novos passos, conseguindo o alcançar. Se abaixou em sua frente. — Eu sirvo para você.

Esticou os braços até tocar as bordas do prato vazio e suavemente resvalou os dedos pelos esbranquiçados de tanta força com que seguravam o objeto. Não soube qual reação esperar dele.

Sendo completamente surpreendido, os olhos do Kim triplicaram de tamanho ao que viu bem diante de si, como mágica, o híbrido de penetrantes olhos negros desaparecer e escapar desesperadamente dentre os tecidos como uma bolota de pelos brancos e orelhas longas. 

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Notas Finais

E então???

Na outra versão não dei muitos detalhes da personalidade do nosso Kim lindo, mas ele é todinho atrapalhadinho ddkfjdk

No próximo é surto de fofura gente!

Como acham que vai ser agora que coelhinho e humaninho vão começar a interagir???

Preparem os coraçõezinhos ;)

Espero que tenham gostado e me perdoem os errinhos!

Até a próxima att anjinhos!

Bom diatardenoite! 🎔🎔🎔

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