Uma só carne S2 Capítulo 78
O tempo passou rápido, e com ele tudo acabou mudando incluindo eu. Aquele desespero e culpa que habitava em mim por muito tempo se deu por encerrado lá atrás, sendo sincero só voltei a respirar normalmente quando Augustos foi condenado. Olhando para trás não me orgulho de ter guardado aquilo comigo por um longo tempo, mas precisamos fazer tudo para proteger nossa família. Então sobre isso, sinto-me em paz e todas as pessoas ao meu redor me fazem sentir em paz também.
Comecei minha faculdade realizando meu sonho, vi minha família crescer, virei tio, vi meu pai alcançar a felicidade novamente ao lado da Amy e meu coração descansou com isso. Hoje mais velho, com mais experiência e mais vontade de viver, agradeço por tudo que passei para chegar até aqui com todas essas pessoa a minha volta. Confesso que o Gustavo de dezenove anos ainda está aqui se achando mais que nunca, sei que isso rouba das pessoas muitas risadas e isso aquece meu coração.
Com o passar dos anos realizei um dos meus sonhos de infância, ter uma família grande e barulho da mesa, se me perguntarem como nossa família cresceu tanto eu diria que foi ao acolher pessoas, nossos laços sanguíneos se fizeram indiferentes quando comparados ao amor e a proteção que sentimos um por os outros. Mas ok, eu vejo as coisas mais simples do que são as vezes, também brigamos e nos desentendemos muitas vezes.
A vida passou me mostrando as coisas pelas quais se vale a pena viver, me mostrou as pessoas ao meu lado e que nunca mais seria sozinho outra vez, muito menos em uma refeição. A casa do meu pai começou a parecer habitável visto que virou nosso ponto de encontro. Falando nele, o senhor Nicholas Baker me orgulhou cada vez mais com suas mudanças, desde se dá uma chance para ser feliz á apoiar meus sonhos. Ele aos pouco foi deixando seus medos para trás, mesmo que as vezes fossem mais difíceis do que o mesmo esperava Amy sempre tentava o ajudar e o mostrar que ele não a perderia.
Mary continua sendo a minha Mary, que apesar de não ser chamada por mãe, é amada como uma. Ela foi sempre a mesma pessoa, grudenta e preocupada não importava a minha idade ou onde eu morasse. Ela que sempre acolheu Joanne e sua família, acolheu também nossos amigos como se todos fossem seus filhos adotivos, como ela os chamava.
Alguns círculos se fechando e outros se abrindo, assim era a vida. Aos vinte e quatro anos, já me vi fazendo muitas coisas das quais achei que nunca seria capaz, tipo encontrar o amor foi uma delas. Mas, tudo bem, isso eu encontrei há mais de seis anos.
Quando minha mãe se foi, comecei a ter uma noção diferente do amor e, mais especificamente, do casamento como um todo. Na época em que ela partiu, eu era apenas uma criança, mas vi meu pai sofrer por muitos anos com a ausência dela. Com isso, evitei ao máximo me envolver em um relacionamento amoroso, e logo ganhei o apelido de "pegador" ou "galinha". O que ninguém sabia é que não tinha nada a ver com as pessoas ou com o prazer de ficar sem me apegar, eu simplesmente não queria amar e perder, como meu pai perdeu. Por mais imaturo que fosse pensar assim, era esse o meu medo.
Tudo mudou quando a conheci, assistindo-a em cima de um pequeno palco. E hoje posso afirmar: suas mãos estavam suadas, suas pernas tremiam, mas foi ali, naquele momento, que a enxerguei pela primeira vez — depois de, é claro, muito vê-la pela escola.
Todas as vezes que a via, sentia que precisava conhecê-la. E eu, que morria de medo de sentir meu coração arder por alguém, me vi completamente diferente ao vê-la. Ela não chamava a atenção, mas não se importava com isso, sua voz era baixa, mas sua risada era alta. Andava para cima e para baixo com seu melhor amigo, sem se preocupar com os burburinhos que isso gerava. Ela simplesmente era ela mesma, e foi assim que me apaixonei pela menina durona.
Joanne sempre foi meu oposto em muitas coisas, lutei muitas guerras para me aproximar e ter a chance de trocar palavras com ela. Nos conhecemos, nos aproximamos, sorrimos juntos e brigamos muito também. Quanto mais o tempo passava, mas precisava dela ao meu lado, parecia loucura, mas que fosse.
Ela me fez perder o medo de me apegar, me apaixonar e de amar, quando a beijei na porta de sua casa senti pela primeira vez borboletas na barriga, quando transamos pela primeira vez parecia que também era minha primeira vez. Ama-la me fez renascer de muitas formas, e quando a perdi me perdi também por meses.
Hoje posso afirmar que sou noivo da menina mais corajosa, bonita e também imperfeita. Na verdade nunca quis sua perfeição, quis apenas ela como um todo. Passamos por muitas batalhas juntos, muitas tristezas, alegrias e aventuras. Quando entramos na faculdade e passamos a morar juntos achei meu verdadeiro lar, aquele local pequeno, aconchegante, sem luxo mas muito conforto que sempre quis, todos os dias dormíamos e acordávamos juntos, sempre me senti seguro ao seu lado e juro que não é por ela ser a mais corajosa chegando até a tomar um tiro por mim, mas porque sempre senti que ao seu lado jamais me sentiria sozinho como no passado.
Nosso lar era pequeno de tamanho e enorme de paz, decoramos tudo junto e nosso parto tinha duas paredes lotadas por fotos que ela mesma fez questão de colar uma a uma em cima da nossa escada. Hoje passa um filme em minha cabeça e sinto tanta gratidão que não poderia expressar em palavras.
Quando nos formamos tomei uma decisão importante, uma decisão que eu coração já queria quando a conheci. Ao conhece-la mais, ama-la mais e saber de cor todos os seus defeitos e qualidades pude me certificar que a queria ao meu lado até o final. Queria seus dias bons e os ruins, suas fases enjoadas e as mais felizes. Suas comidas boas e as que ela queimava podíamos jogar fora sem problema, assim como os copos. Percebi que mesmo em nossos dias turbulentos com brigas e portas batendo, ainda a queria comigo. Era engraçado pois mesmo bravo recordava seu olhar doce e sua risada estranha, então me dei conta que tinha entendido tudo, o sentido de tudo.
Faz um ano que a pedi em casamento, no meio da neve de Aspen, um lugar onde só temos lindas memórias. Meses antes, pedi para conversar com seus pais. Eu sabia que era assim que as coisas precisavam ser feitas, e fiz, mesmo com medo de um "não" deles. Antes de tudo, conversei com meu pai. Ele abriu seu coração e me deu conselhos sobre como ter um casamento duradouro e feliz, mesmo com os momentos ruins que eventualmente viriam.
Conversei com Katy e Albert, abri meu coração e expus todos os meus sentimentos por sua filha. Ouvi seus conselhos e medos, e para mim, eram todos compreensíveis. Consegui a benção dos meus sogros e recebi o seu segundo "sim".
Após nossas despedidas de solteiro, que, vale dizer, não envolveu ninguém nu ou clube de strippers, chegou o grande dia. O sábado amanheceu ensolarado, sem nuvens no céu, e meu coração a mil.
A casa acomodou nossos amigos de fora, e o jardim estava repleto de flores e pessoas que trabalhavam para deixar tudo perfeito. O fotógrafo trabalhava a todo vapor, registrando cada momento, e, de vez em quando, ouvia a voz alta de Alice no corredor. Dormimos juntos, mas, assim que acordamos, nos separamos para nos encontrar apenas no altar. Com meu terno preto, em frente ao espelho, arrumava a gravata que havia sido usada por meu pai em seu casamento.
Encarei a foto da minha mãe, que estava colocada no quarto, ao lado de um terço. Acariciei o seu rosto fino, com as covinhas nas bochechas. Ela era doce e simpática, adorava fazer amizades, e sempre me ensinou que um homem de verdade tem coragem de assumir seus sentimentos.
– Senhora Madeline, está feliz? – Beijei o porta-retrato e sorri. – Prometo ser um bom marido... Prometo salvar muitas pessoas daquele tal câncer, e prometo sempre orgulhar você.
Sua foto estava exatamente como ela sempre amava estar: na estufa, vestindo um macacão bege cheio de bolsos.
– Sinto sua falta, mãe. Hoje me casarei e prometo ser um marido tão bom quanto meu pai foi. – Coloquei o porta-retrato na mesinha e respirei fundo.
Terminei de arrumar o cabelo, que alguém sempre tocava e bagunçava, e pedi mentalmente a Deus para que tudo desse certo hoje.
Recebi muitas pessoas em poucas horas: amigos animados, colegas da escola, familiares e até meu treinador de basquete. Mas, quando bateram à porta, soube que era a hora do meu pai, e ele estava tão nervoso quanto eu.
– Meu único filho vai se casar – a voz dele me fez sorrir. – Por que já chorei tanto?
Todos passavam por ali para me dar os parabéns, todos estavam prontos, e tirávamos muitas fotos juntos. Alex entrou com meu pai, sorrindo por entre os cotovelos.
– Estou tão nervoso, pai, como estão as coisas...? – Falei, sendo abraçado por ele. – Te amo, queria a mamãe aqui. – Sorri, entre as lágrimas.
Senti seus braços me apertando com força e seu nariz fungando discretamente. Alex nos observava de longe, e o fotógrafo capturava os momentos mais emocionantes, antes de se retirar, nos deixando a sós.
– Eu te amo, Gustavo. Você foi a melhor coisa que me aconteceu, e sempre senti orgulho de você. – Meu pai derramou uma lágrima, e eu também me vi chorando. – Sinto orgulho de você sempre gritar seus sonhos e bater portas por eles, por ser honesto e um bom homem. Sua mãe está em festa, está olhando você e sorrindo.
Com sua mão gelada o senhor grisalho enxugou minhas lagrimas e bateu em meu ombro.
– Darei sempre o meu melhor, pai. – Sorri e, antes que ele respondesse, a porta se abriu com duas batidas suaves. – Pode entrar, Amy.
Amy entrou, vestindo um simples vestido azul claro e com os cabelos presos, o que a fazia parecer ainda mais jovem. A relação deles sempre foi tranquila e gradual, visto que ambos haviam compartilhado a mesma dor. Nos últimos anos, trocaram alianças de compromisso, mas ainda se consideravam namorados, moravam juntos nessa casa agora mais colorida e assim eram felizes. O quarto que era da minha mãe foi sendo transformado aos poucos e as coisas guardadas, embora Amy sempre deixasse claro que não tinha problemas em ser um local da minha mãe.
Com o tempo, o coração de meu pai foi se abrindo para novos sentimentos graças a Amy. Ele percebeu que, embora tivesse amado profundamente minha mãe, poderia se permitir amar novamente. Foi então que, durante umas férias de verão, com a ajuda de Alice, meu pai pediu que transformassem o quarto de minha mãe em um espaço para quadros, e muitas fotos da nossa família. Tudo o que era dela foi cuidadosamente guardado e empacotado, e assim nasceu o que hoje é conhecido como a sala das fotos.
– Desejo o melhor dessa vida para vocês. Ambos ganharam as melhores pessoas, e sempre estarei aqui. – Amy me abraçou, me chacoalhando de leve.
– Obrigada por tudo Amy. E me diz que ela não desistiu.... – Juntei as mãos em uma prece, e todos riram.
Amy se aproximou com graça, fingindo cochichar.
– Ela está ainda mais bonita... e chorona. Fique tranquilo!– Sorri, e meu coração acelerou. – Meu bem, vamos deixar os amigos a sós, te esperamos no altar.
Amy saiu, segurando o braço de meu pai, e a porta se fechou atrás deles. Alex sorriu em minha direção e o abracei sem cerimonia e me senti grato por tudo que ele sempre foi para mim.
– Eu também estou nervoso, não somos mais bobões sem barba. – Ainda abraçados, Alex estapeou minhas costas e soltou uma risada. – Não vou te fazer pedidos, pois já tenho certeza de que é a melhor pessoa para minha irmã. Só sejam felizes, e estarei sempre aqui.
Eu não conseguia parar de sorrir, todos estavam dizendo coisas lindas, felicitações tocantes, e a emoção no ar era palpável.
– Irmão, farei isso. – Ele arrumou minha gravata com um sorriso e, no momento seguinte, batidas na porta interromperam a conversa, sem esperar uma resposta para entrar.
Alice e Emma entraram, ambas vestindo a mesma cor de vestido por serem madrinhas. Mary, embora já fosse de casa, também apareceu de novo.
– DEUS GREGO, ESTÁ LINDO HOJE! – Alice gritou, fazendo Alex tapar os ouvidos, enquanto sorriu ao vê-la. – Vocês são incríveis e eu desejo o mundo inteiro para vocês. Sejam felizes, não esqueçam de mim, e fiquem mais ricos! – Alice me abraçou apertado.
Ela estava deslumbrante, com um vestido rosa claro, com as costas nuas, e seus cabelos presos em um coque frouxo, que deixava à mostra seus enormes brincos.
– Farei o possível para ficar mais rico e bonito, querida. – Alice revirou os olhos e me deu um beijo na bochecha.
– Hoje deixarei seu ego nas nuvens. Esteja no altar, preciso ir agora para retocar a maquiagem da noiva. – Alice apontou para mim com um sorriso e saiu caminhando devagar, com seus saltos altos batendo no chão.
Emma, a loira com o vestido rosa claro brilhante, respirou fundo, segurando as lágrimas. Me abraçou apertado, e pude perceber o quanto ela estava empolgada.
– Baker, só continue sendo essa pessoa incrível e seja ainda mais feliz. Vocês são lindos, e ótimos padrinhos para a daminha. – Ela sorriu, e eu beijei sua testa.
– Obrigada por todo o apoio e pelas roupas lindas, minha amiga. Você é uma artista. – Segurando a mão de Emma, sorri em sua direção.
Todos os outros haviam feito o mesmo com Joanne e me deixaram por último, afinal, o momento estava se aproximando. Mary se aproximou, vestindo um deslumbrante vestido vermelho desenhado por Emma, e me abraçou.
– Já falei tantas coisas hoje, mas nunca se esqueça de sua mãe adotiva e de quanto te amo. Sei que era para entrar com a Madeline hoje, e sei que ela estará pulando de alegria, mas eu te amo. – Ela tocou meu rosto e me deu um beijo na bochecha, fazendo outra lágrima cair dos meus olhos. – Meu menininho levado vai se casar, não aguento... – Ela soluçou, e eu a abracei, sentindo a emoção tomar conta de mim.
De fininho, Alex e Emma deram tchau, vendo-nos assim no altar, e eu fiquei a sós com Mary. Ainda abraçado com a senhora quase grisalha, eu a acalentava.
– A maquiagem vai sair, não chore... Quero entrar com você. Entraria com as duas. – Fiz Mary sorrir, e ela enxugou suas lágrimas com um paninho. – Você sempre será minha mãe, minha senhora, a pessoa que cuidou de mim, me colocou para dormir, me buscou na escola, assistiu aos meus jogos, a pessoa que apresentei à minha namorada e a pessoa que mais amo. – Beijei sua testa, e ela limpou a marca de batom da minha bochecha.
Mary arrumou meu terno e colocou uma pequena rosa no bolso do meu paletó. Nosso casamento estava todo decorado com rosas vermelhas, as flores que ambos amávamos.
– Sempre estarei aqui por você, mesmo que não tenha saído do meu útero. – Ela enxugou meu rosto e sorriu. – Olha a hora! Vamos parar de chorar, tem alguém que quer falar com você. Te espero na porta, precisamos ir. – Ela saiu, fazendo vento com as mãos.
Após alguns minutos, meu sogro, igualmente engravatado e com o rosto inchado de emoção, entrou pela porta, fechando-a devagar. Ele parecia mais magro, afirmou ter perdido peso para o casamento. Albert, o pai da Joanne, sempre foi um homem bom, justo e sincero. Ele me acolheu e me aconselhou tantas vezes.
– Senhor Baker, percebe a minha cara de choro? Espere até casar sua filha... – Ele se aproximou e me deu um abraço apertado. – Ela está linda, e você também.
Abracei Albert com força, e após nos soltarmos, ele arrumou minha gravata – todos sempre faziam isso, provavelmente porque eu não soube colocá-la direito.
– Senhor Clark, não se preocupe, darei o meu melhor, assim como fiz até hoje. – Respirei fundo, e ele sorriu, revirando os olhos. – Obrigado pela sua bênção. Vou seguir seus conselhos sábios, mas não quero nem imaginar casando minha filha agora, senão morro de ciúmes. – Neguei com a cabeça e sorri.
Meu sogro me chamou até a grande janela. Lá fora, o dia já se despedia, e o pôr do sol coloria o céu. O local estava cheio de flores, com muitas cadeiras organizadas em fileiras. Lá embaixo, o altar estava pronto, à nossa espera e Emma arrumava Hannah com paciência ao lado de Mary.
– Confio em você desde sempre, o que é estranho para um pai como eu. Não restam dúvidas de que serão felizes, e agradeço por ter esperado o tempo que pedi e por ter cuidado dela por tantos anos. – Ele ainda olhava para baixo, respirando fundo. – Meu medo sempre foi não ter alguém que aguentasse o gênio forte e a chatice da minha filha. – Sorri, e ele gargalhou, fungando ao final.
O senhor sempre falou a mesma coisa, que eu era a pessoa certa para aguentar a cabeça dura da sua filha.
– Sou paciente e a amo. – Falei com calma. – Acredite, nós nos damos muito bem.
– Farei meu último pedido e, daqui por diante, vocês escolherão o tempo para tudo e construirão suas vidas. Ficarei feliz com tudo o que construiremos, e os quero sempre perto de mim. – Ele me olhou nos olhos, e eu o encarei. – Meu pedido é que lutem sempre pelo amor que sentem. Casamento não é um mar de rosas, como nos filmes. Estou feliz por tudo, e você é como um filho para mim. – Albert me abraçou novamente, apertando-me com força, e depois me soltou.
Suas palavras foram ditas com tanta sinceridade, e os olhos dele se encheram de lágrimas.
– Farei isso, não desistirei de nós nunca. – Ajustei o terno dele, e ele sorriu. – Vamos sorrir agora, a festa vai começar. – Ele concordou e ajeitou os próprios cabelos.
Batidas na porta interromperam o momento, e Mary abriu com destreza.
– Vamos, está na hora. A noiva sempre atrasa, Albert, sua missão é levá-la. – Mary sorriu, e eu respirei fundo ao sair do quarto.
Chegou a hora. Eu vou casar com a menina do vestido enfeitado e dos olhos de sereia. Eu vou casar com a Joanne Clark.
S2
Na voz de Joanne:
Em frente ao longo e largo espelho, me encarava em um lindo e longo vestido branco. O grande dia havia chegado e precisei de mais maquiagem para esconder a noite em claro olhando o jardim. Estava tentando não chorar mas as pessoas com suas palavras lindas sempre me deixavam emocionadas, logo eu que nunca precisei que muito para chorar. Estava preparando meu coração para isso a um ano e não foi o suficiente, recebi tantas palavras lindas e boas vibrações que pareço nunca ter sido triste. Hoje é meu casamento com a pessoa que amo, meu primeiro amor mas não o único, agora.
Meu dia começou com o famoso dia da noiva com direito a massagens, fazer pé e mão, cabelo, receber muitas flores coloridas com bilhetes fofos e muitas fotos, afinal precisávamos registrar tudo. Tudo isso foi feito ao lado de algumas das mulheres que me ajudaram em tudo, todas de arrumaram aqui comigo. Minha mãe, Lizzie, Alice, Emma e Hannah estavam lindas e exalando felicidade por mim, elas recebiam os presentes e liam as cartinhas de parentes que não puderam vir.
Emma chegou cedo para fazer os ajustes em nossos vestidos caso precisasse e perguntou quanto eu tinha comido em dias, meu vestido era simples. Seu formato era calda de sereia, liso com mangas compridas transparentes bordadas a mão por Emma, o tecido era fino e bem justo, as costas era nua em um corte v, com botões em perolas percorrendo o caminho da minha coluna. Era um vestido leve, delicado e não muito apertado. Meu cabelo comprido estava em um coque com alguns fios soltos na parte da frente, minha mãe me deu uma presilha de brilhantes que usou em seu casamento e meu véu era enorme, e cobria meu rosto.
Meu avô me presenteou com um colar e um par de brincos que eram da minha vó Diana, parte do meu coração dói por não tê-la nesse momento, ela e o Andrew. –Respirei fundo contendo as lagrimas prestes a sair e abri meu sorriso para o espelho.
Tudo em mim estava florido como o jardim, muitas emoções estavam por vir e não sabia como iria segurar tantas emoções. Encarei uma caixinha marrom em cima da mesinha, Mary arrumou o quarto com muito carinho, colocou muitas fotos nossas em uma mesinha com um terço, e ali estava todo meu amor.
No fim do dia tudo estava pronto, o jardim dos Baker seria o local do nosso casamento e a decoração estava simples e grandiosa, se isso é possível? Sim, é. Com um jardim amplo, o altar foi exatamente como queríamos, cadeiras de madeira dos dois lados e em cada uma um saquinho com pétalas de rosas vermelhas para o convidados, na frente sentariam nossos padrinhos e nas outras cadeiras as famílias se misturariam, diferentemente do comum. Na frente estaria três cadeiras vazias, três lugares que seriam ocupados por pessoas que Deus levou, Madeline, Andrew e vovó Diana.
O caminho até o altar foi feito com arbustos de rosas brancas e luzes ao chão que iluminariam nossos caminhos. No altar onde ficaria o padre, foi todo montado em uma estrutura de madeira com um arco também de rosas brancas e pequenas luzes ao redor, e um lindo lustre que nos iluminaria na hora do sim.
Pedimos por simplicidade, tanto eu quanto Gustavo queríamos algo que demostrasse pureza, equilíbrio e paz, por isso escolhemos as rosas brancas. No altar amplo havia lugares para nossos pais, e ali seria onde nos encontraríamos. –Respirei fundo, erguendo os ombros.
O jardim como um todo tinha pontos legais que tornaria o ambiente divertido, balanço de madeira enfeitado com flores e luzes para tirarmos fotos, um local para todos nos deixarem mensagens e boas energias, uma estrutura com fitas para tirarmos fotos na polaroid e pendurar na hora. Um pouco distante do altar iria ser nossa recepção, ou seja a festa. Uma estrutura espelhada ao chão era nossa pista de dança e ao lado dela um DJ, ao redor da nossa pista de dança haviam muitas mesas arrumadas por minha mãe e Mary.
Era um casamento como qualquer outro, havia mesas com doces finos e um bolo de seis andares feito pelo meu pai. Uma mesa com bebidas e sucos, outra mesa com muitos tipos de lembrancinhas e tudo de praxe que pode existir para um casamento.
Recebi muitas pessoas depois de pronta, entre elas meu sogro, Amy, Mary, os avós do Alex, a mãe da Emma e colegas da escola. Tirei milhões de fotos e ouvi coisas lindas de pessoas especiais, um dos dias mais felizes da minha vida toda, só perde para um dia de meses atrás. –Sorri, alisando meu vestido.
Minha mãe entrou no quarto após bater ao lado de Blake e Lizzie, que já não eram os bebês de antes. Ambos já com cinco anos são o extrato da fofura e da inteligência, como minha mãe prometeu eles cresceram o mais perto de mim que conseguiam. Lizzie é uma criança doce e carinhosa, ela tem cabelos lisos castanho claro e os olhos escuros da minha mãe, me apelidou de nane e entrará jogando pétalas de rosa no chão com um lindo vestidinho branco rodado. Blake é o nossos pequeno raio, o oposto de Lizzie, com seus olhos azuis e seus cabelos ondulados sempre sem perguntas e ama desmontar brinquedos, incluindo as bonecas da irmã gêmea.
– Minha filha, você está tão linda. – Minha mãe, em seu vestido amarelo, sorriu ao me encarar. – Não sei o que estou sentindo, estou tão orgulhosa, pequena Anne. – Ela tocou meu rosto, e eu segurei sua mão.
A abracei novamente, como fiz o dia todo sempre que pude. Deixar o ninho foi difícil, mas ela, com seu cupido interior, sempre me deu tanta força. Ela é uma das pessoas mais felizes neste dia.
– Obrigada por ser uma mãe tão gentil, amorosa, e por sempre estar ao meu lado. – Senti uma lágrima cair sobre mim, e ela sorriu. – Não chore, se Alice ver minha maquiagem borrada, vai gritar. – A encarei e fui abraçada por Lizzie.
Com a ajuda de minha mãe, peguei minha irmã no colo, e seu sorriso, com suas covinhas nas bochechas, aqueceu meu coração.
– Nane, que linda. – Sorri ao senti-la tocar meu véu. – Igual à princesa, não é mamãe? – Minha mãe sorriu, abanando o rosto, tentando conter as lágrimas.
Beijei Lizzie, e minha mãe pegou Blake, que já estava mexendo em algo que não podia. Meu pai entrou no quarto, depois de bater na porta. Seu rosto estava inchado e vermelho, e ele parecia procurar por ar.
– Ainda bem que chegou, pai. Preciso de vocês aqui... – Meu pai se aproximou, e ficamos juntos.
Estava buscando palavras para expressar o quanto os amava, mas as lágrimas escaparam.
– Respire, hoje é um lindo dia, muito especial. É o seu dia, e vamos no seu tempo. – Meu pai falou, me tranquilizando.
– Sempre serão minha família, não importa onde eu esteja ou mesmo casada. Sei que não fui a filha perfeita ou a irmã presente que gostaria, mas hoje me sinto feliz por tudo isso. – Falei, com a voz embargada. – Blake e Lili, fiquem sempre ao lado deles. Evitem as estradas à noite, sejam sempre gratos, e sempre que precisar, estarei de volta em nossa casa. – Meu queixo tremeu e, com os bebês nos braços, abracei meus pais.
Meu pai beijou minha cabeça com carinho, e minha mãe ensinou meus irmãos a prometerem o que eu havia pedido. Ela limpou meu rosto com cuidado, enquanto meu pai fez vento com as mãos, rindo da nossa situação de choro. Em pouco tempo, as lágrimas foram embora.
– Nós amamos você, e estaremos esperando você lá embaixo. Seu pai estará na porta, tudo bem? – Disse minha mãe, e eu consenti com a cabeça. – Seus amigos vão entrar de novo.
Minha mãe e meu pai saíram, e eu caminhei com meus saltos brancos até a mesinha onde estava meu buquê de rosas vermelhas. As cortinas fechadas não me deixavam ver o altar, mas eu sabia que ele estava lá, esperando por mim.
– Minha princesa vai casar, não acredito. – Alice entrou com passos largos, seguida por Emma, Alex e Hannah. – Amiga, você está linda demais, não aguento mais segurar as lágrimas.
– Moore, obrigada por tudo. – Beijei seu rosto mais uma vez, e ela sorriu ao meu lado, posando para o fotógrafo.
Alice me abraçou, apertando minhas costas com carinho. Ela, assim como Emma, estava linda em um vestido da mesma cor. Alex se aproximou, e abriu um sorriso largo ao me ver.
– Sempre será minha melhor parte, minha dupla. Se você estiver feliz, eu vou ser a pessoa mais feliz do mundo. – Ele sussurrou em meu ouvido, e eu sorri. – Não esqueça nosso combinado. – Ele piscou, fazendo-me sorrir ainda mais.
– Você é minha pessoa, Ross, cabeção. – Enxuguei seu rosto com carinho, e Emma se aproximou, analisando meu vestido com olhar atento. – Vai cantar para eu entrar? – Perguntei, curiosa.
– Cantarei, com certeza. Uma música que você ama... – Ele sorriu, e a curiosidade apertou no meu peito.
Alex ficaria ao lado da banda clássica, junto ao altar, e cantaria para mim, assim como fizemos quando éramos crianças e eu tinha um noivo imaginário. Emma estava orgulhosa do trabalho e, como sempre, era perfeccionista.
Ela estava com um pouco de receio de o vestido estar muito apertado.
– Está perfeita... Não está muito apertado? Seu quadril ficou no limite do tecido, mas, de qualquer forma, você está linda e ainda mais radiante! Vou colocar suas fotos no meu catálogo, a noiva mais bonita que já vesti! – Emma me abraçou já sabendo que coisas que eu não precisei contar e ajeitou meu véu com delicadeza. – Está pronta para ir até seu noivo? Ele está lá embaixo, esperando ansioso.
Sorri e ela sorriu de volta, meu coração batendo mais rápido. A hora tinha chegado.
Emma se tornou uma amiga querida ao longo dos anos. À medida que nos aproximamos mais, ela se dedicou de coração para o meu casamento. Sempre atenta aos detalhes, não deixava passar nada.
– Tia Anne, tia, tia, tia! Olha isso, tia! – Hannah puxou meu vestido, mostrando uma cestinha com uma almofada dentro.
Alex a colocou em seu braço, e eu a beijei com carinho.
– Ela vai levar nossas alianças com Lizzie e Blake. Está uma daminha linda. – Eu a observei com admiração. Seus cachos loiros brilhavam, destacando ainda mais sua beleza. – Está mais bonita que eu? Sério isso?
– Sim! – Ela confirmou, sorrindo com a certeza das crianças.
Depois de mais felicitações, buquês chegando, e cartões de pessoas queridas que não puderam comparecer, abri um dourado e mostrei a Alice.
"Querida Anne, gratidão por seu convite e por sua amizade. Se a Ásia fosse mais perto iria, você merece o mundo de coisas boas e deve está ainda mais linda. Parabéns aos noivos, com carinho. Peat"
"Joanne e Gustavo, vocês são lindos e desculpa não poder ir. Desejo tudo de mais lindo e fino para o casamento de vocês. Com amor Maryn Condor"
"Jô, obrigada por seu convite e muito obrigado por mesmo sem vir ao meu, ter mandado um presente, a Suzy amou e pediu desculpas por não podermos ir. Parabéns pelo casamento, espero que goste do presente! Felicidades aos noivos! Michael Moore"
"Meu amigo Baker e sua noiva Anne, sejam imensamente felizes. Todos sabíamos que você não ia na biblioteca á toa Gustavo. Abraços Jimmy Tristan"
Sorrindo à toa, rodeada por cartões de felicitações, fui suavemente cutucada por minha mãe. Ela me avisou que estava na hora, e meu coração acelerou. Todos se levantaram, e Alice entregou meu buquê, entrelaçando um terço delicadamente entre as flores e minha mão.
– Está na hora, já atrasou vinte minutos. – Meu pai me deu a mão e sorriu, esticando o braço em minha direção.
Entrelacei meu braço no dele e respirei fundo, aguardando a ordem para descer. A ansiedade era crescente.
– Pai, pega essa caixinha. Vamos levá-la. – Pedi, nervosa, sentindo a tensão aumentar.
A melodia suave dos instrumentos clássicos iniciaria em poucos minutos, e percebi que meu batom vermelho começava a secar, o que só aumentava meu nervosíssimo. Ao começar a descer as escadas com meu pai, meus passos cuidadosos, orava silenciosamente para não escorregar. Eu vou casar com Gustavo Baker, o idiota do basquete, o homem que amo profundamente.
S2
Chegamos à contagem regressiva para o final, e minha missão foi garantir que todos tenham uma vida cheia de felicidade.
Este casal definitivamente merece tudo de bom e o final feliz que sonharam!
♡
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top