Um pequeno acaso ♡ Capítulo 61
Sobre partidas, eu entendia. Talvez fosse o único assunto sobre o qual eu poderia falar sem pensar muito nas palavras certas, porque não existiam palavras corretas para expressar o vazio que elas deixavam em mim, e quem me dera não saber nada sobre isso. Em uma tarde, ao visitar minha amiga no hospital, senti o maior baque dos últimos tempos — metaforicamente falando.
Nos últimos dias, Emma buscou distância de mim, respondendo minhas mensagens só depois que eu insistia. Eu tentava entender... afinal, tudo entre nós aconteceu sem pretensão alguma. Eu não tinha o direito de cobrá-la, de sufocá-la, de exigir sua presença, mesmo adorando tê-la por perto. Jamais poderia culpá-la por não me deixar entrar mais profundamente em sua vida, pois tudo era complicado, ainda assim, eu fazia o que podia para mantê-la próxima da minha família, pois sabia que ela se sentia bem — mesmo que isso significasse ouvir minha avó contar pela enésima vez a história do crochê.
Quando Joanne me contou que Emma se despediu em segredo e me transmitiu suas palavras, uma parte de mim começou a derreter como gelo ao sol. Foi aí que percebi... ela, com seus cabelos loiros, também era um sol na minha vida. Eu precisava correr, fazer o impossível para não deixá-la ir, logo tudo dentro de mim virou uma bagunça e, ao mesmo tempo, parecia fazer sentido. O carro do meu avô, coitado, nunca tinha passado dos cinquenta quilômetros por hora — e consegui dobrar isso para chegar ao nosso único e pequeno aeroporto. Era como encontrar uma agulha no palheiro, eu estava desesperado para encontrá-la.
Meus pais se foram sem permissão, o Andrew foi sem permissão e não a deixaria ir se eu pudesse fazer algo para impedir. As palavras ditas por ela a Joanne fizeram-me entrar em um misto de felicidade e medo, não queria ficar longe dela e agora mas do que nunca, não poderia.
Entrei no aeroporto e, para minha surpresa, o pequeno espaço estava lotado.
— Tá de sacanagem? — murmurei, irritado. — Nunca tem ninguém nessa cidade, e hoje está cheio?
Olhei de um lado para o outro, completamente perdido, sem saber como encontrá-la — ou se conseguiria. . Passava das seis, e os telões indicavam que muitos voos partiriam em vinte minutos, era tudo o tempo que eu tinha.
Fiz a única coisa que me restou, andar. Andei por os quatro cantos do aeroporto buscando pessoas loiras e me aproximei de varias parecendo um louco de pedra, como de fato estava. Com meu celular enchendo sua caixa postal e meus olhos analisando o ambiente, seguia rumo aos portões de embarque. A procurei nas filas e em nenhum lugar ela estava, as filas de embarque estavam enormes e cheias, estava ficando maluco. -Cocei a cabeça e tentei olhar por cima das filas.
Estava sendo ambicioso demais ao querer isso mais que qualquer coisa? Estava sendo egoísta ao está feliz? Estava enlouquecendo quando a quero dessa forma tão repentinamente? Estaria forçando-a ao tentar impedir sua ida?
Subi a escada rolante sem esperar ela rolar como era para ser, subi três degraus de uma vez, chegando ao topo rápido dei de cara com a área de alimentação não tão cheia e comecei a andar por ela. Casais juntos, abraços apertado, lagrimas de despedidas e pessoas com cartazes... Poderia sentir um pouco do que cada uma daquelas pessoas estava sentindo, lembro-me que quando conheci Alice quis mais que tudo senti amor, queria mais que tudo encontrar alguém para amar e ser amado como se isso fosse uma necessidade, mas hoje pude concordar com a pessoa que disse em algum livro: O amor não se procura, ele se encarrega de te achar.
Depois de muitas pessoas que achei ser a certa para mim, amor se deu origem de onde pensei ter sido um erro. E foi aquele exato momento que percebi que o amor me achou e não poderia deixa-lo escapar. -Encarei Emma em pé em frente a uma enorme parede de vidro onde víamos todos os aviões estacionados.
Depois de correr tanto que senti meu coração prestes a explodir, parei por um instante, buscando fôlego.
Peguei o celular e disquei para Joanne, que atendeu de imediato.
— Alex, que demora! Está tudo bem? Onde você está?
Ela falava antes mesmo de eu conseguir responder, e, por alguma razão, comecei a rir descontroladamente, enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto. A sensação de estar perdendo a sanidade me fez rir ainda mais.
— Por que você está rindo, seu maluco?
Joanne parecia impaciente e séria.
— Anne, está tudo bem. A Alice já chegou aí? Pedi para ela ficar com você.
Assim que saí do hospital, liguei para Alice e contei parte do que estava acontecendo. Pedi para ela não deixar Joanne sozinha, e, como eu previa, ela foi imediatamente.
— Cala a boca, Alex! Onde você está? Encontrou ela? Fala, encontrou a Emma ou não?
Joanne e Alice gritavam do outro lado, ansiosas por uma resposta. Levantei o olhar e lá estava Emma, de costas para mim, com a mala ao lado. Reconheci seu cachecol — um presente da minha avó.
—Estou encarando as costas dela e não sei o que fazer ou o que falar.
Sussurrei, buscando não ser visto.
— Abra seu coração, Alex. Reprimir sentimentos nos corta como uma navalha. Se não souber o que falar... cante.
A voz de Joanne ecoava na minha mente. Abrir meu coração? Mas como? Que música eu cantaria para expressar tudo o que estava sentindo?
— Farei o que for preciso... Se cuide, vou agora antes que desista.
Desliguei a chamada e respirei fundo, caminhando em direção a Emma com o coração disparado, cada passo parecia uma eternidade. Cantar parecia a única coisa que eu poderia fazer sem gaguejar como um idiota, então deixei a melodia me guiar.
Conforme me aproximava, sentia o perfume dela, algo tão familiar que me dava coragem. Ela estava impecável, como sempre, de salto e com o cachecol feito pela minha avó — o presente que ela parecia ter gostado tanto. Lembrei-me das risadas que compartilhamos quando a levei para minha casa; minha avó tentou ensinar Emma a fazer crochê, e, mesmo depois de horas, ela ainda mal sabia fazer um ponto direito.
Tomei fôlego, e minha voz começou a preencher o ambiente.
— Você, com esses olhos tristes, não desanime... —Cantei, baixinho.
Era uma música que ela amava, chamada True Colors, da Cyndi Lauper. Comecei a escutá-la depois que Emma comentou, em uma brincadeira, que só Justin Timberlake conseguia cantá-la melhor do que eu. Ao vê-la suspirar, continuei cantando, minha voz carregando tudo aquilo que eu jamais conseguiria expressar em palavras.
— Mostre-me um sorriso então, não fique tão triste... — Minha voz tremia com as lágrimas que tentava conter.
Vi Emma limpar os olhos, e isso só me deu mais coragem para continuar, mesmo sentindo o peso de cada palavra. As pessoas ao nosso redor estavam curiosa e nos encarando.
— Eu sei que é difícil ter coragem... Em um mundo cheio de pessoas, você pode perder de vista quem é... Mas eu vejo suas verdadeiras cores brilhando... — A melodia preenchia o espaço, e mesmo que ela ainda não tivesse se virado, era como se estivéssemos só nós dois ali.
Todos ao redor deviam perceber que essa música era só para ela, uma despedida e, ao mesmo tempo, um pedido para que ficasse.
-Este mundo te deixa louca, e você guardou tudo o que pode suportar... -Cantei e Emma virou em minha direção.
Seus olhos estavam inchados e seus cabelos presos com alguns fios soltos, suas lagrimas caiam em descompasso e as minhas também. Me aproximei um pouco mais do seu corpo e continuei a cantar o refrão mais bonito, um pouco mais baixo.
-Apenas me ligue, por que eu sempre estarei lá Raybell... -Sorri, ao incluir seu nome da musica e a mesma revirou os olhos, tentando evitar as lagrimas. -Eu vejo suas verdadeiras cores brilhando... Eu vejo suas verdadeiras cores e é por isso que eu te amo... -Conclui e me aproximei um pouco mais da sua face.
Aproximei-me ainda mais, ignorando completamente o pedido dela. Toquei seu rosto com cuidado, enxugando as lágrimas que deslizavam com intensidade, como se quisessem contar tudo o que ela mesma não conseguia dizer. Ficávamos quase da mesma altura, graças ao salto que usava, e nossos olhares se encontravam, cheios de emoção e incertezas. Senti que o fardo dela era imenso, mas a ideia de deixá-la carregar tudo sozinha era impensável.
— Sua amiga não sabe guardar segredo? — ela sussurrou, tentando manter a voz firme, mas logo depois uma nova onda de lágrimas começou a escorrer. — Não quero que me veja indo embora, por favor... vai...
Essas palavras, entrecortadas pelo choro, me atingiram como uma flecha. Vi quando ela soltou a mala e passou a mão no rosto, como se quisesse afastar as emoções que transbordavam, mas tudo o que consegui enxergar foi o desespero em seus olhos. Ela parecia impaciente, como se quisesse se despedir rápido, evitar prolongar a dor — mas eu não podia, não conseguia deixá-la partir assim.
— Não vá embora, Emma — sussurrei, sem soltar seu rosto. — Não me deixe....
Minhas lágrimas caíram mais uma vez enquanto ouvia suas palavras. Sentia um vazio, uma necessidade imensa de ter minha família — a família que a vida me presenteou, e eu estava decidido a lutar por isso, custasse o que custasse. Não importavam os julgamentos, os olhares, as fofocas ou quem estivesse contra nós. Iria até o fim por aquilo que a vida me deu.
Emma suspirou fundo, e a dor em seus olhos era quase palpável.
— Alexander, minha vida não é fácil. — ela disse, a voz carregada de emoção. — Não posso prender você, tem seus sonhos, tem suas metas, uma família que te ama... e você foi a melhor pessoa que já conheci, mesmo eu não merecendo. — Ela prendeu o rabo de cavalo com força, talvez para conter a angústia. — Ir embora foi a primeira coisa que fiz pensando em algo além de mim mesma. Pela primeira vez, meu coração pediu pra eu fazer isso.
Houve um momento de silêncio, em que só se ouvia as nossas respirações e as lágrimas que ela tentava conter. Era como se o peso de tudo caísse sobre nós naquele instante, e eu sentia a mesma aflição — será que ela não percebia isso?
-Emma, eu quero você e meu filho. Por mais cedo que as coisas possam ter acontecido, por mais louca que tenha sido aquela noite e por mais que metade do mundo nos julgue e nos chamem de loucos. Isso foi o acaso mais surreal que já me aconteceu. -Suspirei e ela me olhava com os olhos arregalados. -Por mais que não tenhamos planejado isso, nós, eu quero você. Quero ter a chance de fazer você feliz, quero ter a chance de não me senti sozinho nunca mais. -Segurei seus ombros e acaricie seu rosto.
Foi como um choque de realidade que explodiu na minha mente. As palavras de Joanne ainda ecoavam: Ela não pode doar sangue porque está grávida. E então tudo começou a fazer sentido. A primeira vez que ficamos juntos, sem proteção. Os sinais estavam ali — a fome em excesso, o cansaço, o sono, os enjoos. Estava tudo ali, bem debaixo do meu nariz, mas eu não tinha percebido.
Emma estava completamente nervosa. O rosto dela ficou mais pálido, e a respiração acelerou. Seus olhos fugiram dos meus, como se tentassem encontrar alguma saída.
— Alex, como você... — Ela gaguejou, quase desesperada. — Não... você está... pirando...
Ela estava nervosa, estava buscando ar e não me encarava.
-Para, olha para mim... -Sussurrei. -Está assustada? Eu também estou. Está com medo? Eu também. Planejamos? Não. Somos novos? Sim. -Toquei sua barriga. -Eu respeitarei qualquer que seja sua vontade, o corpo é seu. Não forçaria você a nada, só quero dizer que sou responsável, estou aqui com você e passarei por tudo. Se você quiser, eu quero. Nunca deixaria você sozinha, acredite em mim. -Minha mão estava tremula e a sentia suando.
Eu passei a mão suavemente sobre sua barriga, sentindo o peso das palavras que acabara de dizer, como se meu corpo estivesse tentando absorver a realidade de que um filho estava crescendo ali, embaixo de minhas mãos, no ventre de Emma. Eu não podia negar o turbilhão que tomava conta de mim, estava aterrorizado, mas também profundamente grato. Eu queria dar a esse bebê tudo o que me foi tirado tão cedo — a chance de ser amado por mais vivos e presentes, de crescer cercado por uma família grande.
— Acha que estou fugindo porque não quero o bebê? Acha que não quero tê-lo? — Emma me encarou, mas seus olhos estavam dilacerados. Ela parecia distante, perdida.
Eu dei de ombros, incapaz de lidar com o nó que se formava na minha garganta. Ela estava indo embora, e eu sentia como se ela estivesse me arrancando um pedaço de mim. Mas o que ela disse depois foi como uma flecha no meu peito.
— Estou indo embora porque não quero colocar um peso em você, porque me apaixonei, está bem? — Ela engoliu a palavra, como se fosse a coisa mais difícil do mundo dizer. — Estou assustada, com medo e me sentindo perdida. Isso não é um conto de fadas, Alex...
Emma estava tremendo, seu corpo todo se contorcia em uma tensão que eu sentia também. Ela continuava a enxugar as lágrimas, e eu peguei sua mão, que estava gelada, como se ela estivesse se afastando de mim, mesmo fisicamente próxima. Mas eu precisava que ela me ouvisse.
— Estou indo porque sei que você faria exatamente isso. Sabia que você jamais nos deixaria. Estou indo embora também para proteger essa criança. — A voz dela se elevou, ela estava alterada, mas eu sentia a dor em cada palavra.
Meu coração batia descontrolado, meu corpo quase não aguentava a pressão. Proteger? De mim?
— Proteger de mim? Eu nunca faria mal ao meu filho... — Minha voz estava falha, mas firme. — Por que ia embora? Por que ia tirar isso de mim? — Apertei a mão dela com mais força. — Estou dizendo que te apoio em qualquer que seja a decisão. Estou dizendo que faremos nosso melhor. Não faltará nada, nem amor.
Eu podia sentir a resistência dela, o medo que a consumia. Eu estava tentando dizer tudo o que estava no meu coração, tentando encontrar palavras para convencer não só a ela, mas a mim mesmo. Eu não sabia de tudo, mas sabia que não a deixaria ir sozinha.
— Não estou idealizando ou romantizando nada, Emma. Sei que não é uma brincadeira e que vai ser tudo, menos fácil. Não sou rico, trabalho desde sempre e foi assim por todo o meu ensino médio. Mantive minhas notas ótimas para conseguir uma bolsa de estudos e não tenho medo da vida. — Eu suspirei, tentando recuperar o fôlego, tentando alcançar o coração dela.
Emma começou a andar em círculos, ela estava impaciente e nervosa. Minha vó sempre me disse que a gravidez para uma mulher sempre é e será um fardo maior de responsabilidade e cuidado. Mas sinto o mesmo que ela, estou com medo e desnorteado.
— Medo do meu pai, Alexander! Acha que é só implicância? — Ela me encarou, dando de ombros. — Eu descobri que estava gravida semanas antes de tudo aquilo e escondi, mas ele descobriu por que não pude doar sangue, passei dias trancada por isso, eu sumi. Vamos colocar tudo em pratos limpos, já que não tem medo da vida: estou indo embora porque ele disse na minha cara para eu tirar esse bebê ou estava expulsa de casa e da família. Ele me disse que se eu ficasse com você faria da sua vida um inferno, até encontraria uma forma de você nunca entrar em uma faculdade, e jamais aceitaria esse bebê, assim que eu desse a luz, ele sumiria com nosso filho.
Meu corpo tremeu, e eu senti uma raiva incontrolável se formando dentro de mim a cada palavra dela, a indignação era visível em cada célula do meu corpo. Quem aquele canalha pensa que é? Como ele ousa fazer isso com a própria filha? Ele é um crápula, e eu acabaria com ele.
— Seu pai é um crápula dos maiores. Ele não vai obrigar você a nada, não se preocupe. Não está sozinha, não vá embora. — Eu a abracei, sentindo seu corpo contra o meu, enquanto minhas palavras tentavam dar algum alívio a ela. —Ele não fará nada comigo, e muito menos com nosso filho e se ele ousar a chegar perto desse bebê, acabo com ele.
Suas mãos agarravam minha cintura, e seu corpo tremia, eu podia sentir o quanto ela estava mal.
-Eu não tinha para onde ir aqui, não quis atrapalhar sua vida. Não poderia fazer você desistir dos seus sonhos e não quis perder esse bebê. -Emma sussurrou e a encarei. -Estou com medo, assustada pois não tinha planos para isso, não planejei, não sei o que fazer. Não quis ser igual a minha mãe, não quero. -Enxuguei suas lagrimas e coloquei uma mecha de seu cabelo para trás da sua orelha. -Não quero que essa criança se sinta só, não quero ir embora e deixar essa criança para trás como aconteceu comigo. Sim, eu ia embora para salva-la e para te livrar das maldades do meu pai.
— Vem comigo. — Falei, e ela consentiu.
Não sabia o que pensar ou fazer, não sabia como não perder o controle, estava fora de mim. Puxei Emma e sua mala para um lugar mais reservado, sentei em uma cadeira e comprei uma água gelada. Emma estava descompensada, tentando acalmar os nervos após cada gole. Segurando sua mão, permanecia em silêncio.
— Olha, estivemos juntos naquela noite e estamos agora. — Virei seu rosto para mim, e ela consentiu. — Eu vim atrás de você porque gosto de você, porque gosto de todos os seus jeitos e suas cores escondidas, conheço seus defeitos e te ajudarei com eles. Não te quero só porque está grávida, eu quero você e pronto. — Emma apertou minha mão. — Se quiser ir, irei com você. Se quiser ficar, iremos agora e enfrentaremos seu pai sem fugir. Ele nunca me fará mal, nunca fará nada com esse bebê. — Consenti, e senti meu coração disparado. — Seja qual for a sua decisão, eu apoiarei, está bem? — Beijei sua mão, e ela respirou fundo.
Eu estava pronto para aceitar qualquer que fosse a decisão dela, não a forçaria a nada. Não obrigaria a continuar a gravidez se ela não quisesse, não a obrigaria a ficar, caso ela não quisesse. Meu coração estava tranquilo o suficiente de que daríamos conta. Seria difícil, noites sem sono, e lutaríamos mais do que outras pessoas que apenas vão para a faculdade. Ganharíamos uma responsabilidade ainda maior e mais cedo. Permaneceríamos mais juntos para fazer isso dar certo. Deixaríamos passar algumas festas — ou quase todas. Receberíamos olhares de pena ou julgamento, iam perguntar por que não nos cuidamos e quem ajudaria a criar.
— Não quero acabar com sua vida ou que sejamos um atraso para você. Sei que quer sua faculdade e que apenas dezoito anos, por mais louco que pareça e por mais que todos achem que não sou uma pessoa boa o bastante e que ferraria tudo... Eu quero essa criança, Alex. Quero dar todo amor que nunca consegui ter, e isso foi a primeira coisa que eu quis de verdade. Eu quero ser feliz, quero ser feliz com você, porque sei que é a única pessoa que não se importa com opiniões alheias. — Emma estava encarando o chão, cabisbaixa. — Você me mostrou que existem coisas que o dinheiro não compra, como discussões engraçadas na mesa. Você me mostrou outra versão de mim...
Abracei seus ombros, e sua cabeça se apoiou em meu ombro. Ela estava gelada e trêmula.
— Se vocês pegarem esse avião, acabará comigo. Eu serei triste até o final da minha vida! — Emma arqueou as sobrancelhas. — Sei que ainda não estamos conseguindo ficar radiantes com isso, fomos pegos de surpresa. Mas meu coração está grato por ter vocês...— Ela consentiu. — Quero passar por tudo com você e quero que namore comigo, seja oficialmente minha namorada, a mais bonita de todas. — Sorri, e ela levantou a cabeça de vez, sorrindo.
—Vai me pedir em namoro assim? Sem uma declaração? ou um mega anel de diamante? —Ela brincou, soltando uma risada e voltei a apertar seus ombros.
— Está bem, Emma, sei que mudamos a ordem das coisas e que somos pessoas diferentes. Sei que não sou o mais bonito ou o mais rico da cidade, mas vou tentar dar o meu melhor em tudo. Vou fazer de tudo para te fazer feliz, e irei enfrentar o seu pai. Um filho não é um motivo de incapacidade, e creio que, se Deus mandou, ele sabe que daremos conta. — Ela sorriu. — Não sei se poderei te dar joias caras ou viagens de luxo, mas... — Senti suas mãos em meu rosto e ela me beijou de surpresa.
Nosso beijo se misturou com as lágrimas da loira, e senti seu abraço apertado.
Abri meu coração sem gaguejar, estava nervoso e fugindo do clichê. Não tinha uma joia ou rosas, até porque ela tem alergia, não tinha um presente... Sabia que nada ia ser fácil, a vida ia exigir demais de nós e do nosso bolso. Não era um conto de fadas, mas, entre os encalços da vida, encontraríamos nossa felicidade.
— Se eu estiver aprendendo o certo sobre o amor... — Emma entrelaçou nossas mãos. — Eu amo você, Ross, e quero enfrentar tudo ao seu lado, mesmo que seja difícil. Mesmo que tenhamos trocado a ordem das coisas. Tudo é muito novo, todos os sentimentos e as sensações, e posso errar muito ainda... — Emma esticou seu dedo mindinho e entrelacei o meu junto ao dela. — Mas quero sim, você acabou me dando algo que sairá mais caro que uma joia cara. — Ela riu e limpou o rosto.
Levantei, buscando coragem para entrar no furacão da mansão do médico, para contar aos meus avós e para dar o melhor de mim. Peguei sua mala com uma mão e estiquei a outra para ajudá-la a levantar.
— Sabia que não ia resistir aos meus encantos. — Sorri e segurei sua mão, sentindo-a apertar. — Não se preocupe daremos conta, muitas pessoas por aí dão conta, e por que não daríamos? — Emma sorriu, ainda com lágrimas nos olhos.
— Você que não resistiu aos meus... — Ela deu de ombro e cessou as lágrimas. — Irá mesmo enfrentar meu pai? — Descendo as escadas rolantes, pude sentir o nervosismo da loira. — Entraremos em uma guerra, não quero que ele te machuque.
É, definitivamente teríamos uma guerra para enfrentar. Mas eu sairia vitorioso dela, afinal levaria comigo os bens mais preciosos que já passou pela vida daquele medico de merda, e ele nem se deu conta.
— Deveria ter medo do seu pai sair derrotado, ninguém irá machucar vocês. — A encarei e ela me encarou de volta. — Meu pai dizia que a maior arma é o amor, e seu pai não tem essa. — Apertei sua mão e ela concordou.
Não poderíamos romantizar a gravidez na nossa idade, não poderíamos dizer que foi algo que sonhamos e idealizamos muito menos que planejamos. Fomos descuidados e não pensamos naquela hora, nos deixamos levar por nosso desejo. Emma estava com quase três meses, e era o fruto de uma noite entre duas pessoas que se mal se conheciam mesmo já se encontrando. Era um pequeno acaso, um acaso que havia tomado nosso coração como um passe de mágica.
S2
Esse doutor Flinn não perde por esperar hein?
Ouçam a música que o Alex cantou ♡ É linda ♡
https://youtu.be/6h9rDXkwrHU
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