Sou a namorada dele. ♡ Capítulo 25
Talvez seja difícil para muitas pessoas me compreender e aceitar minha maneira de pensar. Nunca foi fácil conviver comigo, desde criança. Confesso que minha visão de mundo é muito particular, e muitas vezes quero que seja vista como a maneira correta de pensar, esse traço meu vem desde a infância, quando minha mãe tentava me convencer de que o céu escuro significava que era hora de deitar e dormir, ou quando meu pai insistia que, após o colégio, eu deveria estudar fora do país, pois seria melhor para mim. Afinal, na Europa, haveria cursos de administração mais eficientes para que eu, seu único filho, pudesse cuidar do império produtor de café, conhecido por todo o país. Mas, infelizmente, a noite sempre foi o melhor horário para ficar acordado, e sair do país nunca foi o melhor para a minha vida.
Cresci com um gênio forte e um humor complicado, o que sempre dificultou minha relação com meu pai, afinal ele era igual nesse quesito. Quando perdi minha mãe, minha meta de vida era terminar os estudos, ir para longe e me tornar médico. No entanto, com o tempo, minha cabeça mudou e se tornou um pouco mais madura em comparação a alguns anos atrás, ainda quero ser um bom médico mas ir para longe não me parece fazer tanto sentido, gostaria mesmo de ter boas raízes. Esse amadurecimento começou ainda no colégio, e, embora eu tenha feito coisas das quais não me orgulho, ganhei algumas segundas chances na vida — ainda bem.
Hoje foi uma noite que eu nunca imaginei, jantei com meu pai e com os pais da menina por quem me apaixonei perdidamente. Joanne havia se tornado minha raiz em forma humana, a pessoa que consegue mudar minha maneira de pensar, fazendo com que todo o esforço do meu pai durante anos para me fazer seguir suas vontades fosse em vão. Talvez ela nunca saiba por quanto tempo eu a observei de longe, sem que ela percebesse, talvez eu nunca saiba como me apaixonei por ela, e talvez eu nunca entenda por que ela está com raiva de mim nesse exato momento.
Encostados no meu carro parado em frente à casa dela, a noite fria com um céu estrelado se esvaía junto às horas, e o silêncio gritante me perturbava.
— Pode falar por que está com essa cara fechada e se afastando de mim? — sussurrei, rompendo o silêncio entre nós. — Quer andar um pouco por aí?
Ela se afastou do carro e apenas começou a caminhar de braços cruzados, me fazendo bufar alto.
Sem resposta, segui ao seu lado em passos lentos, o vestido rodado dela balançava com a brisa leve, e sua respiração forte deixava claro seu mau humor. Mesmo refazendo a noite na minha cabeça, não conseguia encontrar meu erro. Será que é menstruação ou essas coisas femininas? Talvez a Mary possa me ajudar se eu ligar, mas como perguntaria por que minha namorada está brava? É inútil. — Bufei, passando a mão pelos cabelos.
Em movimentos rápidos, Joanne prendeu o cabelo em um coque apertado, deixando a nuca à mostra. Ela sabe que essa é uma parte do corpo que é meu ponto fraco, por isso sempre peço para deixar os cabelos soltos, ela conhece meus pontos fracos e vai usá-los contra mim e minha impaciência estava tão nítida quanto a noite, mas ela não parecia se importar.
Joanne seguiu em direção à pequena quadra de basquete onde nos encontramos algumas vezes e o lugar me trazia boas lembranças, ainda deixei alguns sorrisos escaparem de mansinho. Ela se sentou na pequena arquibancada, e me sentei ao seu lado, já irritado com o clima tenso entre nós.
— Você realmente não percebe quando faz algo errado ou finge não perceber por mero prazer? — Suas palavras secas saíram por seus lábios carnudos, pintados com um batom rosa.
— Depende da situação, mas com você não faço nada estúpido para te deixar assim de propósito e também não fino nada.— Expliquei, tentando encontrar seu olhar, mas ela apenas revirou os olhos.
Desisto de decifrá-la, é impossível.
— Sabe, Baker, sempre soube que éramos diferentes. Coisas que pra mim são críticas, para você não significam nada. Sempre soube que me aproximar de você me daria algumas inimigas e que eu precisaria passar por cima de coisas que jurei nunca fazer. Sabia de tudo isso quando, aqui nessa quadra, me vi gostando de você. — Ela falou com calma, uma calma suspeita.
Suas palavras ressoaram secas e duras, cada sílaba parecendo um golpe direto ao meu coração, e o medo me invadiu.
— O que você está querendo dizer ou fazer? — Engulo seco, levantando-me do banco. — Eu não fiz nada de errado na frente dos seus pais. — Concluí, vendo-a balançar a cabeça negativamente.
— Quando eu te beijei e senti o gosto de álcool, meu coração quase parou à beira daquela escada, Baker. Você pode parar de fazer coisas estúpidas e me deixar tensa? — Joanne levantou do banco, seus olhos azuis marejaram.
Em questão de segundos, seu rosto ficou vermelho, provavelmente por tentar segurar as lágrimas que estavam prestes a cair.
— Você está tentando terminar comigo e está arrumando uma desculpa? — Sussurrei, sentindo um frio na barriga me invadir. — É isso?
Com medo da resposta, levantei-me também.
— Por causa de álcool e volante, eu perdi alguém, e uma parte de mim morreu junto, caramba! — Ela falou alto, sua voz ecoando pelo ambiente. — Por uma bebida junto a um carro, mataram meu irmão, sabe-se Deus se mais ninguém do outro carro morreu também e estão por aí, curtindo a vida. Enquanto eu... não passo um dia sem sentir um buraco no meu coração. — Suas palavras vieram entre respirações ofegantes.
Eu finalmente entendi o motivo: o maldito whisky. Como pude esquecer desse fato na vida dela, justo quando as coisas estavam bem?
— Anne, eu não estou bêbado, e eu não sou irresponsável. Fica calma, por favor. Eu entendo tudo, eu sei que você perdeu alguém e falhei, não pensei quando bebi. — Tentei acalmá-la.
Aproximei-me dela, e com as mãos cobrindo seus olhos, ela chorava. Abracei-a com toda força, e suas lágrimas continuaram a cair. Sentia suas mãos apertarem minha cintura enquanto ela escondia o rosto na minha jaqueta, vê-la assim é minha ruína.
— Eu não quero perder você, Baker. Não quero que arrisque se envolver em uma tragédia, eu não quero perder mais ninguém!— Sua voz abafada, entre soluços e com o rosto grudado em meu peito, fazia meu coração acelerar. — Você pode compreender isso? Eu não sou boa em perder pessoas.
Meu corpo tremia a cada lágrima que ela derramava, e o medo invadia meu coração. Percebi que não aguentava vê-la chorar, foi nesse momento que descobri minha maior fraqueza: as suas lágrimas.
— Eu nunca vou deixar você, não farei mais isso... Como posso morrer se estou apaixonado pela menina mais chata de todas há anos? — Segurei-a pelos ombros, fazendo-a me encarar com meu rosto vermelho. — Eu não aceitaria ir embora e deixar a pessoa com os olhos da cor dos mares do Caribe, solteira por ai... Não chore, por favor, não chore mais.
Ela sorriu quando tentava enxugar as lágrimas, passando as mãos repetidamente no rosto.
— Não é só me deixar, é morrer. É acontecer o que aconteceu com o Andrew. Como vou ficar se você morrer? Eu não quero ficar sem suas gracinhas... Você precisa parar... — Entre soluços, a doce menina tinha a expressão verdadeiramente abalada.
Puxei-a para o banco e, com sua cabeça no meu ombro, ela finalmente podia respirar fundo.
— Olha, eu não vou morrer e se quiser que eu pare de beber, eu faço isso. Eu só não aguento te ver assim, estou em pânico, sinta meu coração, ele vai sair daqui. — Respirei fundo e guiei sua mão ao meu peito.
Já mais calma, Joanne sentia as batidas do meu coração com a mão no meu peito. Com a cabeça apoiada no meu ombro, ela respirava fundo.
— Não precisa parar, mas, se eu não estiver com você, não quero que dirija. Se eu estiver, eu não bebo, e você bebe. Então eu dirijo seu carro, e fica tudo bem. — Minha risada aliviada foi nítida, mas seu olhar sério me paralisou.
— Quer dirigir meu carro? Mas, você disse que tem medo de dirigir e que não dirige desde a morte do Andrew. — Sussurrei.
Joanne levantou a cabeça, me encarando com determinação, e dei de ombros.
— Se for por você, eu faço isso, mesmo que seja difícil. Posso tentar até conseguir... — Sua voz baixa e seus olhos brilhantes me fizeram sorrir.
—Certo, faremos isso então! — Falei e ela me abraçou com força.
— Me desculpa, quando senti o gosto de álcool, mesmo com você sem segurança na minha frente, minha mente me sabotou. — Joanne explicou. — Começou a surgir na minha mente muitas coisas que poderiam ter acontecido e eu poderia ter recebido uma ligação da policia, minha mente ansiosa entrou em pânico.
Toquei sua cabeça com carinho e ela me encarou, com seu queixo tremulo.
—Tudo bem, não se desculpe! — Beijei sua testa. — Vamos cuidar com calma dessa cabecinha ansiosa, ao longo dos dias, meses e anos, irei acalmando-a. — Brinquei e ela sorriu, consentindo.
Em um gesto rápido, a beijei com toda a vontade. Seus lábios recém umedecidos tocaram os meus com calma, o que nos fez sorrir entre o beijo, e a única certeza que tive naquele momento foi que eu amo a pessoa certa.
《♡》
Construção é a palavra para definir nosso relacionamento, dia após dia, percebo suas cicatrizes e medos. Às vezes, para mim, é impossível ficar bêbado com apenas uma dose de whisky, mas jamais banalizaria a dor de Joanne, estive no mesmo ambiente que ela e pude ver, mesmo de longe, a profundidade de sua tristeza quando tudo aconteceu.
Com um pouco de timidez, um tempo após nossos ânimos se acalmarem Joanne aceitou conhecer melhor meus dois amigos, Will e Josh, para espairecer a mente. Seguimos rumo ao apartamento onde eles moravam, mesmo com os pais na cidade, eles optaram pela independência. Desde a infância até o ensino médio, foram os únicos que me apoiaram sem jamais se opor a mim, éramos sempre nós três.
Com os vidros do carro abertos, Joanne, com a cabeça encostada no banco, recebia a brisa leve no rosto enquanto dirigia com atenção, no carro Elvis Presley tocava no volume mínimo, trazendo lembranças da minha infância, quando minha mãe me apresentava músicas que, segundo ela, eram de qualidade. E, com toda certeza, ela estava certa.
Estacionei o carro em frente ao prédio, cuja parte de baixo era composta por pequenas lojas e uma cafeteria charmosa.
— Acha melhor eu ligar para eles descerem? A gente pode tomar algo ali! — Apontei para a pequena cafeteria com decorações em azul e branco. Joanne sorriu animada.
— Sim, pode ser...Ainda não os conheço bem a ponto de subir. — Respondeu com firmeza, arrumando os botões da jaqueta jeans.
Após enviar uma mensagem para meus amigos, que logo responderam, ficamos encostados no capô do carro. Com meu braço em volta do seu pescoço, Joanne mexia no celular, empolgada com seu jogo de empilhar pequenas peças. Sua expressão concentrada me fez lembrar das vezes que a encontrei na biblioteca da escola, não que eu fosse lá para ler, mas, em um dia perfeito para fugir de um debate na aula de história, me escondi na biblioteca e a vi na última mesa, escrevendo. Essa foi uma das primeiras vezes que a observei.
— Empilha essa peça rosa do lado esquerdo, amor. Se colocar no meio, ela ficará presa!— Sugeri, apontando para o jogo dela.
De imediato, Joanne me olhou com timidez.
— Ainda fica tímida quando te chamo assim? — Apertei sua bochecha, provocando um tapa suave em resposta.
Com concentração, Joanne fez a jogada como eu pedi.
-Ganhei essa olha, obrigada pela dica você sabe como colocar algumas coisas muito bem. -Sussurrou Joanne, me fazendo imaginar algo que não tem haver com seu jogo. -Porque está vermelho Baker? -Sua risada sarcástica me fez agarra-la de surpresa.
Encostados no carro ela me abraçou, com ela em meus braços afasto seus cabelos negros e beijo seu pescoço com delicadeza. Seu cheiro único e suave invade minhas narinas, suas mãos em minha cintura apertam-me com firmeza.
— Por acaso você está sendo maliciosa? Não resisto a você... — sussurrei em seu ouvido, vendo-a se contorcer e soltar uma risada fina, balançando a cabeça positivamente.
Ela sabe exatamente como me deixar submisso aos seus encantos.
— QUE CASAL É ESSE, PARCEIRO! — grita Will, correndo em nossa direção, com Josh sorrindo logo atrás.
Sorri ao vê-los, e minha namorada também sorriu.
— Quanto tempo, meus camaradas! — Cumprimentei Will com uma batida de mão e, em seguida, Josh me deu um tapa no ombro com euforia. — Sai, doido. — Empurrei Josh entre risadas.
Depois de uma explosão de energia por tanto tempo sem nos vermos, meus amigos se acalmaram, e antes que entrassem em outros assuntos, apresentei-os a Joanne, que nos observava encostada no carro.
— Muito prazer, Anne, sou Josh e esse histérico que fala alto é o Will. Somos os únicos e mais preciosos amigos do Gustavo, espero que sejamos amigos também. Já nos vimos antes? — Josh pegou a mão de Joanne, beijando-a.
Ela sorriu sem jeito e puxou sua mão de volta em poucos segundos, o que fez Josh ser fuzilado por meus olhos.
— Olá, baixinha, Will sou eu. — Will passou a mão na cabeça de Joanne rapidamente, interrompendo Josh.
Joanne sorriu em direção aos meus amigos e apertou suas mãos novamente.
— Oi, meninos, fico feliz em vê-los de novo.... Caso precisem saber, ele ganhou mais amigos, não se gabem demais. — Joanne sorriu com simpatia e passou seu braço em volta da minha cintura.
— Chega de tocar, sem beijo na mão e sem mãozinha na cabeça. — Empurrei Will, que caiu na gargalhada junto com Joanne, ainda me abraçando. —Sou ciumento! —Brinquei.
Meus amigos sempre souberam de tudo, inclusive dela. Sempre compartilhei com eles as coisas que se passavam comigo, mesmo que muitas vezes eles achassem loucura gostar de uma menina com quem nunca havia trocado uma palavra. Mas coisas assim acontecem, pelo menos, comigo aconteceu, e confesso que nunca entendi muito bem; era como se tivesse que acontecer.
— Viu Josh, ele olhou tanto para ela de longe que agora ficou maluco. — Will empurrou Josh, chamando sua atenção, enquanto Joanne me olhava, prendendo uma risada.
Eu já sabia que passaria vergonha diante de Joanne com meus amigos.
— Cala a boca. — Resmunguei, seguindo em direção à cafeteria. — Vamos entrar, está frio.
《♡》
Sentamos em uma pequena mesa no canto do estabelecimento; Joanne estava ao meu lado, enquanto os garotos brincalhões sentaram à nossa frente, puxando conversa com minha namorada e fazendo-a falar cada vez mais. Assim como Will havia confessado, eu realmente a observei de longe por muito tempo, imaginando o dia em que olharia diretamente em seus olhos.
Uma moça loira e simpática nos trouxe chocolates quentes com creme, enquanto eu esperava o meu com menta.
— Acho que você não tem boas lembranças de nós no colégio, não é, Anne... — comentou Josh após um gole em seu chocolate, parecendo temer a resposta. Com um sorriso tímido, Joanne apoiou os cotovelos na mesa. — Seja sincera, somos amigos agora.
A moça consentiu, respirando fundo.
— Sinceramente, eu não me importava com vocês porque éramos de mundos diferentes e aquele grupinho do basquete era horrível, um nojo, sem ofensa! Mas no último ano, ouvi mais sobre vocês... — Ela os encarou, com simpatia. — Os boatos diziam que vocês três haviam se afastado da turma do basquete, coincidentemente próximo ao falecimento do meu irmão. Que fique claro: só acreditei nessa mudança quando Gustavo me mostrou que era verdade. — Joanne explicou com delicadeza, deixando-os boquiabertos.
— Ah, você é irmã do Andrew Clark... — sussurrou Will, baixando a cabeça. — Por um instante, esqueci.
Encarei minha namorada, que sorriu de canto.
— Você conhecia meu irmão? — Joanne perguntou, curiosa. — Ele estava um ano à nossa frente...
— Sim, o conhecíamos de vista, e toda a escola soube do incidente... — Will sussurrou, fazendo Joanne acenar com a cabeça. — Sinto muito!
Joanne não pareceu afetada ao tocar no assunto, apenas sorriu e garantiu que estava tudo bem.
— Pois é... — Josh interveio. — Aquele ano foi cheio de coisas, mas não precisamos dessas lembranças agora. — disse ele, enquanto Will me lançava um olhar sério.
Mudamos o rumo da conversa para temas mais leves, falando sobre o ambiente da cafeteria, discutindo política, melhorias na cidade e como, de todas as cidades, a nossa parecia a menos modernizada.
— Essa é a cor dos seus olhos mesmo ou você usa lente? — perguntou Will, com curiosidade, levando Josh a cutucá-lo com o cotovelo. — O quê? São tão claros que consigo ver meu reflexo. — murmurou Will, olhando para Joanne fixamente. — Não faz mal se forem lentes, só queria saber.
Joanne sorria fácil ao ouvir meus amigos, ela realmente estava a vontade.
— Seu amigo é louco, Baker. — Joanne riu, prendendo os cabelos em um coque, e se inclinou para mais perto de Will. — Olhe de perto e responda por si mesmo!
O loiro se aproximou da minha namorada e boquiaberto, consentiu.
— Olha isso, Josh, é um azul quase transparente. — Will ficou boquiaberto. — O filho de vocês poderia nascer com esses olhos, ia pegar geral! — comentou Will, brincando, me fazendo ter uma crise de tosse involuntária. — Só estou brincando, sei que são novos! — ele levantou as mãos em rendição, e todos rimos.
A declaração do Will acabou me deixando visivelmente nervoso, mesmo sem explicar mandei meu sorriso forçado Joanne sorriu de volta, minha missão de torná-la amiga dos meus amigos parecia ter dado certo. A garçonete com seu olhar malicioso se aproximou ao meu lado novamente sem disfarçar e me mandou um sorriso, fazendo Joanne a encarar com sangue nos olhos, ela já havia feito isso minutos atrás e ao que parece, minha namorada buscou ignorar.
A loira colocou a xícara sob a mesa e voltou a me encarar após anotar algo em um pequeno papel.
— Caso precise de algo, pode me chamar, senhor... — A loira olhou para mim, esperando meu nome.
Os garotos ficaram em silêncio, com os olhos arregalados. Joanne se levantou rapidamente e estendeu a mão em direção à loira, que usava um uniforme azul, foi nesse momento que me encolhi na cadeira, temendo um barraco.
— Prazer, Joanne. — Ainda com a mão estendida, ela esperou que a loira a cumprimentasse e assim a loira apertou sua mão com um olhar desconfiado. — Estou encantada com o atendimento aqui, sua preocupação com o bem-estar do meu namorado me deixa feliz. Caso ele precise de algo, eu te chamo...
Ainda em pé, Joanne soltou a mão dela e recebeu um sorriso. Todos na mesa encaravam aquela cena, incluindo eu.
— Disponha... — A loira se afastou rapidamente, e Joanne voltou a se sentar.
— Você é muito sexy, brava assim. — Sussurrei ao seu lado, fazendo-a bater levemente na minha cabeça. — Obrigado por me defender.
Mandei uma piscada para Will, que bateu palmas animadas.
— Que menina feroz, gostei disso. — Falou Will entre gargalhadas, batendo na mão de Josh.
— Sair com esse menino é um desafio, olha a cara dele de sonso. Gustavo, eu te arrebento...— Joanne revirou os olhos e me encarou. Eu retribuí com um sorriso, mostrando os dentes, na tentativa de acalmá-la. — Sair com você é insuportável, use uma máscara.
Usar uma mascara? Jamais baby, jamais.
— Josh, tira algumas fotos minhas e dela. Ela brava como um diabinho e eu sendo um anjo! — Entreguei meu celular a ele e passei meu braço em volta da menina brava ao meu lado.
Ele tirou várias fotos nossas; entre várias poses, Joanne beijou minha bochecha, pôs a cabeça em meu ombro e fiz as mesmas poses com ela. As típicas fotos de casais que nunca imaginei, as mais clichês. Uma noite leve, que não acontecia há muitos meses, me fez esquecer qualquer preocupação, entretanto quase às onze horas, nos despedimos dos garotos animados pois após um tempo sem ir trabalhar, eu e Joanne precisávamos voltar às atividades normais.
S2
De volta às ruas vazias, o carro derrapava lentamente sob o asfalto úmido. A garota no banco do passageiro olhava atentamente nossas fotos e sorria ao ver nossa foto na neve como papel de parede.
— Quer colocar relacionamento sério no Friendbook? — Joanne sussurrou sem jeito, apontando para o aplicativo. — É bobagem, mas...
Consenti, rapidamente.
— Eu não uso muito, apenas busco memes, olhava o seu e raramente posto fotos. Mas pode colocar sim, a gente precisa espalhar essas fotos lindas pelo mundo. — Mandei uma piscada, deixando-a animada.
Em alguns minutos mexendo, ela apontou a tela do celular que mostrava: Gustavo Baker começou a namorar com Joanne Clark. Ela balançou os ombros, fazendo algum tipo de dancinha estranha e minha risada foi inevitável. Joanne mostrou que fez o mesmo no dela e sorri.
— Agora está mais fácil as pessoas perceberem que você está comprometido, e fica mais difícil eu ser presa por agressão, nossa! — Joanne colocou o celular apoiado no painel do carro, e sua mão percorreu minha coxa.
Sorri ao sentir aquilo, dirigindo lentamente, ela me roubava risadas.
— Tenho uma bela namorada e ciumenta. Que, por sinal, está me provocando há um bom tempo, não sou de ferro. — Suspirei, deixando escapar uma risada. — Tenha piedade... — Sorri e ela me olhou com desdém.
Ela estapeou minha coxa, pousando sua mão neça.
— Não estou fazendo nada, coloquei no meu também e irá gerar comentários, que não me importo! Aliás gostei de conhecer seus amigos com mais calma, gostei mesmo. Estamos nos apresentando como casal aos poucos e isso me deixa feliz da vida! — Ela falou, com sua pequena mão para fora da janela, Joanne parecia calma.
— Sim, estamos. Eu queria te levar para minha casa e te apresentar a Mary como minha namorada, após isso jogar você na minha cama e fazer você me pagar por tanta provocação, a noite toda! Mas você precisa trabalhar... — Mandei minha cara triste e ela deu de ombros.
Joanne me encarou e sorriu, logo o carro parou na sua porta.
— Queria tudo isso, principalmente a parte da sua cama e terminar a noite cansada, suada e ardendo como lá em Aspen... Porém mudando de assunto, posso te fazer uma pergunta? — Com seriedade, Joanne pegou minha mão apoiada sobre o volante.
Parados em sua porta, virei-me ao seu lado.
— Claro, por acaso quer fazer desse banco de trás uma cama rapidinho? — Joanne revirou os olhos, negou e uma risada saiu dos seus lábios úmidos. — Que pena.
Fingi tristeza e ela gargalhou, apertando minha bochecha.
— Deixa de ser safado só agora e me diz... Você não quer ser pai? — Sua pergunta séria faz meu estômago esfriar. — Na mesa você pareceu incomodado com a suposição do William, as sabemos que foi apenas uma brincadeira, então tudo bem!— Completou.
Cocei a cabeça e a encarei sem jeito.
— Anne... — Pausei minhas palavras, é tão complicado explicar o que meu coração sente. — Sabe... — Suspirei.
— Tudo bem, não se preocupe. Não precisamos pensar nisso agora amor, o Will só brincou. — Ela me interrompeu, depositando um rápido beijo em meus lábios, e seu sorriso de canto de boca parecia ansiar por uma explicação, mas, com maturidade, fingiu não se importar.
— Eu amo você., se cuide!— Sussurrei após a doce menina sair do carro.
— Eu também te amo, vá devagar e me avise assim que chegar. — Ela acenou rapidamente e se distanciou do carro, procurando sua chave nos bolsos da jaqueta. — Não esqueça, vá devagar, me avise quando chegar.
—Sim senhora, farei isso baby! — Gritei, e ela sorriu de longe.
Após ela entrar, bati minhas mãos repetidas vezes no volante, com minha cabeça encostada no volante, tento organizar meus pensamentos. Eu a deixei sem uma explicação, ou pior, a deixei com suas próprias conclusões, o que me preocupa.
《♡》
Caso tenham gostando desse capítulo deixem comentários e apertem na estrelinha ok?
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