Oi bebês S2 Capítulo 67

Hoje celebramos o primeiro aniversário do nosso livro! O capítulo está longo, mas repleto de alegria.


Sempre amei o hospital e seu cheiro, mas só quando me imaginava trabalhando pelos corredores, não quando minha família precisaria dos serviços. Nunca andei tanto por um hospital quanto nos últimos meses — por minha causa, com o Alex, acompanhando minha mãe em consultas e, hoje, com o parto iminente. A bolsa da minha mãe estourou em pleno café da manhã, em um dia aparentemente comum, fazendo meu pai e Gustavo entrarem em pânico.

Minha mãe ligou para todos, avisando que os bebês estavam a caminho, e meus amigos chegaram em tempo recorde e estávamos em quatro, já que Emma havia saído com sua mãe. No corredor colorido da maternidade, os gritos e os choros finos dos bebês recém-nascidos nos cercavam, misturando felicidade com uma boa dose de nervosismo. Gustavo literalmente voou para o hospital, quase furando os sinais, enquanto minha mãe ria mais do que reclamava da dor do parto. 

Estávamos todos em pânico, mas ela estranhamente, estava calma.

Segundo ela, depois do primeiro filho, o pânico quase sempre desaparecia. Porém, meu pai desmentiu isso ao surtar pela terceira vez. Mesmo minha mãe garantindo que gêmeos quase sempre nascem antes do dia esperado, ele ficou tão nervoso que não conseguiu dirigir. 

Na cadeira de rodas, a enfermeira a levava para o centro cirúrgico.

— Mãe, está bem? — A enfermeira parou a cadeira e me agachei ao lado dela. — Estou nervosa, te amo tanto, mãe. — Sussurrei, quase sem voz, e ela me deu um sorriso tranquilizador.

Ela estava mais calma, vestindo a roupa azul do hospital, e me explicou que nenhuma intercorrência havia ocorrido em seus partes, que estava tranquila. Sua mão gelada acariciou meus cabelos, e Gustavo beijou sua testa com carinho.

— Seja forte sogra, estaremos aqui esperando vocês. — Minha mãe sorriu para seu genro, e eu me levantei.

— Eu também te amo, princesa. Tudo isso é normal: as dores, o nervosismo, a demora. Uma enfermeira virá arrumar o quarto, e eu já estarei de volta. — Consenti, me afastando um pouco. — Acalme ela, Baker. Sua missão. — Ela sorriu para Gustavo e foi levada para o centro cirúrgico.

A enfermeira abriu uma porta larga e ela foi levada, mesmo sabendo que ela estava indo por uma coisa boa era inútil tentar ficar normal, mas tentei.

Fomos comer e outra enfermeira nós guiou a suíte na qual já tinha uma moça arrumando tudo em cores azul e rosa. Meu pai tinha aberto a mão e feito tudo que na época não pode fazer por seus dois primeiros filhos, o quarto estava com balões decorados com os nomes e uma mesa linda com lembrancinhas e ursinhos. Gustavo observava tudo com curiosidade, ele se aproximou dos bercinhos com as roupinhas já separadas e sorriu. -De longe o observava, ele parecia feliz e igualmente nervoso.

Eu estava calma, mas tudo mudou quando chegamos aqui. Além dos dois homens nervosos, comecei a tremer como um bambu. A médica nos confirmou que os bebês adiantaram-se algumas semanas, mas isso era normal em uma gestação gemelar, sendo assim a bolsa da minha mãe rompeu e, poucas horas depois, ela realmente começou a gritar de dor.  Após os exames, ela foi levada para a sala de parto para uma cesariana e não fazia muito tempo que isso tinha acontecido, mas para nós, ao lado de fora, haviam passado horas sem notícias.

Alex e Alice chegaram minutos depois de nós, logo meu pai entrou na sala de parto para assistir ao nascimento de seus filhos, assim como fez comigo e com o Andrew. e um fotógrafo que iria filmar tudo também entrou, mas eu não pude acompanhar por dois motivos: um ferimento de arma de fogo em cicatrização e os limites de pessoas no centro cirúrgico. 

Minha perna balançava sem parar, e eu não encontrava posição confortável nas cadeiras duras.

Alice permanecia calada enquanto ouvia música no último volume em seu fone de ouvido e suspeitávamos que o clima em sua casa havia pesado, como quase sempre, por conta do seu pai temperamental. Alex encarava o teto branco e, de vez em quando, trocava mensagens com sua namorada. Gustavo, ao meu lado, suspirava a cada cinco minutos, sempre achando que algo estava acontecendo.

— Isso é uma coisa boa, por que estou tão aflito? Minha mão está suando, que bosta. — Meu namorado  resmungou, e meu amigo o encarou. — O que foi? Vai passar por isso também? Como está tão calmo?

Alex sorriu em sua direção, e Gustavo impaciente, bufou mais uma vez. Meu namorado era o ápice da calma, mas fazia tempo que nossas vidas não paravam.

— Calma aí, engomadinho. — Alex sorriu e encarou Gustavo, que estava com camisa social e calça jeans rasgada, incrivelmente sexy. — Sou calmo por natureza, estou imaginando uma flor de lótus branca agora para não sair gritando. — Ele apontou para a parede branca e dei de ombros.

Gustavo o encarou por um tempo, pensativo. Eu abracei seus ombros largos, e ele encostou a cabeça no meu ombro sadio.

— Você medita, Alexander? Isso é novo. — Arqueei as sobrancelhas, e ele tentou explicar. — Precisa ensinar ao Gustavo, meu namorado está tenso.

Sorri, e Gustavo balançou a cabeça discordando de mim.

— Anne, flor de lótus... Não é aquela posição sensacional? — Gustavo sussurrou, e eu pisei em seu pé para fazê-lo poupar os detalhes. — Ai, e não pisa assim, meu tênis é branco. — Ele reclamou, e Alex revirou os olhos.

Nossa relação evoluía um pouco mais a cada dia. Sem pressa, íamos descobrindo coisas nas quais gostávamos, descobrindo sensações juntos e nos conhecendo ainda mais.

— Ela é minha irmã Baker, não me faz imaginar essas coisas, engomadinho. — Alex fez uma careta para Gustavo, que levantou as mãos em rendição. —  E não é meditação, a Emma que coloca sons suaves para a Hannah ouvir quando vamos dormir. Alguns deles também servem para meditar também, mas em geral é para acalmar. — Ele sorriu orgulhoso. — Dorme a Hannah na barriga e eu aqui fora, mas do nada começa barulho de árvores junto a macacos, acordo assustado. — Ele explicou, nos fazendo rir.

Emma e Alex estavam se esforçando ao máximo para que a gravidez fosse tranquila, pois, segundo o médico, se fosse assim, a criança nasceria tranquila. Isso me deixava orgulhosa em saber.

Confesso que fazia muito tempo que Alex não cutucava Gustavo assim, mas sabemos hoje que é apenas brincadeira, o que descontraía o clima. Menos para Alice, que estava viajando em sua música.  

Alice tirou seus fones e respirou fundo.

-Ganhei uma bolsa de estudos na Columbia, para cursar arquitetura em Nova Iorque no próximo outono. -Sua voz suave, foi seguida por um sorriso.

Arregalei os olhos, Gustavo ficou boquiaberto e Alex a abraçou de imediato.

Meu coração tremeu com a notícia repentina, afinal Columbia era uma das melhores faculdades do mundo e ficava em uma das cidades mais bonitas do nosso país. 

Abracei seus ombros, e nossas cabeças se encostaram.

— Isso é demais, Alice! Isso é incrível e surreal, parabéns. Poxa, Moore, é uma oportunidade única na sua vida. Mas e Boston? — Alex abraçou seus ombros, e ela soltou um sorriso fraco.

Alice se tornou pensativa por alguns segundos.

 Por conta de toda a atmosfera nervosa, não percebemos que ela estava no mundo da lua há horas, quando chegou ela apenas sentou ao nosso lado e colocou os fones de ouvido, sem falar nada. 

Passei minha mão em seus cabelos e sorri.

— Você tem as mãos preciosas, tem talento e faz os mais lindos desenhos. Claro que precisa alcançar as torres mais altas daquele lugar, senhora desenha de uma forma divina, e todo esse mundo para você ainda é pouco. Mas não sabia que tinha se inscrito para Columbia...— Falei, e Gustavo também a parabenizou. — É uma das melhores do mundo.

De fato, Alice havia conseguido uma das melhores oportunidades que um estudante poderia ter. Nova Iorque era o centro da arquitetura, dos prédios gigantes e da liberdade artística.

— Garotinha, Nova Iorque é a fonte do sucesso. — Gustavo comentou, e Alex concordou.

-Não fui eu gente, minha mãe me inscreveu em segredo. Eu... -Ela sorriu e amarrou seus cabelos. -Eu sempre pensei em Boston e olha isso, é magico. Mas é longe, vocês... -Gustavo levantou em um salto e se agachou em sua frente.

Ele sabia como confortar as pessoas apenas com seu olhar.

 Alice estava com receio de nos deixar, pois Nova Iorque não era tão perto e meu coração também ficava pequeno ao pensar nisso, mas não tinha como não ficar feliz pela sua conquista. Se tem uma pessoa que merece tudo de bom nesse mundo, essa pessoa é a Alice. Ela é uma menina que sempre deixa a si mesma de lado pelas pessoas, suportou dores inimagináveis, sofreu sozinha e ao nosso lado, sempre fez tudo por nós e, mesmo com todos os problemas, vive sorrindo e fazendo as pessoas ao seu redor sorrirem.

— Ouça, você é daquelas pessoas que todos têm sorte por tê-la. Não foi você que tirou a sorte grande, foi a Columbia ao ter você. — Gustavo sussurrou. — Sua mãe é incrível por ter feito isso, mané. Nova Iorque é o lugar das possibilidades e sonhos. — Ele tocou sua cabeça, e ela sorriu. — Não importa onde cada um de nós esteja, seremos sempre uma grande família que se juntará todo feriado, e prometo mandar o jatinho ir te buscar. — Ela gargalhou, e Alex a abraçou.

Ele cumpriria isso, com toda certeza.

— Como é bom ter amigo rico, nossa, que alívio. — Alice riu de Gustavo, que revirou os olhos. — Prometer algo para mim é pior que criança.

Era verdade, ela nunca esquecia de nada que prometíamos.

— Entramos em Tulane, iremos para New Orleans. Nós dois!— Falei, e Alex abriu um lindo sorriso. — Como sabem, meu sonho era Harvard, mas a vida reafirmou o que meu coração sempre soube: sou feliz aqui. Recebemos as cartas hoje! — Expliquei.

Alex contou que sua carta ainda não havia chegado, nem a da Emma. Mas, ao entrar em contato com a faculdade, foi informado de que ainda não haviam mandado nenhuma, cada lugar com suas datas. Gustavo conseguiu acalmar Alice, como eu já previra, e ela começou a esboçar sorrisos.

— Parabéns, irmã, e Baker. Serão ótimos médicos, e estou aliviado que a Anne não estará sozinha. — Alex sorriu para Gustavo, e ele consentiu. — Meu peito está queimando, estou ansioso. — Com a mão no peito, ele fez com que eu deglutisse seco.

— Sua carta irá chegar, vai ser o famoso da família. A da Emma também!— Gustavo brincou.

Alex parecia confiante, ele sabia que havia o momento certo para tudo. Afinal, esse é seu lema.

— Eu sempre quis Nova Iorque, mas, após o Andrew morrer... — Ela balançou os ombros e sorriu. — Eu acabei querendo ir realizar o sonho dele... Só que conheci vocês, me senti acolhida. Não quero perder isso, entendem? — Abracei minha amiga, e ela enxugou uma lágrima.

Muitos meses atrás, quando ela foi até a faculdade com Alex, senti que ela iria fazer isso mais por meu irmão do que por ela mesma. Sua mãe agiu como uma mãe que sabe muito bem dos sonhos da filha, mesmo de longe, o que reafirma ainda mais que não há distância para o amor genuíno. E ela sabia, nós a amávamos e nenhuma distância ia mudar isso..

-Vamos combinar algo? -Alex pegou sua mão e ela consentiu. -Eu irei para Boston e também ficarei um pouco longe de corpo, jamais de alma. Pode deixar a missão de realizar o sonho do Andrew comigo? Passe essa responsabilidade para mim, farei tudo que ele sempre quis incluindo assistir um jogo do Boston Celtics, irei torcer por eles. -Ele apontou para si e apertou sua mão, meu coração apertou.

Alice ouviu Alex por alguns minutos. Ele falou sobre como precisaria lutar muito por seus sonhos, junto com Emma, e que jamais deixaríamos de ser uma família. Alex realizaria todos os sonhos por meu irmão, como seu melhor amigo. Ele nos contou tudo o que Andrew queria fazer, os lugares que queria conhecer, os jogos, e até os cafés.

— Estou há alguns meses na terapia, estou me ajudando e me esforçando para dar certo. Com a ajuda de uma ótima profissional, estou entendendo o que é sentimento e o que é o luto. — Ela sorriu para Alex e assentiu. — Faça isso, Alex, vai me ajudar a seguir em frente. Estou feliz. Só não quero que me esqueçam. Finalmente dei adeus à solidão após conhecer vocês.

— Ninguém vai esquecer ninguém, eu proíbo. — Falei, e ela sorriu. — Daqui para frente, aquele jatinho vai viajar muito.

Por um momento, percebemos que Alice estava triste pelo fato de ficar longe dos amigos, mas ainda pensava em meu irmão.

— Pronto, quero que foque em você. Estará em uma das melhores faculdades do mundo, em uma cidade que abrirá mil portas para seu talento, e jamais passaremos um dia sem nos falar. — Alex olhou para mim e para Gustavo, e ambos consentimos. — Eu me formarei lá e honrarei o que foi tirado do Andrew, você continuará com a terapia, e o Gustavo trabalhará para o combustível do jatinho. — Ele esticou o dedo mindinho em nossa direção.

Alex mudou o gesto, esticando os dois dedos, dizendo que era uma jura de Emma também, que precisava de um tempo a sós com a mãe. A cada dia que passava, nossa família se tornava ainda maior. Anos atrás, tirando eu e Alex, vivíamos vidas distintas e separadas, e hoje... — Estiquei meu dedinho.

Hoje, nossos corações estavam unidos por muitos acasos, muitos sentimentos e uma união que jamais imaginaríamos. Estava sempre explicando ao meu coração que ele teria que aprender a viver sem o Alex todos os dias, até derramar lágrimas por isso, mas ele não sabia. Tentava sempre expor o melhor dos sentimentos, sendo feliz e tranquila por causa da linda família que ele estava formando. Eu o amava, e a felicidade dele me fazia feliz, aqui ou em Boston. — Gustavo esticou seu dedo também.

— Eu vou ser a melhor tia e madrinha. Estudarei e trabalharei duro para poder dar os melhores presentes. — Alice sorriu. — Continuarei a terapia, e vai dar tudo certo. — Animada, Alice mostrou os dentes ao sorrir.

Encostamos nossos dedos, e Alex bateu palmas silenciosas.

— Ainda não quer ser mãe, igual na infância? — Gustavo perguntou, expondo que conhecia Alice bem.

Ela já havia contado que nunca foi seu desejo ser mãe, e que isso gerava muito preconceito, pois as pessoas acham que toda mulher tem a obrigação de ser mãe, o que é ridículo. Existem muitas mulheres que escolhem não serem mães, e não tem nada de errado nisso.

-Sim, amarei os filhos de vocês e darei todo amor do mundo. -Alex sorriu e consentiu. -Levarei a Hannah para passar as férias de verão comigo, para poder o Alex e a Emma encomendarem outro. -Gustavo riu e arregalei os olhos.

— Não, estamos bem apenas com a Hannah, que já chegou abalando corações. Passo sua ideia para eles dois. — Alex gesticulou em nossa direção e todos achamos graça. — Vamos nos ver em todos os feriados, mesmo, Gustavo? Me recuso a pagar passagem, sou pai de família.

— Guardaremos a ideia para um futuro ainda distante. — Afirmei, e Gustavo concordou. — Isso é uma meta em nossas vidas, tenham certeza, mas ainda não é nosso plano. — Expliquei, fazendo Alex bater palmas.

Gustavo fez uma promessa de que iria pegar todos com o jatinho para passarmos todos os feriados juntos, assim economizaríamos nas passagens aéreas e chegaríamos mais rápido. Ao contrário do panda, que me prometeu isso em um ato de desespero quando tomei o tiro, sabia que Gustavo cumpriria bem essa promessa. Mesmo nas conversas a sós, Gustavo também demonstrava a mesma tristeza que os outros por vivermos separados, mas sabíamos que a vida era assim. Em breve, seguiríamos para direções distintas, mas tínhamos certeza de que nunca esqueceríamos o caminho de volta.

S2

Os ponteiros do relógio na parede giravam sem parar, acabamos com a garrafa de café do corredor e Gustavo atacou as bolachinhas. As horas passaram e ninguém nos deu notícias. Porém, tudo mudou quando a luz que indicava uma cirurgia em andamento se apagou e uma médica saiu pela porta larga, andando lentamente. Ela parecia bem jovem, puxou a touca da cabeça e todos nos levantamos de uma vez para esperar que se aproximasse.

Ao deglutir a saliva, percebi que minha garganta estava tão seca que ardeu. Estava com todos os sentimentos misturados, em uma cabeça só.

— Boa tarde, família Clark? — Ela se aproximou, acompanhada de uma enfermeira. — Desculpem a demora por notícias.

Estiquei minha mão sadia em sua direção e ela a apertou.

— Sou a filha mais velha da Katy. Estávamos aflitos... você foi a cirurgiã? — Senti Gustavo apertar meu ombro e a médica sorriu. — Minha mãe está bem? E os bebês?

Ela nos chamou para sentarmos e assim fizemos. A mulher parecia cansada, mas mantinha bom humor.

— Então, a cesariana foi um sucesso. — Ela sorriu, e eu suspirei aliviada, de verdade, suspirei tão alto que a médica sorriu mais ainda. — Sua mãe foi forte e deu à luz a duas crianças grandes e saudáveis.

A cirurgiã nos contou todos os detalhes. Minha mãe ainda estava saindo da cirurgia e nenhuma intercorrência tinha acontecido, a não ser por meu pai estar mais pálido que um papel. 

— Tudo bem então? Nada errado? Podemos apenas ficar felizes? — Alice perguntou à médica e ela sorriu.

Era o que eu mais queria, apenas ficar feliz, sem me preocupar com algo que pudesse acontecer.

— Podem ficar tranquilos, mesmo os bebês tendo chegado ao mundo antes da hora, já prevíamos. Eles passaram por alguns exames de rotina e poderão vê-los em poucos minutos, através daquele vidro, e em algumas horas já poderão ir para o quarto. — Ela sorriu e eu sorri de volta.

Lizzie chegou ao mundo primeiro, com três quilos e cem gramas, medindo quarenta e nove centímetros e chorando muito alto. Mesmo sendo a menor, era forte e brava. Blake nasceu quatro minutos depois, pesando três quilos e meio e cinquenta e dois centímetros, um grande e gordinho bebê, calmo.

— Algum tem os olhos dela? — Alex apontou para mim, e a enfermeira que se aproximou, sorriu. — Ou apenas ela será a privilegiada? 

De fato, entre eu e o Andrew, apenas eu herdei os olhos azuis do meu pai. Nenhum de nós herdou os cabelos loiros da minha mãe. 

— Aos poucos, a cor dos olhos vai se definindo. Ainda não identificamos!— A enfermeira sussurrou, e a médica consentiu, após isso elas se afastaram.

Apertando minhas mãos, tentava esconder um pouco da minha loucura interna. Gustavo estava expressando sua felicidade em uma ligação com Mary, Alex ligou para Emma e seus avós, e eu mandei uma mensagem no grupo da minha família, no qual eu não falava há mil anos. 

Puxei o ar para os meus pulmões e encostei a cabeça na parede. Era como se finalmente pudesse respirar aliviada, como se um peso enorme tivesse sido retirado do meu coração. 

— Ganhei cunhados lindos como você. Seu coração está aliviado, não é? — Gustavo sentou ao meu lado com os olhos avermelhados e sorriu. — Mary surtou, ela vai comprar mais presentes. — Encostei minha cabeça em seu ombro.

— Sabe como me sinto, não é? — Entrelacei nossos dedos. — É como se tudo estivesse se arrumando. Mesmo que nossas famílias não sejam perfeitas, estou realizada com tudo. Sinto como se não precisasse de mais nada para ser feliz. — Sussurrei, e Alice concordou.

Alex, após falar com Emma e seus avós, voltou para o nosso lado. Ele estava visivelmente feliz, exalando isso, segundo ele, sua namorada estava se divertindo com os irmãos em um parque de diversões e comendo muitos doces, algo que sempre quis, mas não podia por estar sempre em uma dieta. Emma havia recomeçado uma relação que foi interrompida muito cedo, e com isso, estava recuperando alguns prazeres da infância.

— Quero ver meus irmãos. Como faz? — Alex esticou os braços. — Estou nervoso. Seus pais já vão para quatro filhos, muita experiência. — Ele sussurrou, como se tentasse esconder a ansiedade.

— Minha mãe diz que cada gravidez é única. Por exemplo... — Expliquei. — Ela só soube o meu sexo com oito meses. Já o Andrew, ela soube aos cinco. Dos gêmeos, ela soube aos quatro e meio. Eu não dei enjoo a ela, mas os gêmeos a fizeram enjoar até ontem. — Falei com calma, e todos me ouviram atentamente.

Cada vida é única, preciosa e especial.

S2

Encostados ao vidro, esperávamos ansiosamente meu pai entrar com meus irmãos. Pouco mais de meia hora depois de a médica nos contar tudo, a enfermeira nos chamou para ver os bebês por trás do vidro. Estávamos todos grudados, celulares nas mãos, prontos para registrar aquele momento com o fotógrafo.

Quando meu pai passou pela porta branca da sala, tapei a boca de tanta emoção. Ele estava segurando os dois bebês, enroladinhos, com toquinhas feitas pela avó do Alex, com seus nomes bordados. Todos vibramos juntos, e eu encostei minha mão no vidro, observando meu pai se aproximar com os dois bebês, cujas bochechas grandes e rosadas eram simplesmente perfeitas. Minhas lágrimas voltaram a cair, acompanhadas das lágrimas do meu pai, que já estava com o rosto inchado.

— São perfeitos e pequenos, estão dormindo. — Gustavo tirou várias fotos, sorrindo como um bobo. — Meu coração está prestes a explodir. — Meu pai sorriu para ele e se aproximou ainda mais, com os bebês nos braços.

— Meu Deus, sou tão grata. — Gesticulei para meu pai, pedindo para segurá-los. Ele brincou, se negando a entregar. — Gente, isso é surreal. Olhem meus irmãos! — Encostei a cabeça no vidro, e Alex me abraçou por trás.

— Chore, coloque para fora toda sua felicidade. Eu não consegui segurar. — Sua risada escapou, e eu encarei seu rosto vermelho, sentindo uma mistura de felicidade e alívio que transbordava de mim.

-OI BEBÊS. -Alice falou alto e meu pai soltou uma risada. -Eles tem o rosto de pão da Anne. E o nariz pequeno da sua mãe. -Alice reparava os detalhes.

Meu pai, com a ajuda da enfermeira, colocou cada um em seu berço, que tinha seus nomes e características. Nossos olhos estavam fixados, hipnotizados por eles. Blake se mexia um pouco e fazia caretas, enquanto Lizzie dormia tranquilamente, sem nenhuma preocupação. Eles eram grandes, perfeitos, lindos. Meu pai saiu da sala e veio em minha direção para me abraçar.

As lágrimas do senhor grisalho caíam em meu ombro, e seu choro misturava-se com risadas. Todos o abraçaram, formando um verdadeiro sanduíche de carinho. Ele estava feliz e nervoso, com o cheiro dos bebês ainda em sua roupa e os pezinhos deles carimbados em seus antebraços.

— São lindos, sua mãe foi forte. Ela aguentou acordada até ver eles, não estou em mim. — Ele me soltou e todos o parabenizaram. — Alex, você em breve vai sentir a melhor sensação que o ser humano pode sentir. — Alex, radiante, concordou com a cabeça.

— Pai, e a mamãe? — Arrumei seus cabelos, e ele sorriu.

— Ela vai para o quarto em breve, vai acordar aos poucos. Mas ela está tão feliz, eu a amo tanto. Sou abençoado com tudo isso. — Ele encarou os bebês e soltou uma risada fofa. — O Blake tem seus olhos.

Arqueei as sobrancelhas e todos riram. Meu pai explicou que os olhos de Blake já eram visivelmente azuis, enquanto os de Lizzie pareciam castanhos, como os da minha mãe.

— Amiga, perdeu o posto de mais nova e única privilegiada por olhos azuis! — Alice me abraçou e começou a tirar fotos nossas, encostados ao vidro.

— Tudo bem, estou feliz e realizada. —Disse

— Incrível, né? Parece que quando eles nascem, nós nascemos também. — Gustavo disse.

— É o que acontece, Baker. Renascemos quando eles nascem. — Meu pai encarou o vidro ao lado de Gustavo e sorriu, os olhos brilhando com uma emoção que não conseguia esconder.

S2

Tinha tudo para ser um dia normal, como qualquer outro, mas a partir daquela manhã, nunca mais seria um dia comum. Meus irmãos vieram ao mundo exatamente no momento que escolheram, já mostrando quem comandaria tudo por aqui. Minha mãe deu tudo de si e foi forte o tempo todo para trazer as crianças à vida, passadas várias horas, as pessoas começaram a chegar aos poucos com presentes e muita felicidade: colegas dos meus pais, familiares, amigos antigos, clientes e alunos demonstravam muito carinho pela professora.

Minha mãe estava radiante, uma luz que eu não via há muitos anos. Mesmo com seu rosto pálido e cansado, ela não conseguia parar de sorrir, assim como eu. Após algumas visitas rápidas e com o barulho aos poucos diminuindo, sentada no sofá, tinha Blake nos meus braços.

Ele era gordinho, com bochechas rosadas e um sono profundo. Ainda não sabíamos ao certo se seus olhos seriam claros, visto que ele não acordava para nada, apenas mamava e voltava a dormir. 

Passei meu polegar por sua bochecha e ele respirou fundo.

— Lizzie, você, sua irmã e seu irmão são as pessoas mais lindas que já vi. — Sorri, e Gustavo, ao meu lado, segurava Lizzie. — Sou seu tio.

Estávamos revezando aos poucos. Alice segurou os dois bebês de uma vez, com a supervisão do meu pai. Alex ainda estava um pouco relutante em pegá-los, por ser tão pequeno. 

— Tia e tio, fizeram um lindo trabalho, eles são lindos demais. — Alex sussurrou, enquanto um fotógrafo registrava os momentos. 

— Verdade, olha isso. Ela é perfeita, e tão pequena. — Gustavo acariciou a mão da minha irmã, e meu pai se aproximou.

A sensação de paz que aquelas crianças haviam trazido para todos ao redor era surreal. Todos que entravam no quarto saíam sorrindo. 

— Pode me dar ela um pouco, Baker? Estou pronto. — Alex se sentou ao lado de Gustavo, e minha mãe sorriu.

— Por que ninguém olha para a mãe que colocou eles no mundo, hein? São perfeitos e eu? — A loira, semideitada na cama, encarava todos nós com um sorriso travesso.

Meu pai estava dando todo o apoio possível a ela o dia todo. Ele arrumava seus cabelos, ajeitava sua roupa e até trocava os bebês, mesmo sem saber muito bem o que estava fazendo. Enquanto ficávamos com as crianças, ele arrumava o berço e tentava fazer minha mãe comer um pouco, já que haviam se passado muitas horas desde a cirurgia.

— Sogra, a senhora é uma máquina de fazer crianças lindas. — Gustavo sussurrou. — Não quero te dar ela agora, Alex. — Ele encarou meu amigo, que bufou, incomodado.

Meu namorado parecia ter se apegado às crianças em poucas horas. Ele tomou Blake do meu pai e depois Lizzie de Alice.

— Eles não são brinquedos, Gustavo. Deixa o Alex pegar ela um pouco. — Alice sussurrou, pausando sua conversa com minha mãe, com um olhar de leve repreensão.

Alex finalmente pegou a bebê vestida de rosa com um lacinho na cabeça e podia ouvir sua respiração de longe. Encarei o fotografo e sorri, o mesmo começou a tirar fotos do Alex discretamente. Aquele era um momento especial para ele justo agora que o mesmo estava se preparando para ser pai de uma menina, ele tocou a mão da minha irmã que segurou seu dedo indicador com força. –Ele me mandou um sorriso largo e sorri de volta me aproximando.

-Meu peito está avisando que alguém precisa mamar. –Minha mãe apontou para meu irmão já inquieto e me chamou. –Venha aqui meu gordinho, vamos engordar mais. –Com voz de bebê, ela fez todo rirem e meu pai o entregou meu irmão.

Os minutos iam passando de mamada em mamada, algumas fraldas cheias trocadas e muitos docinhos feitos por meu pai. Entre as mamadas recebemos mais visitas e a mesa estava lotada por presentes, com toda certeza foi um dos trabalhos mais agitados do fotografo que já estava acostumado desde a festa dois em um. Sentada perto do meu namorado, dividíamos doces novos que Alice havia ensinado ao meu pai e estavam fazendo sucesso na padaria.

— Meu coração está aquecido. — Gustavo encarou minha mãe, sorrindo com meu pai e os bebês nos bercinhos.

— O meu também, mas estou com medo de não dar conta. — Alex sussurrou, comendo balinhas coloridas, enquanto olhava para as crianças.

Alice estava quieta, olhando fixamente para o chão enquanto brincava com seu colar. Parecia pensativa, como se algo estivesse em sua mente.

— Eu estou tão feliz que minha boca travou em um sorriso. — Balancei os ombros, e Gustavo tocou minha cabeça com carinho. — Alex, meu pai sempre diz que quando nasce um filho, nasce um pai.

Alex consentiu com a cabeça e sorriu, como se as palavras tivessem tocado fundo nele.

Alice então se levantou e caminhou em direção à minha mãe, sentando-se ao seu lado com discrição. Alex a encarou de forma curiosa, enquanto Gustavo arqueava as sobrancelhas, demonstrando interesse na cena.

— Tia... — Alice falou, fazendo minha mãe olhá-la atentamente. — Como te falei, vou para Nova Iorque e continuarei a terapia, pois está me ajudando. — Alice abriu a mão em direção à minha mãe, com um gesto que parecia tanto de entrega quanto de confiança.

Um sorriso sincero brotou no rosto de minha mãe ao ver o gesto de Alice. Na palma da mão de Alice, estavam duas alianças, e o olhar preocupado de Gustavo não passou despercebido por mim. Meu pai, ao fundo, observava a cena enquanto arrumava a mesa dos presentes, um sorriso leve no rosto.

— Por que está me dando isso? — Minha mãe sorriu, orgulhosa, ao perceber o significado daquele gesto.

Foi nesse momento que percebemos que Alice estava começando a superar o luto que a acompanhava há anos. Ela estava se ajudando, encontrando seu caminho, e mais do que isso, estava conseguindo seguir em frente.

-Eu... –Ela colocou os anéis na palma da mão da minha mãe. –Quando conheci vocês, meus amigos e tudo isso comecei a viver o hoje. Quando comecei a terapia percebi que o Andrew querendo ou não estava no meu passado, mesmo que demorasse a sair do meu coração. Estou te devolvendo com o mesmo carinho que recebi, sabendo que amei seu filho com toda a intensidade dos amores e sou grata. –Ela deixou uma lagrima sair ao olhar para mim.

Alice estava se abrindo como uma flor ao sol, expressando seus sentimentos sem medo ou receio. Minha mãe acariciou seus cabelos com carinho, e meu pai se aproximou, percebendo o quanto ela estava se esforçando ao fazer aquilo.

— Mas eu quero recomeçar com todo o meu coração, tia. Quero transformar o luto em lembranças boas e seguir em frente. — Alice sorriu, e todos nós acompanhamos com um sorriso.

— Você é nossa luz, com toda certeza. — Gustavo falou, e todos concordaram.

Meu pai se aproximou e tocou o ombro de Alice, um gesto de apoio silencioso. Ele sabia, assim como nós, o quanto ela estava sendo forte ao tomar essa decisão.

— Você está fazendo o correto, estou tranquilo. Queremos você para sempre na nossa família, pois é isso que somos. — Seu tom sério transmitia sinceridade. — Queremos você em nossa casa, vendo os bebês crescerem e trazendo alegria para todos nós. — Ele apontou para nós no sofá.

— Ela não está louca de nos deixar. — Eu disse, e Alice negou, rindo.

— Chega, hoje é só alegria. Precisamos brindar esses nascimentos e celebrar. Quero dizer que amo essas crianças. — Alice abraçou minha mãe e, com um sorriso radiante, voltou ao nosso lado.

Alice se sentou ao nosso lado, e todos a parabenizamos por sua coragem em recomeçar. Ela me fez colocar seu colar novamente, já sem os anéis, e respirou fundo ao receber um doce de Alex.

A porta se abriu devagar, e Mary entrou acompanhada de Nicholas, com Emma atrás, junto com Amy. Todos entraram carregando sacolas e sussurrando, mas Nicholas, ainda com roupas informais, cumprimentou meu pai com um abraço apertado antes de se aproximar dos bebês com cautela. Mary trouxe uma pilha de presentes e correu para minha mãe, já que as duas tinham uma bela amizade. 

— Oi, crianças, quanto tempo! — Amy nos cumprimentou, tocando meu braço com um sorriso gentil. — Está cem por cento? — Ela perguntou, e eu confirmei com um aceno.

— Veio junto com o pessoal, Amy? — Gustavo, perguntou, deixando Amy um pouco sem graça.

— Não, eu os encontrei nos corredores. — Amy sorriu timidamente, enquanto Gustavo mandava um sorriso cínico em resposta.

Eu tive o mesmo pensamento que Gustavo, mas Emma confirmou que a encontrou no corredor.

— Baby. — Emma beijou Alex na bochecha e se sentou ao seu lado. — Quero pegar os bebês logo. — Ela encarou as pessoas ao redor dos berços e bufou impacientemente.

Emma estava corada e com um vestido florido, sua barriga crescia pouco a pouco, mas já se mostrava. 

Alex exalou felicidade ao vê-la e não escondeu de ninguém.

— Raybell, como está minha sobrinha? — Perguntei, e ela sorriu enquanto mostrava sua barriga crescida.

— Está bem, ontem o Alex disse que sentiu algo mexer. — Ela sussurrou, e Alex confirmou com um sorriso. — Mas sigo com muito sono, muito mesmo.

O ambiente estava cheio de sussurros, risos e uma energia que, se meus irmãos pudessem falar, certamente pediriam para que todos ficassem quietos. Mas era assim: nasceram rodeados de gente barulhenta, que estava genuinamente feliz pela chegada deles. Minha família tinha crescido e nunca mais seria silenciosa. Meus pulmões exalavam uma sensação de paz e conforto. A cada dia que passava, eu encontrava mais motivos para ser grata.

Encarei meu sogro, que estava tentando segurar os dois bebês ao mesmo tempo, caindo na risada com seu jeito desajeitado.

Gustavo encostou a cabeça em meu ombro, e minha cabeça repousou sobre a sua. Entrelaçamos nossas mãos e começamos a observar a cena juntos. Amy sorria com Lizzie no colo, Mary conversava com minha mãe sobre como era sentir a chegada deles pela primeira vez, enquanto Alice, Alex e Emma falavam sobre a faculdade e como Nova Iorque muda as pessoas, sempre viva, nunca dormindo. Sorri ao ver o fotógrafo balançando os ombros enquanto comia um cupcake.

— O que está pensando? — Perguntei, apertando a mão quente de Gustavo. Ele suspirou e sorriu.

— Então, isso é ter uma família... — Ele disse, olhando para os bebês com um sorriso nostálgico. — Uma família grande, com pessoas barulhentas, todos falando ao mesmo tempo. Uma mesa cheia... — Ele apertou minha mão e respirou fundo, como se tentando gravar aquele momento.

— Eu percebi que é, sim. A família mais aleatória do mundo, mas composta de pequenas famílias. — Ele assentiu e me olhou. — E você, gosta assim?

Eu já sabia a resposta dele, pois seus olhos falavam por ele. Suas expressões entregavam o que ele sentia, e, naquele momento, estávamos em sintonia. 

— Fralda de cocô, quem quer trocar? — Meu pai apontou para Blake, e um grande chiado ecoou pela sala. Nicholas levantou a mão, fazendo todos rirem.

O pai de Gustavo se aproximou do meu irmão, deixando minha mãe sorrir com o seu jeito atrapalhado. Amy brincou, dizendo que a casa estava ficando pequena para tanta gente e pediu que mantivéssemos a calma, para não incomodar os bebês. Todos começamos a falar mais baixo, e ela nos fez passar ainda mais álcool em gel, como se fosse a receita para manter a ordem.

-Isso aqui, é tudo que sempre quis. Mesmo com os defeitos e as dificuldades e o barulho. –Ele se esforçou para sussurrar. -Sou grato por me cumprimentar meses atrás mesmo quando estava ocupada para isso. –Ele prendeu a risada e fechei meus olhos lamentando. Gustavo apertou minhas bochechas com as mãos e me beijou sem timidez.

"Estou sempre aqui, só ocupada demais para te cumprimentar."

Lembram dessa frase? A nostalgia bateu 😭❤

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