Novos começos ♡ capítulo 7

Passaram-se poucas semanas após o novo ano, e eu e Alice conversamos quase todos os dias por chamadas de vídeo. Ela está em uma fazenda, mas não sabe exatamente como chegou lá; deve voltar em algumas semanas. Com Alex ocupado ajudando o Sr. James na reforma da oficina, meus dias têm se resumido a trabalhar e assistir filmes de romance com minha mãe.

O dia começou com meu pai querendo conversar comigo. Ainda sem muita animação, eu estava criando novas ideias para os biscoitos infantis, afinal um dos nossos itens mais vendidos na padaria são biscoitos de baunilha decorados com personagens infantis. Apoiada na ilha da cozinha, estava tomando meu café e fazendo uma lista dos desenhos animados mais assistidos da semana.

— Anne, assim que terminar, vamos conversar. — Meu pai me olha com um breve sorriso.

Sinto meu coração acelerar e apenas aceno com a cabeça. Não faço ideia do que se passa em sua cabeça.

— Pai, terminei. — Coloquei a xícara na pia, ainda pela metade, e fechei o bloco de notas.

— Vamos para a sala, querida. — Minha mãe se inclinou para me dar um beijo na testa. 

Sentados no sofá, o silêncio pairava no ambiente. Meu pai, que nunca foi bom com as palavras, parecia hesitar, tentando passar a vez para minha mãe. Meu coração estava apertado, temendo o pior. Minhas mãos estavam inquietas e, com uma tosse falsa, meu pai me tirou de pensamentos distantes.

— Filha, quero começar dizendo que nós te amamos muito. — Meu pai sussurrou ao me encarar, sem jeito. — Ficamos felizes quando você nos contou que vai tentar uma bolsa em uma das melhores faculdades do país e que fará o curso de fotografia em seu tempo livre.

Com o coração mais calmo, acompanhei suas palavras pausadas.

— Pai... — Sussurrei.

Eles se entreolharam, sorrindo.

— Desde a morte do seu irmão, você tem sido muito forte e nos ajudado demais. Jamais teríamos como te agradecer por ser uma filha tão esforçada. — Suas palavras suaves faziam lágrimas se formarem em meus olhos.

Minha mãe, que estava ao meu lado, pegou uma das minhas mãos e a apertou firme. Sua mão gelada tocou meus cabelos e um suspiro saiu de seus lábios.

— Como sua mãe, sinto-me orgulhosa da mesma forma e vou precisar ser forte quando você for estudar longe. Também achei ótima sua decisão de passar alguns meses por aqui, então, após uma longa conversa, decidimos que você só precisa ir à padaria em um horário se quiser. Queremos que tenha sua vida livre para fazer o que mais deseja e sonha. Portanto, matricule-se no curso de fotografia.

Ela pegou um envelope ao seu lado e o colocou em minha mão. Meu pai insistiu para que eu o abrisse, e assim fiz. A quantia no envelope me fez devolvê-lo, era muito dinheiro.

— Não precisa, vocês têm despesas e eu tenho dinheiro guardado. — Coloquei o envelope de volta nas mãos da minha mãe e meu pai bufou.

— Apenas pegue e gaste como quiser, é um presente. Você foi educada a recusar presentes? — A voz séria do meu pai me fez olhar de canto, pegando o envelope das mãos da minha mãe.

Eu os abracei rapidamente e sorri, era ótimo ganhar dinheiro no final das contas.

—Farei minha matricula! 

Aquela conversa me trouxe um misto de alívio e alegria. Realmente precisava desse tempo para mim e sei que será a melhor coisa até meus últimos meses aqui. 

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De frente ao espelho, arrumo meu cabelo, coloco brincos médios e passo perfume em grande quantidade. Hoje é o dia de um recomeço: inscrições para as aulas de fotografia. Mesmo com minha companhia ocupada, preciso compartilhar essa boa notícia.

Alex, como estão as coisas por ai?

Após minutos para responder, uma notificação chega a minha caixa de entrada.

Oi Anne, desculpe-me por a demora. Aqui esta uma bagunça, obra pesada. Hoje à noite você me conta as novidades e sobre a festa da Maryn Condor, tem algo a falar?

Solto uma risada ao pensar em tudo que ele vai falar quando eu me recusar a tocar no assunto do Gustavo, apenas não há nada o que comentar.

Sem problemas quanto à demora meu caro, sobre a festa não tenho nada a falar e sim hoje à noite nos veremos. Vou até a galeria de arte fazer minha inscrição.

Enviei a mensagem e saí de casa quase em cima da hora, afinal um atraso hoje atraso, não era uma opção. Caminhando pelas ruas ainda decoradas com vestígios do final de ano, me peguei pensando em como evoluí desde a morte do Andrew. Precisei me tornar forte e adulta tão rápido que acabei perdendo algumas fases da vida de uma adolescente normal, estou prestes a começar a faculdade e enfrentar uma longa batalha para alcançar o topo.

O céu estava um espetáculo de azul, amarelo e laranja, com o vento forte bagunçando meus cabelos e passos rápidos, alcancei a calçada do Bell's.

Sentado no capô do carro, Gustavo aproveitava a sombra e o vento que desarrumava seus cabelos. O Bell's é um ponto de encontro popular da cidade, e ele conversava com dois rapazes entre risadas. Pelo que observei, a quantidade de amigos dele diminuiu, a antiga turma grande de homens e mulheres que economizavam tecido em suas roupas parecia estar reduzida. Aproximei-me do estacionamento, pretendendo passar direto e entrar sem ser notada.

Não me veja, não me veja, não me veja. 

— CLARK! — Ouço seu grito, atraindo olhares curiosos de quem estava por perto.

Droga, ele me viu.

Gustavo desceu do capô do carro em um salto e veio na minha direção, limpando a parte de trás da calça rasgada.

— Oi, Baker. — Digo sem jeito, notando que os meninos à distância me observam, tentando disfarçar.

Ele se aproxima, e eu sinto o perfume forte que ele usa. Sempre tão bem vestido, se ele fosse feio, talvez minha antipatia fosse mais fácil de manter.

— Como vai? — Estende a mão para me cumprimentar, e eu retribuo o aperto de mão. — Está bonita e fica melhor solto. — Ele comenta sobre meus cabelos, e eu concordo em silêncio.

Realmente não sei como reagir a elogios, muito menos aos dele. Mas, como sempre, não deixo transparecer. E o que raios ele tem com meu cabelo? 

— Estou muito bem e com pressa. Obrigada pelos elogios, você também não está nada mal. — Digo, deixando escapar um sorriso de canto de boca. — A gente se vê qualquer dia. Estou indo à galeria de artes e preciso correr.

Gustavo andou rápido em minha direção.

— Calma, moça. — Já de costas para ele, sinto Gustavo puxar a minha blusa.

Qual é o problema dele?

— O que é? — Viro-me com o rosto fechado, e ele estende a mão, entregando-me uma etiqueta.

— Estava na sua roupa, o preço. — Ele diz, enquanto eu pego a etiqueta entre seus dedos, sorrindo sem graça.

Sinto minhas bochechas queimarem.

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Em pé na fila, pego meu celular e abro a caixa de mensagens em busca de alguma nova do Alex. Aperto no número desconhecido e lembro-me do Gustavo dizendo que eu já havia desejado aquilo, após o desejar um feliz ano novo. Mas não, é tecnicamente impossível, não temos amigos em comum. — Penso enquanto mordo o lábio inferior.

— Moça, é sua vez. — Uma voz me tira dos pensamentos. — O que vai querer?

Um rapaz atrás do balcão me encara, esperando meu pedido.

— Nossa, desculpe, não vi a fila andar. Vou querer um milk-shake médio no copo para viagem, por favor. — Digo, olhando para o atendente novato, que, segundo minha memória, se chama Henry. Ele é loiro, muito bonito e simpático.

Após alguns minutos, ele retorna.

— Aqui está seu pedido... Volte sempre e tenha um ótimo dia! — Henry me entrega o copo lacrado e um canudo colorido, piscando para mim.

Ele flertou comigo?

— Obrigada, Henry. Tenha um ótimo dia também. — Murmuro, piscando de volta.

Eu acabei de flertar com ele?

Após sair do ambiente, entro em negação. Talvez aquele flerte com o rapaz loiro tenha sido um erro, e eu percebo que não tenho a menor prática para isso. Sinto meu rosto queimar de vergonha novamente, mas meu impulso foi bom; ele é bonito. 

Saindo de dentro do Bell's, luto para abrir meu canudo, que insiste em não ceder. Ao encarar a via movimentada, meu olhar se fixa em Gustavo, sentado dentro do seu carro preto brilhante, com a música relativamente alta e sozinho. Eu não deveria ir até lá, era como cutucar uma onça.

Aproximo-me da porta do passageiro de modo que ele não me veja chegar, provavelmente concentrado na música. Inclino-me para me apoiar no vidro e vejo que ele está com a cabeça bem apoiada no banco, encarando a paisagem do outro lado da rua.

— Sozinho, Baker? — Sussurro, o assustando.

Ele se levanta em um pulo, ajeitando a postura, e baixa o vidro completamente.

— Nossa, que susto! Há quanto tempo você está aí? — Ele me olha fixamente e passa a mão pelos cabelos castanhos. — Acho que você é minha stalker.

Seu ego é maior que sua cara de pau. Por que eu andaria atrás dele?

— Acabei de sair, quer? — Apontei o copo em sua direção, e ele recusa com um gesto de cabeça. — Sobra mais para mim, então. — Resmunguei, dando de ombros.

— Obrigado, estou cheio. Você não estava atrasada? — Ele me lança um sorriso por seus lábios úmidos e rosados, erguendo as sobrancelhas.

Ele realmente sabe como se destacar.

— Ainda tenho tempo, e me permite perguntar... não vai ter problemas se seus amigos te virem falando comigo? Sua popularidade vai embora!— Pergunto, notando que a minha declaração parece irritá-lo. 

Ele bufa e passa a mão pelos cabelos, cruzando os braços.

— O Will e o Josh são legais. E você não sabia que eu não me importo com a opinião dos outros? E me permita perguntar, o que você vai fazer na galeria de artes? — Ele muda de assunto visivelmente irritado, e eu solto uma risada ao ser fuzilada por seus olhos castanhos.

— Mesmo que você não precise saber, meu hobby é tirar fotos. Eu sou muito boa nisso e vou fazer um curso para fotografar com sombras. Quem tirar as melhores ou mais bonitas fotos ganhará a chance de ter algumas expostas na galeria. — Ele me observa com atenção, tentando entender. — Está bem, já vou. — Explico, afastando-me da porta do seu carro.

— Clark, quer uma carona? É perto da casa do meu amigo. — Ele põe a cabeça para fora da janela do carro, quase gritando, mesmo estando perto de mim.

Poderia aceitar já que o clima entre nós está mais amistoso, porém há coisas que não podem se misturar tanto.

— Eu gosto de andar, Gustavo, mas obrigada. — Aceno em sua direção, vendo-o me seguir com o olhar.

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A galeria é, sem dúvida, um dos lugares mais incríveis da cidade. É um espaço enorme, com áreas dedicadas a cada forma de arte: pinturas, esculturas, fotos e desenhos. Esse universo é surreal; preciso trazer a Alice aqui o mais rápido possível — ela vai surtar ao ver os desenhos e pinturas.

Enquanto observo as fotos expostas, fico impressionada com o talento dos artistas da nossa pequena cidade. John Gilbert, o renomado fotógrafo que saiu daqui, hoje é conhecido em Los Angeles por seus cliques sensacionais. Ele veio várias vezes à cidade para palestras sobre sua trajetória, mas o custo da entrada sempre foi alto demais para o meu salário de confeiteira.

Passeio entre as diversas obras e sinto um orgulho silencioso ao ver como os detalhes mais sutis, como flores desabrochando e reflexos de um mar calmo, são capturados com tanta perfeição. Há também uma foto linda de uma grande família, todos organizados por tamanho. É encantador. Quem dera se um dia uma foto minha pudesse estar aqui, seria uma realização pessoal incrível.

Caminho até um balcão de mármore e uma moça simpática chamada Jennie me explica tudo sobre as aulas. Jennie explica com simpatia que as inscrições custam vinte e cinco dólares e que preciso deixar meus documentos, o modelo da minha câmera, qual o meu estilo de fotografias, uma fotografia minha e responder a um questionário pequeno. O questionário contém perguntas como por que eu gostaria de ter uma obra exposta aqui e se minha obra ganhasse, se eu permitiria uma cópia para venda e uma para exposição.

Sentada em um sofá confortável, respondi o questionário, e após isso a coordenadora da galeria uma mulher muito elegante me acompanhou até o primeiro andar onde estariam as salas de aulas e os laboratórios de revelação. Ela me explicou que seria uma aula por semana durante um mês e após isso aulas duas vezes por semana por mais algumas semanas. Ou seja, vai da para conciliar com meu agora, trabalho de meio período.

— Bem-vinda, senhorita Joanne. Espero que suas obras possam estar aqui um dia. Até a semana que vem, na sala quatro. — A jovem, com seu salto agulha e vestido tubinho, me deu dois beijos nas bochechas e me acompanhou até a saída.

— Agradeço a paciência. Estarei aqui na semana que vem. — Meu sorriso de canto a canto mostrava o quanto gostei do ambiente.

Ao sair da galeria, uma sensação de dever cumprido e orgulho me enchia o peito. Afinal, foi difícil voltar a fazer coisas que me conectam ao passado. Minha cidade é pequena comparada à maioria das outras, mas possui um shopping pequeno, um aglomerado de lojas no centro. É a parte mais movimentada da cidade durante a semana, com lojas de marcas luxuosas e simples reunidas em um só lugar, e ótimos restaurantes no meio de tudo.

Antes de fazer qualquer coisa, observo um lugar para sentar e enviar mensagens para Alex e Alice. Sento-me em uma mesa de um café e peço uma água, para não ocupar a cadeira sem consumir nada. Com o celular na mão, abro um grupo criado por Alice depois que ela descobriu um aplicativo de mensagens e me convenceu a usá-lo

Gente, fiz minha inscrição da galeria de artes.

A mensagem foi enviada, e conectei meus fones de ouvido.

Nossa, queria está ai para te abraçar, mas meu pai precisou me trazer com ele.

Alice respondeu na velocidade da luz, junto a uma foto sua ao lado de alguma plantação. Com certeza sua cara de tédio entrega o serviço chato.

Estou feliz por você  irmã, á noite vai me contar tudo? Desculpe-me não está ai com você.

Após alguns minutos Alex respondeu se lamentando, e mandou uma foto sua sujo de tinha amarela.

Relaxem, irei contar tudo á ambos. Alice chegue logo e Alex termina logo sua obra.

Com o dinheiro que ganhei comprei um moletom e filmes para minha Polaroid, o que sobrou gastarei com comida. –Sinto meu celular vibrar e o pego rapidamente, Alice tocou no assunto que precisava ser esquecido.

Anne, você tem mais coisa pra contar não? Algo que aconteceu na festa da Maryn Condor.

Bufei, sem saber contar o incontável, assistindo a curiosidade deles junto à emojis sem noção.

Também vai me explicar te conheço há trinta anos, saberei se mentir.

Não tem nada para explicar gente esqueçam isso... Mais tarde volto aqui, preciso ir para casa, Adeus.

Finalizei a conversa que estava me esquentando a cabeça. Minhas pernas doíam enquanto eu caminhava para casa e não conseguia acreditar que vou ter que explicar algo que ainda não compreendi bem, nem sobre o que aconteceu hoje. Sinto que estou agindo sem pensar e não quero ser mais um brinquedinho nas mãos do Gustavo, essa intimidade que ele acha que conquistou vai ser cortada por completo antes que os rumores comecem a circular na cidade pequena. Realmente não quero dar nenhuma chance para algo me magoar porque, depois de envolver o coração, nunca se sabe se você sairá machucado ou a salvo.

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— Anne, você vai jantar em casa? — Minha mãe pergunta, dando de ombros enquanto volta a preparar o jantar.

Após um longo banho, eu separava os documentos para levar no primeiro dia de aula, antes que eu esquecesse algo. Sentada à mesa, contava para minha mãe tudo o que vi na galeria, e ela parecia bastante interessada.

— Vou sim, mas mais tarde vou à casa do Alex para conversarmos. — Explico, enquanto guardo os papéis.

— E quando começam as inscrições da faculdade? — Pergunta meu pai, entrando de surpresa na cozinha. — Vai precisar ir até lá?

— As inscrições abrem em breve, pai. Eu vou enviar a inscrição por e-mail, e, caso seja aceita, eles vão mandar uma carta. — Sinto meus ombros pesarem de aflição e meu pai percebe, se aproximando e apertando meus ombros. — Obrigada, pai.

Jantamos tranquilamente aquela noite. Contei tudo sobre o curso de fotografia para meus pais, que ficaram muito animados com a novidade. Decidimos que eu vou ficar na padaria pela manhã e, ocasionalmente, à noite para ajudar na demanda. Eles me fizeram prometer que sairei mais com meus amigos e aproveitarei a vida.

Enquanto comia minha carne com legumes, não conseguia parar de pensar naquele número desconhecido. Encarei meu pai, decidida a perguntar, mas logo desisti.

— Pai, o senhor passou meu número para alguém quem eu não conheço? — Pergunto, bebendo um gole rápido do meu suco. Meu pai continua mastigando devagar, sem responder. — Pai?

A risada da minha mãe nos faz olhar para ela, enquanto meu pai continua lutando com um pedaço de carne e resmungando sobre o preço que pagou.

— Não, Anne. Se tem uma coisa que os pais não fazem é passar o número de suas filhas para alguém desconhecido. — Ele responde seriamente, fazendo-me soltar uma careta em sua direção. 

Meu pai, com seus cabelos grisalhos, sabe ser mais grosseiro que uma parede de igreja quando quer.

— Mãe? — Olho para ela, esperando uma resposta para a pergunta que fiz ao meu pai. — E você?

A encaro enquanto ela mastiga uma cenoura, e ela faz pouco caso da minha pergunta. O que está acontecendo com o humor nesta casa?

— Nem me encare com olhos de ameaça, não fiz nada. Você se abriu à possibilidade de ter um admirador secreto e acha que isso é ruim? — A explicação da minha mãe fez meu pai engasgar com um pedaço de carne, e ela, sem papas na língua, ainda vai acabar o enfartando. — Albert, nossa filha não é mais criança. — Exclamou minha mãe, fazendo-me revirar os olhos.

Meu pai, em silêncio, não parecia concordar com a opinião da minha mãe, mas o que admiro na relação deles é que, mesmo assim, eles não discutem.

— Mãe, não gosto de romantizar nada. Nem todo mundo tem a sorte que você teve de encontrar alguém legal e que não te magoou. — Baixo a cabeça para terminar minha comida, que já está quase fria.

Quem não gostaria de ter a sorte da minha mãe? Até hoje, só beijei uma pessoa, e ele era um babaca que só se aproximou a troco de nada, nem considero aquele beijo como o meu primeiro.

《♡》

Após o jantar, ajudei minha mãe na cozinha e suas palavras me convenceram de que jamais passaria meu número para alguém, sabendo como sou. Então, minha teoria do engano estava correta — foi apenas um mal-entendido de ano novo. Coloco meu fone de ouvido e inicio a reprodução de músicas de Sam Smith, cuja voz acalma meus ânimos. 

Caminhando pela rua gelada até a praça aparentemente vazia, percebo que ainda é muito cedo para chamar o Alex, e ele deve estar cansado. Sento-me em um balanço na mesma praça de sempre e começo a balançar, mesmo que o barulho irritante, provavelmente por estar sem óleo, me faça reconsiderar. 

Pego meu celular e abro a caixa de mensagens, clicando na mensagem do número desconhecido e lendo tudo novamente.

Pode me falar seu nome?

Encaro a tela do meu celular, sem acreditar que mandei essa mensagem querendo saber quem é. Se a pessoa estava bêbada, provavelmente vai me achar louca ou carente demais. Não posso acreditar que estou considerando o que minha mãe falou sobre um admirador secreto, é uma loucura; tenho coisas mais importantes para ocupar minha mente do que pensar em alguém para minha vida. 

Sinto meu celular vibrar com a tela apagada, mas não tenho vontade de pegá-lo. Fecho os olhos e sinto a brisa batendo em meus cabelos enquanto balanço nos brinquedos infantis do parque.

S2

Comente sua opinião sobre o capitulo e nos vemos no próximo. 


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