Inesperado ♡ capítulo 6
Logo após a virada do ano, aproveitamos o momento em família. Todos pareciam muito empolgados em conversas sobre o passado. Histórias engraçadas, como a que meu pai contou sobre como conheceu minha mãe há mais de vinte anos, ou seja, muitos anos atrás. Ele nos contou que estavam participando de um grêmio estudantil juntos e deixou claro que gostou da minha mãe logo de cara. Ela, sentada ao seu lado, sorria, gostando da forma carinhosa com que ele falava sobre os dois.
— Tínhamos quase dezoito anos e morávamos em Wisconsin ainda. Estudávamos juntos e frequentávamos o grêmio juntos. O destino, sabem? — Ele explicou e a mandou uma piscada. — Mesmo estudando juntos, nunca trocávamos muitas palavras. Um belo dia, eu estava voltando para casa de bicicleta e a vi caminhando pela calçada... — Minha mãe acenou, indicando que continuaria a falar.
— Eu estava desprevenida, meus pais brigavam muito entre si e nesse dia, para fugir das brigas, saí de casa correndo às pressas. O Albert estava passando por mim e falou: Ei, espera aí. Eu parei, e ele parou a bicicleta ao meu lado, me entregando seu casaco. Até que ele disse: Sua calça está suja de sangue, amarre na cintura.
Caímos na risada quando minha mãe mostrou sua cara de espanto ao pegar o casaco da mão do meu pai. Depois disso, ela nos contou que ele a levou até a casa dos meus avós e, no dia seguinte, ela devolveu o casaco limpo e nunca mais pararam de se falar.
— Eu me apaixonei por ela após a primeira conversa sobre sua casa problemática, a minha também era. — Por fim, ele disse, e todos aplaudiram, deixando-o sem jeito. —Então eu pensei que se um dia tivéssemos nossa casa, ela não iria ser daquela forma.
— Já eu demorei a me apaixonar. Ele grudou em mim, foi difícil. — Minha mãe revirou os olhos, sorrindo.
Essa história me fez pensar sobre o destino, que sempre arruma um jeito de pregar peças em nossas vidas, é tão inevitável quanto o anoitecer... Basicamente, não há como fugir. Não sei o que o destino me reserva, mas, com toda a minha ansiedade, queria uma pista.
Meus pensamentos foram interrompidos quando o Alex me cutucou disfarçadamente. Ele cochichou no meu ouvido para eu avisar às pessoas que íamos sair.
— Pessoal, desculpa interromper a conversa, nós três vamos sair para andar e ver o primeiro sol do ano. Tudo bem? — Sussurrei, já de pé.
— Tudo bem, querida, bom passeio pra vocês. — Declarou minha mãe, sem se importar muito, voltando a conversar com as pessoas.
Nos animamos de imediato, mas o pai da Alice a freou.
— Alice, volte antes das quatro da manhã, pois teremos compromisso, lembre-se. — Falou com firmeza o Sr. Moore e ela deu de ombros.
— Tá, pai, eu voltarei.
S2
Andávamos sem pressa por toda a nossa longa e arborizada rua, com o Alex e a Alice sempre muito empolgados, falando sobre planos para a faculdade e o quão importante a arte é para a sociedade. Pensando bem, até poderia seguir pelo lado da arte com a fotografia, mas minha paixão é a medicina, e comentei isso com eles. Percebo que, ao tocar nesse assunto, o Alex fica um tanto quanto triste, pois vamos para faculdades próximas, mas separadas.
— Alice, você e seu pai estão brigados? — Alex a interrogou, já que ela não parecia ela mesma ao lado dele. — Desculpa a pergunta.
Alice sorriu, consentindo.
— Não brigados, mas ele é emocionalmente distante desde a separação da minha mãe. Então, me considero filha dos meus avós... — Alice explicou, chutando folhas no caminho.
Conversamos abertamente sobre família, e com toda certeza o Alex foi quem menos falou, por todas as suas razões. Paramos no Bell's com a intenção de comer algo extremamente doce, era a melhor coisa a se fazer. Havia apenas nós no ambiente, e uma música lenta tocava ao fundo, o que deixava o lugar ainda mais confortável.
O Alex andava atrás de mim, segurando meus ombros, tentando me fazer andar mais rápido em direção à mesa, mas falhou.
— Feliz Ano Novo, crianças! O que vão querer hoje? — Perguntou o próprio Bell, com um largo sorriso e uma gravata estampada com picolés.
— Vou querer um milk-shake de morango, seis donuts com cobertura de chocolate amargo, e uma panqueca com mel. — Pedi empolgada, enquanto todos me encaravam como se eu estivesse louca. — O que foi, gente? Ainda estou com fome. — Confessei, mordendo o lábio inferior seco.
Após alguns minutos de indecisão, meus amigos fizeram seus pedidos.
— Quero um suco de laranja, por favor. — Pediu Alice, e ele anotou animado, confirmando os pedidos.
Juro que queria chegar aqui no meio de tantas comidas e pedir apenas um suco. A Alice está de parabéns.
— Quero o de sempre, Bell, no capricho. — Pediu Alex, enquanto umedecia os lábios com a língua, empolgado. — Alice, você tem compromisso amanhã? — Perguntou, aparentemente curioso pela resposta. — Desculpa a curiosidade de novo.
Ela consentiu, Alice não se importava com perguntas.
— Sem problemas. — Ela soltou uma risada sem jeito e continuou: — Vou viajar com meu pai, pois ele tem uma semana de férias e quer minha companhia, por algum milagre. Se eu negar, ele vai surtar. — Explicou ela, envergonhada. — Sim, vocês vão ficar sem mim por uns dias. — Ela estufou o peito e jogou seus cachos castanhos para trás dos ombros.
— Poxa, nem iria nos contar. Nos traga presentes... — Fiz cara de choro e olhei para o Alex, já impaciente com a demora da comida. — Boa viagem desde já, Moore. Sair desse buraco às vezes é bom. — A encarei animada, e ela consentiu.
Nossas comidas chegaram em pouco tempo; o cheiro era maravilhoso, e a aparência fazia jus também. Ao meu lado, Alex devorava um pedaço de torta de limão, enquanto Alice bebia seu suco lentamente, parecendo pensativa ao olhar através do vidro.
— Comam logo, vamos andar. Em poucas horas, preciso ir pra casa. — Sussurrou ela, mexendo seu suco com o próprio canudo.
Eu mordi um donut e suspirei.
— Vou começar um curso de fotografia na galeria de artes. — Declarei sem medo. — Quero aprender a usar as sombras nas fotos. — Expliquei animada, enquanto acabava com o resto da cobertura nos meus dedos.
— NOSSA! — Gritou Alex. — Isso quer dizer que seu bloqueio acabou? — Perguntou animado.
Passei a mão nos meus cabelos, pretendendo confirmar aquela pergunta, mas não tenho certeza se o bloqueio realmente acabou.
— Então, isso é o que vou descobrir quando começar o curso. — Respondi. Ele deu de ombros, comendo o último pedaço da sua torta.
— ISSO É INCRÍVEL! — Alice gritou ainda mais alto, fazendo suas palavras ecoarem por todo o ambiente. — Posso ser sua cobaia? Você tira fotos minhas para fazer seu bloqueio passar. — Ela agarrou meu braço, fazendo-me sorrir. — Esse sorriso foi um sim? — Acenei confirmando, e ela pareceu muito animada com a ideia.
— Se ela pode, eu também quero. Espalhar minha beleza pelo mundo, ficar famoso e tocar no Madison Square Garden. — Disse Alex, sorrindo e se gabando de sua aparência.
O que faz todo sentido, já que ele é realmente bonito.
— Modesto. Mesmo já tendo mil fotos comigo, deixo você participar. Mas isso é um conflito de interesse para mim. — Balbuciei, raspando o mel do prato.
Sorrimos e conversamos sobre a vez em que Alex recusou ser modelo por causa de uma espinha no nariz. Talvez eu nunca esqueça momentos como esse. Saímos do Bell's com a barriga tão cheia que a coragem de andar por toda a cidade repentinamente desapareceu, mas seguimos em frente. Alice nos explicou sobre sua vida na escola, e cheguei à conclusão de que foi tão tediosa quanto a minha, em meio às suas explicações, percebi que teríamos tido mais diversão se o trio tivesse se formado antes.
Sentamos em uma calçada aleatória e conversamos sobre assuntos diversos, muitos deles sem qualquer finalidade. Apesar de estar muito exausta, naquele momento eu me sentia feliz e grata. Tínhamos muitos assuntos para falar, coisas de anos e anos, além de sonhos para o futuro.
— Gente, tem um lugar para irmos. Mas não sei se vocês vão topar, dane-se a hora... Meu pai espera!— Falou Alice, animada, batendo palmas euforicamente.
— A essa hora aqui na cidade? Certeza? — Debochou Alex, intrigado com a proposta. — Fale sobre isso, mas aviso que não trouxe muito dinheiro.
Alice consentiu, o pedindo calma.
— Então, é uma festa na casa da Maryn Condor, como explicarei quem é ela? Ela é a...
Alex gesticulou em sua direção e ela sorriu.
— Eu explico. Maryn Condor é a antiga gordinha do colégio que dizem estar bonita porque emagreceu. Como se gordura fosse sinônimo de feiura, ela sempre foi bonita. — Declarou ele por fim.
Eu e Alice ficamos aparentemente surpresas com sua explicação.
— Isso, então, vamos ou não? — Perguntou Alice, levantando-se do meio-fio e estendendo as duas mãos para nos ajudar a levantar também.
Concordamos em ir somente por alguns minutos e seguimos pelas ruas vazias em busca da casa lotada por adolescentes bêbados às duas horas da manhã.
Sinceramente, nunca fui de frequentar festas lotadas e muito menos com pessoas do colégio. Só espero não me arrepender. Escutamos um barulho de música eletrônica vindo de algum lugar próximo de onde estávamos, aquilo indicava o local da festa, e saberíamos que estaríamos lá em alguns minutos.
Avistamos uma fila de carros estacionados somente de um lado da rua e luzes coloridas em toda a cerca, apontando exatamente para a casa na qual iríamos. Nos aproximamos da entrada, já com um aglomerado de pessoas gritando e logo passamos por entre elas e entramos na festa. Tocava uma música animada, várias bebidas estavam sendo servidas, e alguém estava jogando um rolo de papel higiênico na árvore sem motivo algum.
Alice caminhava por entre a multidão, mexendo o corpo, o que me fazia soltar algumas risadas. As pessoas não pareciam notar ou se importar com nossa presença, mas eu noite um rapaz apenas de cueca que passou por mim, assustando-me. Passei a mão nos olhos, e Alex puxou minha jaqueta, fazendo-me segui-lo.
Um garçom passou por mim usando uma peruca vermelha e uma saia de líder de torcida. Peguei uma dose de tequila servida em um copinho rosa neon, virando-o em um gole só para a alegria do garçom, que colocou mais um copinho em cada uma das minhas mãos. Tomei outro, sentindo um arrepio. Para quem não bebe por nem ter a idade exigida pela lei, meu estômago queimou e me senti culpada.
Alex, que estava atrás de mim, me olhou espantado.
— É para esquentar! — Gritei quase para que ele me ouvisse, e ele sorriu.
E realmente esquentou.
— Oiii! — Gritou Maryn, correndo em nossa direção aparentemente bêbada. — Moore, que bom que veio! Fiquem à vontade para beber, comer e, se quiserem, há quartos lá em cima. — Ela piscou para Alex, que a olhou confuso.
Ele normalmente só entende as coisas depois de um tempo.
— Maryn, feliz Ano Novo! Estes são Anne e Alexander. — Alice apontou para nós, fazendo-nos sorrir. — Só viemos dançar um pouco. Obrigada pelo convite! — Maryn nos cumprimentou e deu dois beijinhos nas bochechas de Alex.
Eu observei o amplo jardim e reconheci poucos rostos, o que foi um alívio.
— A casa é dos meus pais, mas finjam que é de vocês. Nunca vou esquecer a pessoa que foi minha companhia no início da escola. — Maryn abraçou Alice, que brincou apertando seus seios.
Maryn se afastou para festejar com uma multidão de pessoas pouco vestidas e fantasiadas. A festa parecia não ter tema definido, com pessoas vestidas de várias maneiras diferentes. Sorrindo, observei o ambiente.
— Que festa louca, sinto-me perdido. Precisamos encontrar uma rodinha para nos encaixar? — Perguntou Alex, intrigado.
O garçom, agora sem peruca, se aproximou com uma bandeja cheia de copos coloridos.
— Alguém quer refrigerante? — Ele perguntou, quase pulando.
— É só refrigerante ou tem algo ilícito dentro? — Alex indagou, apontando para um copo laranja. Eu o cutuquei e dei de ombros. — Vai saber... — Retrucou Alex.
— Cara, acho que é só refrigerante. — O garçom, que parecia ser um convidado, sorriu abertamente. Alex pegou um copo e, ao hesitar, pegou outro.
Entramos na casa enorme, decorada em tons bronze e dourado, com móveis de estilo antigo. Havia muitas pessoas e só reconheci quatro colegas do colégio, que não me conheciam. Depois de explorar a casa e encontrar algumas pessoas para conversar, procurávamos um lugar tranquilo para sentar e aproveitar. A casa estava bagunçada e cheirando a álcool, e eu me perguntava quem limparia tudo no dia seguinte.
— Essa casa é enorme, só para procurar um lugar para ficarmos vamos perder tempo! — sussurrei para Alice, que concordou e sugeriu que nos espalhássemos.
Alex foi para o lado da piscina, Alice para o andar de cima, e eu decidi explorar a parte de trás da casa, assim que encontrássemos um bom lugar, ligaríamos uns para os outros. Prendi meu cabelo em um coque e coloquei as mãos nos bolsos da jaqueta jeans, sentindo-me agoniada com o calor. Caminhei desviando dos olhares de meninos bêbados e chapados.
O cheiro de maconha estava forte, me deixando enjoada. Franzi a testa e passei a mão no rosto para escapar da fumaça. A área de trás da casa estava quase vazia, exceto por alguns casais se pegando em sofás espalhados, o que me deixou constrangida e fez eu rir nervosamente. Enquanto caminhava, um muro baixo de pedras chamou minha atenção. Senti alguém desfazendo meu coque e me virei rapidamente, empurrando a pessoa, o que me deixou em estado de choque.
— Calma, fica melhor solto — disse Gustavo, passando a mão no ombro que eu empurrei com força. Ele me ofereceu um copo de uísque, que recusei com uma careta.
-Gustavo seu completo imbecil, menos mal. - Respirei fundo voltando a prender meu cabelo, sinceramente aliviada por não ser um bêbado tarado, e só um idiota. -Como sabia que era eu? E porque soltou meu cabelo, quem te deu essa ousadia? -Falo sem pausas o fazendo me encarar.
Imaginei mil pessoas menos ele quando me virei. Sua expressão séria e olhar caído não indicavam diversão. Com uma calça preta, blusa xadrez vermelha, casaco preto e cabelos bagunçados, Gustavo se destacava na multidão.
— Já falei, fica melhor solto. Desculpa a ousadia. Vi sua jaqueta de longe e me perguntei o que uma menina certinha faz numa festa assim... Parecia perdida. — Ele sorriu, mostrando um sorriso alinhado e deu um último gole em sua bebida marrom.
Meu olhar desviou para dois bêbados correndo em nossa direção. Gustavo pegou minha mão e me puxou para longe do caminho, parando perto de um jardim com flores bem cultivadas e um muro baixo de pedras.
— Pode soltar, a multidão já passou. — Soltei sua mão gelada e passei a mão nas flores. — Então uma menina certinha não pode se divertir? Mas o mauricinho riquinho pode fumar e beber? — Perguntei, encostando-me no muro. Ele se sentou ao meu lado, soltou um suspiro e acendeu um isqueiro.
Gustavo bufou sem esconder a irritação ao ouvir aquilo, era divertido irrita-lo.
— Você sabe ser irritante. Mas não fumo, Clark, e bebo socialmente apesar de não ter a idade mínima para isso. Achei esse isqueiro no chão, se quer saber... E sou a favor de você se divertir e tomar tequila, mas sempre notei que você é diferente das outras meninas. — Ele observou meu ceticismo.
O rapaz ainda me encarava.
— O que foi? — perguntou ele, intrigado.
— Gustavo Baker — disse, me posicionando em sua frente e cruzando os braços. — Não entendo qual é a sua intenção. É algum tipo de aposta ridícula com seus amigos, como em filmes com um péssimo roteiro? Estudamos juntos por um bom tempo, e você nunca me cumprimentou, provavelmente nem me via. Aliás, você ria de mim. Agora, depois do ensino médio, começa a falar, puxar papo, e conhecer minha jaqueta. Como sabe que tomei tequila? Poupe-me. — Bufei e voltei a examinar as flores.
Gustavo olhou-me fixamente com seus olhos castanhos quase sem piscar deixando-me sem jeito. Ele desceu do muro baixo de pedras em um salto e ficou em minha frente de um modo que automaticamente deu passo pra trás, o que ele pensa que está fazendo?
— Te vi pela primeira vez no segundo ano, na homenagem feita para seu irmão no auditório. Nunca ri de você, ou de ninguém, mas meus colegas faziam isso como um hobby e eu não me orgulho!— Ele confirmou, e eu percebi que nunca o vi rindo de mim, apenas ao lado de quem fazia isso com os outros. — Eu era um idiota e andava com um grupo desprezível. Tentei falar uma vez com você para perguntar as horas e você me mandou olhar no relógio. Se eu tinha um relógio, provavelmente não queria saber as horas. — Ele negou. — E conheço essa jaqueta porque a encontrei embaixo da sua mesa e coloquei no achados e perdidos do colégio. — Ele sorriu, e eu reconheci que a história parecia verdadeira, realmente perdi a jaqueta. — Sobre a tequila, senti sua respiração alcoólica.
Gustavo falava rápido como uma metralhadora.
— Ok, você afirma ter mudado e largado sua turminha de imbecis. — Disse, descruzando os braços enquanto ele voltava a sentar no muro. — E tem razão segundo meus cálculos, o episódio da hora foi na metade do segundo ano, após você faltar alguns dias e voltar logo saindo do time de basquete! E foi mal pela má educação naquele dia, releve. — Suspirei, sentindo que falei demais.
Agora ele vai ter seu ego levantado por achar que eu o observava. Passo a mão as flores, o ignorando.
— Percebo que prestou bem atenção nos meus passos, Clark. — Ele disse, e eu reconheci que a mudança dele parecia real, ou ele fingia muito bem. — Abri os olhos e me afastei de várias amizades após atitudes que não concordei, restaram apenas algumas pessoas. Eu era idiota, e sua má educação era compreensível, tudo bem.
Ele me entregou uma pequena flor que estava presa à minha jaqueta, fazendo-me sorrir.
— Cala a boca, não me importo com suas mudanças. Escutava boatos sobre você, o mauricinho pegador... Nada demais. — Guardei a flor no bolso da jaqueta enquanto refazia meu coque pela decima vez, e ele acompanhava meus movimentos. — Tudo bem, apenas se puder releve toda minha grosseria, mas você nunca foi a pessoa mais confiável para se ter amizade.
E seu sorriso me irrita.
— Você sinceramente é bonita pra caralho e inteligente pra cacete. Desculpa se, mesmo sem intenção, fiz você se sentir mal, não só você, mas qualquer pessoa. Me sinto péssimo por ter estado naquele meio...— Eu não esperava ouvir isso de alguém que passei anos odiando. — Desculpa os palavrões. — Ele passou a mão pelos cabelos, arrumando-os, e umedeceu os lábios.
— Quanta desculpa, Baker. Isso irrita! — Respondi, forçando um sorriso. — Deixa isso no passado. Afinal, o colégio acabou e, de certa forma, não me importo mais.
Ele consentiu, parecendo aliviado.
— Amigos? Sem mais patadas ou tanta grosseria? — Gustavo ergue o braço, oferecendo um aperto de mão. Após relutar, aperto sua mão quente e muito mais firme que a minha.
— Espero não me arrepender, eu acabo com sua raça. — Um suspiro escapa de minha boca junto com as palavras.
Ele ainda apertando minha mão, negou.
— Não vai. — Ele rebate, sorrindo e balançando minha mão com algum tipo de intenção de me fazer sorrir.
S2
Passado alguns minutos em silêncio, avisto Alice e Alex passando rapidamente entre uma multidão tentando chegar ate nós.
— Achamos você, olhos do mar! Tentamos te ligar, mas não atendeu! — diz Alice, se aproximando e puxando Alex pela mão. Percebo que ganhei um apelido. — Ah, oi Gustavo. — Ela fala, surpresa com a presença dele.
Alex arregala os outros, desconfiado.
— Está tudo bem aqui? — Alex se aproxima, observando atentamente Gustavo, que permanece em silêncio, apenas brincando com a chama do isqueiro. — Não achamos um lugar calmo e precisamos ir, o pai da Alice está ligando!— explica Alex, puxando minha jaqueta.
Gustavo apagou a chama do isqueiro com um sopro.
— Está tudo bem sim Ross, salvei sua amiga de um grupo de bêbados correndo ali no meio. — diz Gustavo, apontando para onde ainda havia pessoas discutindo. — Como vai?
Alice me olhava provavelmente sentindo o clima tenso entre nos dois
— Sendo assim, obrigado então. Nós saímos para procurar um lugar e acabamos nos perdendo. — diz Alex, e eles trocam um aperto de mãos.
Alice fica tão surpresa quanto eu com a cena.
— Então, estamos já estamos indo. Adeus, Baker. — digo, enquanto Gustavo apenas acena com a cabeça. — E desejo um feliz ano novo!
Gustavo sorri em minha direção, e consente.
— Até breve, e você já me desejou isso. Para você também! — ele retruca, me mandando uma piscadela.
Nós três saímos do ambiente, logo saímos da casa e por fim chegamos na rua. Seguimos andando pelas ruas vazias conversando coisas aleatórias como sempre e não tocamos no assunto do Baker. Mas sei que em breve vou responder muitas perguntas pra esses dois, irei tentar entender o que aconteceu hoje, foi um começo de ano um tanto quanto inesperado. Não lembro-me de ter desejado feliz ano novo pra ele, provavelmente danos de duas doses de tequila.
《♡》
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