Despedidas S2 Capitulo 73

Aviso: Capítulo longo à vista!

Ah gente, mas calma é uma despedida e uma despedida merece um capítulo grandioso, não é?

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Voltamos de viagem após um mês longe de casa, estávamos bronzeados e felizes da vida por tudo que vivemos. Em um mês conhecemos uma nação linda com pessoas simpáticas e acolhedoras principalmente toda a família da Alice que nos tratou tão bem. Voltamos faltando também um mês para nossa mudança para a faculdade e assim como toda mudança, foi extremamente estressante juntamente ao meu pai que apesar de consentir que morássemos juntos, não parou de nos avisar coisas como irei chegar de surpresa, quero você em casa todos os feriados ou qualquer coisa irão para dormitórios.

Apesar da chatice do meu pai para alguns assuntos, o mesmo ficou empolgado por ser sua filha em uma faculdade. O levamos para conhecer o campus, e Gustavo o presenteou com um casaco semelhante aos que ganhamos da faculdade no ato da matricula. O senhor ficou feliz com o presente e tirou inúmeras fotos, o mesmo afirmou sempre ter tido o sonho de uma faculdade, mas as circunstâncias da vida o obrigaram a priorizar o trabalho assim que acabou a escola, mas ele diz não se arrepender de nada.

Meus irmãos cresceram bastante e aprenderam a chorar sempre que não conseguem algo, o que faz minha mãe perder alguns cabelos. O gênio forte do Blake junto ao jeito manhoso da Lizzie como eu previ, fizeram o mês que passei longe voar. Minha mãe estava se preparando para voltar ao trabalho como vice diretora da nossa única escola da cidade, a mesma saiu das salas de aula e passou por um enorme treinamento para tal cargo. Seu novo cargo a traria mais responsabilidade e também mais tempo livre para os bebês, Mary indicou uma babá e minha mãe irá contrata-la em breve.

Sobre as cansativas semanas de mudança, viajamos varias vezes para New Orleans em busca de apartamentos ou pequenas casas que se adequassem a nossa vida e nenhuma das vezes fizemos outra coisa a não ser da as boas vindas a famosa vida de adulto com muitos papeis e pastas nas mãos. Depois de rodar o bairro conseguimos um apartamento próximo a faculdade, é um local simples, não muito grande porém muito aconchegante.

Nicholas e meus pais viajaram conosco e compraram os moveis básicos, minha mãe junto a Mary compraram coisas pequenas como toalhas, lençóis, pratos e eletrodomésticos. Um misto de sensações me invadia a cada vez que comprávamos algo para nossa casa estudantil como nomeou meu pai, segundo ele não estávamos morando juntos, apenas dividindo um apartamento.

Eu e Gustavo estávamos felizes e ansiosos para tudo e sempre sentávamos para conversar sobre tudo e como nossa vida ia andar daqui para frente sempre lembrando dos conselhos que recebemos dos nossos pais, afinal era uma vida completamente nova para ambos. Quando deixamos tudo pronto lá, percebemos como nossa vida irá de fato mudar, como iriamos nos adequar para unir nossas diferenças e seguir rumo aos nossos sonhos.

Quando vimos que nosso simples apartamento estava pronto, fizemos uma cópia da chave, e Gustavo nos comprou dois chaveiros simples com nossas iniciais. Foi então que a ficha caiu: viveríamos de fato como um casal, todas as horas do dia, dividindo uma cama como já fazíamos em algumas noites. Lembro-me com clareza de ser abraçada por ele e ouvir que faríamos tudo muito bem e que tudo daria certo. Talvez o maior dom dele fosse justamente estabilizar minhas emoções, que por vezes se tornavam uma bagunça.

Nossos amigos também estavam enfrentando suas próprias mudanças. Alice viajou para Nova Iorque e, junto com sua mãe, que também veio conosco, organizou o quarto com tudo o que precisaria para viver tranquila. Isso incluiu um frigobar preto, pelo qual ela se apaixonou e pagou caro. Vic pegou uma carona no jatinho dos Baker para ajudar a filha na nova fase da vida. Durante a visita, ela conheceu meus pais e conversaram bastante sobre o Andrew.

Alex e Emma estavam travando uma batalha com as duas avós enquanto arrumavam o apartamento e as coisas para a pequena Hannah. O casal lutava por algo simples e com pouco custo, mas as avós não se contiveram e compraram roupinhas que iam do tamanho recém-nascido até três anos. Quanto à Hannah, ela estava prestes a nascer, Emma já estava entrando no oitavo mês de gestação, e sua frase padrão era: "Não vejo a hora da Hannah nascer." O casal jovem recebia todo o apoio psicológico e financeiro para começar a vida juntos, e, com a mãe da Emma por perto, todos nós ficávamos mais tranquilos.

Will realmente gostou de uma menina no Brasil, e os dois começaram a se conhecer melhor. Apesar de o loiro ter voltado para casa, eles conversam diariamente, e ele se mostra feliz com a relação. Gustavo, por outro lado, estava sentido por ficar longe dos amigos, embora Josh permanecesse na cidade. Já Will viajou para a Carolina do Norte junto com os pais e parecia contente com a mudança. Eles são amigos desde o começo da adolescência e, como nossa cidade é extremamente pequena, não é difícil manter amizades antigas.

O sol estava se pondo, e eu e meu melhor amigo observávamos enquanto ele ainda iluminava as águas gélidas do lago. Gaivotas voavam de um lado para o outro, e o vento gelado tocava nossos rostos. Alex, com o braço em meu pescoço, permanecia em silêncio absoluto. De vez em quando, ele me encarava e sorria, como se buscasse coragem para falar, mas não conseguisse. Isso era típico dele, o futuro pai da turma.

— O que quer falar? Sinto as palavras presas na sua garganta — sussurrei, retirando seu capuz preto. — Ainda estamos em silêncio, e se eu não te pressionar, você não vai falar.

Sim, o silêncio pairava entre nós, já que Gustavo, Emma e Alice ainda não haviam chegado. Ser vizinha do meu melhor amigo tem mais pontos positivos do que negativos. Será que eu já tinha falado sobre isso? Nossas casas, literalmente coladas, sempre facilitaram muitas coisas. Essa é uma das coisas que mais sentirei falta. Talvez seja um dos principais motivos para que eu ainda não consiga estar cem por cento feliz com tudo que está acontecendo em nossas vidas.

Cresci sem saber como é não tê-lo por perto. E, como é óbvio, nenhuma pessoa substitui a outra. Ninguém naquela faculdade, na cidade ou mesmo o Gustavo conseguiria suprir a falta que o Alex fará na minha vida diariamente. No caminho para a escola de bicicleta, nos trabalhos em grupo que sempre transformávamos em dupla, nas idas ao cinema fingindo ser um casal em dias que casais pagavam metade do bilhete, nas idas ao trabalho... e sentirei falta de vê-lo me esperando entrar na padaria para então seguir seu caminho.                       

O Alex é a calma, ele é o resumo de tudo que represente a paz de espirito, ele foi a primeira pessoa que me mostrou o que era a amizade e que estava tudo bem ser amiga de um menino sem nada além disso.

-Sentirei sua falta, Anne. É complicado... –Alex colocou a mão sob o peito e apertou o moletom. –Nossa vida mudou tanto, serei pai e irei para uma faculdade. Queria você perto de tudo isso, sabe... Como crescemos. –Ele desabafou e o abracei.

Tudo que ele sente eu sinto também, sempre me falam que nos tempos atuais é raridade encontrar alguém que seja seu amigo de verdade e que nunca te abandone por mais que as coisas fiquem difíceis. Eu sempre tive ele e me sinto privilegiada com isso, ou seria melhor dizer abençoada?

-Eu te amo Alexander, você sempre será você em minha vida. A pessoa que tem a cor do sangue igual a minha, a pessoa que eu chamaria caso eu achasse um cadáver, meu irmão, minha sombra e meu melhor amigo. –Desabafei e ao encostar a cabeça em seu ombro pude ver a lagrima cair em seu moletom. –Com certeza você é a melhor companhia do mundo todo.

O menino ao meu lado não chorava com facilidade, não por nada, apenas por aguentar até onde pode em toda sua vida. Ele sempre chorava quando muito triste ou muito feliz.

-Devo amar você um pouco mais, farei de tudo para minha filha crescer perto de você. Quero que ela tenha por perto uma pessoa incrível como eu tive, uma pessoa corajosa e protetora. –Ele me abraçou de volta e começou a me contar sobre sua casa. –E assim que seus filhos nascerem ensinaremos o que é uma amizade.

Concordei. Esse era meu maior desejo, sempre foi o nosso desejo. Era o que tentávamos expressar quando dizíamos que nossos filhos cresceriam juntos, mas sempre interpretavam como se fôssemos um casal. – Sorri, quase o fazendo sorrir também.

Alex começou a me dar detalhes de como Emma vinha evoluindo como pessoa, tornando-se cada vez mais compreensiva – menos quando estava com dor nas costas. Ela vinha sentindo desconfortos como dores lombares, enjoos matinais e, muitas vezes, não conseguia dormir bem por não achar uma posição confortável. Alex fazia massagem em suas costas sempre que podia. Os dois eram muito diferentes, mas estavam se ajustando como casal e fortalecendo os sentimentos recíprocos.

– Achei seu apartamento bem legal pelas fotos. Em breve, vamos conhecer nossas casas. Tem quarto de visita? – cochichei, empurrando o braço dele.

Alex explicou que o apartamento deles não era muito grande, mas dava para acomodar todos muito bem.

– Não é grande, foi escolha nossa, mas tem três quartos: um nosso, um da Hannah e um da bagunça. – Ele sorriu. – Da bagunça porque ainda tem muitas caixas, mas, em breve, será um quarto com uma cama e uma mesa de estudos para a Emma... – Ele começou a explicar mais sobre a arquitetura, mas desistiu.

Ele me mostrou fotos de tudo e comentou que ainda havia muito a organizar. Eles estavam arrumando tudo aos poucos, pois Emma se cansava rápido. Blair estava ajudando sempre que podia, e, como sua casa ficava no mesmo bairro, isso ajudava mãe e filha a criarem laços mais facilmente. O casal recusou qualquer ajuda financeira além do já combinado – o fato de não pagarem aluguel já era uma grande ajuda.

– Ah, tá. Vou entender melhor quando eu for visitar, mas a Emma me mostrou as coisas do quarto da minha afilhada. Tudo rosa com amarelo, tão fofo! – estremeci de alegria, e Alex balançou a cabeça, sorrindo da minha empolgação.

– Sim, deixei essa parte ao gosto dela, que está super empolgada. Eu sou daqueles pais bobos, sempre acho tudo lindo. – Ele deu de ombros, enquanto mostrava uma foto dele montando um carrinho de bebê. – Tem noção de como essas coisas são caras?

Alex continuou me mostrando tudo que tinha na galeria do celular. Parte eram fotos dele com Emma, outras das coisas da Hannah, e muitas sobre artigos de produção musical.

– Como as aulas da faculdade de vocês são apenas em um horário, vocês vão trabalhar? – perguntei, curiosa como sempre.

– De imediato, eu sim. Da mesma forma que fiz durante todo o colegial, a Emma vai dar prioridade à faculdade e à Hannah por enquanto, mas ela está sempre desenhando, do jeito que gosta. Dá um trabalhão, você precisava ver. Mas talento é o que não falta pra ela. – Concordei, enquanto ele me mostrava alguns desenhos da loira. – Quero trabalhar porque não queremos viver às custas de ninguém.

Emma realmente desenhava vestidos lindíssimos, seu foco eram vestidos de noiva e roupas para casamentos em geral. Eu tinha certeza de que faria sucesso, enquanto Alex rolava a galeria, fiquei impressionada com os detalhes e a criatividade das peças.

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Como eu imaginava, o silêncio não durou muito. Gustavo chegou com as meninas, falando alto como sempre, enquanto discutia com Alice sobre comida. Eles trouxeram lanches do nosso lugar preferido. Ele havia passado para pegar as garotas em casa e, como combinado, veio direto para o lago. No entanto, parecia estressado, e Emma estava claramente enjoada da viagem de carro.

– A Alice teve a brilhante ideia de me contar que o atendente do Bell estava paquerando você. – Gustavo sentou ao meu lado, enquanto Alice se acomodava ao lado dele, estapeando sua cabeça. – Como ele ousou? Não sabe que você tem namorado? Ele paquerou a minha namorada. – Apontava para si, fazendo todos rirem.

Com a mão no rosto, tentei esconder o embaraço. Alice tinha mesmo que comentar sobre os flertes com o Henry? Sim, eu paquerei o cara, quem liga? Isso aconteceu há séculos, muitos e muitos meses atrás. Mas, claro, meu namorado cabeça-dura não esqueceria tão fácil.

– Amor, ainda não namorava você. Eu mal te conhecia, tenha fé. – Falei, tentando apaziguar a situação.

Gustavo ficou em silêncio por longos segundos, mas antes que pudesse responder, Alex decidiu jogar lenha na fogueira:

– Não se preocupe, irmão. Ela paquerou ele também, inclusive mandou uma piscadinha pro rapaz. – Alex piscou exageradamente para Gustavo, que o encarou com uma mistura de indignação e irritação.

Emma bateu no braço de Alex, e eu o estapeei na cabeça.

– Alexander, lenha na fogueira não... – Emma o repreendeu, mas ele fez pouco caso, como sempre.

-Briga... Briga... Briga... –Alice sussurrou me fazendo gesticular um soco na mesma. –Parei, isso é passado Gustavo anta Baker. –Ela falou, já mais alto porém o mesmo revirou os olhos.

Gustavo me olhou indignado e sorri apertando meu rabo de cavalo, Alice me deu um copo de suco e apenas bebi.

-Porque eu não poderia paquerar? Era solteira, nova e queria beijar... é cada coisa que ouço. –Sorri e Gustavo voltou a bufar. –Não bufe, pegou metade daquela droga de escola transou com a outra metade e eu não fico falando nada.

Minha declaração fez Alice engasgar e Emma prender o riso. Enquanto isso, eu ignorava a cara de bravo do Gustavo, o que parecia irritá-lo ainda mais.

– Amiga, você fica falando sim... – Alice sorriu e me entregou uma fatia de pizza. – Eu só falo a verdade. – Bufei, sabendo que ela estava certa.

– Só transei com a metade que peguei. – Gustavo sorriu, provocativo. – Eu era solteiro, Clark. Queria beijar...

Respirei fundo, fechando os olhos e tentando não cair na provocação. Mas foi inútil. Não resisti e dei um tapa em suas costas, ainda com o rosto quente. Poucos minutos depois, já estávamos discutindo sobre quem era a pessoa mais ciumenta. Como esperado, Gustavo aproveitou para expor minhas crises de ciúmes, ele lembrou do episódio no Brasil e da fila do mercado em que uma maldita líder de torcida me ignorou completamente e pulou nos braços dele.

– Malditas líderes de torcida. Faziam isso com o Andrew também. Com aqueles pompons idiotas e suas minissaias mostrando a bunda, eu poderia esmagar todas com meu coturno. – Alice desabafou, gesticulando com raiva. 

Alice arrastou o coturno preto no chão, simulando pisar em algo, enquanto Emma tentava acalmá-la, lembrando que a loira tinha sido uma líder de torcida na época do colégio.

– Desculpa, não esmagaria a sua mãe, Hannah. – Alice sorriu sem graça para Emma, que não parecia nem um pouco magoada.

– Tudo bem, mas acho que me esmagaria também. – Emma fingiu tossir e sorriu. – Na época, eu namorava, mas confesso que o irmão dela era muito bonito. Fazia sucesso, mas não dava bola para ninguém. – Alex concordou com um sorriso.

Todos rimos e concordamos quanto à beleza natural do meu irmão e ao sorriso reluzente que ele exibia por onde passava. Quando a sessão de ciúmes finalmente passou, mudamos de assunto, conversando sobre nossas casas e as aulas que já estavam prestes a começar com tudo. Emma explicou que teria aulas online até terminar a licença maternidade e confessou que já estava ansiosa por ter que deixar a pequena Hannah para frequentar a faculdade.

– Gostei da minha colega de quarto. Ela se chama Rosé e é do Arizona. O sotaque dela é muito fofo, e ela gosta de bichos de pelúcia... meu oposto. – Alice fez uma careta cômica e gesticulou de forma exagerada, nos arrancando risadas. – Ela encheu a cama com mini vacas, mini ovelhas... basicamente toda a fazenda em pelúcia.

– É, pelúcias não fazem parte do seu estilo... – Gustavo riu, completando. – Alice e fofura definitivamente não combinam.

– Ei, respeite meu estilo! – Alice rebateu, fingindo indignação, e apontou para seus coturnos pretos como se fossem um troféu.

Emma tentou conter o riso, mas Alex soltou um gargalhada, provocando ainda mais Alice, que começou a defender seus "princípios de estilo" com discursos dignos de um desfile alternativo.

Alice tinha alguns gostos bem diferentes dos demais. Às vezes, usava roupas pretas ou peças extremamente coloridas, adorava tachinhas e estampas xadrez. Segundo ela, o estilo de sua colega de quarto era o oposto do seu, mas estava tudo bem. Rosé era legal, não se importava com barulho e, o melhor de tudo, seu sono era tão pesado que nada a acordava.

– Nosso prédio é quase todo lotado de estudantes, não conhecemos muitas pessoas, a não ser um senhor que sempre leva o cachorro para correr no corredor, porque tem medo do animal se perder na rua. – Eu comentei, e Gustavo confirmou, lembrando-se do homem.

As histórias começaram a fluir, e logo percebemos que essa nova fase da vida estava cheia de histórias engraçadas para contar. Seriam ótimos assuntos para quando nos encontrássemos.

– Nossa vizinha do lado sempre está chapada e nos chama de "casal revista". – Alex deu de ombros, e Emma sorriu, confirmando. – Seu vizinho conhece algo chamado coleira? – Com ironia, Alex me perguntou. – Coloca no cachorro, assim ele não foge.

– Ele diz que o cachorro tem medo da coleira. – Gustavo explicou com um sorriso, e Alex apenas deu de ombros, com um ar de quem achava tudo absurdo.

Todos rimos da situação, enquanto a ideia de um cachorro com "medo" de coleira continuava rendendo piadas.

-A Rosé perguntou se poderia criar um porquinho no quarto, segundo ela não incomodaria. –Alice falou com a boca cheia. –Um porco de verdade.

Rimos com sua expressão de pânico e a mesma entrou em negação.

-Você é a Alice, o que falou? –Perguntei, e recebi uma cara de ironia da mesma comendo vagarosamente seu donut.

Alice cruzou as pernas e limpou as mãos sujas de açúcar na camisa do Gustavo, que não se importou.

-Falei que ela poderia levar o porco até porque o quarto também é dela mas só se ele fosse ser nosso bacon algum dia, logo ela desistiu. –Alice falou calmamente, fazendo Gustavo estapear a própria testa.

Todos fizemos a mesma coisa que Gustavo, Alex caiu na risada e comentou que, se ela não dissesse isso, não seria a Alice. Com toda certeza, ela falaria isso ou algo ainda pior. Mas Rosé acabou salvando seu amigo porquinho e, segundo Alice, levou um aquário de tamanho médio.

E assim se passou nossa tarde: curtimos a companhia uns dos outros, aproveitamos todos os doces que Gustavo trouxe do Bell's. Ele não poupou dinheiro e simplesmente comprou tudo que havia na colorida vitrine do local. Segundo ele, sentiríamos falta da concorrência da minha padaria. Conversamos, contamos histórias, e no fim, combinamos de visitar as casas uns dos outros em breve. Alice ainda sugeriu que precisávamos de uma festa em cada local, e eu concordei de imediato.

Nos despedíamos da cidade mais silenciosa e parada de Luisiana, mas a cidade que nos proporcionou tantas memórias, tensões e alegrias. Conhecemos pessoas e vivemos muitas vidas em uma só. Alice, em tom de brincadeira, disse que agitaríamos a cidade ao termos nossos nomes nos jornais por semanas. Encarei as águas do lago, mexendo-se lentamente, e agradeci em silêncio por tudo o que vivi ali, pelas pessoas incríveis que cruzaram meu caminho e fizeram minha vida mais colorida.

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— Vai deixar o guarda-roupa vazio? — Rodopiei na cadeira do meu namorado e o encarei. — A Mary vai brigar com você e fará você colocar tudo de volta. — Afirmei, e ele cruzou os braços.

Passamos a semana descansando, ao mesmo tempo em que aproveitávamos a cidade com nossas famílias. Amanhã à tarde, embarcaremos para nossos destinos e Gustavo terminava de arrumar algumas coisas que restavam. Ele sempre me mostrou que tinha muitas coisas, mas só percebi isso nas arrumações dessas semanas. No entanto, Mary insistia para que Gustavo deixasse parte de suas coisas em casa para os dias em que voltasse, e tentava fazer com que ele obedecesse. Gustavo ligou seu pequeno som e dançávamos enquanto arrumávamos.

— Estou nervoso, só estou colocando. Meu coração está a mil e... — Levantei com calma e fui ao seu encontro. — Vou deixar as coisas, levarei apenas as cuecas. — Ele bufou, e o abracei por trás.

Com a cabeça encostada em suas costas quentes, pude sentir sua respiração calma. Gustavo colocou sua mão por cima das minhas a sua volta e as apertou. Eu queria confortá-lo, mas ele era melhor nisso do que eu. O menino bronzeado virou-se para o meu lado e me encarou, seu olhar sereno não me deixava decifrar suas emoções.

— Tudo bem, passei por isso também, ainda mais com minha mãe chorando sentada na minha cama. — Sorri, e sua mão pousou em minha cabeça. — Despedidas são horríveis, e o quadro com a minha foto vai também? — Falei.

Gustavo encarou o quadro embalado no chão e consentiu.

— Sim, tem que ir para nossa casa. — Ele falou, e um frio adentrou minha barriga.

Nossa casa, nossa casa, nossa casa.

— Sim, precisa ir para nossa casa. — Sorri, e ele beijou minha testa.

— Obrigado por me ajudar a regar todas as flores da estufa hoje. Sei que deveria estar com seus pais e... — Balancei a cabeça, e ele se calou.

— Passei semanas com meus pais fazendo comidas, cuidando dos meus irmãos, passeando com eles para todos os lados e assistindo. Estou com você hoje porque sei que não vai ser fácil deixar tudo. — O puxei para perto da cama e peguei um cabide.

Sorrindo novamente, Gustavo colocou de volta algumas coisas nos cabides e esvaziou sua mala. Arrumamos perfumes nos locais e deixamos algumas cuecas na gaveta, fazendo assim uma pequena mochila para irmos. Paramos em frente ao guarda-roupa e analisamos nossa arrumação. Mary se sentiria melhor assim quando viesse no quarto do seu filho do coração.

Segundo Gustavo, também passaram a semana fazendo programas em família, e Amy estava começando a participar de tudo. Eles jogaram golfe, cultivaram algumas flores novas, usaram a piscina, e Amy contou histórias legais sobre sua vida, como quando fez um trabalho voluntário na África após a morte do seu marido. Sentia Gustavo mais animado quando falava sobre família e sua casa, algo que eu não via antes. Hoje, jantei com todos na mesa e percebi que não era mais a casa vazia e silenciosa de meses atrás.

— Vou deitar e esperar. Não demore demais no banho. — Falei, e com a toalha no ombro, Gustavo me deu tchau.

— Não irei demorar, minha ida ao trono será rápida. — Ele sorriu, e eu mandei uma careta. — Sei que não parece pois sou muito bonito, mas faço cocô. — Dei tchau, e ele bateu a porta do banheiro com graça.

Havíamos chegado ao ápice da intimidade e eu me sentia confortável com isso. Estiquei meus braços e senti o cansaço de semanas de uma mudança interminável.

Deitei na cama cheia de travesseiros, e seu cheiro estava por toda parte. Era bom senti-lo, mesmo quando ele não estava por perto, estava pronta para viver com isso todos os dias, e meu pai também parecia ter se acostumado com a ideia, quando ensinou ao meu namorado como mexer na caixa de energia da casa e como regular o aquecedor sem precisar de tutoriais ou chamar técnicos.

Ouvia ele cantando no banheiro e sorria como idiota, talvez por ele não saber nada sobre afinação ou por estar cantando a mesma música que minha mãe canta para os gêmeos na hora do banho. E essa foi outra face do meu namorado que vi desabrochar com o passar dos meses. Após o nascimento dos meus irmãos, ele mostrou levar muito jeito com crianças e admitiu não ter mais medo da paternidade, talvez algumas conversas com meu pai sobre isso tenham ajudado bastante.

Gustavo havia aprendido a dar banho, esquentar o leite e entreter as crianças quando minha mãe ia ao mercado. Ele dizia não se cansar de mantê-los nos braços, e qual criança não gosta disso? Meus irmãos se apegaram facilmente ao Baker, principalmente Lizzie, que é a mais manhosa. Ela já escutava atentamente a voz do meu namorado e sabia que iria pular em seus braços.

— A água estava ótima, deveria ter ido. — Ele saiu do banheiro com uma toalha na cintura e outra enxugando os cabelos. — Dormiu?

Encarei seu abdômen um pouco mais sarado do que o normal e sorri. Ele ficava ainda mais bonito com os cabelos molhados e, claro, sem roupa. Gustavo se despia sem vergonha e não se importava com meus olhares.

— Alguma parte de você é feia? — perguntei, gesticulando da sua cabeça aos pés, e ele virou-se para mim. — Se vista. — Sussurrei.

Gustavo encarou seu próprio corpo sem roupa alguma e negou.

— Não, sou totalmente bonito e quer que eu me vista porque tem medo de não resistir? — Ele colocou uma samba-canção e tomou um banho com minha lavanda. — Seu pai me fez pedidos hoje, muitos.

Gustavo, depois de vestido, apagou a luz e dançou até a cama, deitando ao meu lado, lado esse que ainda não definíamos qual deitaríamos. Com meus dedos, penteei seus cabelos e ele começou a tagarelar sem parar sobre algum dos dias que passamos em minha casa.

— Conte tudo, após isso não irei resistir a você. — Sorri, e ele entrou para debaixo da mesma coberta que eu. — Controle sua mão, precisa contar. — Sua mão abraçou minha cintura, me levando para mais perto do seu corpo.

O clima frio deixava seu corpo frio também. Apenas puxei mais cobertas e o cobri até o pescoço.

— Pode me usar, eu deixo, e seu pai pediu para eu jamais atrapalhar sua vida. — Gustavo falou seriamente, e dei de ombros.

— Como assim? — O abracei, e ele sorriu. — Atrapalhar?

-Coisas como jamais atrapalhar sua vida quando quiser sair com suas amigas, se divertir, viver. Deixar você viver livremente e não te tratar como uma pessoa que está ali para me servir apenas por que moramos juntos. -Gustavo era sincero e sabia que isso era verdade. –Ele disse para cuidar de você, ajuda-la em tudo, deixar você andar com suas pernas e nunca deixar as crises serem maiores que você. Sim, e me contou das suas manias tipo misturar cores de roupas, quebrar copos e nunca enxugar os pés no tapete do banheiro. –Ele sorriu e revirei os olhos.

Está bem, não julgaria meu pai, pois era tudo verdade. Ele sempre foi muito protetor e cuidadoso, ele é um ótimo pai.

— Tudo bem, mas sei que você jamais me privaria de nada ou dessas coisas. Quero viver tudo ao seu lado e sei que teremos nosso tempo a sós também. — Encostei minha testa na dele, e ele consentiu. — Precisarei de ajuda com as roupas, com a máquina de lavar louças, porque os copos sempre caem... — Encostei meus lábios nos dele, e Gustavo retribuiu.

Nossos corpos se juntaram ainda mais e senti sua mão lentamente deslizar em minha coxa. Seu toque deixou meus vastos pelos em alerta, nossos olhos se fecharam, nos entregamos aos beijos e carícias por muitos minutos. Era nosso momento de intimidade e amor.

— Quero voar com você, ser livre com você... — Beijando meu ombro, ouvi sua voz baixa e seus lábios quentes em mim. — Aventuras, estudos, e tudo.

— Ouça a música, ela diz que preciso de você para aquecer minhas noites solitárias. — Falei e ele sorriu. — Eu te amo, baby.... — Acompanhei a música e o deixei com vergonha. 

Com meu corpo quase por cima do seu, encarava seus olhos profundos e castanhos. Estava pronta para vencer o resto da minha timidez e deixar meus lábios tocarem seu corpo. — Passei minhas mãos em seus olhos, fazendo-os fechar.

Em silêncio, deixei meu desejo guiar e o beijei completamente. Sentia sua respiração cada vez mais desregulada e pude perceber como meus gestos e toques mexem com seu corpo por completo. Nenhuma palavra mais foi dita a partir daqui, apenas sentimos um ao outro.

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— Mãe, está me esmagando. — A loira me apertava sem pena em meio ao aeroporto.

A hora havia chegado. Estávamos prontos para pegar aviões distintos. Com nossas famílias, nos despedíamos separadamente. Gustavo se abraçava com o pai, e Mary enxugava suas lágrimas enquanto se abraçava com Amy. Nicholas estava mais sentido do que Mary, abraçou o filho por muitos minutos e voltou a pedir desculpas pelo passado, mesmo Gustavo dizendo que estava tudo bem agora. Mary perguntava ao filho do coração o que ele faria sem ter com quem brigar e conseguia arrancar sorrisos de Gustavo. Amy ouvia as palavras dele, como "Cuide do meu velho, façam viagens, tenha paciência, e sempre apoiarei vocês."

Do outro lado, os avós do meu melhor amigo choravam também ao se despedirem do neto e da neta do coração. Os idosos haviam decidido não se mudar, mas prometeram visitar sempre, e Alex também prometeu vir frequentemente junto a Emma e Hannah, que nasceria aqui, se o parto fosse marcado. Alex já havia chorado muito, e, em partes era de felicidade por tudo ter dado certo depois de uma mudança de muita luta.

Alice, seus avós e seu pai se abraçaram, e a cacheada chorou ao abraçar seu pai que, apesar de muito exigente, sempre lhe deu muito carinho a sua maneira. Alice foi criada pelos seus avós e seu pai boa parte de sua vida e também sentia muito em deixá-los. Afinal, não iriam estar muito perto. Seu pai se mostrava muito orgulhoso da filha, e seus avós expressavam a tristeza de não tê-la todos os dias em casa ou ouvindo sua voz alta pela casa.

— Minha filha está indo embora, e como posso não chorar? — Minha mãe me soltou e enxuguei suas lágrimas. — Promete vir sempre e ligar todos os dias, mesmo que o mundo desabe?

Sorri, e meu pai me mandou confirmar.

Meu pai estava apoiado no carrinho dos gêmeos, que dormiam tranquilos. Ele estava mais calmo ou apenas fingia melhor. Meu pai sempre foi mais sensível que minha mãe, por incrível que pareça, e passou a semana sentindo e ao meu lado.

— Sim... Não se preocupe, estarei a três horas de carro. Podem ir lá em um piscar de olhos e estarei aqui todo feriado. — Sorri, e meu pai se aproximou. — Eu amo você mãe, não chore demais.

O abraço do meu pai foi tão forte quanto o da minha mãe. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas sorri ao mesmo tempo, faz tempo que me preparo para ir. Quem mora no interior e busca seus sonhos precisa passar por isso, e é pesado. Meus pais estão longe da perfeição, como todos, eu creio. Eles brigam e entram em crises como qualquer casal, pegam no meu pé, reclamam e falam por horas. Meu pai encheu o saco do meu namorado, e sabíamos que era uma coisa que ele fazia de coração.

— Se cuide, menininha. Se precisar, voarei até você. Eu amo você demais... — Sua voz me fez fechar os olhos, e sua mão deu leves batidinhas em meu ombro já curado. — Sei que se sairá muito bem, e confiamos em você.

Minha mãe, com seu bom ouvido, ouviu e concordou. Após meu pai me soltar, fiquei de frente para ambos.

— Vocês são as melhores pessoas que conheço, e me criaram muito bem. Obrigada por confiarem em mim, e estudarei muito. Eu te amo pai! — Sorri e apertei a alça da minha mochila. — Cuidem muito bem dos meus irmãos, e morrerei de saudades. — Me aproximei do carrinho e acariciei os gêmeos.

— Mandaremos fotos todos os dias e nos falaremos na webcam. Precisa ver eles crescendo. — Minha mãe falou, e meu pai consentiu.

— Todos os meses, eu e o Nicholas faremos o depósito, e sempre calculem tudo. Se precisar de mais, me fale. — Meu pai apontou para seu celular, e consenti.

— Cresçam bem, estarei aqui sempre. — Acariciei os cabelos dos meus irmãos e meu coração apertou. — Vou realmente morrer de saudade. — Respirei fundo e encarei meus amigos se aproximando.

As famílias se aproximaram, e todos estavam com cara de choro, incluindo nós, que partiríamos. Minha mãe abraçou Alex e Emma, agradeceu a Alex por sempre estar ao meu lado e ao lado de Andrew. A loira acariciou a barriga de Emma e deu um longo abraço em Alice, com quem construiu um grande vínculo. Alice agradeceu minha mãe por tudo e prometeu continuar na terapia. Ela estava chorando e falando baixo, o que era estranho para ela, que geralmente era tão animada.

— Sentirei saudade. — Meu pai abraçou Gustavo, que o retribuiu. — Cuide dela, e estudem muito. — Gustavo concordou e encarou minha mãe.

— Obrigado pela confiança de vocês. Farei tudo para dar certo, e estaremos sempre por aqui. — Minha mãe abraçou Gustavo, e ele sorriu. — Minha sogra, lágrimas estimulam as rugas.

Gustavo fez todos nós sorrirmos, e eu chorei mais um pouco ao me despedir de Mary. Ela é uma pessoa que realmente amo com todo meu coração. Nosso abraço foi caloroso e demorado. O pai de Gustavo me agradeceu e me deu a autoridade para brigar com Gustavo quando ele fizesse algo errado.

— Já vamos rumo aos portões de embarque. — Falei quando o alto-falante avisou que alguns voos estavam próximos de sair. — Tchau, até já já. — Abracei meus pais, e minha mãe prendeu o choro.

— Voltamos logo, pais e mães, todos os feriados e festas. — Alice sorriu, ajeitando a mochila nas costas. — As casas e meu quarto estarão esperando por vocês.

Nos afastamos de nossos pais e vimos o pai de Gustavo sendo acalentado por Amy.

— Tchau, voltaremos em breve. — Gustavo e Alex falaram ao mesmo tempo, e sorrimos.

Sem olhar para trás, caminhamos juntos em direção ao andar de cima, onde ficam todos os portões de embarque. Apesar de estar calma, meu coração estava pesado, tentando não chorar a cada passo que eu dava. Andamos em silêncio, subindo as escadas rolantes e observando as pessoas que seguiam seu destino, sozinhas ou acompanhadas.

Paramos no meio do ambiente, onde algumas pessoas também estavam se despedindo, e nos olhamos. Emma, ao lado de Alex, parecia tranquila e sua barriga estava cada vez mais esticada. Alice, com o lápis de olho visivelmente borrado, não escondia que havia chorado até demais, e eu, com as mãos suadas tentava controlar a ansiedade.

— Acho que é aqui. — Gustavo sussurrou, e todos concordamos. — Iremos para lugares diferentes, mas sempre nos veremos. Só queria dizer que a amizade de vocês é muito importante para mim.

Alex sorriu e piscou para mim, Emma deixou cair uma lágrima e Alice respirou fundo.

— QUAL É? — Ela gritou, me fazendo sorrir. — Vamos nos ver sempre, não precisamos disso tudo. Nos veremos no nascimento da Hannah... — Ela falou, e Emma concordou.

—Isso mesmo, e nos veremos tanto que nem teremos espaço para a saudade! —Emma decretou.

— Tem razão Emma, e quero que todos vocês deem o melhor de si. — Falei, tentando segurar a emoção. — Quero que possamos sempre contar uns com os outros, e usar o jatinho do Gustavo. — Fiz uma careta, e Alex apenas me abraçou.

Meu amigo me abraçou com toda a força que existia nele, e eu retribuí. Sentiria muito sua falta.

— Eu amo você, Anne. Não encontre outro melhor amigo por aí, serei apenas eu! — Ele sussurrou, e eu chorei. — Não babe minha camisa.

— Sempre será o melhor amigo do mundo. — Falei, com um sorriso entre as lágrimas.

Gustavo, Emma e Alice nos abraçaram, e fizemos um grande "sanduíche", ao invés de nos abraçarmos individualmente.

Desejamos muitas coisas boas uns aos outros e percebemos como nenhuma outra amizade seria como a nossa — não tão aleatória. Dois supostos nerds, um popular do esporte, a líder de torcida e a esquentada que ama preto. Claro, fizemos questão de excluir todos os estereótipos, éramos apenas amigos.

Quando nos soltamos, estávamos amassados e sorrindo, mas Alice quebrou a regra e me abraçou de supetão, me deixando surpresa. A menina cacheada me abraçou como nunca antes, e senti suas lágrimas em meu ombro.

— Não suma, nem tome tiros por aí. — Ela sorriu ao me soltar, e eu consenti. — Obrigada por bater em mim naquela corrida maluca, você é a melhor pessoa que conheço.

Enxuguei suas lágrimas e sorri.

— Não é uma despedida, brilhe em Nova Iorque. Deixe o mundo ver a pessoa que você é e conquiste a todos. — Beijei sua bochecha e baguncei seus cabelos. — Obrigada por você ser você, Moore.

Emma me abraçou também e fez o mesmo com meu namorado. Alex e Gustavo trocaram batidas de mão e um abraço. Eles, que se tornaram amigos em pouco tempo, se mostravam sentidos também.

— Não esqueçam da afilhada de vocês, ela nasce em breve. — Emma sorriu ao nos despedirmos de sua barriga. — Aviso com antecedência, se ela deixar!

Nos afastamos e nos olhamos de novo, mas ao invés de lagrimas distribuímos sorrisos. Estávamos felizes um por os outros, passamos tantas coisas juntos e nos divertimos tanto juntos. Coisa que sozinhos, nunca passaríamos, colecionamos memorias e muitas fotos juntos, mas claro que teria mais.

Sem dizer mais nada, e sem um "tchau", buscamos nossos portões de embarque e seguimos andando. Após muito caminhar, me virei. Alex seguia de mãos dadas com Emma, e Alice andava lentamente sozinha em direção ao seu portão, mais perto.

— Não podemos olhar, isso nos faz chorar. — Gustavo pegou minha mão assim que paramos na fila de embarque e a apertou. — Está pronta? — Ele sorriu.

Estava pronta? Na verdade, nunca me senti mais pronta que agora.

— Estou. — Apertei sua mão e seguimos na fila curta. — Dizem que a faculdade é o melhor momento da vida, e se não for? — Perguntei.

Gustavo beijou minha cabeça e arrumou minha jaqueta colorida. Com a mochila nas costas e a passagem na mão, encarei a fila.

— Se não for, eu e você fazemos ser na marra. — Ele sussurrou, me fazendo sorrir. — Eu amo você, você me ama... O que pode dar errado? 

— Na verdade, muitas coi... — Antes de terminar minha frase, fui beijada rapidamente, e precisei me calar. — Está bem, vai dar tudo certo.

Passamos pelo raio-X e fizemos tudo o que o protocolo pedia para podermos embarcar. Entregamos nossas passagens para uma moça simpática e seguimos pelo corredor rumo ao avião. Juntos, percorremos o caminho. Sentada ao lado do rei do basquete e da pessoa que eu mais tentei evitar, estava feliz, genuinamente feliz.

— Bem-vindos a bordo do voo 375, rumo a New Orleans. Meu nome é Beatrice, sou a comissária líder do voo. Já fechamos todas as portas e peço que todos os aparelhos eletrônicos estejam desligados. Afivelem seus cintos e coloquem as poltronas na posição vertical. — A aeromoça falou e senti um frio na barriga.

Gustavo puxou meu cinto antes que eu mesma o fizesse e colocou o dele. A aeromoça fez várias recomendações e explicou o que fazer em caso de emergência.

— Desejamos a todos uma excelente viagem. Sempre que precisarem, estamos à disposição até nosso destino. — A aeromoça falou enquanto passava verificando os cintos.

Encostei minha cabeça no ombro do meu namorado e respirei fundo ao senti o avião derrapar sob a pista. Com nossa mãos entrelaçadas e corações calmos, outra fase estava começando agora e não poderia desejar outra coisa para minha vida, apenas agradecer. 

S2

Quem chegou até aqui conheceu essas pessoas do início, viram por tudo que passaram. Todas as personalidades, lagrimas, risadas, viram alguns ganhar o amor outros aprenderem que podemos ser felizes sozinhos. E hoje eles seguiram rumo a faculdade, estou com saudade. ♡

Mas ainda não é o fim ♡

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