Sete Cortes e Sorrisos Sinceros
Sana repuxou os lábios em um sorriso doce enquanto admirava a garota a sua frente. O sol iluminava a pele alva de sua namorada, que mantinha as pernas entrelaçadas em sua cintura, ao mesmo tempo que os braços estavam posicionados ao redor de seu pescoço. Tzuyu fazia leves carícias em sua nuca, algumas vezes arranhando suavemente a sua pele e outras acariciando os fios de seu cabelo. Ambas aproveitavam um momento a sós, um pouco mais longe de seus amigos, com a água na altura de suas costelas, Sana e Tzuyu permitiam-se apenas desfrutar da companhia uma da outra.
A Minatozaki aproximou seu rosto o suficiente para que a ponta de seu nariz tocasse levemente o da outra. Tzuyu fechou os olhos com o toque, apreciando ainda mais o momento e o simples contato que a confortava.
— Eu poderia ficar aqui eternamente. — Sana sussurrou próximo aos lábios da outra. Uma risada leve foi ouvida vindo da Chou.
— Você ficaria resfriada, Shiba. — Ela murmurou, ainda sem abrir os olhos.
Sana fez uma careta rápida que passou despercebida por Tzuyu. Em seguida, encostou os lábios suavemente no canto da boca de sua namorada, dando um casto selar nos lábios finos e convidativos. Com o contato, Sana os prensou em um sorriso tímido. O suave toque da morena na pele branca não se resumiu apenas aos lábios adocicados da Chou. Sana passou a trilhar selares molhados por toda a mandíbula de sua namorada, causando-lhe arrepios.
Tzuyu tinha plena noção dos efeitos que Sana tinha sobre ela e, mesmo assim não era acostumada com as sensações que ela lhe causava com investidas um pouco mais... Picantes. Talvez nunca fosse capaz de se acostumar, afinal, sua namorada era uma caixinha de surpresas.
Os beijos foram descendo pela extensão de seu pescoço, fazendo-a arfar em protesto e ao mesmo tempo súplica para que o toque continuasse. O calor dos lábios da Minatozaki sobre a sua pele eram realmente viciantes. Tzuyu adoraria sentir o contato do roçar daqueles lábios ainda mais, porém ao abrir os olhos, notou duas pessoas perto das pedras mais ao longe, encarando-as com olhares sugestivos.
Malditas! Tzuyu proferiu em pensamento.
— Amor... — Tzuyu a chamou manhosa. Não queria cortar aquele momento, mas as suas amigas conseguiam a deixar sem graça. A outra não parou o que fazia, assim respondendo apenas um baixo murmuro para que ela prosseguisse. — As garotas estão olhando.
— Não estamos fazendo nada de errado. — A Minatozaki disse em um tom baixo, sua respiração quente batendo na pele alva da outra a causou mais um arrepio.
Sana não ligava para os olhares sugestivos das amigas, sentia-se acostumada ao jeito que elas pegavam no pé das duas. Mas sabia que Tzuyu era mais vergonhosa, sempre foi assim, até mesmo quando ainda frequentavam a escola.
— Sabe como eu fico constrangida de... — Tzuyu iniciou desviando o olhar das garotas para ela.
— Dar uns amassos na frente delas? — A interrompeu encarando os olhos que pediam, quase em súplica, para que ambas pudessem continuar aquilo em outro momento.
— É... — Tzuyu disse baixo sem mexer muito os lábios, um pouco mais baixo e Sana não a ouviria. — Dar uns amassos. — O rubor das bochechas se tornara visível e a Minatozaki acabou achando aquilo adorável.
— Eu me apaixono pelo seu jeito mais e mais a cada dia, Tzu. — As mãos da Minatozaki foram até a nuca da outra, trazendo-a ainda mais para perto. — Sem amassos... — Sana proferiu com os lábios extremamente próximos aos de Tzuyu que ansiava pelo contato. — Mas beijos estão liberados.
Foi a mais baixa a iniciar o ósculo, capturando suavemente os lábios da namorada em um beijo lento e agradável. Tzuyu amava o sabor dos lábios de Sana e a cada movimento ela tinha mais certeza de que eles eram seu maior vicio.
Tão tola por ter demorado tanto a senti-los.
O beijo não era do tipo ardente, mas parecia um grande espetáculo para as duas garotas que o viam de longe.
Na verdade, não estavam de fato interessadas naquilo, mas Jihyo havia comentado com Mina que se ambas passassem a encará-las, deixariam Tzuyu constrangida. A Myoui não queria atrapalhar o momento, mas se viu tentada a ver se era verdade.
— Eu falei. — Jihyo comentou, como se tivesse ganhado uma grande competição.
— Atrapalhamos elas, Jihyo. — Mina tratou de defender o casal que estava afastado na cachoeira. — Mas você estava certa.
— É sempre assim, elas se pegam em todo lugar mesmo a Tzuyu sendo um pouco tímida.
— Elas são engraçadas, devo admitir. — A loira sorriu, mas logo tratou de desviar a sua atenção. Mina não queria constrangê-las.
Jihyo e Mina estavam sentadas naquela pedra há um bom tempo comendo algumas frutas, a mais velha comentou sobre o que aconteceria quando visualizou Sana e Tzuyu nadando para longe das outras, que brincavam com uma bola de vôlei dentro da água.
— Sinta-se bem-vinda ao grupinho que adora pegar no pé delas. — Jihyo comentou, agora com um cacho de uvas em mãos.
— E o grupinho seria? — Mina indagou em um misto de curiosidade e brincadeira.
— A Somi, Dahyun, eu e você agora.
— De repente me sinto honrada de fazer parte de um grupo tão seleto.
Aquele comentário arrancou uma risada gostosa de Jihyo. Para ela, a loira parecia ser uma pessoa bem divertida e estava adorando conhecê-la, Jihyo sempre foi aberta para novas amizades.
— Quer? — Ela ofereceu algumas uvas à Mina que prontamente aceitou.
A toalha posta sobre a pedra estava repleta de frutas e pequenos lanches, como bolachas e sanduíches, que haviam sido preparados no início da manhã. Mina sentia-se extremamente confortável naquele local, trazia uma paz de espírito que a muito tempo ela não sentia.
Tirando algumas vezes que ela precisava desviar o olhar das garotas que brincavam de sete cortes na água, tudo porque seu olhar cruzava com o de certo alguém em alguns momentos e aquilo a incomodava de alguma forma.
— Vocês costumam vir aqui frequentemente? — Indagou. Queria desviar seus pensamentos de determinado ponto, mas também sentia-se curiosa. A companhia de Jihyo era de fato confortável.
— Em todas as férias. A casa era dos nossos avós, então de início éramos apenas nós três correndo para lá e para cá. — O sorriso da mais velha transmitia perfeitamente a nostalgia que sentia ao contar sobre a sua infância.
— E quando conheceram a Jeongyeon? Digo... Lembro da Dahyun ter comentado sobre a conhecer quando acabou nos chamando para o luau.
— Eu tinha doze anos quando os avós da Jeongyeon compraram a casa do outro lado do lago, mas a primeira a se tornar próxima dela foi a Dahyun. — Jihyo lembrava-se perfeitamente da irmã toda feliz dizendo que tinha feito uma amiga nova. — Ela tinha dez anos e não parava de falar, a Jeong a achava adorável.
— E Yeri?
Mina não queria incomodar com tantas perguntas, mas não tinha irmãos então parecia legal saber sobre como era ter pessoas com quem compartilhar momentos assim da infância.
— Por incrível que possa parecer ela era muito quieta, tinha sete anos quando conheceu os vizinhos e diferente de Dahyun, ela não era de falar muito. — A loira achou aquilo adorável, Yeri não parecia ter sido tímida um dia.
Não pela forma como a recebeu na primeira vez que a viu.
— Yeri era tímida?
— Bastante... — Jihyo não segurou a leve risada. — Mas aparentemente após os dez anos ela acabou ficando mais solta, não sei dizer, mas creio que tenha sido influência da Dahyun.
Das irmãs, Dahyun sempre foi a mais sociável.
— Eu gostaria de ter crescido em um lugar como esse. — Mina comentou imaginando como teria sido crescer longe da cidade grande pela primeira vez. Ela gostava de lugares calmos.
— Confesso que isso me fez muito bem. — A de franja sentia falta de seus avós, mas mesmo que aquela casa trouxesse lembranças, eram sempre lembranças boas. — Espero que você e a Chaeyoung venham juntas mais vezes.
Aquilo seria um pouco difícil. Mina pensou.
— Quero conhecer a namorada da Jeongyeon em breve. — Finalizou Jihyo.
Mina também mal poderia esperar pra ver as amigas novamente, mas por outro motivo.
— Elas chegarão daqui uns dias, mas não garanto que ficarão vivas para que conheça. — O tom rancoroso não passou despercebido por Jihyo que achou aquilo engraçado.
— Eu saquei que tinha algo de errado entre você e a Chaeyoung.
Quem não, né?
— Nunca fomos muito próximas, eu diria que somos como aquelas duas ali eram. — Mina direcionou o olhar para as garotas que observava antes.
— Sana e Tzuyu? — Jihyo riu nasalmente. — Sabe qual é o final, né?
Bochechas coradas.
Mina odiava não pensar antes de falar as coisas.
— O sol está afetando os seus neurônios. — A loira tentou desconversar, mesmo sabendo que a outra era esperta o suficiente para notar.
— Sei... O sol...
Um silêncio constrangedor.
— Onde está Dahyun? — Perguntou mais para mudar de assunto do que por interesse.
— Foi fazer trilha com o Jisung, sempre que a gente vem pra cá eles fazem a mesma trilha que dá em um riacho. — Jihyo comentou dando de ombros.
— Riacho?
— É maravilhoso, fica mais ou menos por ali. — Apontou para um espaço entre umas árvores mais à frente. — Os dois adoram aquele lugar, mas falei pra não ficarem muito tempo.
— Você cuida mesmo delas, né? — Mina admirava a forma que a outra falava sobre as irmãs, sempre possuía um brilho em seu olhar.
— As minhas irmãs são tudo pra mim.
— Eu sou filha única, mas gostaria de saber como é ter irmãos.
— Confesso que dá bastante trabalho, principalmente quando se é a irmã mais velha. — Memórias de bagunças e brigas que teve que aguentar vieram a mente de Jihyo. — Mas eu não sei o que faria sem aquelas duas.
— Elas são uns anjos, menos quando se é cunhada delas. — Outra voz fez-se presente.
Ambas estavam tão inertes ao redor que nem notaram quando uma figura saiu da água e aproximou-se delas. Mais precisamente, Somi.
Como assim "cunhada"?
— V-vocês namoram?
Essa foi a vez de Jihyo corar.
— Há cinco anos. — Somi respondeu simples, sentando-se ao lado de Jihyo com um sorriso no rosto.
Mina não havia desconfiado disso em nenhum momento.
— Uau....
— Entendo a sua reação, não somos tão pegajosas como aquelas duas ali. — Foi a vez de Somi implicar com o casal.
— Não foi isso que me espantou, talvez um pouco. Mas cinco anos juntas é bastante tempo. — Comentou não querendo parecer inconveniente. — Eu não me imagino com alguém assim.
— Na verdade são cinco anos apenas com a Jihyo e dois anos com... — A fala de Somi foi cortada por um tapa de Jihyo em seu ombro. — O que foi, amor?
Mina tinha ficado confusa, mas não deu tempo para perguntar algo mais, quando Yeri também chegou falando com a irmã.
— Eu estou com fome! — A reclamação da mais nova foi ouvida.
Jihyo aproveitou aquilo para mudar de assunto.
— Vem comer alguma coisa, Yeri. — Bateu na toalha para a irmã mais nova sentar-se ao seu lado. — E você... Faça companhia para Chaeyoung. — Pediu a Somi que prontamente aceitou, não sem antes dar um selinho na namorada.
— Você não vem? — Somi perguntou para Mina que agora parecia dispersa a situação.
Mina ainda olhou para Somi, que agora tinha a mão estendida para ela, aceitar ir com Somi também significava estar ainda mais perto de Chaeyoung e ela não sabia se queria aquilo agora.
Ainda mais pela morena estar daquela forma... Desconcertante.
— Vem, Mina! — A voz de Chaeyoung foi ouvida, atraindo o seu olhar.
Chaeyoung estava com a água na altura da cintura e brincava com a bola de vôlei entre as mãos. Mina tinha tudo pra dizer não, tudo... Menos controle das suas ações. Nem mesmo notou quando deu a mão à Somi e acompanhou para dentro da água sob o olhar atento da morena que tinha um sorriso no canto dos lábios.
Chaeyoung parecia estar realmente se esforçando para manter a trégua entre elas.
A água estava um pouco gelada, mas não o suficiente para ser desconfortável, apenas para causar um leve arrepio devido ao contato com a pele morna da loira. Somi soltou a mão de Mina assim que ambas entraram na água, sendo acompanhadas pelo olhar de Chaeyoung, a loira foi chegando mais perto até que as três formaram um pequeno círculo.
— Sabe jogar sete cortes? — A voz da morena foi ouvida ao seu lado. Mina tentava não reparar no corpo atlético da mais baixa, mas era quase impossível. Ela esperava ao menos conseguir disfarçar.
— Sei sim. — Foi tudo o que respondeu.
— Vamos começar então, quero ver as duas perdendo feio para mim. — Somi era uma pessoa extremamente competitiva.
A bola foi jogada para cima por Chaeyoung, Mina deu o primeiro corte e assim seguiu-se. Naquela rodada, o sétimo corte havia sobrado para Somi, que não poupou a força, mas Chaeyoung acabou desviando com facilidade ao mergulhar.
Em que mundo aquelas duas se imaginaram jogando juntas?
Se Jeongyeon e Nayeon estivessem presenciando aquilo, com toda certeza gritariam de felicidade pelos quatro cantos da cachoeira.
— Deixa pra mim!
O pedido de Somi foi ouvido quando Mina deu o sexto corte, mas a loirinha pegou de mal jeito na bola e a rodada acabou não valendo. Chaeyoung nadou um pouco para pegar a bolar que caíra um pouco longe, e de lá mesmo deu o primeiro corte em direção a Somi, naquela altura do campeonato a pequena brincadeira estava sendo observada não só por Jihyo e Yeri na pedra, como também por Sana e Tzuyu, abraçadas um pouco mais no fundo.
— Quem acertar uma bolada na Somi, ganha dez pratas! — Sana gritou ganhando um olhar incrédulo da garota em questão.
— Você não vai me defender, amor? — A pergunta em direção a Jihyo foi gritada.
— Quem acertar uma bolada na Somi, ganha vinte pratas! — Jihyo resolveu entrar na brincadeira.
— Isso só pode ser brincadeira...
— Acho que temos uma meta aqui. — Chaeyoung falou para Mina que captou exatamente o que ela queria fazer.
— Não vale fazer complô! — Somi protestou diante da situação.
— Por vinte pratas? Vale tudo! — Chaeyoung logo sacou a bola para cima em direção a Mina.
Mina cortou novamente para Chaeyoung, que a devolveu a bola.
— Isso é roubar, vocês precisam passar pra mim! — O desespero na voz de Somi era cômico.
O sexto corte logo veio e fora Chaeyoung a levantar a bola para que Mina desse o último corte em direção a Somi.
Como se fosse final de campeonato, todas as garotas estavam de olho naquele lance, a loira não parecia muito ameaçadora até aquele ponto, mas de repente, ela parecia disposta a ganhar aquela aposta.
Mina pegou todo o impulso que conseguia para acertar em cheio a bola de vôlei na testa de Somi, que caiu com tudo para trás.
Uma fração de segundos se passou e todas estavam boquiabertas com a força que a loirinha tinha usado, até mesmo ela fez menção de pedir desculpa a Somi, que ainda tinha as mãos sobre o rosto, mas foi impedida por braços envolvendo o seu corpo.
Mina gelou.
Chaeyoung estava a levantando enquanto abraçava a sua cintura.
— Vinte pratas ganhas com sucesso! — Chaeyoung nem mesmo parou pra notar o que estava fazendo, a felicidade naquele momento era maior do que a sua noção. — Você acertou em cheio, Mina!
Mina ainda parecia estática, suas mãos estavam apoiadas nos ombros descobertos de Chaeyoung e a morena mostrava um lado competitivo que chegava a ser engraçado.
De fato seria, se aquela situação não fosse completamente esquisita para ambas. Chaeyoung foi soltando o aperto aos poucos e logo o corpo da loira foi devolvido completamente a água.
Muito próximas...
Mina estava quase colada ao corpo de Chaeyoung. A loira abaixou a cabeça desviando do olhar da mais baixa e a empurrou de leve enquanto sorria.
Sim, ela não tinha conseguido segurar o sorriso.
E agora Chaeyoung tinha notado o que havia acontecido.
A situação constrangedora ainda era observada pelas outras garotas, até mesmo por Somi que já nem ligava mais se tinha levado uma bolada ou não.
Chaeyoung soltou completamente o contato da cintura de Mina e já preparava inúmeras formas de pedir desculpa. Deixou-se levar pelo clima e acabou agindo sem pensar, aquele tipo de contato entre elas provavelmente era um pouco de forçação de barra, levando em conta que a trégua ainda era extremamente recente, mas um simples ato de Mina a fez parar o que faria.
— Dez pratas pra mim e dez pra você, certo? — O olhar de Mina encontrou com o de Chaeyoung. O sorriso repuxado da loira confortou a outra instantaneamente.
Se aquele era o início da trégua, elas não admitiriam agora, mas adorariam que aquilo durasse o máximo possível.
— Eu não sei se acho fofo ou se quero vomitar. — Yeri comentou em um tom baixo e logo deu mais uma mordida em seu sanduíche.
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