Capítulo 72.

Meg...

Olhei para as roupas sobre a cama em dúvida entre a calça jeans e a saia branca, optei pela saia branca colocando uma blusa nude rosada de mangas longas para acompanhar. É sábado à noite e vamos jantar na casa dos meus pais.

Deixei a roupa escolhida sobre os lençóis bagunçados e guardei a outra no armário, fui até o banheiro usando apenas uma lingerie branca, escovei os dentes, peguei minha necessaire de maquiagem e a abri.

- Desse jeito a gente perde o jantar. – Henry falou colocando a cabeça para fora do boxe do banheiro e me analisando de cima a baixo.

-  Você devia começar a se acostumar a me ver assim já que vamos morar juntos. – Falei rindo.

- Nunca vou me acostumar com a sua presença meu anjo. – Falou me abraçando por trás.

- Henry você está me molhando. – Ri me afastando. – Vai se vestir.

Ele sorriu e virou para pegar uma toalha, dei uma palmada em sua bunda desnuda, ele olhou sorrindo pegou a toalha e saiu do banheiro. Voltei minha a tenção para o espelho e fiz uma maquiagem simples, apenas um delineado e um batom rosado. Quando eu saí do banheiro Henry calçava um sapato social preto, ele usava uma calça jeans azul e uma camisa verde de mangas longas arregaçadas até os cotovelos.

Terminamos de nos arrumar e em poucos minutos saímos do hotel.

Suspirei fundo quando o carro parou em frente à casa dos meus pais, sai do carro e caminhei de mãos dadas com Henry até a porta da frente, fiz uma pequena pausa e ele apertou minha mão me encorajando. Sorri em sua direção e toquei a companhia.

- Minha filha. – Minha mãe falou genuinamente animada com a minha presença. – É bom vê-la aqui. – Me abraçou apertado.

- Também senti sua falta mãe. – Retribui o abraço.

- Olá Henry, como está? – Falou se virando para ele.
- Senhora Brown, estou bem e você?

- Bem. – Respondeu sorrindo. – Vamos?

Assentimos e caminhamos com ela até a sala de jantar onde meu pai, Lisa e o marido esperavam por nós. Falei todos de maneira gentil e nos sentamos a mesa. A conversa se iniciou de forma tranquila, se alguém visse de fora pareceria que somos uma família unida e feliz, mas a verdade está longe disso, cada movimento a mesa soava controlado, como se estivéssemos todos pisando em um campo minado.

O jantar foi servido e seguimos comendo e conversamos, minha mãe sempre mediando a conversa, falamos sobre assuntos triviais, sobre o nosso casamento.

- Como vocês se conheceram? – Noah perguntou.

- Então, nos conhecemos em um barzinho. – Falei.

- Imagina a minha surpresa quando eu vou conhece a escritora do livro que eu estava querendo publicar e me dou de cara com a mesma mulher de tempos antes.

- E você também não sabia que me ele era? – Noah quis saber.

- Não fazia ideia, até ser atingida em cheio com isso. – Sorri.

- Então, depois desse encontro, voltamos a nos ver por causa do livro. – Henry continuou. – E quando eu vi já estava correndo atrás dessa ruiva. – Sorriu para mim.

- E então as coisas foram fluindo entre nós. – Encerrei o assunto.

Quase me engasgo quando percebi que Lisa não comentou coisa alguma. “Talvez ela esteja doente, ou seria um milagre de Natal fora de época?” Por que não é possível, continuamos comendo e conversamos tranquilamente.

- Margareth eu vi que seu livro é sucesso de vendas. – Meu pai sorriu falsamente. – Meus parabéns por isso. – Até parecia que ele havia ensaiado aquilo.

- Obrigada. – Sorri igualmente falsa. Esse jantar está soando mais falso do que Reality show daqueles bem fajutos . 

- Então irmãzinha. – Lisa começou. “Tava demorando.” – Você pretende continuar trabalhando na Emissora agora que seu livro está vendendo bem? – Perguntou com desdém.

- Na verdade eu não estou mais trabalhando na Emissora. – Tomei um gole de vinho. – Estou trabalhando na editora Green, desde que o Henry ficou no hospital. – Ela me olhou surpresa e começou a rir.

- Meg é uma ótima vice diretora. – Henry disse orgulhoso e Lisa quase se engasgou.

- Você não perdeu tempo irmãzinha. – Ela debochou. – Fez escala da cama pra presidência.

- Lisa me respeite, você não me conhece, não conhece o meu trabalho. – Praticamente rosnei em sua direção, não falei mais em respeito ao seu marido.  – Eu jamais usaria minha relação com o Henry para conseguir algum cargo.

- Claro que sim irmãzinha, me desculpe. – Lisa falou ironicamente. – Você está grávida também?

- Não, eu não estou. – Minha vontade naquele momento era voar no pescoço dela, apenas a mão de Henry apertando minha perna me detinha.

- Se você quer respeito Margareth se dê ao respeito. – Meu pai falou em um tom calmo. – O que você acha que as pessoas vão dizer da sua escalada profissional?

- Eu não me importo com o que falam, se fosse me importar com a opinião de alguém eu nem sequer seria escritora.

- Querido. – Minha mãe tentou impedir que ele continuasse.

- Não Rosemary, essa menina precisa ouvir. – Se virou em minha direção. – Você nunca se importou pra opinião das pessoas mesmo, não é? Certo. Mas você sabe o que isso parece? – Ele apontou para mim e Henry. – Uma mulher oportunista que conseguiu fisgar um milionário, e talvez seja isso mesmo, desde que você foi embora rejeitou a sua família e tudo que vem de mim, devem ter sido anos difíceis, longe do luxo ao qual você estava acostumada, por isso procurou homens ricos para lhe sustentar, afinal você é um belo troféu. – Seu tom era de escarnio. 

- Então é isso que você pensa sobre mim? – Minha voz tremia de raiva e decepção, apesar de tudo não esperava aquilo. – Você acha que eu sou fútil e interesseira? Acha que eu estou com o Henry por causa do dinheiro dele, que eu me aproveito dele? Por que acha isso pai? Por que foi isso que o senhor fez? – Falei controlando minha voz, mas não minha raiva. – Por que até onde eu sei vocês estavam à beira falência até meu avô ajudá-los quando você começou a namorar mamãe, e não se esqueça que foi ele quem lhe ajudou a montar sua empresa de contabilidade. – Meu pai estava vermelho de raiva, sorri de lado ao terminar de falar.

- Me respeita menina. – Ele bufou.

- Se dê ao respeito papai, não foi isso que o senhor me disse? Não ache que eu faço algo que você fez, por que graças aos céus eu aprendi a ser melhor, a ser diferente de você. – Meu pai se inclinou sobre a mesa para me dá um tapa, mas Henry segurou sua mão no ar.

- Nunca mais levante a mão para a minha mulher. – Ele falou cada palavra pausadamente.

- Ela tem que aprender a me respeitar, eu sou seu pai. – Albert rosnou puxando a mão.

- Então se comporte como um, até hoje eu pensava que talvez a mágoa da Meg estivesse impedindo vocês de serem uma família unida, que vocês podiam se acertar se conversassem. – Ele cuspia as palavras tomado pelo ódio. – Mas, hoje aqui ouvindo você eu percebo o quanto eu estava errado, você joga todas as suas frustrações sobre sua filha e por orgulho e falta de amor não consegue ver a filha incrível que tem e fica a diminuindo, pois saiba senhor Brown que mesmo com todas as suas tentativas de reprimi-la a Meg se tornou uma mulher extraordinária, ela passou por muita coisa na vida para chegar onde se encontra hoje e não merece passar por mais isso. – Ele fez um gesto apontando para a mesa. – O senhor não devia pensar que ela fez o que você fez, pois ela é muito melhor do que isso e se está na posição que chegou hoje é por mérito próprio, por que é uma profissional competente e dedicada, ela vai crescer muito mais na profissão, vai fazer muito sucesso e tudo vai ser graças a ela e eu vou ficar feliz com o sucesso da mulher que eu amo e estarei ao seu lado lhe apoiando a cada passo coisa que vocês deveriam fazer também, mas a abandonaram a muito tempo e o pior é que o senhor nem se arrepende disso. - Henry falava com ódio transbordando de si.

- Como você ousa entrar na minha casa e falar essas coisas? – Albert parecia um pimentão tamanha era sua raiva. – Por que você acha que tem o direito de falar como eu devo agir? O que sabe sobre ser pai?

- Nada ainda, mas eu sei como um pai deve ser, sei o que é ter um pai que cuida e se importa, por que o meu foi ótimo, sempre apoiando a mim e minha irmã, deixando que seguíssemos nosso caminho. – Henry jogou de volta. – E não importa onde eu esteja se na sua casa, na minha ou na da rainha, eu vou defender a minha mulher.

- Você está cego. – Lisa falou incrédula. 

- Não Lisa, eu não estou. – Henry se virou em sua direção. – E quanto a você eu me pergunto se é uma irmã ruim ou uma pessoa desesperada para conseguir atenção e aprovação do pai a ponto de atacar gratuitamente a própria irmã. – Lisa abriu a boca, mas nada saiu por ela. – Você é uma mulher invejosa que não suporta vê o crescimento da Meg por que ela teve a coragem de se impor e seguir seus sonhos, coisa que você não teve.

- Como ousa? – Lisa quase gritou. – Você vai deixá-lo falar assim com a sua família? Ele não tem respeito. – Olhou pra mim.

- Ele é a minha família, vocês. – Apontei pra ela e pro meu pai. – Deixaram de ser minha família a muito tempo, por que família vai muito além de laços de sangue, é sobre amor, companheirismo, apoio e proteção e isso vocês nunca me deram. Vocês me criticam e torcem pelo meu fracasso desde que eu decidi seguir o meu sonho, como se eu querer ser feliz fazendo o que amo fosse um crime, como se discordar de você fosse uma atrocidade. – Falei olhando para meu pai. – Acontece que eu não sou sua marionete. – Disse cada palavra lentamente.

- Se você vive tão bem sem a gente, se não somos sua família, afinal até meu nome você rejeitou. – Ele voltou a tocar na questão do sobrenome. – Não tem o que fazer aqui. – Meu pai quase gritou. 

- Essa é a segunda e última vez que você me expulsa dessa casa e isso só mostra o que você pensa de mim e que minhas palavras estão certas. – As lágrimas ardiam em meus olhos, mas eu me recusava a chorar. – Não deixarei a próxima acontecer, pois não pretendo voltar aqui. - Respirei fundo. – Vamos.

Me levantei com Henry ao meu lado, ele pegou minha mão apertado e saímos em direção a porta da frente, eu só queria sair daquela casa o mais rápido possível. Quando passei pela porta ouvi passos atrás de nós, mas continuei sem olhar pra trás. 

- Meg. – Minha mãe chamou. Parei e me virei em sua direção, Henry apertou minha mão e a soltou seguindo em frente e nos deixando sozinhas. – Me desculpe por tudo isso, seu pai anda muito estressado, ele falou coisas sem pensar, no calor do momento.

- Não mãe, ele falou o que pensa, o que nunca teve a oportunidade de falar e ele não se arrepende por que não é ele aqui pedindo desculpa, coisa que ele nunca fará. – Respirei fundo. – Não tente diminuir o que ele fez, só vai desgastar a nossa relação.

- Tudo bem. – Suspirou com uma lagrima escorrendo por seu rosto. – Eu só não queria que esse jantar terminasse assim. – Falou baixando a cabeça.

- Eu sei mãe, eu sei. – Nos abraçamos. – Almoça conosco amanhã? A gente tem muito o que conversar. – Eu estou gostando muito de finalmente ter uma boa relação com ela, embora eu não consiga entender como ela pode manter relação e amar um homem como meu pai, não quero que nada que aconteceu entre eu e ele interfira na nossa relação.

- Claro meu amor, vou adorar passar um tempo com você. – Ela beijou minha cabeça antes de voltar pela porta. 

Desci os degraus e caminhei na direção do carro onde Henry já esperava por mim sentado atrás do volante. Ele deu a partida assim que eu me acomodei no banco ao seu lado, encostei a cabeça no banco e deixei que as lágrimas rolassem dos meus olhos, eu sentia que a briga tinha sido diferente das outras, talvez por que finalmente percebi que não tem volta, meu pai nunca vai mudar, nem me compreender ou aceitar quem eu sou, ele nunca vai me amar, assim como Lisa sempre vai está desesperada pela atenção dele, para agrada-lo e receber sua aprovação.

- Me desculpa. – Henry falou assim que passamos pela porta do quarto.

- Pelo que exatamente? – Me virei em sua direção.

- Por ter me exaltado, por insistir e achar que seu pai pudesse mudar. – Ele acabou com a distância entre nós, parando na minha frente.

- Meu amor. – Coloquei minhas mãos em seu rosto.  – Você não se exaltou, você me defendeu, e eu gostei de ver. – Sorri lhe dando um selinho rápido. – E quanto a achar que as coisas podiam se ajeitar entre nós, não se culpe por ter esperança... – Tirei as mãos de seu rosto.

- Você é uma pessoa incrível, não pode deixar nada nem ninguém dizer ao contrário. – Agora era ele quem segurava o meu rosto e me olhava nos olhos. – Não deixe que as críticas deles lhe afetem. Eles não lhe conhecem, isso é uma pena por que estão perdendo a mulher fabulosa que você é. Nunca duvide disso.

- Está bem, é que eu sinto como se não tivesse mais volta, algo foi quebrado permanentemente. – Ele me abraçou forte. – Até hoje eu sentia como se ainda tivéssemos uma chance, mas agora tudo parece ilusão. Sinto que eu passei anos me iludindo acreditando em conto de fadas.

- Eu te amo. – Ele falou depois de beijar minha cabeça. – Estou aqui com você, todos que te amam estão, nós somos a sua família.

- Eu te amo.

Enterrei minha cabeça em seu pescoço e relaxei em seus braços, ele me apertou e ficou sussurrando que tudo ia ficar bem, que eu tenho muita gente que me ama e que ele estará sempre ao meu lado.

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Pelo visto Albert não tem mesmo jeito. Talvez um dia ele se arrependa e talvez quando isso acontecer seja tarde demais.

Acho que ele merecia uns socos, mas duvido que o Henry bateria em alguém na frente da Meg novamente caso possa evitar.

Espero que tenham gostado.

Até sexta, ou antes. 🥰😁

Vote e comente.  😘

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