Capítulo 71.



Meg...

Me olhei no espelho  prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo despojado, estou usando uma calça social preta com a boca levemente mais larga do que o restante, uma blusa azul clara de mangas longas com um detalhe no pescoço e meus amados sapatos pretos com o solado vermelho, no meu rosto o único destaque está nos meus lábios pintados em um tom de vermelho escuro.

- Quando você se muda pra cá meu anjo? – Henry perguntou atrás de mim, o olhei pelo espelho ele usava um terno de três peças preto com uma gravata vermelha e uma blusa também preta, minha combinação preferida.

- Em breve. – Falei me virando para ele. – Me mudo antes de Ellen voltar.

Decidi me mudar para o apartamento de Henry até nós encontrarmos a nossa casa perfeita e ela estar pronta para nos receber, pois com a volta de Ellen, Carol que agora mora comigo ia perder o quarto. Então eu vou sair mais cedo de lá e deixar meu quarto para Carol.

- Estou contando os dias para tem minha mulher aqui comigo. Dormir e acordar todos os dias ao seu lado. – Em poucos passos acabou com a distância entre nós.

- Eu também não vejo a hora meu amor. – Passei meus braços pelo seu pescoço e selei nossos lábios. – Vamos se não chegamos tarde na empresa.

Ele me soltou a contra gosto, sorri e voltamos para o quarto, peguei minha bolsa e ele pegou sua pasta e descemos, passando pela porta e indo em direção ao elevador, meu celular tocou indicando uma mensagem e eu peguei o aparelho lendo a mensagem.

Grace: Bom dia cunhada. Almoça comigo hoje? 😊

Meg: Bom dia cunhada! Almoço sim, nos encontrarmos no Salt?

Grace: Acho ótimo. Até mais tarde. 😍

Meg: Até. 😘

Enviei a última mensagem, travei a tela do celular e o guardei de volta na bolsa entrando no carro em seguida. Seguimos até a empresa conversando, principalmente sobre a viagem para Manchester que faremos na sexta. Chegando na empresa andamos de mais dadas até o elevador sob os olhos de todos no saguão, entramos no elevador.

- Bom trabalho meu amor. – Falei assim que o elevador parou no meu andar.

- Bom trabalho meu anjo. – Ele me beijou antes de eu sair.

- Você vai sair para almoçar hoje? – Perguntei com a mão na porta do elevador.

- Não, tenho uma reunião aqui na empresa na hora do almoço. Porque?

- Posso usar o carro? – Perguntei. – Vou almoçar com Grace.

- Claro que sim meu anjo. – Ele me beijou de novo. – Não precisa agradecer. – Falou antes que eu pudesse falar algo. – Vou ligar para o Franck.

- Nossa, não vai me deixar dirigir? – Falei rindo. 

- Não quero ficar viúvo antes de casar, ou ver você presa por atropelar alguém. – Sorri e lhe mostrei o dedo no meio saindo do elevador, pude ouvir sua risada antes das portas do elevador fecharem.

A manhã se passou rapidamente, tive uma reunião para falar sobre os lucros da empresa no último trimestre, os livros de maior sucesso no momento e meu livro está entre eles, o que me deixa muito orgulhosa. Depois dessa reunião tive uma com uma escritora famosa que conseguimos trazer para publicar conosco, quando ela saiu me ocupei de assinar alguns papéis e quando dei por mim já era quase meio dia. Peguei os papéis assinados e minha bolsa e sai da sala, deixei os papéis na mesa de Donna e me encaminhei para o elevador mandando mensagem para Franck.

- Obrigada Franck. – Falei entrando no carro, ele sorriu e fechou a porta depois de eu entrar, deu a volta no carro e entrou.

- Para onde senhora? – Perguntou me olhando pelo retrovisor, já me cansei de manda-lo parar de me chamar de senhora.

- Para o Salt. – Ele assentiu e ligou o carro.

Minutos depois estava descendo do carro na frente do restaurante, me encaminhei para a construção moderna e bonita. Grace já esperava por mim, caminhei até ela que estava sentada de costas para a entrada.

- Oi. – Falei assim que me aproximei.

- Oi. – Ela se levantou e me cumprimentou com um abraço rápido. – Como se sente com a viagem de amanhã? – Perguntou depois de nos sentarmos, ela está um pouco estranha como se tivesse nervosa ou apreensiva com alguma coisa. Será que algo aconteceu com a empresa ou com Marianne?

- Estou apreensiva. – Respirei fundo. – É sempre assim quando vou visita-los.

- Pelo menos agora você está bem com sua mãe.

- Isso é verdade. – Ter minha relação com minha mãe reestabelecida é muito importante para mim.

O garçom chegou para anotar nossos pedidos, pedi uma salada de folhas e batatas gratinadas com 4 queijos. Ela pediu uma massa de cenoura com cordeiro.

- Me diz o que lhe incomoda. – Falei quando ficamos a sós. 

- Não é bem um incômodo.  – Ela disse colocando as mãos sob a mesa.

- Mas, você tem algo para me falar. – Arrisquei e ela assentiu.

- Então, é... Eu... Desde que aconteceu aquilo no lançamento do seu livro. – Ela começou sem me olhar nos olhos, seus olhos estavam fixos em seus dedos que se mexiam quase freneticamente. – Eu tenho me aproximado do Nathan. – Ela falou de uma vez algo que não me deixou de tudo surpresa, eu vi a forma como ele olhava pra ela com carinho e preocupação quando estávamos no hospital, só não percebi que ela correspondia e nem que tinha algo a mais. – No início era gratidão por ele ter salvo a vida do meu irmão, mas então à medida que eu fui conhecendo-o percebi o homem maravilhoso que ele é. – Ela ainda não me olhava nos olhos. – Então ficamos amigos, percebemos que temos gostos em comum e como ele praticamente não conhece ninguém na cidade me propus a ser seu ombro amigo, a lhe mostrar a cidade e lhe fazer companhia. – Ela fez uma pausa e sorriu involuntariamente. – Eu não esperava me apaixonar. – Ela ergueu os olhos em minha direção. – Muito menos esperava que ele gostasse de mim de volta além de como uma amiga. – Eu a deixei falar. – Então, ontem nós fomos ao cinema depois que ele saiu do plantão e no final da noite ele me beijou. – Ela falou e ficou me encarando em busca de alguma reação, seus olhos estavam receosos.

- Você está pedindo a minha permissão pra ficar com o Nathan? - Levantei uma sobrancelha.

- Mais ou menos. – Ela rio nervosa. – Eu disse a ele que nada ia acontecer entre nós dois antes de eu falar com você. – Nesse momento nosso pedido chegou, ela se calou esperando o garçom se afastar. – Vocês têm um passado juntos eu quero saber se é problema pra você eu me envolver com o seu ex, por que se for eu caio fora antes de começar qualquer coisa. 

- Grace minha querida, eu te juro que não tem problema pra mim. – Falei olhando em seus olhos. – Não vou mentir que é um pouco estranho pensar no meu ex entrando pra minha família por estar com a minha cunhada, mas é claro que isso não me incomoda. – Toquei sua mão para lhe mostrar que estou sendo sincera. – O Nathan é um bom homem, você é uma mulher incrível e merecem ser feliz, se forem juntos tanto melhor. – Falei com sinceridade, era estranho sim, mas claro que eu não ia me incomodar com isso, ele é meu ex, não tenho mais nada com a vida dele e sei que ele não vai magoa-la.

- Tem certeza? – Ela analisou meu rosto em busca de algo não dito.

- Eu tenho sim, olha eu não mentiria com algo assim. – Sorri a encorajando. – Não sou o tipo de pessoa que não quer o ex com mais ninguém. Espero que sejam felizes. – “Então devia ser com ele que ela estava conversando naquele dia na boate.” – Vamos comer antes que esfrie.

- Sim, mais uma coisa, não quero que o Henry saiba ainda, pelo menos não até e se a coisa ficar seria.

- Tudo bem, não falarei nada. – Falei cortando um pedaço de batata. – Acho que você tem razão, não tem por que falar pra ele agora.

Continuamos conversando enquanto comíamos, ela me contou como os dois haviam se aproximado, a amizade entre eles, como ela se sentia me traindo por não falar sobre seus sentimentos pro Nathan. “Eu sempre desejei que ele encontrasse um amor, uma mulher que o amasse como eu não fui capaz de fazer, como ele merece, alguém que o ama como ele a ama, mas eu nunca pude esperar que essa pessoa seria a minha cunhada. As voltas que a vida dá.”

**

Henry...

À medida que as horas se passam e o momento do embarque se aproxima eu fico nervoso, mais nervoso a cada instante. Hoje é sexta feira e depois do trabalho vamos para Manchester conhecer o restante da família de Meg. Eu sei da relação complicada que ela tem com seu pai e adoraria poder os ajudar a se reconciliarem, porém eu temo só piorar a situação.

Tenho receio de não o agradar, embora eu saiba que a opinião dele não importa para ela, não quero uma situação ruim entre nós, ele é o único avô que nossos filhos terão gostaria que pudesse ser presente na vida deles.

Olho para o relógio vendo que ainda falta cerca de uma hora para sair da empresa, reli alguns contratos, fiz uma ligação para Irlanda a fim de me inteirar a cerdas das obra do novo hotel. Assinei alguns papéis urgentes, deixei com meu assistente e desliguei o notebook da minha mesa, me levantei colocando o terno cinza e abotoando, peguei minha pasta e desci até a sala de Meg.

- Está pronta? – Perguntei vendo-a baixar a tela do notebook e se levantar da cadeira andando até o sofá e pegando um casaco roxo que estara ali.

- Estou. – Ela disse tentando parecer confiante e veio até mim me abraçando e me beijando rapidamente.

- Vamos? – Ela assentiu e pegou sua bolsa.

Descemos de mãos dadas e passamos direto pelo salão indo até o carro onde Franck esperava por nós, em poucos minutos estávamos em frente ao prédio onde ela morava. Ela subiu para pegar sua necessaire de remédios, pois ela esqueceu hoje pela manhã, não que eu fosse achar ruim que ela esquecesse de tomar o anticoncepcional, sorri com o pensamento. Alguns minutos se passaram até ela voltar com uma pequena bolsa marrom com bolinhas coloridas nas mãos.

- Você não estava encontrando? – Perguntei assim que ela entrou no carro depois de guardar a bolsinha na sua mala de mão dentro do porta-malas.

- Não, Carol estava me perguntando pela milionésima vez se eu tenho certeza que ela não precisa vir com a gente.

- Ela se preocupa com você.

- Eu sei, mas ela tem um caso muito importante na segunda e eu não a quero pensando em outra coisa.  – Ela falou cruzando os braços. – Disse a ela que não precisa se preocupar por que eu tenho você.

- Claro que tem. – Beijei sua têmpora. – Tudo ficará bem. – A encorajei.

O restante do caminho até o aeroporto se fez em silêncio, embarcamos rapidamente e em pouco tempo o avião estava no ar, eu senti ela ficar tensa à medida que o avião decolava e eu sabia que não era por medo de voar era pela proximidade do reencontro com o pai, a puxei para meu peito a abraçando e acariciando seus cabelos tentando acalma-la.

**

Henry...

Ainda vestíamos as mesmas roupas de mais cedo quando entramos no táxi indo em direção ao restaurante da sua avó, Eva estaria esperando por nós no restaurante e ela estava visivelmente animada com isso.

- Estou com tanta saudade da minha vó. – Ela falava animada à medida que o carro avançava. – E da melhor comida do mundo também.

- A segunda melhor né? Por que o Salt tem a melhor comida do mundo. – Falei em tom de brincadeira e ela me olhou indignada.

- Quer que eu peça o divórcio antes do casamento? – Perguntou rindo.

Seguimos o restante do caminho em silêncio, a animação de Meg era quase palpável, ela amava muito a avó e essa a amava na mesma intensidade. Não demorou muito para chegarmos ao destino, peguei a corrida e saltei do táxi, olhei para o prédio a minha frente, e ele parecia ainda mais belo do que da vez que eu estive aqui, uma grande construção de pedra cinza em estilo clássico, com um arco acima das pesadas portas de Carvalho trabalhadas do qual pendia uma placa escrito “Dellos” em letras garrafais brancas. Passamos pela porta e a hostess nos encaminhou até a mesa onde uma senhora de cabelos brancos, vestida de preto aguardava por nós com uma taça de vinho nas mãos. O lugar era clássico e bem decorado, por dentro era branco e possuía detalhes até no teto, lustres de cristal adoravam o lugar.


- Minha filha. – Ela disse animada se levantando e descansando a taça na mesa. – Você está bem? – Perguntou envolvendo Meg em um abraço apertado.

- Estou bem sim vovó, só com muita saudade. – Respondeu dando um beijo na cabeça da senhora. – E a senhora?

- Melhor agora. – Se afastou da neta e se virou em minha direção. – Meu filho é muito bom vê-lo bem. – Ela me envolveu em um abraço acolhedor e analisou a fina cicatriz em meu queixo.

- É bom está vivo.

- Você cuida da minha neta,  hem menino. – Ela falou em um tom sério segurando meu braço.

- Eu cuido sim. – Falei sorrindo para Meg.

- Ótimo, vamos sentar?

Nos sentamos, nos servindo de um delicioso vinho tinto enquanto escolhemos nossos pratos, um rapaz bem vestido se aproximou para anotar nossos pedidos e percebi que ele não tirava os olhos de Meg, de uma maneira que me incomodou.

- Meg, você lembra do Jonathan filho do Charles? – Eva perguntou.

- O Johnny?  Claro que eu lembro. – Meg falou com os olhos fixos no cardápio.

- Então veja como ele cresceu. – Meg levantou os olhos na direção do rapaz com o tablet nas mãos e sua boca se abriu em espanto.

- Meu Deus você está enorme. – Falou se levantando. – Quando foi que você cresceu tanto? – O rapaz tinha as bochechas coradas.

- Nos últimos anos. – Ele falou sorrindo quando Meg o abraçou.

- Henry esse é Johnny filho do chef daqui. – Ela nos apresentou. – Johnny este é Henry meu noivo. – Me levantei estendendo a mão para ele.

- Eu vi você nas revistas. – Ele sorriu gentilmente e apertou minha mão. – Meus parabéns pelo casamento.

- Obrigada. – Falamos junto.

Ela ainda trocou algumas palavras com o rapaz antes de fazermos nossos pedidos e ele sair em direção a cozinha, antes de se virar ele lançou um último olhar admirado na direção da minha noiva e a parabenizou pelo livro.

- Faz tempo que o Johnny está trabalhando aqui? – Meg perguntou a avó.

- Mais de um ano, ele começou a trabalhar aqui por que não queria que o pai arcasse com todas as despesas da faculdade.

- Nem acredito que aquele garotinho cresceu tanto e ficou responsável. – Meg falava com os pensamentos longe. – Ele tá fazendo curso de que?

- Arquitetura. 

- Ele te olha com admiração. – Falei.

- Johnny era apaixonado pela Meg. – Eva falou rindo.

- Era uma bobagem de criança vó.

Elas falaram mais um pouco sobre o rapaz, sua família, ao que eu entendi a irmã dele é chef no outro restaurante de Eva. Nosso pedido chegou e Meg tinha razão essa é a melhor comida do mundo, o jantar foi regado a muita conversa, passando pelos mais variados assuntos. Ao fim da refeição elas me levaram para conhecer a cozinha, os funcionários mais antigos pareciam conhecer Meg muito bem e estarem contentes em vê-la, dava pra ver o quanto ela é querida por eles. “Ela inspira carinho em quem a conhece”. Quando já passava das onze da noite nos despedimos de Eva e retornamos ao hotel.

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Vocês estavam certas Grace e Nathan estão juntos. 😍
Felicidade ao casal.

Esse encontro da Meg com Eva é muito amor. 😍😍

O que será que a visita aos pais reserva? Será que vai da tudo certo? Será que vai se acertar?

Até terça. 😍🥰

Vote e comente.  😊😘

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