Capítulo 43.

Esse capítulo pode conter gatilhos.


Meg...

Escovei meus dentes sentindo que finalmente havia esvaziado todo o meu estômago, lavei meu rosto e me olhei no espelho estou com uma expressão triste e abatida, a maquiagem mal tirada com a máscara levemente borrada não ajuda meu estado. Minhas mãos ainda tremem incontrolavelmente e sinto um aperto do meu peito.

- Ele não é o Patrick. – Repito para mim mesma, mas não importa quantas vezes eu tente me convencer as imagens do Henry batendo naquele homem, sua expressão de fúria me leva de volta ao desgraçado que até hoje afeta a minha vida e eu me odeio por isso.

Estou no meu apartamento com Iam, ele e Natalie me trouxeram para casa em um estado deplorável, depois de muito chorar nos braços dos dois e vomitar umas duas vezes, Natalie foi até o seu apartamento me preparar um chá de camomila para mim.

- Onde ela está? – Eu ouvi a voz de Henry assim que sai do quarto, meus olhos percorreram o ambiente em busca dele e o encontreinparado na porta.

- Henry eu não sei se é bom falar com ela agora. – Iam usava o seu tom mais calmo, que ele só usava nas situações mais complicadas.

- Eu preciso vê-la. – Caminhei até a sala mesmo que meus pés tentassem voltar para o quarto e meu estômago revirasse dentro de mim.

- Henry. – Falei atrás de Iam que deu um passo para o lado.

- Meu anjo, me desculpa por te assustar. – Ele tentou vir em minha direção, mas, eu dei um passo para atrás o fazendo parar me olhando. – Você está com medo de mim? – Ele perguntou com dor na voz.

Olhando para ele percebi que não usava a mesma roupa de mais cedo, estava com uma calça de moletom cinza e uma blusa branca, seus cabelos molhados indicavam que ele tomou banho recentemente.

- Me desculpe.  – Falei não contendo as lágrimas que voltavam a rolar pelo meu rosto.

- Você não tem pelo que se desculpar, fui eu que te assustei. – Ele falou parado na minha frente, sem se aproximar. – Eu que te peço perdão.

- Meg. – Iam chamou minha atenção ao meu lado. – Se você gosta mesmo dele deviam conversar. - E sussurrando ele acrescentou. - Contar tudo.

- Eu sei. Eu vou. – Ele me abraçou rapidamente. 

- Estarei na Natalie. – Ele falou e passou pela porta tocando o ombro de Henry.

- Por favor me perdoa, eu não queria te assustar eu jamais machucaria você. – Ele falou dando mais um passo, mas parando quando eu recuei novamente. – Eu posso ficar aqui fora se você se sentir mais segura. – Eu pude sentir a dor dele ao pronunciar tais palavras se afastando de costas na direção da porta, sua expressão estava triste e seus olhos vermelhos.

- A gente não pode conversar no corredor. Entre. - Falei tentando passar a confiança que não possuía.

- Mas eu não quero te assustar.  – Eu queria abraçá-lo, mas, meus institutos me mandavam fugir.

- Entre.

Ele entrou e fechou a porta sem trancar, caminhei até meu quarto ouvido seus passos atrás de mim, entrei e parei perto da porta ele parou do lado de fora e o olhei pedindo para ficar ali, ele entendeu e se afastou se encostando na parede do quarto de Ellen, eu sentei no chão e ele imitou meus atos deixando seu corpo escorrer pela parede em direção ao chão.

- Eu nunca machucaria você, quero que compreenda isso meu anjo, eu jamais encostaria um dedo em você para te machucar. – Ele falou e eu vi seus olhos cheios de lágrimas transbordarem. – Eu juro.

- Eu quero acreditar nisso, eu fico repetindo isso para mim mesma, mas eu não consigo controlar, não consigo não ter medo. Esse sentimento é mais forte que eu. – Falei com toda a sinceridade que havia em mim. – Quando eu vi sua expressão de fúria eu desabei, me fez voltar para momentos difíceis da minha vida.

- Não estou entendendo.

- Eu vou lhe fazer entender, mas quero que me prometa que não vai fazer nada. - Respirei fundo olhando para ele. - O que aconteceu já foi não pode ser mudado eu só quero seguir minha vida em paz.

- Meg...

- Me prometa, por mim.

- Eu prometo. - Ele proferiu as palavras desconfiado.

- Tudo é culpa do Patrick. – Falei e vi ele me encarar confuso. – Deixar-me falar, vou contar tudo e você vai ouvir tá bem? – Ele assentiu. – Alguns anos atrás quando eu trabalhava em uma boate eu conheci um homem, ele não me cantava como os outros, era doce e gentil, foi até lá por muito tempo antes de me chamar pra sair, eu aceitei. Pouco tempo depois começamos a namorar, eu estava apaixonada, ele era incrível, me tratava bem, sempre dizia que eu era especial e o quanto me amava, esse tipo de coisa. – Respirei fundo pelo que eu tinha para contar a seguir. – Quando ele disse que eu não devia usar roupas curtas no trabalho eu achei que era só ciúme bobo, quando ele brigou com um cara que estava me cantando eu achei que era proteção, quando ele me convenceu a deixar meu trabalho eu achei que ele se preocupava com a minha segurança, por que afinal muitos caras davam am cima de mim e eu saia tarde do trabalho. – Fiz uma pausa.  – Ele me afastou dos meus amigos, parei de escrever, fui trabalhar com um amigo dele por que ele dizia que era mais seguro. A primeira vez que ele gritou comigo e chorou depois pedindo perdão eu até mesmo acreditei que a culpa era minha.

- Você foi agredida por ele. – Olhei para o meu namorado e ele tinha as mãos fechadas em punho e só então percebi os nós dos seus dedos machucados.

- Me deixe terminar. – Falei e ele apenas me olhou. – Já tinha se tornado uma rotina, ele gritava comigo e depois pedia perdão, brigava com qualquer homem que me olhasse ou fosse gentil comigo. Eu passava mais tempo no seu apartamento do que aqui, por que não queria que a Ellen ouvisse as discussões, na minha cabeça ela não entendia ele e estava implicando quando tentava me afastar dele. – Respirei fundo. – Uma vez eu tentei sai de perto dele depois de uma briga e ele segurou meus pulsos tão forte que ficaram machucados por dias. Não foi a única vez que isso aconteceu. – Fiz uma pausa vendo o rosto de Henry cada vez mais vermelho. – Até que um dia ele brigou comigo com ciúmes de um colega de trabalho, quando eu falei que talvez devesse trai-lo assim ele teria motivo para me culpar ele pegou meu pescoço e me jogou contra a parede com tanta força que eu fiquei tonta, depois de me jogar no chão e chutou minhas pernas, depois disso ele se jogou ao meu lado pedindo perdão, naquele momento eu percebi que não tinha volta, tudo que eu vinha passando no último ano me atingiu como um soco.

- Foi aí que você o deixou?

- Eu fiquei com medo de deixá-lo, por que ele tava alterado e estávamos na casa dele, uma vez durante uma discussão ele puxou sua arma pra mim, temi pela minha vida. – Falei, as lágrimas já rolavam pelos meus olhos. – Mais tarde no mesmo dia eu comecei a sangrar, perdi o meu bebê naquele dia, eu nem sabia que estava grávida, mas ouvir que eu estava abortando me destruiu, e ouvir o infeliz me culpando por isso foi a gota d’água eu deixei ele naquela noite, sem me importar com o que ele pudesse fazer comigo. Passei a madrugada dentro de um trem indo ao encontro dos meus amigos que estavam viajando.

- Ele aceitou a separação?

- Ele me perseguiu por um tempo, pedindo perdão e dizendo se sentir culpado, depois me deixou em paz, aí voltou a aparecer pouco antes daquele dia no bar. – Falei me referindo ao nosso primeiro encontro. – Depois disso eu o vi uma vez na entrada do prédio quando Jackson veio me deixar em casa.

- Meu anjo por que você não o denunciou para a polícia? – Henry lutava com a vontade de se aproximar eu podia perceber isso, suas mãos estavam apoiadas no chão como que para lhe manter no lugar.

- Ele é a polícia Henry, um detetive amplamente condecorado. Além do mais seu pai é juiz da suprema corte, sua mãe tem uma empresa de transporte.  – Falei lhe encarando. – Não ia da em nada, no máximo eu conseguiria dinheiro e eu só ia querer o dinheiro deles se fosse pra lhes engasgar com as notas. – Henry esboçou um sorriso. – Quando eu voltei de viagem a senhora Thompson me procurou dizendo que seu filho estava deprimido e a culpa era minha, ela me disse coisas horríveis.

- Ele é filho do juiz Thompson?

- O próprio. Você o conhece?

- O Pai do Tyler é o presidente da suprema corte, tive o desprazer de ver o dr. Thompson algumas vezes, um sujeito desprezível. – Ele me olhou. – Meg ele não pode sair impune depois de tudo isso.

- E o que eu posso fazer Henry? Não tenho provas, não tenho testemunhas oculares, a única coisa que eu tenho é o laudo do aborto que sequer foi incluído as marcas pelo meu corpo. – Falei olhando para baixo. – O silêncio dos médicos foi comprado. Eu não quero mexer em vespeiro.

- Mas, eu posso lhe ajudar, eu conheço pessoas. Eu... - Ele começou a falar determinado.

- Eu só quero que isso acabe Henry. – Falei o cortando. – Quero parar de sentir medo e parar de deixar que aquele infeliz tenha poder sobre mim. – Voltei a chorar. Ele pareceu entender que insistir naquele assunto no momento não daria em nada.

- Me perdoa por ter sido um gatilho para seus pensamentos ruins. – Ele disse me estendendo a mão. – Eu prometo tentar evitar essas coisas.

- Você não tem do que se desculpar, não tinha como saber. – Falei ficando de pé e andando até ele pegando sua mão. Uma parte de mim ainda queria fugir pra longe dele, mas, eu gostava demais daquele homem para deixar que os medos do meu passado nos afastassem. “Só espero que ele realmente me compreenda e não faça besteira alguma”.

O puxei para cima e o abracei apertado, ele me abraçou de volta alisando meus cabelos e beijando minha cabeça,  dizendo o quanto sentia muito e que ia fazer de tudo para eu me sentir segura ao seu lado, me jurando que nunca ia me machucar e que me protegeria. Me afundei em seus abraços e não sei quanto tempo passou com nós dois abraçados em silêncio.

**

Henry...

- Quando eu gritei com você na empresa aquilo foi um gatilho também não foi? – Perguntei me lembrando da cena de repente e de como ela parecia abalada quando saiu da sala.

- Sim, por isso eu não quis te ver, eu sabia que se lhe visse seria pior. – Falei beijando seu queixo. 

- Teve outra vez que eu fui gatilho?

- Lembra quando você deixou meus pulsos vermelhos?

- Sim.

- Eu quase não consegui me convencer que você é diferente dele, que aquilo não tinha nada parecido com as vezes que ele me machucou. Desculpe. 

- Não precisa se preocupar. – Falei me afastando para olhar seu rosto. – Vou ter cuidado para que isso não se repita.

- Eu também não quero que você me trate como se eu fosse de porcelana. - Falou determinada.

Apenas sorri a abraçando com minhas mãos passeando pelo seu corpo de maneira carinhosa, ela se abraçou a mim. Eu vou descobrir tudo sobre esse desgraçado, vou achar algo contra ele nem que eu tenha que cava até o inferno, vou achar um podre dele e vou fazê-lo pagar por tudo que ele fez com a minha mulher, já que uma promessa idiota me impede de quebrar a cara dele eu vou arrumar um jeito de fazê-lo pagar.

- As suas duvidas quanto a ter um filho tem ligação com o aborto, não é? – Perguntei contra seu cabelo.

- Sim, apesar de o estresse e do medo que eu sofri terem contribuído para que ele ocorresse, ele foi espontâneo, provavelmente eu fosse perder o bebe de todo jeito. – Ela falou sem me olhar. – Não sei se eu conseguiria passar por isso novamente.

- Ei. – Puxei seu queixo para encontrar seus olhos nos meus. – Você não tem culpa disso, e isso provavelmente não voltara a acontecer, você é uma mulher saudável. – Falei tentando lhe convencer. A raiva dentro de mim crescia a cada instante.

Não sei quanto tempo passamos abraçados até que ouvimos a porta se abrir e duas cabeças passando por ela, eles perguntaram se estava tudo bem, se havíamos nos acertados e se despediram saindo em seguida. Depois de muito tempo ali abraçados, a levei para o banheiro.


- Meu amor. – Meg me chamou a atenção enquanto eu esfregava suas costas dentro da banheira.

- Diga meu anjo.

- O que aconteceu na boate, aquele homem me reconheceu por causa daquele site. – Ela falou se virando para ficar de frente pra mim, sentando sobre minhas pernas. – Se a imprensa souber sobre ele vai ser ruim para a sua imagem, está associado a uma mulher que supostamente era acompanhante. Isso vai ser uma mancha para você e a empresa que pode lhe causar prejuízo. 

- Onde você está querendo chegar? – Perguntei não gostando do rumo daquela conversa e muito menos do que eu vi em seus olhos.

- Estou dizendo que é melhor nós não estamos mais juntos. – Tenho certeza que meus olhos estão quase para fora do lugar nesse momento e esqueci como se faz para respirar, meu coração pareceu suspenso.

- O QUE? – Minha voz saiu mais alto do que eu pretendia e minhas mãos estavam tremendo.

- Henry eu tô apaixonada por você, e meus sentimentos são fortes o suficiente para eu me afastar se isso for o melhor pra você. – Ela falou me olhando nos olhos. – Eu não quero ser um problema na sua vida, não quero lhe atrapalhar, eu jamais me perdoaria se por minha causa você saísse prejudicando. – Ela falava calmamente com seus olhos mergulhados em tristeza e o rosto banhado em lágrimas. Ela abaixou a cabeça. 

- Meg, olha pra mim. – Pedi segurando seu queixo, meu coração batendo descompassado. – Eu não quero você longe de mim, eu não sei mais viver sem você, é por você que meu coração bate, é por você que minha alma chama é por você que meu corpo anseia. – Falei sentindo os olhos ardendo e lágrimas escorrendo, por essa mulher eu já chorei mais do que a minha vida inteira. – Você é a minha felicidade a única coisa que você faria se afastando de mim é me fazer sofrer, nada de bom pode vir disso. – Falei com toda a sinceridade que eu tenho em mim.

- Mas, Henry... - Ela começou.

- Sem mas, se um dia você não me quiser mais ao seu lado por que os sentimentos que tem por mim acabaram, eu vou embora, nem que isso seja difícil e me deixe despedaçado, mas se não, se isso não acontecer, seja o que for a gente enfrenta juntos, por que uma relação é isso, estar junto em todos os momentos, enfrentar os obstáculos.

-Tem certeza? – Ela está me dando uma saída fácil, embora me magoe um pouco ela achar que eu fosse sair assim rapidamente da sua vida eu a entendo, eu sei que ela faz isso por pensar ser o melhor pra mim, o que me resta é mostrar todo dia que meu lugar é ao seu lado.

- Absoluta. – A puxei para um beijo demorado, calmo e apaixonado. – Nunca estive tão certo de algo em toda a minha vida. Seremos nós dois contra o mundo. - Brinquei e vi ela sorrir pela primeira vez desde que começamos a conversar sobre seu passado.

Ela apoiou a cabeça no meu peito e fechou os olhos, beijei seus cabelos e passei minhas mãos por suas costas acariciando sua pele.

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Finalmente a Meg contou tudo aleluia. 🙌🙌

Agora é esperar pra se o Henry vai encontrar algo sobre o desgraçado para fazê-lo pagar.

Postagem: domingo, terça e sexta. 

Até  domingo. 😘😘😘

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