Capítulo 17.
Meg...
- Imãaaaa. – Carol gritou me abraçando assim que abriu a porta do seu apartamento em Manchester, depois de ela insistir muito resolvi que ficaríamos com ela durante o fim de semana. – Estava com saudade.
- Eu também, mas a minha irmã agora mora do outro lado do Atlântico. – Falei fazendo um pouco de drama e soltando ela.
- Para de drama, em menos de um ano eu volto.
- É muito tempo. – Reclamei. - Você já está lá a tanto tempo.
- Oi Ellen. – Carol falou me ignorando e abraçando minha amiga. – Como você está?
- Oi Carol. – Ellen retribuiu o abraço. – Estou bem e você.
- Ótima.
Ela nos guiou até o quarto de hóspedes para nos acomodarmos, guardamos as roupas no armário, principalmente os vestidos que Natalie fez, pois se destruíssemos eles ela iria nos matar. Fui até o banheiro tomei um banho rápido e como já era noite vesti um confortável pijama com estampa de Harry Potter, sim eu sou uma mulher de quase 28 anos que usa pijama com estampa de personagem e né orgulho disso. Esperei Ellen sair do banheiro com seu pijama de flores e fomos para a sala, eu estava loiça para contar a novidade a Carol.
- Então irmã, – Carol estava na cozinha terminando seu famoso macarrão com queijo uma das poucas coisas que ela sabe cozinhar diga se de passagem – eu quero que você como minha advogada dê uma olhada nisso aqui. – Ela despejou o macarrão em uma travessa colocou mais queijo por cima orégano e levou ao forno.
- Deixa eu ver. – Ela esticou a não em minha direção para pegar a pasta que eu tinha.
- Sai fora lava essas mãos primeiro. – Eu disse puxando a pasta para longe dela, não ia querer mancha de gordura no meu contrato com os Green.
- Feliz agora? – Ela perguntou depois de lavar e secar as mãos, eu assenti e lhe entreguei o documento. – Deixa eu dá uma... – Ela parou estática, eu a observava e Ellen ria ao meu lado, era muito bom vê-la sorrir. – Isso é um contrato para a publicação de um livro seu, na verdade para a publicação dele e de suas sequências. – Ela falava enquanto passava os olhos pelo papel. – Por que você não me disse que estava em negociação com a editora?
- Por que eu não estava. – Falei simplesmente. – A Grace encaminhou meu livro ao seu irmão e hoje ele apareceu na emissora com o contrato em mãos
- Assim sem uma reunião antes?
- Sim, ele só foi e deixou o contrato com ela.
- Então você não se encontrou com ele?
- Não ele não pode me esperar, me atrasei por causa de um problema. – As duas pareceram nem perceber que eu falei a palavra problema, pois nada falaram. – Você já leu?
- Não por completo, mas faltou pouco, li no trabalho e no trem até aqui.
- Alguma alteração? – Ela perguntou pegando o celular e abrindo o bloco de notas.
- Bem eles querem direitos de publicação sobre todas as minhas criações, não aceito isso, minha propriedade intelectual continua sobre minha tutela, eles podem ter direitos sobre essa saga somente. Se quiserem outro livro deverá ter um novo contrato.
- Ótimo. – Ela havia anotado no celular enquanto eu falava.
- Outra coisa, a porcentagem de lucro, eu sei que sou uma estreante, mas a porcentagem aí é fixa, quero que possa ser reajustada de acordo com o andamento das vendas. – Ela digitava mais rápido do que duas amigas fofocando. – E eu quero direito sobre todo material proporcional que possa vir a ser vendido, tudo, até se fizerem um lápis. – Falei e ela riu.
- Ensinei direitinho a você em irmã. - Sorri.
- Outra coisa, diz que eles querem direito sobre e uma eventual adaptação, eu aceito, mas quero participação nela e o roteiro ser meu ou pelo menos com minha participação.
- Mais alguma coisa?
- Não.
- Certo, vocês olhem o macarrão eu vou pro escritório começar a trabalhar nisso.
Vimos ela somente quando voltou a sala para pegar um prato com macarrão, depois voltou a se enfiar no escritório, ela sempre disse que não importava a área jurídica que seguisse seria sempre minha advogada e no dia que eu fosse publicar um livro ela iria supervisionar o contrato.
No dia seguinte enquanto almoçávamos percebi Ellen estranha, parecia querer falar alguma coisa, mas como me garantiu que estava bem imaginei que ela não estava tão bem quanto gostava de aparentar. Depois do almoço Carol voltou ao escritório e nos ficamos sozinhas limpando a mesa.
- Você está mal por causa do casamento?
- Não Meg eu tô bem com isso lhe garanto. – Ela sorriu.
- Então o que você está me escondendo.
- Depois a gente fala sobre isso Meg. – Ela tentou passar por mim, mas eu parei a sua frente.
- O que aconteceu? – Mil coisas passavam em minha mente e nenhuma delas era boa. Ela tinha voltado com Lincon? Estava grávida? O estúdio estava a beira da falência? Patrick tinha abordado ela. A última me arrepiou até a alma.
- Lembra que eu sempre falei que gostaria de aperfeiçoar minhas técnicas? – Balancei a cabeça em concordância. – Alguns meses atrás eu me inscrevi para a Sir JJ e para a IED.
- Por que você não me disse nada?
- Por que foi na época que você entrou aquele cara e no dia que eu ia contar você chegou puta em casa com um envelope cheio de dinheiro que você guarda embaixo do colchão até hoje. – Ela não cansava de rir dessa parte. – Então , passamos o dia falando sobre e eu esqueci de lhe dizer, na verdade eu ia lhe dizer no dia anterior, mais aí teve a ligação da Lisa. Enfim acabei esquecendo e rejeitei a proposta da IED por que eu tinha acabado de começa e a namorar com o Lincon, olha que burra. – Ela disse se repreendendo.
- Não diga isso, você só estava apaixonada.
- Espero não sofrer desse mal de novo. – Ia abrir a boca para falar algo, mas ela me cortou. – Aí agora eu recebi uma proposta do Sir JJ para um curso especial
- Espera. – Falei franzindo o cenho. – Sir JJ não fica na Índia? – Ela confirmou com a cabeça. – Então você está dizendo que vai para a Índia por quanto tempo?
- Um ano.
- ESPERE UM ANO INTEIRO?
- Isso. – Ela di se simplesmente. – Bem na verdade um ano letivo que se resume a 10 ou 11 meses.
- Grande diferença. – Falei amarga. – E o estúdio?
- Adam vai contratar alguém pra ajudar ele e Victória. – Ela fez uma pausa. – Vai ser bom para os negócios e para eu por a cabeça em ordem. – Ela disse mais baixo.
- E quando você vai? – Não tinha argumentos contra eu sabia que seria bom pra ela em todos os sentidos, que tipo de amiga eu seria se tentasse impedir seu crescimento?
- Preciso esta lá na outra segunda. – Minha boca fez um “o" perfeito.
- Então você já tem que ir semana que vem.
- Sim – respondeu mesmo não sendo uma pergunta. – Na verdade eu vou na quarta, Natalie tentou comprar minha passagem para sexta ontem, por que eu estava sem tempo, mas só tinha voo quarta ou domingo.
- Então ela sabe e o Iam também? – Ela confirmou. – Desde quando e por que não me contou?
- Desde segunda que foi quando eu recebi o email, foi um curso de última hora. – Ela falou. – Você tem andado uma pilha com tudo e sempre tão preocupada comigo eu queria esperar a gente voltar pra casa pra contar. Desculpe.
- Eu entendo. – Me aproximei dela a abraçando. – E embora não pareça no momento eu estou muito feliz por você, sei que vai ser ótimo para a sua carreira, para a sua cabeça, seu coração e sua alma. Além do mais você sempre quis conhecer a Índia. – Fiz uma pausa segurando o choro. – É só que eu vou ficar sem minhas duas irmãs por perto agora. – Ela se afastou com lágrimas nos olhos.
- Eu também vou sentir muito a sua falta. – Ela disse chorosa, nos duas estávamos.
**
Meg...
- Então eu quase terminei com o contrato. – Carol falou enquanto saíamos do seu apartamento em direção ao jantar de ensaio. – E devo dizer que tirando os pontos que você observou ele está muito bom para os dois lados e não é um falso bom é bom mesmo.
- Ótimo, estou muito animada com isso.
- Da para ver em seus olhos querida. – Ela disse entrando no elevador. – Vou terminar com ele na segunda e lhe envio no máximo até terça antes de viajar.
- Obrigada.
O ensaio aconteceria na mesma casa de eventos que o casamento seria realizado no dia seguinte, respirei fundo e passei a mão pelo meu vestido verde o ajeitando antes de entrar ao lado de Carol e Ellen.
A roupa que usamos hoje era simples. Carol vestia um macacão estilo pantalona preto com um decote nas costas que passava um pouco para a barriga e um salto também preto. Ellen vestia uma saia soltinha vermelha que terminava pouco acima do joelho e uma blusa branca sem mangas com um decote no colo que era emoldurado por uma renda também branca e um salto nude marrom. Eu estava usando um vestido verde simples, sem mangas, justo na parte do busto e começava a alargar na cintura em estilo evasê e ia até a altura do joelho, possuía um decote nas costas que ia até a cintura e um salto nude rosado.
Quando chegamos ao local do evento meus pais, Lisa e o noivo já estavam por lá, bem como nossa avó Eva, me esforcei para sorrir e os cumprimentar com naturalidade, tudo estava muito bonito e com a desculpa de ver a decoração eu me afastei deles, não estou nenhum pouco a fim de estragar o jantar de ensaio de Lisa e era isso que aconteceria se eu continuasse ali ouvindo meu pai falar.
Assim que os pais de Noah e os irmãos chegaram o jantar foi servido, tudo correu bem o assunto estava focado nos noivos e eu agradecia por isso, até que enquanto a sobremesa era servida um dos irmãos de Noah resolveu puxar assunto comigo.
- Então, a moça que está com você é sua namorada? – Benício quis saber.
- Não, Ellen é minha melhor amiga, como uma irmã.
- Lésbica aqui é a Carol cunhado. – Lisa falou como se estivesse contando uma transgressão grave.
- E qual é o problema? – Carol falou.
- Nenhum irmã.
- Iih parece que toquei em um assunto delicado desculpe. – Benício falou.
- Não se preocupe, podemos ser complicados as vezes. – Sorri para ele percebendo como ele era um homem bonito.
- Então com o que você trabalha? Você não mora aqui não é? – Ele perguntou. – Não tinha lhe visto antes. – Eu respirei fundo antes de responder.
- Eu trabalho como roteirista assistente na Green Entretenimento e moro em Londres.
- Que legal você trabalha com cinema e TV. – Ele disse animado e eu ouvi meu pai bufar. – Algum roteiro seu já foi filmado? – Antes que eu respondesse meu pai se adiantou.
- Não, ela largou uma carreira maravilhosa para trabalhar revisando roteiros escritos por outras pessoas. – A voz de Albert era ácida.
- Albert. – Minha mãe o repreendeu temendo um escândalo.
- Não é verdade Rosemary? Ela largou a faculdade de Medicina para ser escritora e está trabalhando de assistente. – Benício olhava pra mim com arrependimento e um pedido de desculpas velado no olhar.
- Sim pai eu larguei a faculdade de Medicina, anos atrás e o senhor ainda não consegue acreditar que eu tinha outro plano para a minha vida que não fosse o que vocês traçaram quando eu nasci. – Controlei minha voz para que ela não saísse muito alta. – E pode ter certeza que eu sou muito mais feliz sendo assistente do que eu jamais fui enquanto estudava medicina ou do que eu seria exercendo a profissão. – Respirei fundo. – Minha felicidade e meu bem está deveriam ser mais importantes para o senhor do que o plano de vida que traçou para mim e eu estou muito feliz com o que eu faço lhe garanto. – Me virei para Benício. – Me desculpe por tudo isso. – Fiz um gesto com a mão. – E respondendo a sua pergunta, não ainda não tive um roteiro meu filmado, eu trabalho a pouco tempo na emissora, acabei de escrever o meu primeiro e ele está em fase de pré produção.
- Isso é ótimo. Parabéns.
- Obrigada. – Sorri sincera para ele.
- Conseguiu alguma coisa. – Meu pai voltou a falar, minha mãe segurou seu braço tentando impedi-lo, mas ele não a deu ouvidos. – Mas até onde eu sei você sempre achou que tinha talento para escrita. – Dava para ver a raiva em seus olhos. – Você já desistiu disso? Descobriu que não tem capacidade.
- Não senhor Albert, pelo contrário, cada dia que passa eu me sinto melhor escrevendo. – Falei evasiva. – Tenho um livro pronto e já comecei o segundo.
- E quanto a publicar? Deixa eu adivinhar nenhuma editora se interessou?
- Bem, na verdade pai. – Antes que eu falasse Carol se adiantou. – Eu passei o dia inteiro analisando o contrato para a publicação não apenas do livro de Meg, como também de suas continuações e possíveis spin offs pela Editora Green.
- Nossa você deve ter se dado muito bem com o seu diretor. – Lisa insinuou.
- Na verdade a senhorita Grace Green é uma ótima pessoa, aceitou ler parte do meu livro e encaminhou o material completo para o material completo para o seu irmão que é diretor da Editora. – Falei com um sorriso mais falso que o interesse dela. – Então a equipe do senhor Green analisou e ele mandou o contrato.
- E esse senhor Green é tão gentil quanto a irmã?
- Isso eu não posso lhe dizer, não o conheci pessoalmente ainda.
Eu estava começando a me irritar com toda aquela situação, meu pai me olhava com repreensão, Lisa tentava insinuar que eu havia dormido com meu chefe para conseguir a publicação do meu livro e esse tipo de coisa me enojava, eu nunca insinuei isso com ela, mesmo se ela aparecesse com notas do nada. Minha mãe estava muito quieta tentando apaziguar os ânimos.
- Então você terá um livro publicado?
- Sim e por uma das maiores editoras da Europa.
- E você vai assinar seu livro como Margareth Taylor? – A família de Noah olhava sem nada entender a menção do meu sobrenome.
- É o meu nome. – Disse simplesmente.
- Então você não vai usar o seu sobrenome?
- O meu sobrenome agora é Taylor, se eu não era boa ou digna o suficiente para usar o seu sobrenome quando eu trabalhava em uma lanchonete ou em sua boate – Fiz uma pausa – Também não o usarei agora que vou publicar um livro. O senhor mesmo falou mal da profissão que eu escolhi a minha vida inteira, não devia querer seu digno sobrenome atrelado a isso, afinal eu sou uma vergonha para o senhor não é?
- Meg pelo amor de Deus. – Minha mãe falou.
- Não me trate como se eu tivesse buscado isso.
- Você é muito atrevida. – Meu pai tremia de raiva. – Lhe faltou corretivo na infância, por isso você cresceu sem respeito e rejeita sua família.
- Primeiro me faltaram algumas coisas durante meu crescimento, mas corretivo não foi um deles, por causa do controle que vocês exerceram sobre minha vida eu não percebi quando me envolvi em um relacionamento abusivo, por que no fundo eu ainda estava acostumada com isso. – Eu despejei e vi todos na mesa de boca aberta, exceto Ellen e Carol que eram as únicas ali que sabiam sobre Patrick. – Segundo eu não rejeitei a minha família, vocês me rejeitaram, vocês três. – Olhei para meus pais e Lisa. – Então não venha me culpar.
- Já chega com isso, hoje é um dia de festa e a Meg merece viver sua vida em paz. – Minha avó interrompeu.
- Você fica muito feliz por ela usar seu sobrenome não é Eva? – Meu pai acusou.
- Fico mesmo, por que eu sempre tive muito orgulho da Meg, não só agora.
- Chega, eu vou embora. – Me virei para a Lisa. – Eu realmente sinto muito, não era minha intenção azedar sua noite independente das nossas diferenças.
- Só tente se comportar amanhã. – Foi tudo que ela disse e eu me surpreendi, não esperava mais comparecer a cerimônia.
- Claro e Noah. – Me virei pra ele. – Sinto muito termos nos conhecido nessa situação, mas foi um prazer conhecê-lo. – Me virei para a sua família. – Foi um prazer conhecer todos vocês e me desculpem por tudo isso. – Eles balançaram as cabeça em confirmação e me parabenizaram pelo livro. – Boa noite.
Me afastei da mesa com Ellen ao meu lado, antes de sair de lá pedi para Carol continuar, pois eu estava com uma cópia de sua chave, saindo do salão eu soltei o ar que nem sabia que estava prendendo. Ouvi passos até as de nós, mas não me retive e chamei um táxi.
- Margareth. – A voz da minha mãe ecoou nos meus ouvidos e estava cheia de pesar. – Podemos conversar por favor? – Ela disse se aproximando de mim.
- Vá pro apartamento lhe encontro depois. – Disse a Ellen lhe entregando a chave.
- Tem certeza?
- Tenho, afinal como dizem é melhor tirar o curativo de uma vez.
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A situação da Meg com a família não é fácil hem. O que será que a mãe quer com ela?
Espero que esteja gostando.
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