[🍰] - why?
Quando chegamos, foi tudo normal, tirando o fato de Jeon ter usado a palavra "bom dia" novamente e sem ao menos perceber que usou.
Foi um dia tranquilo, eu apenas fiz algumas pequenas coisas como editar textões em inglês para Jackson, já que Jungkook não utilizou meus serviços hoje.
— O Sr. Jeon, está lá? — Jin segurou uma prancheta.
— Sim, por quê?
— Vamos ter a nossa conferência para o renovamento da parceria com a China, Jeon precisa analisar meu esquema e estar de acordo.
— Uh? Jura? Posso ir levar? — perguntei animado.
— Eu mesmo faço, preciso apresentar o projeto, de qualquer jeito.— deu de ombros me agradecendo pela informação e logo indo em direção a sala.
Eu iria na minha primeira conferência, e para China! Melhor que isso a minha vida não fica.
Nos últimos meses muita coisa mudou, meu emprego bem remunerado, meu melhor amigo namorando dois caras, eu namorando um ricão que por coincidência é meu chefe, meu cabelo... Eu estava feliz.
Quando deu o horário de almoço eu desconversei com todo mundo, comprei dois sanduíches e mais dois sucos e fui encontrar meu macho, que estava em sua sala, como sempre.
— Oi! — entrei na sala animado, recebendo de imediato sua atenção.
— Oi, amor... Veio me fazer companhia? — abaixou os papéis quando eu confirmei.— Eu já termino, mas pode se sentar.
Eu fui até aquele sofá onde comemos da última vez e coloquei as embalagens sobre a mesinha que tinha. Não comi, iria esperar ele terminar, para comermos juntos.
— Não precisava me esperar.— falou finalmente sentando ao meu lado.— Algum motivo em especial dessa vez? — neguei.
— Como está sendo seu dia? — puxei assunto enquanto ele abria a embalagem de sanduíche.
— O mesmo que o seu? — respondeu como se fosse óbvio.
— Eu estou puxando assunto! — bati em seu peito.— Hoje o Jackson me pegou no pulo com marcas de mordidas no pescoço, por favor seja mais cuidadoso.
— Eu não prometo nada.— falou sem pensar no assunto, logo levou outro tapa no peito.— Não tem como transar com você e não morder você insanamente, não tem! — explicou com a voz um pouco desesperada e eu ri.
— Transa comigo mais uma vez e a gente vê se você não morde.— provoquei.
— Você é algum tipo de ninfomaníaco? — abocanhou o sanduíche de frango.
Eu ignorei o comentário apenas dando uma risada fraca, talvez ele não entendesse que a foda que ele me proporcionava, acrescentada com a minha falta de sexo me tornava um ninfomaníaco em potencial.
— Você descobriu um medo meu, me conta um seu.— divagou com a voz um pouco fraca dando Mais atenção a analisar os componentes do sanduíche.
Pensei, pensei muito em um medo que eu tinha, mas eu tinha vários, só que nenhum vinha a cabeça.
— Sei lá, altura? — chutei uma das minhas fobias.
— Hm, por isso você não cresceu? — eu lhe bati.— Eu estou falando de medos profundos.
Novamente pensei em algum medo. Eu tinha medo de insetos, altura, pessoas que dizem que fígado de boi é gostoso.
— Pessoas que colocam ketchup na pizza, sério, isso é assustador.— ele ri, mas logo me manda falar sério de novo.— Hm, eu tenho medo de perder as pessoas importantes na minha vida, eu sou muito dependente das minhas companhias.
Ele coçou a garganta pensativo.— Todos nós temos esse medo.— falou enfim.
— Eu não sei então, acho que tenho medo de tudo um pouco.— dei de ombros.
— Medroso.
— Abusado! — mostrei a língua lhe dando mais um tapinha fraco.
Ficamos em silêncio, não tinha assunto que surgisse na minha mente para quebrar aquela quietude, então deixei que o vácuo tomasse conta do cômodo enquanto comíamos.
— Sabe, — insisti em um assunto qualquer.— Estou animado para essa conferência.
Jungkook ficou com uma expressão surpresa, como se eu tivesse sacado uma arma e apontado ela para a cara dele.
— Bom, sobre isso...— limpou a garganta.— Você não vai.
Eu ri alto da piada besta dele, mas logo vi que ele não ria.— O que? — cogitei a ideia de ter ouvido errado.
— Você não vai.— repetiu e eu senti que arma havia sido sacada, mas na minha cara.
— Como? E-eu acho que entendi errado.
— Desculpa, você não pode ir.— murmurou.
— Por-por quê?
— Você simplesmente não pode ir.— avisou tentando não mostrar emoção.
— Simplesmente? — senti um nó na minha garganta.
— É, — abaixou a cabeça juntando as mãos.— Você fica com o Yoongi.
— Espera, todos vão, menos eu? — recuei para trás ofendido.
Ele não responde, mas seu rosto envergonhado foi óbvio, era um sim. Todos iriam, menos eu.
Meu coração estava fraco, eram notícias muito destruidoras para serem faladas assim tão naturalmente.
— Eu não acredito...— murmurei.— Você está mesmo me proibindo de ir na minha primeira conferência?
— Desculpa.
— Não, eu não acredito que você vai fazer isso comigo! — me levantei do sofá indignado.
Ele parecia com medo da atitude que eu iria tomar, então segurou minha mão numa tentativa de me acalmar, mas eu puxei minha mão de volta.
— A decisão já está tomada, me perdoa.
Eu não tinha reação para aquilo.— Não, talvez depois, mas agora não.— comecei a caminhar em direção a porta.
Não sabia exatamente como estava me sentindo, mas eu estava mal, e pela primeira vez na minha vida eu não queria olhar Jungkook nos olhos, nem que ele me convencesse a ficar.
— Park, volta aqui, por favor...— pediu, mas eu ignorei.
— Agora não.— foi a única coisa que minha garganta fraca e hesitante falou antes de sair sem nem mesmo olhar para trás.
[...]
Depois de ter minha primeira discussão com Jeon, meu dia não podia ter ficado mais cinza e sem graça. Não é nada fácil ter que editar um texto enquanto sua cabeça não raciocina nada direito.
Meu dia havia sido um fiasco do almoço em diante, mas nada superava o fato de ter que ir embora com Jeon, já que eu tinha levado ele e como não estava mais chovendo, ele me daria carona, até porque, tinha suas roupas da noite anterior para apanhar.
Não podia ser mais doloroso o caminho da casa sem trocar nenhuma palavra com ele, eu o evitava de todas as maneiras, olhava a paisagem, o banco de trás, o celular... Mas nunca ele.
— Vai fazer greve de silêncio agora? — divagou ele com medo do que eu fosse responder.
— Quer que eu fale o que? — questionei em um som quase inaudível.
Não o olhei, mas sabia que seus olhos estavam sobre mim, nem que por um período curto de tempo.
Jeon não insistiu no papo, só me levou para casa, onde continuamos em silêncio quando eu o conduzi ao meu quarto para pegar suas roupas.
Eu não queria que ele fosse embora, mas também não queria que ele ficasse para conversar sobre.
— Ok, me desculpa... Você desse jeito, eu... Droga Park.
— Tudo bem, eu entendo.— falei calmo.
— Não está tudo bem, e você não entende!
— Não, eu não entendo, mas você é o chefe e manda em mim, então eu só tenho que dizer "sim senhor Jeon, está tudo bem" e é isso que eu estou te falando.
— Park...
— Não insiste tá? Era uma coisa importante para mim, mas não é como se não fossem acontecer outras, para outros lugares mais legais.— tentei ser positivo.
Não deixava de ser verdade, essa parte eu já havia digerido, só faltava uma coisa...
— Por quê?
— Como? — fingiu estar confuso.
— Não brinque, eu só quero saber o por que.
Me sentei na cama esperando sua resposta, mas ela não vinha. Comecei a pensar que a resposta não existia, então um pouco abalado me deitei na cama e virei de costas esperando ele ir embora.
Nunca me senti assim em relação a Jungkook, como se estivesse decepcionado, nem em todas as provocações do começo me deixavam tão abalados quanto agora.
Atrás de mim o colchão afundou e não demorou para sentir seus braço envolverem minha cintura, era o mesmo calor de sempre e claro, me fazia estremecer.
— Você vai na próxima, mas só me perdoa.— sussurrou perto do meu ouvido.
— Tá.
Então o problema era a maldita China, mas então o que aconteceu?
— Você não está planejando pegar algumas chinesas enquanto eu ficarei aqui, não é? Por que eu sou bem feminista, se você acha que irei ficar na cozinha enquanto você ganha nosso dinheiro, você está muito enganado.
Senti ele rir um pouco fraco.— Acredita mesmo que eu não te deixei ir, para isso? Para ficar com mulheres?
Não, eu não acreditava.
— Não sei, você já transou lá, que eu sei, todo mundo sabe! — sua mão apertou minha cintura.
— Esse dia, droga.— murmurou.— Nem você acredita que eu vou lá pra transar, e mesmo que fosse esse o objetivo, a gente já transou tanto que nem com você eu consigo mais.
— É melhor isso ser mentira.— protestei e ouvi ele dar uma risadinha.
Sem viagem e sem sexo? Isso já é pedir demais.
— Eu não sou um ninfeto, e estou totalmente satisfeito com minha vida sexual.— beijou meu pescoço.
Sabia que era verdade, eu não duvidava dele, não dos sentimentos.
— Só fala.
— Você sabe o motivo, não preciso falar.
— Eu estou pensando o dia inteiro sobre isso, mas nada me vem à mente.— falei quase inaudível.
Uau, cadê minha personalidade forte e inabalável?
— Eu tenho medo de você ir, e acabar como naquele acidente.— revelou.
Tudo para quando ele explica. Sério? Era isso? Ele tava achando que eu ia naquela conferência e iria morrer, ou algo do tipo?
— Você acha que eu vou morrer? — falei incrédulo me virando de frente pra ele.
— Eu não ia conseguir arriscar perder você também, não no mesmo lugar em que perdi meus pais.
Não tinha como reagir à isso, como eu não falava nada, ele retoma a falar.
— Eu realmente sinto muito por isso, e colocar seu trabalho no meio dos meus problemas pessoais, mas eu não quero arriscar.— usou um tom baixo e fraco, não sentia como se estivesse falando com o Jeon de sempre.— Nós podemos ir em uma outra, quem sabe esse ano nós não acabamos indo na França fazer uma parceria com a Channel?
Respirei fundo concordando, eu não podia contrariar a vontade tão específica dele, não dessa vez, não sobre isso.— Eu adoraria repetir a cena do seu primeiro beijo.
— E eu adoraria refazê-la com você.— beijou minha testa.
Ficamos em silêncio e abraçados por um instante, então varias coisas vieram na minha mente.
— Por que você estava na conferência sendo que seu pai ainda era presidente? — questionei franzido o cenho.
Jungkook pareceu ficar surpreso com meu questionamento repentino, que eu não o julgava, era realmente do nada.
— Ele dizia que eu tinha uma idade suficiente para aprender sobre a empresa, e bom acabou que eu realmente precisei.— deu de ombros.
Jamais iria conseguir viver com a ideia de meu pai dizer "vamos pra você começar a praticar, quem sabe quando eu não estiver aqui" e de repente ele não está mais aqui, uau... Eu seria uma criança deprimida e traumatizada.
— Me perdoa dizer, mas você se salvou não é, pois você pegaria o mesmo carro que eles e poderia...
Não consegui finalizar, só de imaginar que ele poderia não estar ali e eu nunca iria conhecê-lo, formava um nó na minha garganta.
— Eu acabei pegando o avião um dia antes e... É, você entendeu.— Jeon estava claramente incomodado com o assunto tão delicado.
Como sempre, ele odiava falar do passado.
— Não precisamos falar disso.— cortei o assunto.
— Um dia eu terei que te contar, mas não quero que seja agora.— explicou.
Eu tinha pressa, até porque não era tão idiota ao ponto de não entender que se ele estava escondendo algo com tanta profundidade, significava que era algo sério, e que podia acabar com nossa relação.
Talvez não seja nada demais também, nunca se sabe quando se faz uma tempestade em copo d'água.
— Eu estou com fome.— comentei quase num sussurro.
— Podemos comer alguma coisa, você quer sair? — perguntou afagando meus cabelos.
— Agora não, vamos ficar mais um pouquinho abraçados...— deslizei meu rosto até a curva de seu ombro.— Você está com o cheiro do meu shampoo.
— Jura? Devo estar muito cheiroso então.— brincou me apertando mais em seus braços.
Aquele clima era estranho entre nós, geralmente deitado em uma cama com ele, meu pau já teria me traído e eu estaria fazendo uma piada com sexo apenas para ganhar o que eu quero, mas não. Estávamos apenas em silêncio curtido o vácuo deprimente.
Esse capítulo me deixou triste, caralho.
E aí bebê?
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO!
Até a próxima <3
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