[🍰] - somenthing's gotta give

Boa leitura! 💕



Depois que eu recebi alta, Yeri me levou em direção a empresa, obviamente mandei mudar a rota, passando o endereço de minha casa.

— Mas e o seu trabalho?—  manobrou o carro mudando a rota.

— Que trabalho? — falei um tanto vago.

Ela se cala um tanto sem graça e continua com ida em direção a minha casa.

Não tinha o que fazer, eu não conseguia nem ao menos raciocinar sobre o que fazer, para falar a verdade, eu nem tinha digerido toda a história.

Jeon era noivo.

Seu noivo estava em coma.

Yeri era irmã do noivo.

Seu noivo por coincidência era o ex funcionário do pai do Jeon.

Até hoje ele nunca desligou o aparelho, então quer dizer que Jungkook ainda se importa? Ele ainda o ama? Se o ama, por que se envolveu comigo? Passar o tempo?

Foi tão real pra mim, mas agora eu me sentia tão vazio que seu nome era dolorido até de pensar.

— Seu celular está tocando a uns cinco minutos...— a ruiva do meu lado me cutuca.

Era o nome de Jeon na tela, quinta vez que me ligava.

— Vai ignorar ele? — perguntou.

— Não é da sua conta.— falei grosso.

— O destino de vocês, coloca o do meu irmão em jogo.

Respirei fundo, fechei os olhos então atendi a sexta chamada.

— Aleluia, já estava preocupado...— sua voz era alegre.— Tudo bem com você, amor?

Sem perceber as lágrimas começaram a sair dos meus olhos e Yeri ficou em silêncio apenas assistindo minha destruição.

Não consegui responder, até porque ele iria perceber a minha voz de choro, então o segurei e sequei meu rosto.

Amor? — retomou o telefone.

Respirei fundo e tomei cuidado para que ele não escutasse nenhum vestígio de choro.

— Hm, oi Jeon. Como está sendo aí? — falei ligeiro para que a voz embriagada não ficasse tão óbvia.

Chata, na verdade já acabou. Nos vemos só amanhã... Estou levando uma surpresa que você vai adorar.— seu tom era desanimado, talvez tenha percebido a minha falta de ânimo.

O que eu estou fazendo? Conversando com ele como se nada tivesse acontecido? Como se eu não soubesse de nada? Ele iria chegar em casa e o que? Eu faria o idiota e o receberia como sempre?

— Jeon, o que está fazendo comigo? — perguntei lentamente e com dificuldade deixando minha voz triste evidente.

Você está chorando? O que houve?

— Você.— fiz uma pequena pausa para respirar.— Eu descobri tudo, o que planejava me escondendo isso? É normal pra você?

Park Jimin, não me diga que...

É isso mesmo, eu descobri. O que você pensa que eu sou? Me escondendo um namorado?

Merda, não é uma conversa para termos no telefone, você está em casa? — pigarreou.

— Estou chegando em menos de dois minutos, mas não significa que eu quero conversar com você, porque eu não quero.

O que? Você tem que me escutar! Não pode fazer isso comigo...

— Estamos falando sobre você? Você passou a perna em mim e agora estamos falando sobre o que eu posso ou não fazer? Esqueceu de quem foi enganado aqui?

Park...

— Não Jeon, não sei como reagir a essa chuva de informações no momento e você não está me ajudando.

Antes que ele pudesse falar alguma coisa, eu desliguei e joguei o celular sobre a minha coxa logo tampei meu rosto com as mãos para chorar.

— Bom...— Yeri coçou a garganta.

— Vai defender ele de novo? Por que se for pra fazer isso, prefiro deixar para outro dia.— anunciei antes que ela falasse algo.

— Eu ainda sim, defendo ele.— deu de ombros.

— Claro! Ele está certíssimo em esconder um noivo em coma, vamos defender ele, nenhum coração saiu partido nessa coisa toda! — deixei um tom estranho sair da minha garganta, um pouco rendido pelo choro.

O mais engraçado era que a pessoa com quem eu estava desabafando, era ela.

— Tá, chegamos.— parou o veículo em frente à minha casa.

— Obrigado pela carona.— sai do carro com pressa.



[...]



Não havia ao menos um pensamento que corria por minha cabeça, uma frase concreta que me dissesse o que eu deveria fazer.

Quando cheguei em casa, após correr do carro de Yeri,  me deitei no sofá, pois minhas únicas energias estavam concentradas em chorar, e foi isso que eu fiz.

Chorei por talvez minutos, horas. Eu já não sabia mais, o importante era descarregar toda a confusão da minha mente em chorar, como um bebê, não me sentia mais o adulto que eu tanto me orgulhava, estava mais para uma criança.

— Abre a porta.— ouvi a voz desesperada de Jeon batendo na porta.

Que diabos ele estava fazendo aqui? Era pra estar em Seul só amanhã de manhã.

Corri até a porta e conferi pelo olho mágico, era ele, em carne e osso, mas não abri a porta.

— Não.— respondi me virando de costas para a porta.

— Abre logo! — continuou a bater na porta.

As lágrimas continuavam a descer, até porque eu sabia aonde tudo aquilo iria acabar.

— Não.— voltei a falar.

— Park, abre e me deixa explicar! — começou a mexer na maçaneta.

— Não!

Inclinei a cabeça para trás, deixando-a bater na porta e fechando os olhos com força, se eu fechar os olhos e não pensar sobre o que eu tenho medo, o pesadelo some, minha mãe sempre me disse isso.

— Park, por tudo que é mais sagrado, abre essa porta e me deixa explicar.— as batidas na porta cessaram e sua voz parecia rouca.

— Vai me falar o que? Que tem um namorado que ama muito em coma? Quase casou ele? Que se ele acordasse não esperaria nem dois segundos pra me trocar por ele? Por que se for isso, já pode ir embora, eu não preciso ouvir nada disso...

— É isso que você acha de mim? Que eu vou te largar? Não confia nos meus sentimentos?

— Como eu vou confiar? Eles existem?

— Você acha que não? Que eu passei noites mal dormidas apenas pensando se entregar meu coração era algo certo a se fazer? Acha que eu joguei tudo para o alto para simplesmente te trocar? Isso que represento pra você?

— Jeon, só namoramos a um mês, se você for calcular o tempo que está com ele, são quatro anos!

— Se você não confia nos meus sentimentos, poderia confiar nos seus.— ouvi sua voz rouca baixa tão perto da porta e pude estremecer.

Eu precisava tirar Jeon dali, não suportava mais estender aquilo, simplesmente não conseguia conceber a ideia de que eu não o teria da mesma maneira, ele não era mais o mesmo pra mim, não agora, não tão recente assim.

Foi só por isso que eu falei: — Eu nunca disse que te amava.

Tampei a boca para esconder o soluço alto causado pelo choro, então a única coisa que pude ouvir foram os batimentos altos do meu coração implorando para que voltasse no tempo.

— O que? — sua voz estava visivelmente afetada.— O que disse, Park? Repete, eu-eu acho que não ouvi direito.

Não repeti, porque não conseguia nem formular novamente uma frase tão mentirosa quanto aquela.

— Você acabou de falar que nunca disse que me amava, você está certo, não tem motivos pra isso, eu entendo completamente. Eu sou um mentiroso, não passo de um bígamo desgraçado e mal resolvido, ou sei lá o que você acha de mim agora.

O silêncio se instalou por mais alguns segundos.

— Foi tudo uma mentira, Park? — questionou.— Todos os beijos, e sensações, todos os sorrisos que você me deu? Todo o suporte que eu arranjei em você? Não passei de uma aventura pra você? É isso que está me dizendo? Por que eu sinceramente não sei.

— Foi uma mentira pra você, Jeon? — respirei fundo antes de dar minha frase sem ao menos gaguejar.

— Está brincando comigo? Sabe o quanto me segurei para não chegar aonde eu cheguei? Eu sinto amor por você em cada centímetro do meu corpo, nunca foi tão real quanto você, nada se compara com os sorrisos, os beijos, as sensações, o calor...

Então por que? Por que eu não conseguia acreditar? Só consigo imaginar o quanto foi real com o outro namorado, o quão intenso e bom deve ter sido entre eles, já que o manteve em coma por dois anos com medo de perdê-lo.

— Eu disse uma vez, e não menti quando disse.— retomou a fala depois de alguns segundos.— Você quebrou todo e qualquer tipo de barreira que eu tinha ao meu redor, mas acabou que não passou de uma aventura pra você, não é?

— Quer que eu fale um "eu te amo" pra ir embora? — divaguei.

— Se essas palavras fossem reais, você abriria a porta pra mim, mas sequer fez isso.— fechei os olhos, eu o amava, mas eu não conseguia, não podia.— Pode não ter sido real para ti, mas foi para mim, e eu não irei negar isso, você não quer deixar eu me explicar, mas acho que não preciso, você iria cansar de mim a qualquer momento, então descobrir meu segredo só fez com que adiasse as coisas.

Não, não era isso, aquilo não podia estar acontecendo.

— Descobrindo por mim, ou por qualquer outro jeito, eu não passei de uma aventura pra você? — ouvi seus dedos baterem de leve na madeira da porta.

Ouvi o barulho de sacolas e supus que ele estava se preparando pra ir embora. O mais estranho disso tudo era que eu tinha causado a ida dele, porque o certo a se fazer era esse, mas sabendo que ele vai embora para sempre, é muito mais difícil do que parece.

— Antes de ir, eu preciso falar, por que mesmo que você não se importe, eu tenho que te dizer...— sua voz era claramente de alguém que segurava o choro.

Choro. Ele estava chorando, por minha causa. E por mais que ele me fez chorar e doesse em mim, eu me sentia pior por fazer Jungkook chorar.

— Eu não iria trocar você, se por um milagre ele fosse acordar. Por que eu descobri que quem segura o meu coração, é você Park. Você apareceu, me tirou do chão, desde a primeira vez que nos vimos, mesmo bêbado...

Um suspiro alto seguido de uma longa pausa de sua fala.

— Você colocou os braços ao meu redor, e me acolheu com seu amor, então acredito que seja mais fácil pra você me soltar agora...  No começo eu estava tentando decidir se deixava você salvar minha vida, ou me afogava nela... Você foi o único que viu através da minhas paredes, e me fez sentir em casa... Eu te amo, Jimin.

Eu não enxergava absolutamente nada, pois as lágrimas impediam quaisquer coisas a minha frente, não podia elaborar uma frase sequer porque minha boca estava travada, havia um soluço preso na garganta que eu impedi de soltar quando coloquei a mão na boca.

— Acho que é isso, bom... Eu tomei muito do seu tempo, não é? — ouvi ele respirar pesadamente, era óbvio que estava secando as lágrimas.

Tentei formular a imagem dele chorando através da porta, mas não me dei o trabalho de me destruir internamente.

— Obrigado pelo tempo que me fez feliz, você realmente é muito bom em amar as pessoas, faz senti-las especiais, eu com certeza jamais serei o mesmo depois de você...— foi a última coisa que disse.

Eu te amo, Jeon.

Pensei, mas não alto o suficiente para fazê-lo voltar.

Era isso? Acabou?

Deveria estar aliviado por ter tirado o peso que o amor dele me causaria futuramente, mas eu só sabia deslizar pela porta e chorar porque ele se foi.

Ele se foi, coração.

Então pare de bater rapidamente por alguém que você deixou ir, Jeon não irá mais te beijar, não irá te abraçar, não te dirá coisas bonitas, não vai te fazer declarações de amor quando estiver com medo de um filme, não irá te proporcionar momentos únicos de amor, que jamais ninguém seria capaz.

Meu coração não me ouviu, então ele continuou batendo rápido pelo homem que tinha acabado de me deixar, ou melhor, eu o deixei.










Só com esse capítulo eu chorei umas cinco vezes, sério gente não façam playlist triste de fanfic.

Caralho, to destruída namoral.

Até a próxima.

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