O cara das estrelas...
Canção do fodástico David Bowie - Starman(1972)
Muito longe daqui...
Começamos e terminamos a vida na mais completa escuridão. Trevas fazem parte de nós.
Iniciamos a vida intra-útero com nossas lembranças deletadas, não tem nada escrito.
Marco zero.
Se tive uma vida anterior, dou sequência, se apenas nasço, paciência. Como que eu posso saber?
Cresço e me dizem no que devo acreditar. Me ensinam demais e nenhum caminho é certo.
Reencarnar não está nos preceitos com os quais me educaram. Então porque o sofrimento? Aceito sem questionar?
Não consigo.
Minha atração é pelo que não me explicam direito, o escuro. O que há no escuro? Eu temo, mas é para lá que me encaminho. O que me respondem nunca é o suficiente. É raso.
Escuro é a morte? Morte é uma passagem, transição? Vou vagar fora do plano físico?
Já me falaram que fomos criados a partir de uma força divina. Entendo que deidades são perversas, tanto quanto podem ser boas.
Já me mostraram que evoluímos naquele processo demorado. Nessa teoria fomos bichos.
Nossa! Isso que chamo evoluir.
Mas também há uma grande chance de eu ser a imagem e semelhança de um ser que veio ao planeta na forma de um cientista, um "deus astronauta". Será? Sabedoria elevada?
Quem quer que nos tenha criado, nos encheu de falhas.
Fomos criados?
Evoluímos?
Acho difícil. Talvez quando se trata de tecnologia de ponta, nós evoluímos muito.
— Porque esse monte de baboseira, Aram? — Cil pergunta ao irmão que não cansa de olhar para as estrelas.
— Sinto-me conectado com algo ou alguém quando olho para elas. Num desses pontos brilhantes tem alguém... flerto com ele. — Aram não se aborrece com a truculência de seu irmão Cil. — Gostaria de entender alguns mistérios, como os seres que podem ter colonizado esse lugar. Não acredito que estamos sozinho no universo. Seria muito triste.
— Como você perde tempo com essas questões. Já cansei de dizer que não existe vida em outros planetas, você é irritante.
— Mas o que me diz da Terra? Já ouvi boatos que a galáxia do Sol contém um planeta habitado. Tem água, oxigênio... Pode ser que de lá vieram nossos criadores. Eu creio nisso.
— Por mim, acredite no que bem entender. Mas fale baixo. Preciso dormir e você também. — Aram e Cil dormiam ao relento mesmo. Era época de guerra, a última que haveria naquele planeta.
— Metade desse maldito planeta se encontra em guerra, não me admiro que uma hora exploda tudo. Água vai virar sangue, pragas apocalípticas e mais um monte de terríveis eventos que a religião prega, está para acontecer. Não pensou que de repente, os seres de outros planetas podem ser muito mais evoluídos que nós? — Aram era sempre muito manso ao conversar com Cil.
— Pensei que estou começando a me aborrecer.
— Ah, certo. Boa noite, Cil.
......
Bem perto daqui...
— Ei... olhando para as estrelas outra vez? — Calil aborda seu irmão Durand.
— Acho que Deus está lá no meio delas.
— Acredita nele?
— Ou pelo menos aquele que deu origem a nós. — Durand responde. — Só sei que tem algo além de nós nesse universo. Num desses pontos luminosos.
— Sabe?
— Sei porque acredito. Sinto aqui. — Durand esfrega a mão no peito. — Minha ligação com ele é muito forte.
— Ele? Cara... você é louco. É meu irmão, mas é um lunático. Só você para acreditar nessa baboseira de vida fora da Terra.
Durand e Calil se preparam para dormirem ao relento, uma noite de paz depois de inúmeras catástrofes que quase acabaram com a vida na Terra. Num momento e lugar bem próximo daqui.
...........
Ai que conto estranho. Tem algumas interpretações: amor incondicional entre dois seres que nunca se conhecerão ou, os mesmos caras em dimensões diferentes ou ainda, como se na Terra fossemos clones de seres de outros planetas.
Quase que esqueço dos besos, abraços e carinho :D
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