REFÉM

Os olhos dele, agora, preenchidos de vermelho-sangue, observavam com atenção a mulher atravessar o cômodo, com toda sua graciosidade. Os anos não alteraram em nada sua beleza, muito pelo contrário, só a tornaram ainda mais bela.

Dedos finos e pequenos passaram pelas teclas do piano de cauda, antes que ela levantasse o olhar para encará-lo.

— O que você quer ouvir hoje, Sasuke? — perguntou delicadamente, um pequeno sorriso enfeitava seus lábios cheios e vermelhos.

Ele estava sentado no pé da cama, os cotovelos apoiados nos joelhos, e embora sua pose fosse tensa, sua expressão era muito descontraída e calma.

— Escolha. Confio no seu gosto — respondeu, encarando-a.

Hinata soltou um leve suspiro antes de se sentar ao banco. Outra vez os dedos passearam pelas teclas, antes de começar a tocar uma doce canção. O som preencheu todo o quarto, e Sasuke teve que fechar os olhos para apreciar aquela deliciosa melodia.

Ela sabia bem o que fazia; entendia como mexia consigo, e isso chegava a ser assustador. Porque ela deveria ser alguém totalmente inocente, mas isso não era verdade. Ela era a criatura que tinha roubado tudo que ele teve um dia. Era a culpada por ele não ter mais ninguém.

Além dela.

Simplesmente porque Hinata era um monstro com a face de um anjo. E ele também tinha se tornado um monstro; como ela. Tinha se tornado um refém.

Refém dos seus beijos, das suas carícias, dos sorrisos despreocupados, dos suspiros apaixonados, das palavras de amor que prometiam o eterno.

Da doçura do seu sangue, da sua pele, dela.

E ele só poderia ser louco de ter se apaixonado pela assassina que ela era.

Mas não tinha jeito, não havia escapatória. Porque ele não passava de um...

Refém.

NOTAS FINAIS

A ideia dessa fic era uma espécie de Síndrome de Estocolmo, em que a Hinata era um vampira que matou a família inteira do Sasuke menos ele e o transforma. Ele acaba se apaixonando por ela.