♣ gosto do paraíso
GOSTO DO PARAÍSO
Ser secretária de um escritor de renome como Uchiha Sasuke não era lá uma das tarefas mais fáceis. Hinata não sabia bem no que estava se metendo antes de enviar o seu currículo. Tinha acabado de sair da faculdade, e tudo que precisava era de um emprego. Então, quando fora chamada para uma entrevista, irradiava felicidade e aceitou sem pestanejar quando disseram que a vaga era sua.
Ah, se não estivesse tão cega, sem dúvidas teria notado a expressão desesperada no rosto da entrevistadora, ou mesmo como o rapaz que a acompanhava sorria de maneira forçada, e suava frio.
E tinham total razão para isso, porque seu chefe era a reencarnação do demônio na Terra. Mandão, egoísta, grosso, sem graça, arrogante, idiota, e outros adjetivos nem um pouco legais. Sasuke se irritava com facilidade, e era extremamente severo. Ele não queria uma secretária, e sim, uma escrava. Como se já não bastasse ter que atendê-lo no trabalho, Hinata precisava ajudá-lo na sua vida pessoal totalmente bagunçada.
Se não precisasse tanto do emprego, sem dúvidas teria se demitido na primeira semana. Todavia, precisava do dinheiro, precisava comer e pagar as contas. Então prometeu para si mesma que aguentaria até conseguir outro emprego.
Ingênua. Haha.
Ia fazer um ano que trabalhava para Sasuke. Até tentara se livrar dele, mas quem disse que ele deixou? Podia nunca dizer isso em voz alta, mas ele gostava muito do trabalho dela, pois a garota fazia seu trabalho melhor do que ninguém.
Já passava de meia-noite quando Hinata empurrou a porta do escritório de Sasuke. Segurava uma xícara grande de café em uma das mãos, e apesar de não ser uma grande fã da bebida — preferia mil vezes chá —, apreciava muito o cheiro. Não podia negar que era muito bom.
Como esperava, ele estava escrevendo naquela máquina velha que tanto gostava. Por incrível que pareça, o Uchiha não gostava de notebooks ou computadores para fazer isso. Quando não usava a máquina de escrever, apelava para o modo mais antigo ainda: papel e caneta.
Com cuidado e em silêncio, ela depositou a xícara ao lado dele, e preparou-se para se retirar. Até que ele segurou o seu braço, fazendo com que parasse. Hinata virou para olhá-lo nos olhos.
— Três cubos de açúcar, do jeito que você gosta — ela murmurou, sorrindo um pouco.
— E o aperitivo? — Sasuke perguntou, as sobrancelhas levemente arqueadas.
— Não achei que iria querer — admitiu. — Seu vício por café te atrapalha a comer, Sasuke, e já disse que é melhor você diminuir. Cuide da sua saúde — retrucou, na tentativa de parecer séria.
— Isso aqui tem o gosto do paraíso, Hinata — afirmou, e levantou-se da cadeira. Bebericou um pouco do café, antes de deixar a xícara na mesa outra vez. — Meu aperitivo?
Por cima da mesa, ele se aproximou dela, e beijou-lhe os lábios com suavidade, separaram-se devagar.
— Viu só? — provocou-a, acariciando sua bochecha e segurando um sorriso irônico. — Paraíso.
Mandão, egoísta, grosso, sem graça, arrogante, idiota. Sasuke era tudo isso mesmo. E viciado em café. Será que era demais dizer que se apaixonara por ele mesmo assim?
— Eu ainda prefiro chá.
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