♣ bad trip
BAD TRIP
Eu não tinha muita certeza do que havia ocorrido. Não estava lúcida o bastante para ter certeza. Tinha ciência das luzes passando rápido demais, e dos borrões, que presumi serem pessoas; enquanto os gritos ecoavam pelo corredor branco.
Hm. Que viagem mais estranha. Nunca tinha acontecido isso antes.
Apaguei.
Tive sonhos esquisitos, e meu braço doía, junto com a cabeça e todo o corpo, para ser mais exata. Tentei abrir os olhos, mas a luz me irritou e voltei a fechá-los.
— Você acordou. — Uma voz grave pontuou e me esforcei para abrir os olhos, de novo.
— Onde eu estou? — quis saber, confusa.
— No hospital. — Não olhei em seu rosto, sabia exatamente quem era. — Teve uma overdose, Hinata. Outra.
— Não quero ouvir seus sermões, Sasuke — murmurei.
Ouvi-o suspirar e depois sentou na cadeira ao lado da cama. Seus dedos passaram pela minha mão, e quando viu que eu não o afastaria, segurou-a e entrelaçou com a sua.
— Você está lúcida agora — começou. Ainda não podia olhá-lo nos olhos. — Tome a decisão correta. Quando vai perceber que está se matando, Hinata? — Silêncio. Não me atrevi a dizer uma palavra. Ele sabia o porquê, sabia os meus motivos, então... — Se drogar não vai trazer sua mãe de volta. Não vai fazer com que seu pai volte a ser o mesmo.
— Eu sei. — Encarei-o, e senti meus olhos arderem pelas lágrimas que começavam a se acumular. — Mas é o único jeito de eu vê-la de novo, Sasuke.
Sasuke era meu médico desde que, bem, desde que isso tinha começado. E fazia um bom tempo. E achava que ele gostava de mim.
— Deixe-me ajudá-la — pediu baixinho.
— Por que? — perguntei com a voz embargada. — Por que quer tanto me ajudar?
— Porque, Hinata, você é importante para mim — declarou, sério. Algo me fez acreditar que ele não falava isso com tanta frequência para as pessoas.
— Eu sou só uma drogada — resmunguei. Não queria ser mais um peso para outra pessoa. Já bastava meu pai.
— E está lúcida agora — pontuou com um sorriso pequeno. — Deixe-me ajudá-la — repetiu.
Olhei para a parede branca do outro lado do quarto por alguns segundos. É. Eu estava lúcida, mas isso seria o bastante por quanto tempo?
— Não vai desistir de mim? — quis saber, observando com interesse, uma formiga que começava a subir na parede.
— Não vou.
— Como você pode ter tanta certeza?
Ele puxou meu queixo para poder me olhar nos olhos e estremeci.
— Porque a única maneira de isso acontecer seria se eu não fosse lúcido o bastante.
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