SEIS - DESCOBERTAS
𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 𝚂𝙴𝙸𝚂
𝔻𝔼𝕊ℂ𝕆𝔹𝔼ℝ𝕋𝔸𝕊
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Março, de 2070 — Manhattan, Nova Iorque, dias atuais.
"Novos assassinatos estão sendo investigados e a polícia ainda não informou possíveis suspeitas ou fez entrevistas sobre o ocorrido, aguardamos uma resposta."
"Mais um corpo foi encontrado perto do lago Florence e de acordo com testemunhas a vítima aparentava ter por volta dos 28 anos e estava costurada em sua garganta uma rosa branca."
"Indícios mostram que tudo está relacionado aos terríveis assassinatos de anos atrás com as constantes mortes cometidas por Oliver Jenkins e a maneira como vem acontecendo os novos crimes. Logo após sua fuga do manicômio Rikers Island. A população encontra-se aterrorizada."
Mais publicações e reportagens foram feitas a respeito das notícias que vinham circulando com fervor. Bellatrix sabia que não acabaria, mas desta vez parecia diferente. Olhou para o enorme quadro em seu escritório que ligava os novos assassinatos com os antigos, a faixa etária havia mudado sendo agora entre 25 anos até os 30; todas mulheres feitas, trabalhavam, solteiras e com altura variando de 1,60 e 1,65 metros, mordeu os lábios, pois a sua correspondia a 1,65; todas loiras diversificando os tons do cabelo entre mais claro e escuro, e quase sempre longos. Os olhos ficavam entre verdes e azuis. Suspirou pesadamente. Algumas características tinham mudado e ela se perguntava o motivo daquilo.
O assassino agora seguia um padrão, coisa que antes não fazia e todos os padrões encontrados se direcionavam para ela. Aquelas eram as suas características físicas e tinha medo disso. O pânico assolava seu interior.
Ouviu da televisão mais notícias de um novo corpo, haviam sido três ao total e isso lhe deixava angustiada, toda essa matança tinha que parar. Estava decidida a fazer algo a respeito daquilo e não hesitou ao pegar o telefone e ligar para John marcando um encontro.
[...]
A figura masculina escondida em seu sobretudo preto a observava ao longe, olhando ela caminhar com passos firmes. Segurava em mãos uma caixa que gostaria de poder entregá-la, mas sabia que ainda não era à hora, precisava de mais alguns dias para poder fazer o que tinha planejado.
— O senhor vai ficar aí parado? — escutou a voz calma do jovem e sorriu, o sorriso mais perverso que aquele garoto havia visto em toda a sua curta vida. — Não entendo o que tudo isso significa... — Murmurou olhando para as mãos.
— Um dia você entenderá. — Respondeu secamente, o adolescente ergueu os olhos até o homem, estava apreensivo.
— Mas se o senhor está atrás dessa moça, por que ainda não foi até ela? — perguntou confuso.
— Para tudo tem seu tempo Max e quando esse dia chegar irei fazer dela minha, ninguém sabe o que passamos e os que sabiam não estão mais entre nós. — Um sorriso frio tomou conta de seus lábios.
Max olhou mais uma vez para a mulher ao vê-la entrar na delegacia, queria entender o que ela significava para o outro e sentia que a conhecia de algum lugar, mas não se lembrava de onde. Balançou a cabeça dando de ombros enquanto corria até o mais velho que voltara a andar calmamente, o acompanhando lado a lado.
[...]
John olhava surpreso para Bellatrix, não acreditando no que ela havia proposto. Para o homem ela estava ficando louca em tentar algo daquela magnitude, mas ao mesmo tempo tinha noção que era algo a ser considerado e que podia dar certo, porém, a ideia tinha chances de resultar em algo catastrófico, extremamente ruim.
— Você tem certeza? Isso é perigoso. — John comentou incerto sobre a decisão da mulher.
Bella tinha o olhar firme, tinha pensado sobre aquela proposta durante dias que viraram semanas.
— Sim John, eu acredito que possamos encontrá-lo dessa forma. — Respondeu decidida.
— Mas você iria se expor a esse ponto? Ele é um assassino cruel, Bellatrix. Ele matou o seu pai! — alertou e ela respirou fundo balançando a cabeça.
— Por isso mesmo! Ele matou o meu pai e muitas mulheres, agora tudo está voltando, John eu não posso deixar que isso continue ainda mais quando há tantas ligações comigo! — Exclamou atônita, o homem a encarou por alguns segundos suspirando.
— Tudo bem, iremos fazer isso, vou reunir o pessoal e conversar com eles a respeito. — Respondeu derrotado.
— Ótimo! — estava satisfeita, levantou-se e caminhou para a porta virando-se mais uma vez para ele. — Mesmo que Volker não concorde com isso eu irei fazer e espero que o senhor deixe isso bem claro para ele! — falou decisiva.
— Eu falarei. — Ela concordou se despedindo.
Voltou para casa sentando-se no sofá, precisava dormir seu corpo pedia por isso, fazia dias que não pregava os olhos e estava tão cansada, porém sempre que cochilava os pesadelos retornavam a despertando em seguida. Escutou o telefone tocar, mas não queria ter que levantar deixando apenas que fosse para a caixa de mensagens, o aparelho conectou ao som e Bella escutou a voz de Amanda ecoar pelo apartamento.
— " Oi, Bella é a Mandy, faz um tempo que não nos vemos, mas aconteceu uma coisa estranha esses dias e eu queria te contar. Passei na sua casa e você não estava e no trabalho também não, então resolvi ligar na sua casa já que raramente você pega o celular. Eu estava na casa do Scott quando escutei ele conversando com alguém chamado Volker e percebi que eles estavam falando sobre você! Eu achei estranho e passei a prestar mais atenção e ouvi Scott dizer algo como... — Suspirou prestes a repetir o que havia escutado.
— Volker precisar falar com você, mencionando o seu pai, e que por mais que fosse um assunto entre os dois e que agora era diferente já que você está muito envolvida. — Amanda murmurou tentando transcrever a conversa, com certo receio em seu tom de voz.
— Eu não entendi o que poderia ser, ainda mais envolvendo o seu pai, mas foi quando o tal Volker falou Bella! Falou algo que eu não sabia nem como te contar e espero estar fazendo o certo então não tome decisões precipitadas! Ele disse que havia um motivo para Oliver ter ido para a delegacia aquele dia, no dia que Roger morreu e esse motivo foi você, Oliver tinha ido até lá por sua causa e que isso tinha a ver com algo que seu pai tinha descoberto, porém, nem Scott e nem Volker sabem o que ele descobriu, mas tudo indica que há alguma ligação para Oliver tê-lo matado. Talvez seja um segredo que Oliver não queria que fosse revelado e por isso ele foi até lá aquele dia, para acabar com todas as provas que seu pai poderia ter juntado."
Ela não conseguiu escutar mais nada depois do que Amanda havia dito, sentia as coisas girarem ao seu redor além do suor que escorria pelo seu rosto e o frio aumentando em sua barriga.
Como se o chão desmoronasse, precisou se apoiar ao levantar sentindo as pernas vacilarem, foi em direção ao seu escritório observando o enorme mural com as fotos e ligações dos assassinatos. Avistou uma foto dele, Oliver Jenkins, pregada no meio. Queria socá-lo, bater até não aguentar mais, mas foi olhando para aquela fotografia que algo piscou em sua mente.
"Ele foi até lá aquele dia, para acabar com todas as provas que seu pai poderia ter juntado."
Provas...Era isso! Seu pai havia descoberto algo e tinha documentos sobre isso, entretanto, a questão era que seu pai sabia que Oliver poderia aparecer atrás delas e destruí-las. Roger nunca as deixaria num lugar tão obvio pensou consigo.
— Vamos Bella, pense! — Sussurrou para si. — Papai sabia que ele faria isso então se preparou antes. — Outro lampejo passou pela sua cabeça, uma lembrança. Céus como poderia ter se esquecido daquilo?
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Junho, de 2058 — Manhattan, Nova Iorque.
— Bella, querida, vamos! Você vai se atrasar para o colégio! — o mais velho gritou do andar debaixo, ela pegou a mochila e correu para a escada descendo-as rapidamente.
— Estou aqui, vamos! — exclamou animada.
Entrando no carro, ela jogou a mochila no banco de trás avistando uma pasta azul com diversos documentos, pensou em pega-las para ver já que seu pai sempre lhe contava tudo sobre os casos que vinham acontecendo, mas quando fez menção de fazer isso o mais velho a censurou, franziu o cenho confusa.
— Essa não querida, há imagens muito fortes. — Disse, mas pelo tom de sua voz Bellatrix sabia que ele estava mentindo, porém deixou passar ela daria um jeito de ver o que tinha dentro mais tarde.
Quando Bella voltou para casa naquele dia, sentia um clima estranho, sua mãe estava de plantão no hospital e seu pai parecia angustiado com algo, ele mexia freneticamente as mãos e suas pernas, ela se perguntava se Roger havia conseguido pistas sobre os assassinatos e se realmente tivesse ele teria comentado, contudo aquilo parecia ir muito mais além.
— Pai, está tudo bem? — a garota perguntou se aproximando, ele a encarou.
— Me prometa uma coisa. — Seu olhar estava sério, ela concordou com a cabeça — se algo acontecer comigo, não importa o que seja não confie em ninguém! — ela estava surpresa, não esperava ouvir aquilo ainda mais vindo dele. — Há coisas que eu não posso te contar, mas um dia você vai entender e você vai compreender. — Completou levando as mãos aos cabelos loiros suspirando copiosamente.
— Mas como eu vou saber? Se não tiver o senhor aqui para me contar? — questionou incerta sentindo o nervosismo tomar seu peito.
— E quem disse que eu não estarei aqui para te contar? — sorriu para a menina, naquele momento ela não entendeu o que aquilo significava, mas correspondeu ao sorriso abraçando o mais velho.
— Nada vai te acontecer papai porque eu não vou deixar! — exclamou decidida.
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Março, de 2070 — Manhattan, Nova Iorque, dias atuais.
Bellatrix correu até sua bolsa pegando-a e saindo pela porta indo para o lugar que havia deixado há anos atrás junto com a morte de seu pai, o lugar que um dia ela chamou de lar.
Parou em frente ao muro verde musgo, observando as rachaduras e a tinta descascada nas paredes, mordeu os lábios de maneira nervosa se ela estivesse certa teria algo naquela casa que faria as coisas começarem a se esclarecer.
Saiu do carro e pegou as chaves caminhando para a entrada, reparou nas plantas grandes e o jardim mal cuidado além do ranger da escada ao subir. Posicionou o polegar destravando as trancas e abriu a porta, entrou acendendo as luzes e sentiu o ar lhe preencher, a poeira se erguer e o piso ressecado tilintar, possuía tantas lembranças daquela casa. Porém, seus sentimentos eram conflituosos entre todos os momentos bons que uma vez tivera naquele lugar, todavia eles não pareciam superar os piores, estes que ficaram gravados em sua mente e marcados em seu coração.
Trancou a porta e se dirigiu rumo ao seu quarto, passou os olhos por todo o cômodo, analisando as fotos coladas na parede rosa, os pôsteres de bandas que costumava gostar e a cama de casal desarrumada com alguns frascos de remédios largados ao pé dela.
A pista tinha que estar ali em algum lugar. Começou a mexer em tudo, revirando móvel por móvel até seus olhos focaram em uma região, correu até a escrivaninha e abriu a última gaveta passando os dedos por ela, achando aquele pequeno espaço que era o suficiente para levantar o fundo falso avistando a carta com o seu nome em letras garrafais.
Pegou e analisou o envelope, reconheceu a letra de seu pai, lágrimas se formaram em seus olhos e ela respirou fundo sentando-se na cama e abrindo-a com o maior cuidado possível, como se o simples toque pudesse fazê-la sumir bem na sua frente.
"Se você está com essa carta em mãos quer dizer que você entendeu quando eu quis dizer que sempre estaria aqui com você, me desculpe querida se não pude contar tudo, mas naquela época você não entenderia.
Não sei quantos anos se passaram até você chegar aqui e se você está agora sentada em sua cama enquanto lê esta carta é porque as coisas não estão bem, quer dizer que nada se resolveu e provavelmente mais mortes irão acontecer. Lamento por não poder estar do seu lado nesse momento difícil, farei o possível para ajudá-la a resolver isso, mas você precisa ser forte!
Você descobrirá coisas nas quais farão você pensar se realmente deve continuar e ir a fundo, mas se você não o fizer quem irá fazer querida? Por isso deixei pistas escondidas sobre tudo o que juntei durante meses sobre o assassino da rosa e há uma única coisa que você deve saber em primeiro lugar, antes de ir atrás das outras provas. Oliver Jenkins não é tão culpado quanto parece, ele nunca agiu sozinho, Oliver sempre foi apenas mais uma marionete nas mãos do verdadeiro assassino."
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