OITO - MUDANÇAS
𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 𝙾𝙸𝚃𝙾
𝕄𝕌𝔻𝔸ℕℂ̧𝔸𝕊
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Abril, de 2070 — Manhattan, Nova Iorque, dias atuais.
Estava na hora das coisas começarem a mudar. Ele reparava no quanto Bellatrix havia se reaproximado do policial e aquilo o incomodava de tal forma que precisava agilizar com todo o seu plano, caso contrário, a única coisa que ele não queria que acontecesse se tornaria real. O que mais temia naquele momento.
Bellatrix deveria estar com ele e com mais ninguém. Uma risada nervosa saia de seus lábios enquanto andava de um lado para o outro puxando os cabelos e mantinha os olhos firmes em uma única foto, a dela.
— Você vai abrir um buraco no chão desse jeito! — Max murmurou olhando atônito toda aquela situação, mas se calou no mesmo instante em que o homem lhe encarou com aquele olhar enfurecido. Aquele cujo suas orbes claras tornaram-se tão escuras que foram capazes de fazer com que o garoto sentisse um frio na espinha. Acreditava que a pessoa parada no meio daquele cômodo poderia fazer o adolescente sumir como um passe de mágica.
— Só fale quando eu me dirigir a você, garoto! – disse firme com a voz cortante como se pudesse perfurá-lo. Max engoliu em seco, pois nunca havia o visto daquela forma e sabia que não aconteceriam coisas boas a partir dali.
— Você sabe todos os movimentos dela, tudo o que ela faz, para onde vai, onde deixa de ir... Então não se preocupe por causa daquele homem, afinal, você mesmo disse que irá atrás dela agora. — Falou despreocupado apoiando o rosto nas mãos, sua franja ruiva caiu sobre seus olhos, tentava amenizar toda aquela situação e a ira do homem.
— Não é tão simples assim. — Murmurou desgostoso, enquanto passava as mãos com certa força excessiva pelo rosto.
— Então torne simples! — Max deu de ombros, sentiu o olhar do outro pesar sobre ele e um sorriso puramente perverso surgiu no rosto pálido daquele que não podia pronunciar o nome, como se o mais velho tivesse tido uma ideia.
— Genial! — Exclamou esbaforido — você é genial criança! — riu caminhando apressadamente para uma porta vermelha e se trancando lá, depois de uns dez minutos saiu ainda com aquele sorriso que fazia Max querer sair correndo.
Ele notou algo na mão do homem e não soube identificar o que era, porém parecia que envolvia seus futuros planos e Max não queria descobrir tão cedo quais eram.
[...]
Bellatrix estava nervosa com todo o esquema que havia montado junto à equipe de John, aquilo parecia não chegar nunca, mas também queria fugir ao máximo, pois sabia que ficaria cara a cara com a única pessoa que havia evitado pensar ou falar a respeito, suspirou levando as mãos ao pescoço massageando a região e olhando para a tela do computador ao ver os casos que precisava terminar.
Não havia encontrado qualquer outra pista de seu pai a respeito de tudo aquilo, entretanto ela sabia que teria que ser o mais discreta possível, e o único lugar no qual confiava para ver sobre o assunto era a sua antiga casa, nem em seu apartamento Bella se sentia bem em pensar a respeito, nutria a sensação de que alguém poderia descobrir, era como se as paredes tivessem ouvidos.
Escutava sons e ruídos no meio da noite, passos durante a madrugada nos corredores de seu andar, seus olhos fixavam nas sombras que paravam próximas a sua porta como se a qualquer momento alguém pudesse invadi-lo. Tinha receio de olhar pela janela, esperando encontrar alguém a observando ao longe. Estava ficando paranoica.
Olhou o relógio que marcava exatamente 19h da noite e se levantou para ir embora saindo de sua sala, mas assim que o fez, havia uma caixa depositada na frente de sua porta e logo olhou ao redor procurando alguém, mas ela era a única presente naquele horário.
Seu coração começou a bater acelerado, mordeu os lábios nervosa pegando o objeto e voltando para dentro, trancando a porta. Não sabia o motivo, mas estava agoniada porque no final das contas ela sabia quem havia deixado aquela fatídica caixa.
Teve a certeza ao abri-la quando deu um passo para trás levando as mãos à boca, enquanto o choque lhe atingia em cheio, lágrimas grossas se formaram em seus olhos e a respiração falhou conforme o peito subia e descia de forma tão rápida que a atmosfera da sala ficara tão pesada que quase caiu ao sentir o celular vibrar em seu bolso pegando-o com as mãos trêmulas e ao abrir notou que tinha uma mensagem de um número completamente desconhecido, teve a convicção que aquilo ia muito mais além do que ela poderia ter imaginado ao lê-la.
"Está é apenas uma lembrança para não se esquecer de mim e de que estou sempre por perto acompanhando cada um de seus movimentos, então não me decepcione querida, não vejo a hora de nos vermos frente a frente.
De seu precioso espinho."
Olhou ao redor em todos os locais sentindo cada parede fechar sobre ela, o ar cada vez mais falho, a respiração pesada e as lágrimas mais desesperadas. Queria gritar, mas era como se algo estivesse entalado em sua garganta, a dor foi descomunal. Arrastando-a para o mais fundo de seus medos, acorrentando suas pernas ao chão gélido e a puxando para aquele abismo que não possuía fim e resultaria em sua queda no qual seria fatal.
Com passos curtos se aproximou da janela do escritório e reparou na sombra de um homem, ele estava encostado a uma parede com um boné que escondia o rosto e como se soubesse que ela estava ali, observando-o, a pessoa ergueu o rosto em sua direção conseguiu ter o vislumbre do sorriso para ela.
Ela não pôde ver a fisionomia devido a escuridão que se encontrava na rua, mas sabia que era ele, o homem ergueu as mãos em um breve aceno antes de dar as costas e ir embora, pânico, percorreu por suas veias e fechou as cortinas com força pegando o celular discando os números da única pessoa que poderia acalmá-la naquele momento, no terceiro toque Volker atendeu.
— Alô? — a voz ofegante disse do outro lado.
— Volker? — perguntou incerta, a voz trêmula e a respiração pesada pareciam sugar toda energia da mulher.
Antes dele responder ela escutou a voz feminina do outro lado, a voz de Savannah. Se sentiu uma idiota ao ter a ideia de ligar para ele.
— Bella? — ele perguntou surpreso. — Aconteceu alguma coisa? — A preocupação tomou conta e ela quis socá-lo naquele momento, talvez bater a cabeça dele contra a parede ou na mesa, se sentia ridícula.
Respirou fundo, não poderia contar com ele, não por completo. Quis rir de sua idiotice percebeu a Bellatrix adolescente de anos atrás retomando o lugar, a garota indefesa que corria para os braços de Volker Reed sempre que acontecia algum problema, patético.
Ela era patética.
— Eu liguei errado! — mentiu — me desculpe, pensei que era o número de outra pessoa, tchau! — antes que ele pudesse responder Bella desligou.
Levou as mãos ao rosto frustrada, olhou para sua mesa onde estava à caixa e caminhou devagar até ela observando o que tinha dentro e ao ver o objeto metálico com o símbolo policial cravado nele sentiu seu chão ruir, do lado havia um papel que a loira conhecia bem demais. Uma carta escrita por ela, há doze anos e um recipiente de remédios.
O ambiente ficava cada vez mais pesado, seu peito doía e se sentia sufocada a única coisa que se perguntava era como ele tinha aquilo, havia uma foto e nessa fotografia estava ela e Volker com o rosto dele desconfigurado, como se a pessoa quisesse passar um aviso e no fundo Bellatrix entendia o significado daquilo.
Notou a rosa branca com um bilhete grudado nela, Bella o pegou retirando da caixa e abrindo-o.
"A vida é muito bela para simplesmente ser jogada fora dessa forma, minha rosa."
Ela engoliu em seco, não se orgulhava daquilo que havia cometido anos atrás, mas como ele poderia saber sobre isso? Se lembrou das palavras do pai:
"Oliver Jenkins não é tão culpado quanto parece, ele nunca agiu sozinho, ele sempre foi apenas mais uma marionete nas mãos do verdadeiro assassino."
Bellatrix se sentia cada vez mais confusa, pegou o celular com as mãos trêmulas ligando para a única pessoa no qual sabia que ainda podia ter o mínimo de confiança, a única pessoa que nunca havia a abandonado de fato e não demorou sequer dez minutos para que ele chegasse, abriu a porta e Devon a olhou preocupado, ela o abraçou afundando seu rosto na camiseta do homem que a envolveu em seus braços afagando seus cabelos. As lágrimas caiam dolorosas e os soluços aumentaram ao senti-lo envolvê-la mais.
— Vai ficar tudo bem Bels, eu estou aqui agora e ninguém irá te machucar. — Disse com a voz saindo tão firme e confiante que ela sentiu um peso sair de suas costas. — Agora me conte o que aconteceu. — Pediu baixinho acariciando os braços da loira.
Bella puxou ele para dentro da sala que tinha um tamanho médio, as paredes brancas com apenas uma mesa amadeirada para Bellatrix trabalhar, a cadeira atrás e duas poltronas pretas estofadas a frente, com a janela de porte médio coberta pelas cortina verde musgo e o chão branco, Devon analisou o cômodo a sua volta e seus olhos pousaram na caixa.
— O que é isso? — perguntou cauteloso aproximando-se, sua expressão de surpresa e espanto lhe atingiu em cheio. — Como? — a encarou receoso.
— Eu não sei, é isso que quero entender! — Bellatrix bradou mordendo os lábios preocupada — poucas pessoas sabem sobre isso e eu me livrei dessa carta, como ela veio parar aqui? Como ela foi parar com ele? E o distintivo? Eu procurei por ele durante anos! Perguntei aos médicos, legistas todas as pessoas que tiveram acesso ao meu pai e eles nunca acharam então por que ele resolveu simplesmente me dar tudo isso de bandeja? — ela questionava andando pela sala mexendo as mãos de forma nervosa, rindo estritamente a plenos pulmões, sentia sua sanidade lhe abandonando aos poucos. — Isso é loucura! — Esbravejou batendo as mãos contra a mesa. Devon a encarava sem reação, talvez nem ele estivesse acreditando em tudo aquilo.
— Você precisa se acalmar! — pediu se aproximando dela cauteloso.
Ele sabia que a mulher estava tendo uma crise e precisava acalmá-la antes que piorasse.
Bellatrix não queria se acalmar, desejava pegar o desgraçado que estava a perturbando de tal forma que sua cabeça estava tão desestruturada com aquelas porcarias, as lembranças de seu passado que a destruíram por inteiro quase a levando a morte estavam voltando como um soco em seu peito. Sua respiração estava pesada, ela estava surtando, como se estivesse iniciando uma crise. Sua visão estava desfocada e o ar já não preenchia seus pulmões, as lágrimas caíam descontroladas e os soluços altos ressoavam pela sala.
— Bels? — ouviu Devon a chamar, mas sua voz parecia como um eco distante e o encarou.
Estava perdida, seus olhos embaçados pelas lágrimas estava sem rumo, Devon caminhou até ela segurando seu rosto com as duas mãos de forma decidida fazendo a única coisa que Bella não esperava que fosse acontecer.
Devon a beijou.
Seus lábios contra os dela eram uma sensação nova, diferente, ele apenas encostou ambos num selinho longo até ela ceder abrindo a boca, aquilo foi o sinal para que ele avançasse colando-as ainda mais e aprofundando o beijo, quando suas línguas se tocaram Bellatrix sentiu seu corpo formigar por inteiro como se algo acendesse em seu peito. Algo que estava apagado há muito tempo.
Suas costas baterem contra a janela e as mãos de Devon seguraram os cabelo claros fortemente os puxando e juntando-os ainda mais, Bella levou as mãos ao pescoço dele fazendo o mesmo com os cabelos do rapaz e arranhando a nuca, ela sentiu uma das mãos de Devon descerem por toda lateral de seu corpo parando na cintura a apertando, quando os dedos entraram por dentro de sua blusa um baque alto na porta foi escutado fazendo os dois se separarem e se olharem ofegantes e assustados.
Ele mordeu os lábios e ela quis agarrá-lo de novo, teria feito isso se as batidas na porta não tivessem chamado sua atenção, Bellatrix caminhou receosa para lá, mas antes que abrisse se lembrou do motivo de ainda estar ali.
Caminhou até sua mesa fechando a caixa e jogando embaixo da mesma, Devon estava quieto com as mãos no bolso da calça jeans, ela sabia que eles teriam que conversar a respeito daquilo. Respirou fundo voltando a atenção naquele momento a pessoa do outro lado.
Ao abrir a porta sentiu Devon se colocar atrás dela e ficou sem reação ao ver a pessoa parada em frente a sua sala, mas Volker não estava sozinho Scott estava ao seu lado.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou receosa pela presença dos dois. Ambos entraram, mas assim que Volker o fez os olhos dele foram em direção imediata a Devon, ela sentiu-se estranha como se algo piscasse em sua mente lembrando-a da ligação para ele dando lugar para a raiva que havia sentido ao ligá-lo. — Vocês podem me responder? — questionou mais uma vez.
— Você não viu nada de diferente Bella? — Scott perguntou incerto e com a voz carregada de preocupação.
— Diferente? — franziu o cenho.
— Só estão vocês dois aqui? — Volker indagou, mas foi possível sentir algo em sua voz, um tom questionador.
— Sim. — Devon respondeu seco.
— Na verdade ele chegou há uns cinco minutos. — Ela comentou sentindo o olhar dos três.
— Você ficou sozinha esse tempo todo, até agora? — Scott perguntou com a voz ainda mais carregada, ela achou aquela situação estranha.
— Sim, estava trabalhando até agora só liguei para o Devon vir me buscar. — Falou tentar manter a voz calma e Devon balançou a cabeça em concordância, mas o ar se tornava cada vez mais pesado, tinha algo não dito entre os policiais. — Aconteceu alguma coisa? — perguntou novamente.
— Encontraram outro corpo, Bella. — Scott disse incerto se deveria continuar. — Só que o corpo foi encontrado nos fundos desse prédio.
Bellatrix não sabia como processar aquela informação, há alguns minutos atrás ela estava recebendo aquela maldita caixa e agora tinha um corpo no prédio, engoliu em seco abrindo e fechando a boca, mas nada saia.
— Você tem certeza disso? — Devon perguntou parando ao lado dela, ela pode notar Volker encará-lo de canto numa expressão não muito satisfeito.
— Sim, só que dessa vez é diferente. — Scott a encarou sério. — Dessa vez ele fez contato direto, Bella. — Falou firme.
— Como assim? — perguntou confusa.
— A vítima trabalha aqui o nome dela é Muriel Strockes. — Ao escutar aquilo sentiu tudo desabar, ele não podia ter feito aquilo, ele não tinha o direito de ter feio aquilo. O nome da recepcionista piscava por sua mente, lembrando-se de todos os sorrisos acolhedores que recebia em cumprimento pelas manhãs.
A raiva que passou por todo o seu corpo era intensa e a última vez que havia se sentido daquele jeito tinha sido há muito tempo atrás não resultando em nada bom, fechou as mãos tão fortes que sentiu a palma doer e o sangue se formar entre elas por conta da força das unhas contra a pele, respirou fundo contando algumas vezes, ela não podia surtar, isso não seria agradável para ninguém.
— Bels? — Devon a chamou, reparou a preocupação na voz do amigo ele era o único que sabia dos problemas dela. O único que havia superado tudo com ela, aquele que a ajudou a enfrentar os seus demônios internos que agora estavam voltando, as mãos do advogado tocaram as dela o que a fez encará-lo com seus olhos marejados. — Você precisa se acalmar e descansar. — A voz saiu mais baixa de um jeito terno.
— Ela tem que vir conosco. — Volker murmurou severo, antes que ela pudesse processar Devon parou na frente dele com um semblante sério, mortal.
— Ela não vai a lugar algum seu babaca, não consegue ver toda a situação? Bellatrix não dorme há dias e está tendo problemas! Se ela não se cuidar é capaz de ir parar em um hospital por conta disso! — A voz aumentava a cada palavra, mas Volker não parecia se abalar nem um pouco. Ela se sentia destruída por dentro, perguntava-se se ele não iria ficar do seu lado, ajudá-la, sentia-se usada e iludida por falsas palavras. — Então não! Você não vai levá-la a merda de lugar algum! — a essa altura Devon gritava pela sala, Volker ergueu uma sobrancelha apático.
— Você se acha o namorado dela, não? — perguntou debochado — mas isso é uma investigação e precisamos protegê-la já que nitidamente ela corre perigo e você querendo ou não, Bellatrix só ficará segura conosco. — Ele disse por fim tão sério quanto Devon que naquele momento parecia querer estrangular Volker.
— Ela não precisa ir com vocês. — Devon disse de forma mais tranquila e aquilo irritou Volker.
— Você é surdo? Não escutou o que eu acabei de falar? Bellatix não pode ficar sozinha! — falou impaciente.
— E ela não vai! — disse firme. — Ela está indo ficar na minha casa, caso não saiba. — Bella encarou o amigo surpresa, não estava indo ficar na casa dele e nem na casa de ninguém.
— Isso é verdade Bella? — Scott perguntou. — Porque se for é menos preocupante, você não deve ficar sozinha eu iria sugerir para você ficar na casa de Amanda, mas não sei se seria uma boa ideia. — Bellatrix percebeu a inquietude dele ao confidenciar aquilo, ela entendia, não queria envolver a melhor amiga naquilo e se culparia pelo resto da vida se algo ruim acontecesse com Mandy.
— Tudo bem. — Sua voz saiu mais baixa do que esperava, balançou a cabeça tentando retomar seus pensamentos e se manter firme — eu vou ligar para o John. — Os três encararam ela que mordeu os lábios se voltando para Devon. — Não sei se seria bom ficar com você, não que eu não queira, mas não quero você envolvido nisso e nem se machucando. — Disse cautelosa, mas ele não pareceu se abalar abrindo um sorriso para ela que aqueceu seu peito.
— Você não precisa se preocupar comigo, somente com você! — mais uma vez sentiu-se estranha como se algo estivesse agitando seu peito, formigando todo o corpo e seu estômago parecia estar um caos.
— Se você não for ficar na casa dele Bella, vamos te encaminhar para o programa de proteção a testemunha. — Ela olhou para Scott processando o que ele havia dito e tinha uma básica noção de como funcionava tudo aquilo, não seria uma má ideia.
— Ela ficará sob meus cuidados. — A voz rouca de Volker saiu firme por toda a sala e toda a atenção passou para ele. — John me deixou encarregado disso. — Os olhos dele se encontraram com os dela, havia tantas coisas não ditas refletidas nele.
— E você acha mesmo que vamos acreditar nisso? — Devon perguntou irônico.
— Se não acredita, aqui está! — Volker entregou o celular na direção dela que pegou o aparelho lendo a mensagem de John, Devon não pareceu gostar daquilo. — Arrume as suas coisas, estarei esperando lá embaixo. — Disse por fim dando as costas e retirando-se da sala, Scott fez uma careta acenando para ela e saindo ao lado do colega.
— Você vai mesmo aceitar isso? — Devon a olhava incrédulo.
— Qual escolha eu tenho? — perguntou, sentia-se fraca perante aquela situação e sem o poder de tomar suas próprias decisões.
— Você pode ficar na minha casa Bellatrix! — o amigo a olhava com tamanha intensidade.
— Eu sei disso, mas eu não quero que se machuque e Volker tem todo o procedimento, ele faz parte disso de programa de proteção a testemunha e sei que ele não vai deixar ninguém se aproximar para me machucar, só de uma chance, por favor, as coisas continuarão a serem como são, não vai mudar nada. — Comentou, seu peito se apertava por dentro.
— Claro que vai mudar... — A voz dele saiu em um sussurro, impediu-o de continuar sua linha de raciocínio Bellatrix segurou as mãos do amigo e os olhos dele pareceram surpresos.
— Não vai, eu e Volker não temos nada e nunca teremos, preciso focar nas coisas concretas na minha vida e agora nesse momento a única certeza que eu tenho nela é você Devon. – Sua voz saiu mais firme do que esperava e ela se sentiu bem com aquilo, talvez não fosse à melhor decisão do momento, mas não se importava, não naquele momento. — Mas me dê um tempo para processar tudo isso, está bem? — perguntou cuidadosa, o sorriso que recebeu em troca a fez perceber que ele entendia, Devon deu um último passo em direção a ele e a envolveu com os braços trazendo seu corpo para mais perto do dele, inclinando a cabeça o suficiente para que seus lábios se tocassem.
— Eu dou o tempo que você precisar Bels, esperei por todos esses anos, mas saiba que não vou deixar você simplesmente ir embora, dessa vez eu não vou te perder. — Sussurrou contra os lábios dela a beijando com tamanho fervor colando seus corpos, as mãos dela tocaram os ombros largos dele apertando-os e só se afastaram quando o ar já lhes faltava.
— Acho que eu preciso ir agora... — Sussurrou, ele concordou com a cabeça.
— Eu te ajudo com as coisas. — Devon disse afastando-se minimamente.
Bellatrix chegou ao térreo e viu o amontoado de policias que se encontravam naquele espaço, seu peito doía ao saber que poderia ter evitado aquele final para Muriel, suspirou apertando a caixa fortemente teria que levá-la e ainda pior teria que falar com Volker sobre aquilo, provável que ele iria querer matá-la por não ter dito antes, mas que direito o moreno tinha quando ela havia ligado e ele parecia entretido com certas coisas enquanto Devon estava a todo momento ao lado de Bella lhe transmitindo conforto.
Possuía alguns repórteres do lado de fora, ela queria passar despercebida por eles, seus olhos caminharam por todo o local parando nele que não estava sozinho. Estava com Savannah e mais uma vez ela sentiu-se estúpida demais.
— Acho melhor você ir. — Encarou Devon que vincou a testa. — Já está tarde e não quero você sozinho, é perigoso. — Completou. O sorriso dele se fez presente mais uma vez em seu rosto sereno.
— Tudo bem, eu vou, mas só porque está pedindo! — se aproximou dela dando um beijo no canto dos lábios e mordendo os próprios após isso. Devon piscou um olho na direção dela lhe dando as costas e se retirando do prédio, ela só esperava estar fazendo a coisa certa para si e para o seu coração.
— Então vocês estão juntos agora? — Aquela maldita voz se fez presente e ela respirou fundo para não xingá-lo.
— Engraçado, ia fazer a mesma pergunta sobre você e Savannah. — Sorriu displicente parecendo surtir efeito nele que pareceu ficar incomodado.
— Eu não tenho nada com ela. — Volker evidenciou, a fazendo rir.
— Você acha que eu sou burra? — questionou — claramente quando você atendeu ao telefone deixou bem evidente que você não estava em uma boa hora — falou de maneira cínica e ele suspirou passando as mãos pelos cabelos castanhos.
— Eu não estava fazendo nada de errado com Savannah, Bella, estávamos em um treino da equipe, preparamento físico, condicional e eu estava treinando com ela porque John ordenou. — Um balde de água fria foi jogado sobre o corpo dela naquele momento e a estupidez de seus pensamentos veio logo a seguir, isso deve ter ficado claro em sua expressão, pois Volker estava rindo.
— Isso não tem graça! — bradou sentindo-se ridícula por toda aquela cena.
— Tem sim, vê-la com ciúmes é adorável. — Constatou sorrindo de forma doce, Bellatrix mordeu os lábios e ele não foi nem um pouco cauteloso ao olhar para eles e passar a língua pelos lábios. — Você não sabe o quanto quero te beijar nesse momento, parece que não nos vemos há dias. — Volker comentou a encarando.
— Você não pode simplesmente falar essas coisas! — seu tom saiu mais sério do que esperava.
— Por que não? — ele perguntou com a dúvida explícita na voz.
— Porque eu não sei se posso controlar o meu coração quando se trata de você e eu não quero me magoar. — Bellatrix confidenciou e os olhos dele a queimaram de tal jeito.
— Eu não vou te magoar. — Falou em um sopro, aproximando-se mais da loira.
— Nós não nascemos para ficarmos juntos Volker... — Sua expressão era séria, mas por dentro ela sentia-se destruída, ele a olhou impreciso, Bella queria saber ler pensamentos e o que se passava pela cabeça dele.
— Você não pode afirmar algo assim se nunca nem sequer tentamos Bella. — A voz dele saiu inalterada e a feição não entregava nada. — É por causa do Sanders? — perguntou, um suspiro saiu dos lábios dela.
— Talvez... — Contou.
— Não — ele balançou a cabeça e riu — você não está falando sério, nós dois sabemos que você.. — Mas antes que Volker pudesse concluir Sales o chamou e um resmungo saiu de seus lábios. — Eu já volto. — Saiu em direção ao perito. Era loucura, Bellatrix havia decidido dar uma chance a Devon, todavia Volker simplesmente resolvia voltar acabando com tudo o que ela tinha construído, com as barreiras que vinha montando ao redor do coração, não parecia certo e ela sabia que não acabaria bem, quando ele retornou sua expressão não parecia muito agradável.
— Vamos embora! — falou firme e indiferente, ela iria responder, mas ele segurou sua mão a levando para fora sentindo o choque passar pelo seu corpo e aquela sensação de pertencimento tomar conta novamente.
Volker a levou para o carro abrindo a porta para ela entrar, assim que o fez ele entrou no banco do motorista dando partida e tomando rumo em direção a casa dela.
— Vamos pegar algumas roupas suas e depois vamos para a minha casa. — Disse determinado, mas ela sabia que havia algo o incomodando.
— Está tudo bem? — arriscou perguntar, porém ao vê-lo apertar as mãos contra o volante teve certeza que algo muito ruim tinha acontecido. — Volker? — chamou.
— Quando estivermos na minha casa conversamos Bellatrix. — A voz saiu fria a incomodando, ele não deveria tratá-la assim.
Durante todo o restante do trajeto ela não se direcionou a ele, quando pararam em frente à casa dela, Bella não pensou duas vezes saindo sem nem esperá-lo e subiu para o seu apartamento ao adentrar caminhou para o seu quarto depositando a caixa abaixo de sua cama, a mantendo escondida, pensaria depois o que fazer com aquelas informações. Separou o necessário colocando as suas coisas em uma mala.
— Me desculpa. — A voz dele se fez presente, mas ela simplesmente ignorou estava cansada demais para uma discussão. — Bella? — Volker a chamou, porém Bellatrix se levantou e passou por ele indo pegar outras coisas, escutou um suspiro pesado. — Olha, está difícil, ok? Eu queria esperar para te falar, mas você não facilita para mim. — Falou contrariado.
— Eu não facilito para você? — ela se virou com a raiva em seu peito, observando-o com os braços cruzados elevando seus músculos. — Você não sabe nem das metades das coisas pelo qual eu tenho passado! — sua voz se elevou e agora Bella estava gritando pela casa, Volker mordeu os lábios e deu alguns passos em direção a ela. — Não! — bradou — fica longe de mim! — ordenou apontando o dedo indicador em direção ao tenente notando o olhar do homem se tornar triste. — Você precisa me contar Volker, precisa me contar o que está acontecendo porque eu sinto que você sabe muito mais do que realmente me diz e eu já estou cansada disso, de saber pouco sobre algo que claramente tem todas as ligações voltadas para mim! — um peso a deixou ao dizer todas aquelas coisas aliviando seu peito que parecia sufocado.
— Você tem razão, eu não estou te contando tudo, mas estou fazendo isso para te manter segura! — ele passou as mãos pelos cabelos de modo nervoso voltando a encará-la — eu prometo te contar tudo, porém não aqui. — Concluiu e ela franziu o cenho.
— Por que aqui não? — Questionou, entretanto ele não respondeu. Ela deu as costas para Volker voltando a pegar suas coisas, sendo impedida ao sentir o seu corpo ser puxado com certa força e se chocar contra o dele.
— Eu não quero que nada de errado, Bella — sussurrou. — Então me deixe te levar para um lugar seguro, um lugar que eu tenho plena confiança, está bem? — ele a olhou terno, Bellatrix suspirou e concordou com a cabeça se afastando dele.
— Me ajuda a terminar, estou cansada e só quero dormir. — Escutou uma risada fraca vindo dele sentindo-o ao seu lado lhe ajudando a guardar seus pertences na mala, terminaram e ambos desceram entrando no carro e indo em direção a casa dele.
Ela esperava conseguir ser firme na sua decisão sobre ficar longe Volker, mas parecia impossível agora que conviveriam juntos na mesma casa.
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