NOVE - DESEJOS
𝙲𝙰𝙿𝙸𝚃𝚄𝙻𝙾 𝙽𝙾𝚅𝙴
𝔻𝔼𝕊𝔼𝕁𝕆𝕊
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Abril, de 2070 — Manhattan, Nova Iorque, dias atuais.
Quando chegaram à casa de Volker, os dois desceram sem dizer qualquer palavra um para o outro. Bellatrix simplesmente o seguiu para dentro subindo as escadas e pararam em frente a uma porta.
— Esse será seu quarto — ela apenas concordou e entrou colocando suas coisas por ali, ele fez o mesmo — eu vou deixar você sozinha um pouco, estarei no quarto ao lado qualquer coisa. — Bella quis gritar com ele, não queria que Volker saísse, não sem antes dar uma bela explicação, mas sabia que aquilo não aconteceria. Apenas balançou a cabeça e esperou ele se retirar para fechar a porta.
Passou os olhos por todo o quarto. Ele era simples, as paredes eram brancas com uma cama de casal, até podia considerá-lo grande pelo fato de não possuir tantos móveis, dando ao mesmo um ar espaçoso. Possuía apenas um armário médio e a janela que dava visão para a rua.
Bellatrix se jogou na cama fechando os olhos com força, queria chorar, extravasar e colocar tudo para fora. Ficou deitada por alguns segundos até se levantar, tomaria um bom banho e dormiria, só falaria com Volker quando ele resolvesse abrir a boca caso contrário somente iria ignorá-lo e estava decidida a fazer isso.
Pegou uma toalha, e encontrou uma camisola na mochila, junto de sua lingerie e saiu rumo ao banheiro trancando-se lá. Ela tomou um longo banho quente deixando a água lavá-la por inteiro, tentava acalmar seus pensamentos mesmo que fosse impossível. Quando saiu, estava com a toalha nas mãos secando o cabelo que não reparou ao abrir a porta que Volker estava do outro lado, só se dando conta após sentir o impacto de seus corpos, trombando contra ele. Bella tombou para trás imaginando a queda que teria, mas antes disso acontecer as mãos do tenente seguraram seu corpo e a puxou para frente.
Seus olhos se encontraram, estavam tão conectados um ao outro que o coração dela não cabia no peito, a respiração estava ofegante e sabia que aquilo não resultaria em algo bom. Ela precisava sair dali, deu um passo para trás e passou por ele dando passagem para que pudesse entrar, entretanto, não foi o que aconteceu.
Alguns segundos foram o necessário para que ela estivesse entre os braços do policial, os olhos dele possuíam uma intensidade fora do comum, algo que nunca havia visto antes.
— Eu prometo que vou te contar tudo, mas na hora certa, Bella, só vamos descansar por hoje, pode ser? — Bellatrix suspirou, sentiu a verdade na voz dele e leu isso nos olhos dele, suspirou e concordou com a cabeça.
— Está bem, eu confio em você. — Um pequeno sorriso brotou nos cantos dos lábios dele. — Eu vou descansar agora e acho que você deveria também. – Tocou os ombros de Volker levemente e saiu em direção ao quarto.
Ao entrar no quarto ela apenas se deitou, achando que o sono viria, mas a sua mente não conseguia encontrar o seu descanso, como se tudo ficasse passando e repassando milhares de vezes e aquilo era apenas o começo de tudo. Olhou para o relógio que marcava exatamente 2 horas da madrugada, bufou, precisava dormir. Bellatrix levantou da cama colocando o roupão por cima da camisola e se retirou do quarto, faria um chá, talvez isso ajudasse com a insônia e relaxaria seu corpo.
Desceu as escadas, tentando não esbarrar em nada em meio a escuridão enquanto caminhava para a cozinha, ela acendeu a luz e procurou pelo bule para esquentar a água, logo encostou-se na bancada fechando os olhos por alguns segundos e quando os abriu Volker estava apoiado no batente da porta.
— Não consegue dormir? — perguntou analisando a mulher.
— Não — Bellatrix respondeu. Ela ouviu o barulho do bule indo até o objeto para preparar o chá, mas antes que pudesse pegá-lo as mãos de Volker pararam as suas fazendo uma forte onda quente percorrer todo seu corpo.
— Deixa que eu faço, sente-se ali. — Apontou para a cadeira.
Bellatrix pensou em negar, mas sabia que nada adiantaria então se sentou na cadeira, seus olhos estavam presos nele e só naquele momento ela percebeu que o homem usava apenas uma calça moletom, o que foi o suficiente para que ela sentisse o calor pesar em seu corpo. Quando ele se virou foi o momento que as coisas pioraram ao poder ter uma visão privilegiada do abdômen dele e o caminho em v por entre a calça. Ela sabia que Volker malhava, estava sempre em forma, mas não daquela maneira se dando conta que estava secando-o com os olhos há tempo demais, viu que ele a observava e ao notar isso seu rosto queimou de vergonha.
— Tudo bem, Bella? — Volker tinha um sorriso nos lábios e ela apenas revirou os olhos, o que fez a risada do homem tomar a cozinha, sendo impossível não sorrir ao vê-lo daquele jeito — aqui está. — Colocou uma caneca na frente dela sentando-se ao seu lado com outra em mãos.
Ambos tomaram o chá em silêncio, estavam aproveitando a calmaria daquele momento. Quando Bella acabou, levantou-se, mas mais uma vez foi impedida pelas mãos de Volker.
— Vamos subir juntos. — Ele disse.
Ela o olhou por um tempo concordando e assim que ele terminou o chá subiram mais uma vez em um silêncio completo. Bella esperava que Volker fosse para o próprio quarto, mas não foi isso que aconteceu. Ele a seguiu adentrando ao cômodo junto com ela.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou cautelosa.
— Não, só achei que você precisava de algo para te ajudar a dormir, que tal uma massagem? — Bella o encarou realmente surpresa por aquilo, ao mesmo tempo que queria aceitar sentia-se com receio de onde aquilo poderia levá-la. — Vamos lá, Bella, é apenas uma massagem para você relaxar. Eu consigo ver o quão cansada você está e a tensão que o seu corpo tem. — Ela mordeu os lábios, talvez aquilo não fosse uma ideia ruim, afinal, realmente estava esgotada.
— Tá bom... — Cedeu, esperava não se arrepender disso.
— Espere só um pouco. — Volker falou e saiu do quarto, mas não demorou para voltar com dois potes em mãos.
— O que é isso? — o olhar curioso da loira observou os pequenos frascos nas mãos dele.
— São óleos, deite-se ali. — Ela se virou e respirou fundo tirando o roupão e se deitou na cama de bruços sentindo o peso da mesma afundar. Volker colocou uma perna de cada lado de seu quadril — eu vou levantar a sua camisola, tudo bem? — percebeu a incerteza na rouquidão da voz dele, ela sabia que Volker não faria nada sem a sua permissão.
— Tudo bem. — Disse mordendo os lábios.
Sentiu as mãos dele deslizarem pelas suas coxas levantando a camisola na altura dos ombros, naquele momento Volker estava tendo a visão completa do corpo de Bella quase nu, sentia-se vulnerável perto dele e ao mesmo tempo reconfortada.
As mãos do homem voltaram a tocar seu corpo só que dessa vez com o óleo, primeiro ele tocou os ombros os massageando subindo para o pescoço e descendo pelas costas, nunca deixando de tocá-la. Volker aumentou a força no toque e Bellatrix não conseguiu conter o gemido de satisfação que sentiu, como se seu corpo precisasse disso há muito tempo. Ele chegou ao seu quadril apertando levemente, ela estava ansiava pelo toque dele naquela região, mas ele não veio, no momento seguinte Reed tocou suas pernas com as pontas dos dedos intensificando os movimentos, um suspiro pesado saiu dos lábios de Bella. Ela não sentiu mais as mãos dele sobre si e apoiou-se em seus cotovelos erguendo a cabeça para trás procurando por Volker e o viu parado a encarando.
— Aconteceu algo? — Bella perguntou em dúvida.
Volker passou a língua pelos lábios, ela sentia o que viria a seguir e desejava aquilo tanto quanto ele queria. Bellatrix virou-se e deitou de barriga para cima na cama ficando de frente para o corpo do moreno e inclinou-se até ele pegando as mãos dele e levando para as suas coxas.
— Você ainda não terminou. — Disse firme.
Os olhos dele a fitavam como se pudessem queimar sua pele e quando as mãos do policial apertaram suas coxas ela teve a certeza de que aquilo não pararia só na massagem, mas naquele momento não se importava com mais nada, queria apenas sentir.
O corpo dele inclinou-se sobre o dela. Olhos nos olhos, as chamas que cada um exalava, a paixão, o ardor e quando os lábios se encontraram foi como se nunca devessem estar afastados um do outro. As mãos de Volker apertaram suas coxas com força subindo pelo corpo de Bella, os lábios dele saíram dos dela e desceram pelo pescoço, dando leves mordidas, as mãos dela espalmaram-se pelas costas dele, arranhando-as, mas um barulho ensurdecedor fez-se presente e eles se afastaram. Volker levantou da cama alarmado.
— Não saia daqui, Bella. — A voz saiu exigente e ao mesmo tempo preocupada, ela sabia que algo sério poderia estar acontecendo, então não disse nada o que foi suficiente para que Volker saísse pela porta.
Bellatrix levantou-se, vestiu o roupão e caminhou para a janela. Talvez não fosse a melhor ideia a se fazer, mas tinha uma sensação estranha rondando seu corpo e ao levar a cortina para o lado mostrando apenas uma parte da rua não esperava que houvesse alguém do outro lado usando um capuz preto e olhando exatamente para a janela do quarto dela. Queria gritar por Volker, mas se fizesse isso a pessoa iria embora, por algum motivo ela tinha a sensação de que conhecia quem estava do outro lado, porém, não conseguia ver seu rosto nitidamente.
O barulho de estilhaços a fez sair do quarto apressadamente, abandonando a janela preocupada com Volker. Lembrava claramente da foto dela ao lado do homem e a mensagem que aquilo trazia consigo, quem fosse não queria o tenente ao lado de Bellatrix.
Parou no final da escada passando os olhos vagamente pela sala em busca do moreno, não o encontrando, seu coração apertou contra o peito.
— Volker? — ela chamou tentando amenizar a voz e andou pelo corredor.
Caminhou em direção a porta que estava entreaberta sendo tomada pela sensação de perigo, sua respiração estava descompassada e o pânico percorria por suas veias a cada passo que era dado. Mais próximo para a saída.
Fixou seu corpo próximo a fresta da porta olhando pelo filete que formava e observou alarmada a qualquer movimento estranho que pudesse vir ao seu encontro.
A sombra aumentou entre as árvores, sentiu a tontura atingir seu corpo e precisou segurar firme a maçaneta, era ele, seu coração bateu forte contra o peito tão desenfreadamente. O mesmo pânico de anos atrás crescia em cada parte de seu íntimo.
Oliver viria buscá-la, tinha completa noção sobre isso.
Antes que pudesse pisar no mármore frio da escada que dava acesso a rua, a figura de Volker apareceu em sua frente, enfurecida.
— Eu mandei você ficar lá dentro! — bradou colocando o corpo diante do dela, levando-a para dentro e trancando a porta atrás de si.
— Eu escutei um barulho... — A voz de Bellatrix falhou ainda sentindo a cabeça latejar.
— Era um vidro quebrado, fui averiguar de onde veio o som e se havia alguém próximo a região. Você está bem? — ele a olhou preocupado aproximando-se da loira que ficava cada vez mais pálida — Bellatrix?
A voz dele se tornou cada vez mais longe, a visão escureceu e o corpo não lhe respondia mais. Estava sendo tomada por toda aquela escuridão, perdida em pensamentos e lembranças que queria nunca se lembrar.
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Agosto, de 2058 — Manhattan, Nova Iorque.
Bellatrix sentia o ar faltar e os pulmões clamarem para que ela parasse, todo seu corpo gritava por socorro, mas o medo tomava suas veias ao decorrer em que descia os lances de escadas, fugindo do seu pior pesadelo.
— Eu vou te pegar garotinha!
A voz repugnante ecoou em meio ao breu a fazendo estremecer, seus cabelos balançavam pela correria enquanto a testa transpirava e o pânico crescia em seu ventre.
Faltava apenas um andar, um andar e chegaria à saída.
Podia ver a luz iluminar seus olhos, mas o alívio não chegava até sua mente, a palavra perigo piscava excessivamente em sua cabeça. Sentiu o corpo ser puxado de forma violenta e o grito de horror sair pelos lábios trêmulos.
— Te peguei! — o homem sorria ameaçadoramente para ela que se encolheu o máximo que conseguiu.
As mãos dele seguraram o braço dela firmemente, a puxando para a porta que levaria ao primeiro andar. Bellatrix se debatia de diversas formas, tentando se soltar daquele monstro que parecia se divertir com a reação exagerada da garota.
Com apenas um empurrão ela sentiu o corpo colidir contra a parede e o ar faltar, causando uma dor aguda em suas costas e gemendo pelo impacto.
Os olhos ergueram-se para o homem, observando as íris pretas que transbordavam um vazio avassalador. Ele parecia um predador observando a menina da cabeça aos pés analisando cada uma de suas ações.
Oliver passou as mãos pelos cabelos castanhos com os olhos fixos em Bella, havia algo de errado, ele parecia nervoso demais.
O corpo masculino se aproximou do dela que encolheu as pernas assustada sentindo as lágrimas se formarem nos olhos tentando segurá-las e se forçando a não desmoronar. Os dedos dele tocaram o rosto da menina passando por cada parte de sua extensão parando no queixo, erguendo-o, para que ela o olhasse.
— Eu não vou machucar você, minha flor. — A voz grossa saiu em um sussurro, fazendo o estômago de Bellatrix embrulhar.
Em um ato reflexivo da distração do homem, ela levantou a perna com o máximo de força que conseguiu chutando entre o meio das dele, atingindo-o e ouvindo o urrar de dor ecoar dos lábios masculinos. Levantou-se tão rapidamente, tropeçando nos próprios pés e correu mais uma vez por sua liberdade.
As costelas doíam, mas não poderia parar, se recusava a parar. Não conseguiria chegar a escada sem que ele a alcançasse , precisando correr pelo amplo corredor para chegar ao elevador.
Parou em frente à porta metálica com a ansiedade lhe corroendo violentamente, apertava excessivamente o botão prata com os olhos fixos no ponto onde ele apareceria a qualquer instante.
Escutou as portas abrindo e entrou como um furacão. Apertou a tecla do térreo, observando o elevador se fechar soltando um longo suspiro, mas um par de mãos impediu que tal ação se completasse ficando entre o último espaço que a levaria para a sua liberdade, abrindo novamente.
O olhar da garota caiu sobre os dele que mantinha uma expressão dura firme no rosto, a raiva transbordou das pupilas pretas e a ira tensionou seus músculos.
Oliver deu passos firmes para dentro do elevador segurando o pescoço de Bellatrix com apenas uma mão, sufocando-a. O corpo dela pendeu sobre o chão tentando mexer as pernas e segurando firme o braço dele, tentando soltá-lo. As costas da menina bateram forte contra a parte metálica ecoando pelo espaço fazendo ela fechar os olhos em dor.
— Só desista! — a voz grossa saiu como um rugido em uma ordem explicita.
Seu rosto aproximou-se do pescoço da garota inspirando profundamente e suspirando pesadamente.
— Vamos acabar logo com isso. — Oliver falou abrindo o largo sorriso em sua direção.
O corpo de Bella foi colocado ao chão sendo puxada pelas mãos firmes do homem, ela não se debatia mais, apenas esperando o seu fim chegar. Notou Oliver levar as mãos ao bolso e verificar o celular, guardando-o.
— Bellatrix! — escutou um grito masculino ecoar pelos amplos corredores, fazendo a esperança crescer em seu peito.
— Aqui! — ela gritou a plenos pulmões esperando que a pessoa pudesse escutá-la.
O ardor forte que sentiu desferido em seu rosto deixou sua visão turva e a escuridão a tomou por segundos, o gosto metálico na boca a fez levar os dedos aos lábios observando o sangue escorrer por entre eles.
— Não me faça ter que repetir isso! — o grito ensurdecedor fez o corpo da menina se contorcer.
— Larga ela! — aquela voz fez seu coração ser tomado por uma sensação estranha.
Oliver virou-se na direção da voz masculina com a fúria refletida em seus globos, o corpo de Bella foi puxado bruscamente em direção ao dele sentindo a faca pontiaguda contra a barriga. Os olhos dela focaram em Volker que parecia assustado ao vê-la daquela forma.
— Volker... — A menina começou a chorar pesadamente, sentindo a falta de ar lhe sufocar.
— Vai ficar tudo bem, Trix. — Volker disse olhando temeroso para a cena à sua frente.
A risada reverberou pelo local fazendo calafrios subirem pela espinha da garota.
— Eu vou embora, com ela! — Oliver falou pausadamente com um sorriso sacana em seus lábios.
— Você não vai a lugar algum com ela! — o policial gritou fazendo o sorriso do outro aumentar.
Ela sentiu o objeto perfurando sua pele cada vez mais na medida que aumentava a dor latente que crescia imensamente naquela região.
O barulho do gatilho se fez presente atrás dela e com a mera distração o corpo de Oliver foi jogado ao chão brutalmente por Savannah logo ao lado de Bellatrix, levando os braços do homem para trás impiedosamente escutando o grito de dor ecoar pelos lábios de Jenkins e as algemas firmarem em seus pulsos.
A garota olhou para a cena ao seu lado sentindo suas pernas fraquejarem junto da visão que escurecia, lembrando-se apenas das mãos firmes de Volker segurando sua cintura enquanto ele gritava desesperadamente o nome da menina antes dela apagar totalmente.
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