Do começo ao fim.


Abigail acordou assustada, seu corpo encharcado de suor e o coração disparado. Tudo o que conseguia pensar era em como escapar da terrível situação em que se encontrava. Por mais que tentasse mover-se, estava imobilizada, seu pior pesadelo havia se tornado realidade naquele dia ensolarado. Mal conseguia acreditar que sua sogra, a quem tanto apreciava, era na verdade um verdadeiro demônio que desejava tanto mal a ela. Parecia que tudo aquilo não passava de um pesadelo. Num impulso de desespero, Abigail gritou, orou e pediu aos céus que a tirassem daquele lugar sujo e sombrio. Já fazia três dias que não via a luz do sol, e o medo de nunca ser encontrada por alguém a consumia. Ela pensava angustiada no coração partido de seu amado Lucas. Em alguns momentos, desejava profundamente nunca ter conhecido a senhora Lúcia, mas sabia que, se isso não tivesse acontecido, não teria tido o privilégio de viver o seu grande amor. Cansada e faminta, acabou adormecendo naquele sótão subterrâneo, completamente sozinha e vulnerável.

Vamos voltar ao início dessa história sombria. Esta é uma daquelas histórias que nos ensina a nunca confiar cegamente naqueles que afirmam ser família.

Abigail era uma jovem encantadora com cabelos claros e cachos volumosos que chamavam a atenção por onde passava. No entanto, sua vida não era fácil. Ela vivia com seu pai e sua meia-irmã Clara em extrema pobreza, em uma casa simples, mas repleta de amor. Abigail tinha uma relação muito amigável com sua madrasta doce, Keila, que sempre a cuidou com carinho e atenção, o que despertava inveja em Clara. Esta, ao contrário de todos em casa, era cruel e invejosa, o oposto de sua família. Apesar do carinho dos pais e da irmã, Clara nunca estava satisfeita, nem com o amor que recebia nem com a vida que levava. Ela simplesmente odiava ser pobre. Por isso, decidiu que seria mais fácil encontrar alguém que pudesse sustentá-la. Clara caprichava em sua aparência e usava todo o dinheiro que ganhava como garçonete para comprar coisas para si mesma, sem se importar com a situação da casa ao contrário de Abigail, que sempre pensava no bem-estar da família. Clara, por sua vez, não demonstrava nenhum interesse em ajudar.

Certa tarde, enquanto Abigail trabalhava na lanchonete da dona Graciana, entrou um jovem atraente acompanhado de uma mulher igualmente bonita. Inicialmente, eles pareciam muito felizes. Abigail entregou o menu e saiu para atender outras mesas. No entanto, do nada, a alegria se transformou em uma acalorada discussão. O jovem pegou um envelope castanho que carregava consigo e jogou várias fotos no rosto da mulher. Parecia que ele havia descoberto que ela o havia traído com seu melhor amigo. O escândalo rapidamente ganhou proporções maiores na lanchonete, chamando a atenção de todos os clientes. Dona Graciana, aflita, apareceu e pediu ao rapaz que se acalmasse, enquanto a jovem, envergonhada, saiu desorientada da lanchonete.

Naquele momento, o jovem estava totalmente atordoado, suas mãos tremiam incessantemente. Foi um grande choque para ele. Dona Graciana pediu a Abigail que trouxesse um copo d'água para o rapaz. Após beber, ele pegou suas coisas e simplesmente deixou a lanchonete.

Os dias passaram, e numa tarde tranquila em que a lanchonete estava vazia, o mesmo jovem apareceu novamente, mas agora Abigail notou uma mudança nele. Ele parecia diferente, triste e vazio. Estava descuidado e transmitia uma aura de depressão. Abigail se aproximou de sua mesa com um leve sorriso, entregando o menu. Apesar de suas tentativas de olhar nos olhos dele, o jovem sempre desviava o olhar, como se sentisse vergonha.

Movida por um impulso intuitivo, Abigail decidiu sentar-se junto ao jovem misterioso e disse:

-Sei que não me cabe interferir em sua vida, mas profundamente acredito que quem perde é aquele que não sabe receber amor. Apesar de não nos conhecermos, peço-lhe, senhor, que não permita que a atitude leviana do outro tire o seu brilho. Seja luz, você é mais forte do que pensa.

Abigail levantou-se e, assim que se virou para ir embora, o jovem, anteriormente calado, segurou sua mão pelo pulso e disse em voz baixa:

-Espera, eu já sei o que vou pedir.

Abigail virou-se, seu rosto iluminado por um sorriso genuíno. O jovem, ao ver a bela mulher diante dele, sentiu uma ternura em seu coração que jamais experimentara por outra mulher. A partir daquele dia, ele começou a frequentar a lanchonete com mais assiduidade. Sempre que tinha a chance, Abigail aproveitava para conversar com ele. Mesmo que ele não falasse muito, ele apreciava a presença dela mais do que as palavras poderiam expressar. Em uma de suas conversas, eles se apresentaram formalmente. Abigail descobriu que o jovem, antes depressivo, se chamava Lucas. À medida que a amizade entre eles se desenvolvia, descobriram que tinham os mesmos gostos literários, o que intensificou ainda mais a conexão entre eles.

Contudo, o mundo de Abigail desabou por completo numa tarde escaldante de verão. Enquanto trabalhava tranquilamente na lanchonete, foi chamada ao gabinete da senhora Graciana e recebeu a trágica notícia de que seus pais haviam perdido a vida em um acidente de carro. Abigail desmoronou, sem saber como reagir, e deixou-se cair no chão, chorando incessantemente.

Quando Lucas percebeu a situação, imediatamente pediu a dona Graciana o endereço da família de Abigail e tomou todas as providências necessárias para o funeral. Abigail estava profundamente abalada e infeliz; sua voz mal saía e tudo o que conseguia pensar era no sofrimento dos pais durante o acidente. A dor era avassaladora, e uma vaga lembrança atravessou sua mente: o último adeus de sua mãe biológica, quando ela estava doente na cama. Abigail já havia enfrentado muitas adversidades, e o único pensamento de conforto era a lembrança do amor de sua mãe. Enquanto isso, Lucas estava determinado a apoiá-la incondicionalmente. Ele sentia algo muito forte por ela, algo que não conseguia negar ou ignorar. Apesar de tentar suprimir esses sentimentos e manter tudo apenas na amizade, era difícil resistir. Ele sabia que precisava esperar pelo momento certo para pedi-la em namoro.

Quanto a Clara, ao ver Lucas, logo se interessou por ele. Sentia que a morte dos pais de Abigail havia trazido uma sorte inesperada, proporcionando-lhe a oportunidade de encontrar um bom partido. Apesar de sua tristeza superficial, no fundo do coração, ela se sentia aliviada, pois não teria mais que lidar com as queixas dos pais sobre sua falta de contribuição em casa. Clara pensou consigo mesma em voz alta:

"Eu não tinha a obrigação de sustentar dois adultos que tiveram amplas oportunidades para alcançar o sucesso. Eles acreditavam que o amor poderia suprir todas as necessidades, mas agora enfrentam as consequências de suas escolhas: morreram em dificuldades financeiras, sem recursos para uma vida digna. Eu não serei assim, custe o que custar!"

Duas semanas se passaram, e Abigail ainda se sentia devastada, mas sabia que precisava continuar a viver. Mesmo tendo um mês de licença, ela se levantou e se preparou para o trabalho. Dona Graciana a tratava como uma filha e sentia profundamente por tudo o que havia acontecido com ela.

Quando Abigail saiu de casa, viu Lucas à porta. Assustada, ela logo perguntou o que estava acontecendo. Lucas simplesmente sorriu e disse que gostaria de lhe fazer companhia em um dia tão nublado como aquele. Continuou explicando que havia encontrado o livro que ela tanto desejava ler e que estava se sentindo muito entediado sem a presença dela em sua vida. Ao ver toda aquela cena, uma onda de nostalgia tomou conta de Abigail, e ela começou a chorar. Ela havia encontrado uma amizade genuína e verdadeira, algo raro e valioso.

Não demorou muito para que um relacionamento florescesse entre eles; eles se completavam de maneira surpreendente. Quando Clara percebeu que já era tarde demais, ficou frustrada e prometeu encontrar algo melhor para si. A primeira vez que Abigail conheceu sua sogra, ficou encantada. Ela a tratava com amor e carinho, parecendo ser um presente dos céus. Abigail acreditava que encontrara uma mãe em quem poderia confiar cegamente, assim como tinha com sua madrasta.

No entanto, as pessoas mal-intencionadas não conseguem enganar a bondade por muito tempo. Um dia, enquanto decidiram passar o dia juntas na bela mansão de campo dos pais de Lucas, Abigail testemunhou a sogra chutando com força a pequena cachorrinha que estava sentada ao lado da cadeira. Ela acreditava estar sozinha, mas Abigail havia presenciado tudo. Em outra ocasião, ela viu a sogra humilhando a empregada com palavras cruéis. Abigail não conseguia entender como alguém poderia dissimular tão bem seu comportamento tão cruel.

Lúcia era uma mulher severa e amarga. Ela não havia gostado nada da escolha do filho, desejando para ele uma mulher com classe e de boa família. No entanto, ela se tranquilizou ao ver a beleza da jovem Abigail. Lúcia ansiava por ter muitos netos, especialmente porque Lucas era seu único filho. No entanto, por mais que tentasse esquecer, sua consciência continuava a atormentá-la. Lúcia era a culpada pela morte de seu próprio marido. Ela havia descoberto que o Sr. Vieira, pai de Lucas, tinha um caso com sua secretária. Então, ela pagou ao motorista para sabotar o carro do marido, resultando em um acidente fatal.

Um ano se passou e o casal finalmente se casou. Estavam extremamente felizes e viviam em um lindo apartamento. Embora Lúcia desejasse que eles morassem com ela na mansão da cidade, Lucas recusou, preferindo manter sua privacidade. Ao longo de três anos, Abigail enfrentou dificuldades para engravidar, apesar de todos os tratamentos e medicações que tentou. Mesmo assim, Lucas permaneceu ao seu lado, mostrando um amor inabalável. Ele não se importava com a situação, pois amava profundamente a esposa. Lucas a fazia sentir-se amada, cuidada e mimada; seus olhos só tinham espaço para Abigail.

Enquanto isso, todos ao redor comentavam sobre o amor incondicional de Lucas por Abigail. Clara sentia uma inveja intensa ao ver a irmã, que, mesmo não conseguindo engravidar, era plena e extremamente feliz ao lado de seu marido. Lentamente, Clara começou a desenvolver uma obsessão por Lucas. Ela o desejava intensamente e logo começou a cogitar:

"Talvez eu ainda tenha uma chance com Lucas. Eu poderia lhe dar um herdeiro, algo que a inútil da minha irmã não consegue."

Certa manhã, enquanto Lucas se preparava para ir trabalhar, Abigail ainda estava na cama, dormindo tranquilamente. Ele saiu dando um leve beijo em sua bochecha antes de partir. Enquanto isso, Abigail sonhava com seus pais, que a abraçavam calorosamente e expressavam o quanto estavam felizes por vê-la. Quando acordou, uma onda de tristeza a invadiu; ela sentia falta de seu pai e de suas duas mães. Decidiu se preparar e dar um passeio pelo parque próximo de sua antiga casa, um lugar cheio de boas lembranças.

Enquanto estava sentada, apreciando as folhas de outono caindo ao seu redor, uma velhinha se aproximou dela. A mulher a olhou com carinho e lhe deu uma rosa. Sentou-se ao lado de Abigail no banco e disse:

- Que aura gostosa você tem. Há muito tempo não vejo pessoas tão boas como você! E sortuda também. Poucos têm o privilégio de encontrar suas almas gêmeas. Vocês estão ligados por laços divinos, um vínculo tão forte que conseguem se chamar um pelo outro. Que mulher de sorte!

A velhinha levantou-se com sua cesta de flores e continuou caminhando até desaparecer da vista. Abigail ficou perplexa, sem entender completamente o que havia acontecido ali. De repente, ela pensou em Lucas, deu um leve sorriso e continuou apreciando o cenário à sua frente, sentindo-se grata pelo amor que compartilhava com seu marido.

***

Clara acordou extremamente feliz naquela manhã, pois já havia elaborado um plano meticuloso para tomar o lugar de Abigail. Ela levantou-se da cama e vestiu seu melhor traje, confiante de que conseguiria alcançar seu objetivo. Clara sabia exatamente onde encontrar Lúcia, já que esta era uma mulher influente e proprietária de várias lojas na cidade.

Ela chegou à mansão dos Vieras, pediu para falar com madame Lúcia e foi prontamente aceita, afinal, também era parte da família. Ao adentrar na vasta mansão, Clara viu o estilo de vida que sempre sonhara bem diante de seus olhos e pensou:

"Não posso acreditar que minha estúpida irmã preferiu viver em um simples apartamento quando tem um castelo à sua disposição."

Clara foi conduzida até o escritório, onde encontrou madame Lúcia, que a observava com curiosidade. O coração de Clara disparava; ela temia que suas palavras fossem mal interpretadas, mas decidiu avançar mesmo assim. Ela começou:

-Dona Lúcia, sei que pode me interpretar mal, mas tenho ambições na vida que acredito coincidirem com os seus desejos. Minha meia-irmã é estéril e não será capaz de lhe dar o herdeiro que tanto deseja. Serei direta e objetiva: desejo tomar o lugar dela e já tracei um plano perfeito para isso.

Lúcia ficou surpresa com a astúcia da mulher diante dela, reconhecendo algo familiar em sua determinação. Lúcia mesma viera de uma família de classe média e fizera muitas coisas questionáveis para chegar onde estava. Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios, curiosa para ver até onde Clara seria capaz de chegar para alcançar seus objetivos. Ela fixou os olhos em Clara por um longo tempo, sem dizer uma palavra. Após cinco minutos, finalmente falou:

- Então, Clara, me conte, como pretende fazer isso?

Clara se animou rapidamente e expôs seu plano:

-Simples, vou atraí-la para minha casa e, depois disso, darei um jeito para fazê-la desaparecer. Em seguida, a senhora poderá decidir o que fazer. Se livrar de um corpo é extremamente difícil, mas alguém como a senhora pode fazer isso mais facilmente. E isso ficará entre nós, segredo de túmulo. Com tanto que viva feliz ao lado de Lucas, já é suficiente para mim.

Lúcia analisou cuidadosamente os argumentos da jovem e viu ali uma excelente oportunidade para se livrar de um obstáculo que a incomodava há muito tempo. Desde que Abigail se casou, ela parou de frequentar a casa da sogra e encerrou a amizade forçada que Lúcia tentava manter.

- Pois bem, prossiga. Tens o meu apoio. Na vida, é preciso lutar por aquilo que se deseja", disse Lúcia, dando seu consentimento.

As duas elaboraram mais detalhes sobre o plano naquela mesma manhã. Clara decidiu mostrar afeto à irmã e comprou alguns bolinhos e itens que sabia que Abigail gostava. Começou a execução do plano com uma visita surpresa. Passaram a tarde juntas, e Abigail ficou surpresa com o comportamento da irmã, achando que ela finalmente havia mudado e amadurecido. Tocada pelo carinho de Clara, aceitou o convite para visitá-la na semana seguinte, sem saber o que a esperava.

A tão esperada semana chegou, e Abigail fez várias compras para passar a tarde com a irmã, querendo retribuir o carinho que havia recebido. Assim que chegou à casa de Clara, foi recebida com um enorme abraço. Juntas, falaram sobre os pais e as travessuras que cometeram juntas na infância. Clara, dissimulada, pediu desculpas por ter ficado distante durante tanto tempo e prometeu que tudo seria diferente dali em diante. Em seguida, ela se levantou e disse que havia preparado um presente para a irmã. Pediu a Abigail que aguardasse um momento e logo voltou com o prato favorito de Abigail, que parecia delicioso. Abigail, entusiasmada, agradeceu com um abraço e começou a comer alegremente.

No entanto, do nada, começou a sentir-se extremamente sonolenta. Sua visão turvou-se, e ela desmaiou no sofá, sem perceber que estava sendo vítima do plano sinistro de sua própria irmã.

No silêncio da noite, dois homens robustos bateram à porta da casa de Clara e levaram a pobre Abigail. Por alguns minutos, Clara sentiu uma pontada no coração, mas logo se lembrou da vida incrível que lhe aguardava e se animou.

Quando Abigail despertou, encontrou-se em um lugar sujo e com pouca ventilação, completamente amarrada. De repente, uma pequena porta se abriu, e sua sogra, Lúcia, desceu. Abigail tomou um susto e começou a ligar os pontos, percebendo que Clara havia tramado tudo com a ajuda de Lúcia.

- Olhe só para você, está completamente vulnerável. Meu filho jamais a encontrará aqui. Sua morte será lenta; sempre sonhei em ter um prisioneiro pessoal. A vida me brindou com alguém tão linda como você, Abigail. Sua nojenta irmã realmente acredita que ficará com meu filho. Ela não faz ideia do que a espera. Pelo menos você morrerá imaculada; quanto a sua irmã, não posso dizer o mesmo", disse Lúcia, proferindo palavras cruéis antes de sair, ordenando que dessem água e comida a Abigail.

Os dias e noites de Abigail se desenrolavam em orações constantes para ser encontrada, chamando por Lucas incessantemente. Enquanto isso, Lucas estava desesperado, procurando freneticamente sua esposa, sem encontrar sequer um vestígio de Clara. Ele temia que ambas tivessem sido vítimas de um crime, especialmente porque Clara vivia sozinha. Os dias passaram, e a angústia em seu coração só aumentava.

Certa tarde, enquanto conversava com o detetive Raul, Lucas percebeu que haviam encontrado um corpo no meio do mato. Desesperado, levou a mão até o peito e logo descobriu que se tratava de Clara. O medo e a angústia cresceram ainda mais dentro dele.

Até que, numa noite de lua cheia, enquanto Lucas dormia no sofá da sala, agarrado à fotografia de sua amada, ouviu nitidamente em seu sonho Abigail chamando por ele, num chamado desesperador. Ela apareceu toda suja e com o rosto coberto de areia, apontando para sua mãe. Quando ele olhou para Lúcia, ela soltou uma risada maléfica. O susto foi tão grande que Lucas acordou imediatamente. A partir daquele sonho, ele sentiu que deveria seguir sua mãe secretamente.

Durante dias, Lucas a seguiu secretamente, até que, em certo dia, Lúcia trocou de rota. Ela foi para uma fazenda isolada que pertencia à sua família e, ao entrar, abriu uma porta no chão, parecendo ser uma entrada subterrânea. Curioso, Lucas permaneceu em vigília e, quando ela saiu, decidiu entrar à noite.

Ao entrar, foi atingido por um forte odor de urina e ouviu alguém cantar baixinho, uma voz familiar. Lucas mal podia acreditar: ali, em péssimas condições, estava seu amor, Abigail. Ela mal conseguia abrir os olhos e, com dificuldade, murmurou: "Lucas, é você, meu amor?"

Emocionado, Lucas chorou amargamente, abraçando-a intensamente. Ele não conseguia entender a crueldade de sua mãe. Com cuidado, tirou Abigail daquele lugar e a levou ao hospital. Em seguida, foi até a delegacia e prestou queixa contra sua mãe. Abigail, embora debilitada e um pouco desconcertada, confirmou tudo.

Enquanto tudo isso acontecia, Lúcia estava tranquila em sua mansão, bebendo o melhor vinho e lendo seu livro favorito. Ao ouvir o mordomo anunciando a chegada dos policiais, pediu que entrassem. Quando o detetive Raul disse:

-A senhora está presa pela tentativa de homicídio da senhora Abigail Vieira.

Ela levantou-se com um leve sorriso e murmurou para si mesma: "É assim que minha história termina, Madame Lúcia". Desajeitada, pediu aos policiais para usar o banheiro antes de partir. No momento em que chegou a seu quarto no andar de cima, abriu a janela e, ao olhar para a distância, atirou-se, caindo com força e batendo com a cabeça. Uma queda fatal.

***

Abigail se recuperou rapidamente, e Lucas, aliviado, levou-a para casa. Continuaram a viver felizes na companhia um do outro e ao lado de Rosa, a cachorrinha da Madame Lúcia.

Assim terminamos mais um conto. Aguardo por você no próximo!

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