Obrigado por ser o cais que eu tanto precisava

Mãos preguiçosas arrastavam-se pelo corpo bonito. Não lembrava como foi parar ali e nem quem era aquele ao seu lado, mas estava sentindo-se bem; o coração estava a ponto de transbordar.

O quarto era como qualquer outro de motel, com suas paredes monocromáticas e regrinhas de toalha, sabonete que não limpava muita coisa e escovas de dente tão frágeis que só seriam utilizadas uma única vez.

As unhas curtas continuavam com o padrão, redondo e suave pelas costas e braços nus. Jimin sentia que era certo estar ali. Fora daquela bolha, seria julgado, tratado como lixo, excluído de toda e qualquer oportunidade de ter paz. Mas ali... ali era como o seu pequeno Paraíso.

Um resmungo leve fez seu olhar prender-se a cabeleira castanha. O rosto, escondido entre camadas de lençóis e virada para o lado oposto ao seu, ainda era desconhecido. Não tinha mesmo a menor ideia de quem era o outro e como haviam chegado ao quarto.

ㅡ Pode continuar com o carinho, estava gostoso...

Nem ao menos tinha notado o corpo congelado, prestando atenção ao moreno. Voltou aos movimentos de antes, sentindo as costas relaxarem sob o seu toque.

ㅡ Não é querendo duvidar de você ㅡ ouviu a voz inundar o cômodo novamente ㅡ, mas pensei que seria do tipo que vai embora sem dizer nada. Não sei se aquele é o seu jeito normal, mas podemos repetir se estiver afim.

ㅡ Você está? ㅡ perguntou com a voz baixa.

ㅡ Hm?

ㅡ Você está afim? Não quero que diga sim só porque fiquei aqui, porque isso não faz sentido.

Segundos depois, estava encarando os olhos mais líquidos que podia se lembrar. Sentia-se navegando cada vez mais fundo em seu olhar.

ㅡ Se eu disse é porque estou.

E ali eles se perderam.

Jimin estava deslumbrado em como sentia-se confortável enquanto era observado pelo outro. Era um abraço, um cheiro de lar do tipo que nunca teve em todos os quase vinte anos de vida, do tipo que faz levitar mesmo sabendo que a realidade é oposta à isso.

Já Taehyung tinha assim uma confirmação do que havia vislumbrado na noite anterior: o ruivo era fogo como os próprios cabelos, mas não ardia como uma chama violenta, apenas suave e languidamente espalhava-se e consumia tudo que estivesse ao seu alcance. Era um entregar doce e imperceptível; quando reparasse, ele já havia tomado conta de tudo.

ㅡ Não lembro o seu nome ㅡ Taehyung sussurrou.

Jimin sentiu um alívio perpassar todo o corpo.

ㅡ Jimin.

ㅡ Taehyung.

Caíram em um breve, e doce, silêncio.

Mais olhares e a carícia continuava, desta vez na barriga levemente protuberante e de pelos pequenos.

ㅡ Se quiser, podemos ficar aqui até o horário da pernoite acabar. Ainda é cedo ㅡ Taehyung ofereceu com a voz em tom baixo.

Jimin sentiu-se confuso, as sobrancelhas juntando-se furiosamente.

ㅡ Posso estar errado, mas tive a impressão ontem de que não estava bem. Deu tudo certo no sexo, mas parecia... atribulado.

ㅡ Tem certeza de que só nos conhecemos ontem? ㅡ o ruivo questionou. A conexão era maluca demais para ser verdade.

ㅡ Eu não me esqueceria de alguém como você.

Jimin se viu perdido naqueles olhos de novo. Era como um jogo sem destino final e com o único objetivo de fazê-lo cair entre o que é real e o que não é.

ㅡ Seria estranho se eu te pedisse um cafuné? ㅡ A pergunta escapou antes que o mais velho pudesse pensar.

Taehyung simplesmente ergueu o braço e puxou o corpo menor de encontro ao seu, selando um abraço e fazendo o dito cafuné nas madeixas vermelhas. O carinho em sua barriga permaneceu, por vezes migrando para o pescoço e então retornando ao ponto de início.

Nada disseram.

Jimin sentiu seu coração flutuar, os ombros esquentarem e as bochechas relaxarem enfim. Não entendia como aquilo havia acontecido, mas agradecia por Taehyung estar naquela cama com ele.

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espero muito que alguém leia abditory pq ela é uma das minhas favoritas. se tem uma história onde eu gostaria de morar, esta é definitivamente uma delas

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