Sentimentos Do Passado (Capítulo 10)
(...)
Dara olhou para a porta do pequeno hotel e levou sua mão até a maçaneta, mas antes de abrir a porta de madeira velha e suja, ela parou e olhou para a placa novamente. Sua face estava séria e seus olhos e mente inquietos.
Raví - O que foi? Tem algo de errado? - Ele interrogou Dara curioso, olhando a expressão que Dara fazia ao relembrar seu passado.
Ela deu um suspiro intenso, foi tão doloroso que parecia-se ter arrancado sua alma e ali em pé só se restava a carcaça de uma mulher bonita, de altura média e olhos azuis escuros cheios de tristeza e lamentação.
Dara - Não, está tudo bem. - Dara finalmente girou a tão temida maçaneta, e o som de um pequeno sino quebrado, que estava acima da porta amarronzada, soou por toda a residência.
Dara retirou seu pé direito do tapete amarelado com um tom de marrom, por conta da sujeira, após colocar seus pés sobre a madeira velha que rangeu, mais receio pesou sobre suas costas.
Pouco tempo após o sino soar, Dara e Raví ouviram o som de passos nas escadas que rangiam, e logo viram uma mulher um pouco mais baixa que Dara; de cabelos curtos, lisos e morenos, seus olhos eram castanhos que demonstravam alegria no momento.
- Bom dia! Ah, quero dizer, boa tarde! Como posso ajudar? - A garota estava animada por ver clientes.
Dara olhou a menina de cima á baixo atentamente, tentando se lembrar de quem era ela.
"Ela não me é familiar, ah! Deve ser de uma nova geração da família, afinal, já se passaram tantos anos..." Pensava ela encarando a gerente que estava atrás de um pequeno balcão marrom, feito de madeira.
Raví - Boa tarde. - Ele olhou para Dara que estava ao seu lado esquerdo, e percebeu o clima tenso que ela estava causando ao encarar a jovem gerente.
Raví - Ei Dara, pare de encarar os outros com essa cara assustadora! - Sussurrou em um tom alto.
Dara - Ah... Boa tarde, eu gostaria de passar a tarde aqui, por acaso você tem algum quarto?
- Sim!
Dara - Pois bem, quanto custa uma tarde?
- Cinco moedas de bronze.
"Merda" pensou Dara.
"Eu só tenho uma moeda da morte, menti para Isis dizendo que não tinha uma para não gasta-la e agora vou ter que usar aqui? Mas que droga, uma moeda da morte custa muito mais do que cinco moedas de bronze!" Continuou se auto-questionando mentalmente enquanto passava sua mão no bolso direito de seu manto, para conferir se ela realmente tinha somente aquela moeda. Ela estava sorrindo enquanto pensava olhando fixamente para a menina, aquilo daria calafrios em qualquer um.
Dara - Bem... Eu posso pagar quando for embora? - Questionou ainda com seu sorriso amedrontador.
- Ah... Eu tenho que perguntar para minha supervisora, por que já ocorreu de pessoas dizerem isso e não pagarem seu quarto... - Disse ela um pouco envergonhada, atrás do pequeno balcão de madeira, e com isso o sorriso de Dara se dissipou.
Dara - Por acaso está dizendo que sou desonesta a ponto de fazer algo assim?! - E novamente o controle de sua raiva foi quebrado.
Seus olhos brilhavam novamente, mas antes que algo a mais pudesse acontecer uma senhora baixinha e corcunda veio caminhando pelo corredor, até se encontrar com os clientes problemáticos e sua neta.
- Bom senhora Dara, eu diria que sim. - Disse calmamente a velha senhora, com seu pequeno rosto em formato de bolacha e um sorriso encantador.
Dara - Senhora Dolores! Quanto tempo, a senhora está bem? Como vai a vida? Continua tendo clientes encrenqueiros?
Sra. Dolores - Digamos que sim.
Raví olhou para Dara com certo desapontamento.
Raví - Dara, você é a pior.
Ela apenas ignorou, se abaixou e continuou conversando com a velhinha sobre a vida e certas fofocas.
Sra. Dolores - Parece que você já conheceu minha neta, Ava.
Dara - Sim, agora eu tenho um novo aluno, veja! Seu nome é Raví. - Ela estava muito animada conversando com a senhora.
Sra. Dolores - Aonde está o resto da roupa dele? - Perguntou olhando para o garoto que estava em frente á porta.
Dara - Digamos que ele é um incendiário revoltado.
Raví - O que? - Perguntou sem entender a razão daquele apelido.
Dara - Bom, mas isso é irrelevante. Você poderia nos arranjar um quarto?
Sra. Dolores - É claro que sim, mas esse favor vai lhe custar essa moeda da morte em seu bolso.
Dara - O-o que? Você achou que eu não iria pagar com a última moeda que eu tenho?
A senhora apenas acenou com a cabeça em sinal de concordância.
Dara - Isso foi ofensivo. - Comentou com uma voz de desiludida.
Sra. Dolores - Vamos, vou levar vocês ao quarto.
A velhinha se virou e pôs-se a andar pelo longo corredor de madeiras velhas, logo Dara e Raví foram enfileirados atrás da senhora gentil, depois de alguns passos leves e calmos ela parou e pegou uma chave que estava pendurada em um colar, como se fosse um pingente.
Sra. Dolores - Essa é a chave e esse é seu quarto, não perca ela. - Estendeu seu braço para Dara pegar a chave e foi o que ela fez.
Dara - Tudo bem então. Obrigada.
Dolores deu um sorriso e seguiu para a frente da loja, junto de sua neta Ava.
Ambos se dirigiram para a frente da porta, cujo o número dele seria; 203.
"Ah, esse número que me persegue..." Dara resmungou, fazendo estranhas caretas ao olhar para os numerais que estavam acima da porta em um pequeno e fino bloco de metal.
Raví - Você está muito estranha hoje. Falando nisso, onde está Isis?
Dara - Você não se lembra mesmo, né? Bom mas vamos, lá dentro eu te explico.
Eles entraram no quarto e olharam ao redor, não era nada luxuoso mas era de certa forma aconchegante por ser simples, o teto estava um pouco desgastado, previsivelmente ele cairia se houvesse alguma tempestade mas se ele aguentasse formariam diversas goteiras irritantes.
No quarto tinha uma cadeira e uma pequena mesa, uma cama de solteiro cheia de poeira, um armário caindo aos pedaços com a tinta vermelha se desfazendo, uma pequena janela iluminava o local, as cortinas roxas já tinham sido atacadas por traças.
Raví se sentou na cama, o que fez com que a poeira se espalhasse pelo ar, assim arrancando um espirro dele. Dara se sentou na cadeira, era o único móvel que não estava em estado de urgência, ela olhou para o jovem mago e perguntou;
Dara - Me diga, do que você ainda se lembra?
Raví - Nós estávamos em uma linda floresta, aí nós encontramos uma árvore que na verdade era uma menina que se chamava Isis, e então vocês falaram sobre eu ser seu filho, eu não entendi isso, mas depois eu senti uma dor nas costas e apaguei. Só me lembro disso.
Dara - Então... Eu te dei um tapinha nas costas e você caiu, hahaha! - Ela deu uma risada alta e sem graça.
Raví - Você realmente não sabe mentir.
Dara - Isis e eu estávamos prestes a começar uma batalha, mas você nos interrompeu queimando tudo na sua frente e com asas de fogo nas costas.
Raví - Hã!? Como assim!? - Raví estava pasmo.
Dara - Lembra daquela poção que eu te dei?
Raví - Sim!
Dara - Esse é o efeito dela, ela serve para desbloquear seus poderes.
Raví - Ah, muito obrigada!! Dara, quem era aquela menininha?
Dara - Ela não é uma criança, pelo que me lembro ela tem cento e cinquenta e dois anos de idade, então não a chame mais de "menininha". Você não conhece os "Hermes" não é?
Raví - Não, são pessoas importantes?
Dara - Não necessariamente, por mim eles poderiam apenas desaparecer e não haveria diferença. Mas eles são um grupo de assassinos e bandidos perigosos e a Isis é uma integrante do grupo, você deve tomar cuidado.
Raví - Entendi.
Dara - No meio desse grupo há um garoto que você deve tomar muitíssimo cuidado, ele já sabe como você é então ele pode vir te caçar a qualquer momento.
Raví - Como ele sabe sobre mim?
Dara - Acho que você ainda estava inconsciente, mas apareceu um garoto que foi buscar Isis pois ela havia fugido, seu nome é Greek Pachis ele é um bardo, ele pode usar sua magia com o som de suas correntes douradas.
Raví - Eu vo- - Raví foi interrompido pela aparição de Ariadne.
Ariadne ficou olhando fixamente para Dara.
Dara - Vamos, tem alguém na ilha. - Ela pegou sua moeda da morte que estava no bolso e jogou em cima da cama, fez um bilhete feito por seus raios, nele dizia;
"OBRIGADA PELA AJUDA, MAS ME DESCULPE PELO QUE HOUVE NO PASSADO."
Raví não disse nada apenas se levantou da cama e ficou ao lado de Dara enquanto a linda pantera azulada criava um portal que daria direto para a ilha, Raví entrou primeiro em seguida das duas.
(Continua...)
Autora: Oii, esse ficou longo né? Me desculpem kkk, logo sai o proximo. :)
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