Olá meus amores, bem vindos a mais um capítulo. Hoje vocês ficaram por dentro do passado de Mel, desde o momento indico que se você tem gatilho com assuntos relacionados a abuso sexual, drogas e violência peço que não leia essa capítulo. Pós irá retratar tais assuntos.
Desejo todos uma boa leitura. ❤

Ao descer do elevador paro em frente à porta de Mel, aperto a campainha e ela não me atente. Espero um pouco e aperto de novo e o resultado és o mesmo.
Então resolvo tirar o cartão de identificação e coloco na máquina em frente à sua porta. Torço pra que ela não tenha o configurado ainda.Ao aproximar o cartão vejo que a luz verde acende, fazendo assim a porta se desbloquear. A empurro e entro em seu cômodo. Olha em volta e não vejo um sinal.

Vou na pequena varanda e não a encontro, então vou em direção aos quartos. Abro primeiro o da Kate e não vejo Mel lá, então ando até o seu quarto e abro a porta. A vejo de Costa pra mim, deitada em sua cama abraçada com um travesseiro, vejo que Melanie trocou de roupa, pos está apenas com uma blusa cumprida. Me aproximo de sua cama e me sento na beirada.

- Como entrou? - Ela fala ainda de costas pra mim.

Vejo que ela puxa um lençol pra cobrir suas pernas que estavam a mostra. Então me arrasto mas na cama, ficando sentada bem atrás dela. Coloco minha mão em seu ombro antes de me pronunciar.

- Entrei com o cartão de identificação. Você não colocou senha ainda. Por Que não me atendeu Quando eu chamei? - Esfrego seu ombro.

- Porque não queria ver ninguém, queria ficar sozinha. - Mel não me olha.

- Imaginei. - Tiro minha mão de seu ombro. - Eu vim me desculpar pelo idiota do meu irmão. - Suspiro pesado.

- Ele foi um babaca, escroto. - Vejo ela se sentando. - Minha vontade era de socar a cara dele.

- Eu sei. Me desculpa por isso. Eu me sinto péssimo pelo o que ele fez, o que ele te falou...

- Você não tem que se desculpar por ele, você não tem culpa por ele ser daquele jeito. - Vejo Melanie esfregando os olhos.

- Por favor, não chore. - A abraço. - Ele não sabia o que estava falando.

- Sim ele sabia. Ele falou com todas as palavras. - Mel funga no meu ombro.

- Ele falou aquilo pra te ofender, pra te deixar mal como está agora. Eu sei que você não és nada daquilo. - A aperto mas contra meu corpo.

- Você não sabe nada referente a mim Christopher, como pode ter certeza? Eu fiz coisas horríveis das quais eu não me agrado. - Ela empurra meu corpo e se levanta da cama.

- Não importa o que você fez no passado, sei que fez por necessidade. Esquece o seu passado Melanie. - Me arrasto pra ponta da cama.

- Como quer que eu esqueça? Isso me assombra e sempre vai me assombrar. Não tem como eu esquecer se cada parte do meu corpo tem cicatrizes que me lembram quem eu fui. - Ela anda de um lado pro outro. - Seu irmão estava certo, eu me vendia Christopher, vendia meu corpo, minha dignidade, por uma merda de dinheiro. - Melanie começa a chorar novamente.

- O que você tá falando? - Me levanto e pego em sua mão. - Você não fez por mal, eu sei que fez querendo o melhor pra você e sua irmã.

- Mas isso não apaga o fato deu ter feito, eu podia ter procurado outro caminho, eu podia...

- Para. Apenas para. - A corto. - Isso és passado, você não precisa mas fazer essas coisas, você não precisa lidar com tudo sozinha, eu tô com você. -A abraço de novo e me emociono com ela.

Mel soluça entre os choros e se aproxima mas de mim, sinto sua mão deslizando em volta da minha cintura e me apertar com ternura. Seu choro de desespero, vergonha e arrependimento me sufoca. Sinto uma dor enorme em meu peito por ver aquela garota em prantos, por ver como Melanie sofre tanto com o seu passado.

- Não precisa ter vergonha do que você fez, eu nunca te julgaria. - Falo em seu ouvido.

- Eu era horrível Chris, eu me odeio por isso. - A respiração de Mel fica pesada.

- Eu não te odeio. - Ao acabar de falar a pego no colo e a levo de volta pra cama.

A coloco com calma em cima do colchão macio. Vejo Mel se encolher entre o lençol que a cobre e voltar a abraçar o travesseiro. Eu prefiro ir na cozinha e pegar um copo de água pra tentar acalma-la. De volta pro quarto a entrego o pequeno recipiente de vidro em suas mãos. A vejo bebendo a água e logo colocando o copo em seu criado mudo.

Volto a me sentar em seu lado e jogo meu braço em volta do seu ombro, assim a fazendo ficar com a cabeça encostada em meu peito. Mel passa um braço por debaixo de mim, envolvendo minha cintura.

- Quer conversar? - Pergunto depositando um beijo em sua cabeça.

- Você não sentiria nojo de mim? - Mel fala ainda deitada com sua cabeça meu tórax.

- Claro que não, isso és impossível. - Levanto seu rosto em direção ao meu. - Nunca sentiria nojo de você Melanie, ao contrário, eu tenho orgulho. - Aliso seu rosto.

- Ninguém se orgulharia das coisas que eu fiz. - Ela volta a deitar em meu peito, pra desviar o seu olhar. - Quando meus pais morreram eu tinha quatorze anos e como o único parente que a gente tinha era um tia, nossa guarda foi pra ela. Minha tia era casada com um usuário de drogas e ela também usava. Eu já estava na adolescência, então seu esposo começou a me olhar de forma diferente. Eu falava com a minha tia e ela falava que eu que estava dando em cima do marido dela. Ela nunca acreditou em mim, com o tempo foi começando com olhares, depois foi pra toques e quando menos esperava ele já estava me estuprando. Eu não podia falar nada pra minha tia porque ela não acreditava em mim. - Mel volta a chorar.

- Se quiser pode para, eu já entendi tudo. - Fala a apertando mais.

- Não, eu quero continuar. Você está longe de entender ainda. - Ela se levanta do meu tórax e se senta ao meu lado. - Teve um dia que minha tia pegou ele abusando de mim e como sempre a culpa foi minha. Ela me bateu tanto naquele dia, que eu decidi fugir daquela casa e coloquei na minha cabeça que não iria morar com mas ninguém. Fugi com a Kate e passamos a morar numa casa abandonada. Uma senhora viu nossa situação e pediu pra morarmos com ela, mas ela morava com o filho e por causa disso eu não aceitei. Ela sempre levava comida e roupas pra gente, até que ela também veio a morrer. Quando isso aconteceu eu já tinha dezesseis anos e então tive que ir atrás de arrumar dinheiro pra poder comprar algo pra Kate, que tinha apenas seis anos. Não conseguia emprego em lugar algum, então por isso comecei a roubar comida. Não demorou muito e me descobriram. Tivemos que fugir de novo, então fomos pro bairro vizinho, aonde eu me envolvi com drogas. Eu nunca usei, sabia que aquilo era errado, eu só repassava. O que me dava uma grana boa, porque ninguém desconfiava de mim. - Ela suspira.

- Passei um bom tempo vendendo essas coisas, até que prenderam o cara que me fornecia as drogas. Eu tinha juntado um bom dinheiro caso algo desse errado, como deu. Então eu peguei esse dinheiro e fui pra outra cidade, aluguei uma casa e comprei alguns móveis velhos. Todo o tempo que ficamos naquela casa eu saia pra procurar emprego e ninguém me dava, pelo fato de não ter terminado os estudos. Eles perguntavam aonde estava nossos pais e eu mentia falando que meu pai foi embora e que minha mãe estava de cama. Desse jeito eles não tiravam a Kate de mim e por isso alguns me davam dinheiro. Mas não era o suficiente pra pagar o aluguel e comprar comida. - Melanie esfrega seu rosto.

- Então vocês foram pras ruas de novo? - Pergunto espantado com tanto sofrimento.

- Depois de um tempo sim. Acabou todo o dinheiro e foi então que encontrei a Marília, ela disse que estava indo pros Estados Unidos, foi então que resolvi sair do México. Porém Marília não tinha comida pra dividir pós seus filho, pra mim e pra Kate. Foi então que comecei a fazer algumas coisas que os homens pediam. Era a única forma que achei de ganhar dinheiro rápido. - Melanie volta a se emocionar. - Eu nuca me deitei com esses homens Christopher, mas eu os permitia fazer algumas coisas comigo, como eu tinha que fazer algumas coisas que eles me pediam. Eu me odeio por ter feito essas coisas, mas eu não vi outra solução. Minha irmã precisava comer. - Melanie começa a chorar e não consegue falar mas.

- Eu sinto tanto por você. - Também me emociono. - Você teve que passar por tanta coisa. Você és forte Melanie, você és a mulher mas forte que eu conheço. Como aguentou passar por tudo isso? - Pergunto.

- Muitas vezes eu queria morrer Christopher, mas não podia. Mel só tem a mim, o que seria dela sem eu por perto? Ela iria passar pelas mesma coisas que eu, ou até pior. - Mel encosta sua cabeça em meu peito. - Você não está com nojo de mim?

- Não, claro que não. - A abraço. - Eu tô triste por você ter passado por tudo isso, agora eu só tenho mas certeza do quanto forte você és, do quando guerreira você foi. Eu só quero te proteger e mostrar que agora você estas segura.

- Eu tenho tanta vergonha dessas coisas que tive que fazer. Quando você apareceu dizendo que ia nos ajudar, eu já tinha perdido as esperanças. - Ela olha em minha direção. - Mas agora você me deu a vontade de viver denovo. - Ela alisa meu rosto.

Eu fecho os olhos e deixo o toque macio da Mel me acalmar. Com os olhos fechados ainda, coloco minha mão em cima da sua e deixo com que meu coração fale o que estou a sentir agora. Pela primeira vez sinto um calafrios com seu toque, sinto meu coração pulsar mais forte, sinto a tão famosa "borboletas no estômago".

Por ter ouvido tudo isso que ela passou, por ter percebido como a minha vida era maravilhosa perto da sua, eu me emociono. Me emociono por reclamar de ter um vida de luxo e segurança, me emociono por nunca ter precisado fazer algo que não queria, me emociono porque sempre tive tudo do bom e melhor. A minha vida és perfeita comparado com a de qualquer um, devo ser grato por tudo. Mel teve que lutar, teve que fazer coisas que não queria, apenas pra sobreviver.

Mas agora ela não precisa fazer mas nada disso, não precisa se sentir mal pelo o que fez no passado. Eu só quero que ela viva, que ela viva tudo o que sempre quis pra ela e pra Kate, que ela viva ao meu lado.

Continua...

E vai ter muita coisa no próximo capítulo. Kkkkk
Eu tive que cortar esse porque ficaria gigante. Mas as vezes é bom deixar vocês com um gostinho de quero mais.

Vamos falar sobre o Cap de hoje, eu estou tão emocionada e triste com a vida que a Mel e Kate levaram. Essa menina passou por tanta coisa, mas tanta coisa, que não sei se fosse eu no lugar dela aguentaria.

Mas o pior de tudo é que tem milhares de meninas que passam por isso, milhares de crianças que vive num ambiente tóxico, que mora nas ruas, que tem que fazer tais coisas pra comer. Isso é muito triste, mas é a realidade de muitos. Então seja grato a vida que vc tem. Demorou pro nosso príncipe perceber isso, mas finalmente ele viu que a vida dele é maravilhosa comparado a das outras.

Espero que esse Cap tenha ajudado vcs a verem isso. Beijos e até o próximo capítulo, se cuidem.❤