Figueira


Rola pela rua

A pobre carroça

Toda torta, ela roça

Os galhos das árvores nuas


Desce, correndo, a trepidante avenida

E o condutor vê, na espiralada descida

A casinha à sombra da figueira agreste

Morta, preta, e já nem floresce

Mas no infernal sertão perdura


E vem ao vaqueiro a lembrança serene

Da tarde no leito de rio perene

Lá do Norte, agora sepultado

Onde a terra o índio decrua


E as sementes, todas duras

E espinhentas, deformadas

Secam ao vento na beirada da escada

E o vaqueiro suspira, sofre, clama e sua


Mas do Norte não tem mais saudade,

Porque no Norte não há a virtuosa bondade

Que no homem do sertão perdura


Lá é a bala, o canivete e o machado

Que mandam, e tá dito e falado

E pobre, que tem fome, não fala

Só morre, e chora, do desamparo Sagrado


Ao ver a figueira, o vaqueiro estremece

E sorri, e a Deus oferece

A graça de desfrutar de mais uma tarde

Porque água é pouco, e não faz diferença

Quando no vizinho persiste

Um coração com bondade.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top